03 julho 2011

brisa

Recordo o prazer daqueles dias em dormia na casa dos meus avós, aqueles dias que se sabiam iguais, em que o tempo era diferente do tempo da escola ou dos fins de semana. Era aquele prazer que sentia ao acordar com o canto do galo tediboy, despedir o meu avô que saía logo cedinho para trabalhar e ficar só eu e a minha avó a fazer as rotinas da vida: dar dois biscoito ao cão da vizinha acompanhados de umas palavras meiguinhas, recolher o ovo quentinho da galinha e fazer uma gemada com pao e ovomaltine, tratar dos animais, as rendas e os bordados, o repassar vezes sem conta o enxoval já preparado para um futuro que levaria muitos anos a chegar, o descobrir uma e outra vez os jogos de madeira que o meu avô guardava como a um tesouro, escondidos sempre no mesmo sítio, usados e voltados a guardar, com cumplicidade e respeito. Foram momentos que deixaram de repetir-se há muitas vidas atrás mas que ao recordá-los parecem atravessar-me de  novo vindos de lá muito atrás para dizer, presente!

1 comentário:

-pirata-vermelho- disse...

Gemada com pão e ovomaltine...
também eu! mas não coheço mais ninguem.


(extraordinárias circunstâncias; só faltava essa casa ser nos arredores saloios que agora são Lisboa em anexo)