Quando uma mulher se assume como feminista imediatamente sente os olhares a descer para o peito da ousada, procurando a ausência de soutien que confirma a sentença disparada, e se tem o azar de nesse dia estar sem ele por chover há uma semana e não ter roupa seca, está tramada, de uma vez confirma-se o estereótipo. Ser feminista é um termo maldito, uma afirmação despropositada e ridícula que imediatamente associa a mulher a lésbica ou a revolucionária tresloucada. Pois bem, há feministas lésbicas, heterosexuais ou abstémias. Há feministas que apelam à igualdade entre homens e mulheres e outras que reivindicam o direito à diferença. Não há só um tipo de feminismo, há vários tipos de feminismos.
Eu sou feminista, uso soutien e não estou contra os homens nem acho que devam ser exterminados da face da terra para dar lugar à nova era das mulheres. Ser feminista para mim significa não aceitar como certo que já existe igualdade entre homens e mulheres e ter consciência de que ainda há desigualdades em muitos campos da nossa vida e que estas desigualdades não são benéficas nem para uns nem para outras.
No trabalho: as mulheres continuam a ganhar menos que os homens para postos com funções iguais, continuam a ter menos representação nos postos de poder. Os homens continuam a dedicar mais horas ao trabalho produtivo e a ter mais pressão para serem os melhores profissionais. São os que menos pedem jornada continua ou as licença de apoio à família.
Na casa: Os homens continuam a não dividir o trabalho doméstico e a dedicar menos tempo à atenção das crianças e das pessoas idosas, tarefas essas que são assumidas pelas mulheres, o faz com que estas trabalhem em total mais horas que eles. Em casa, há ainda muitas mulheres que continuam a ser agredidas por homens que as consideram inferiores e que utilizam a violência como uma forma de dominação.
Na saúde: os homens continuam a aceder menos aos serviços de saúde, pois a doença é vista como uma debilidade que contraria a expectativa que têm de ser fortes e a saúde sexual e reprodutiva continua a ser vista como um problema das mulheres.
Na política: as mulheres participam menos que os homens na política e na vida partidária e quando o fazem têm menos possibilidade de aceder a postos de representação. As políticas de conciliação trabalho e outras esferas da vida continuam a ser pensadas para que as mulheres conciliem o trabalho e a família e não para permitir que ambos, homens e mulheres, assumamos e aproveitemos as outras esferas das vida para além do trabalho, em igualdade de oportunidades e sem termos que carregar com estereótipos sociais desajustados e retrógrados que limitam o nosso ser e o nosso poder ser.
Por tudo isto e por muito mais que não cabe neste post, sou feminista! Y com mucho gusto!
3 comentários:
assim, também eu sou!
além de múltipla, feminista, uma BACANA!
(besitos)
exatamente jpn, não são só as mulheres que podem ser feministas, se bem que haja alguns teóricos das masculinidades que dizem que o termo mais correcto para os homens que apoiam as lutas das mulheres pelos seus direitos, seria o de profeministas.
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