09 março 2008

Sou feminista!

Quando uma mulher se assume como feminista imediatamente sente os olhares a descer para o peito da ousada, procurando a ausência de soutien que confirma a sentença disparada, e se tem o azar de nesse dia estar sem ele por chover há uma semana e não ter roupa seca, está tramada, de uma vez confirma-se o estereótipo. Ser feminista é um termo maldito, uma afirmação despropositada e ridícula que imediatamente associa a mulher a lésbica ou a revolucionária tresloucada. Pois bem, há feministas lésbicas, heterosexuais ou abstémias. Há feministas que apelam à igualdade entre homens e mulheres e outras que reivindicam o direito à diferença. Não há só um tipo de feminismo, há vários tipos de feminismos.
Eu sou feminista, uso soutien e não estou contra os homens nem acho que devam ser exterminados da face da terra para dar lugar à nova era das mulheres. Ser feminista para mim significa não aceitar como certo que já existe igualdade entre homens e mulheres e ter consciência de que ainda há desigualdades em muitos campos da nossa vida e que estas desigualdades não são benéficas nem para uns nem para outras.
No trabalho: as mulheres continuam a ganhar menos que os homens para postos com funções iguais, continuam a ter menos representação nos postos de poder. Os homens continuam a dedicar mais horas ao trabalho produtivo e a ter mais pressão para serem os melhores profissionais. São os que menos pedem jornada continua ou as licença de apoio à família.
Na casa: Os homens continuam a não dividir o trabalho doméstico e a dedicar menos tempo à atenção das crianças e das pessoas idosas, tarefas essas que são assumidas pelas mulheres, o faz com que estas trabalhem em total mais horas que eles. Em casa, há ainda muitas mulheres que continuam a ser agredidas por homens que as consideram inferiores e que utilizam a violência como uma forma de dominação.
Na saúde: os homens continuam a aceder menos aos serviços de saúde, pois a doença é vista como uma debilidade que contraria a expectativa que têm de ser fortes e a saúde sexual e reprodutiva continua a ser vista como um problema das mulheres.
Na política: as mulheres participam menos que os homens na política e na vida partidária e quando o fazem têm menos possibilidade de aceder a postos de representação. As políticas de conciliação trabalho e outras esferas da vida continuam a ser pensadas para que as mulheres conciliem o trabalho e a família e não para permitir que ambos, homens e mulheres, assumamos e aproveitemos as outras esferas das vida para além do trabalho, em igualdade de oportunidades e sem termos que carregar com estereótipos sociais desajustados e retrógrados que limitam o nosso ser e o nosso poder ser.
Por tudo isto e por muito mais que não cabe neste post, sou feminista! Y com mucho gusto!

3 comentários:

JPN disse...

assim, também eu sou!

dizia ela baixinho disse...

além de múltipla, feminista, uma BACANA!

(besitos)

8 e coisa 9 e tal disse...

exatamente jpn, não são só as mulheres que podem ser feministas, se bem que haja alguns teóricos das masculinidades que dizem que o termo mais correcto para os homens que apoiam as lutas das mulheres pelos seus direitos, seria o de profeministas.