Hoje, enquanto lia o jornal, pensei muito em vós. E no facto de só ter tido umas calças de ganga minhas e não remendadas aos 12 anos, de nunca irmos jantar fora, na água del cano à mesa, no “guarda o que comer e não o que fazer”, no pôr de lado, no Tang só em dias de festa, no pão com manteiga ou doce ou a versão torrada quando já estava duro, nas compras por atacado ao que restava em alturas de saldo. Tudo foi difícil de compreender dada altura. A não existência do ZX-Spectrum, a última TV a preto e branco e o algodão na biqueira do sapato para “dar para o ano”, enfurecia-me; melhor: abatiam-me. É que eu nunca tinha nada e os outros tinham tudo….
Dizia que lia o jornal; lá falavam em como o que está hoje em voga é a frugalidade. Ou neo-frugalidade, conceito económico surgido da crise económica e da crise de valores. E tive uma revelação: a vossa educação foi, na altura, firmemente conservadora. A crise transformou-a em vanguardista! Obrigada por terem feito de mim não só uma mulher, mas uma mulher moderna. Finalmente!
Grande bem-haja!
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