Passo o dia a alinhar palavras. Primeiro, leio-as num idioma que não é o meu. Depois, descubro o sentido que poderão ter na minha língua materna. Olho as palavras, sinto-as, saboreio-as, sondo as suas várias possibilidades, tomo decisões. Volto atrás e apago tudo. Volto a alinhar palavras. On and on. Até achar que está bem (esse «estar bem» nunca chegou, diga-se).
Construo puzzles. É uma espécie de 'lego' linguístico.
Há muitos anos, não sabendo ainda que me esperaria este quotidiano de alinhar palavras, peguei num livro e resolvi transpô-lo para o meu primeiro idioma. Tomei a seguinte decisão: não consultar o dicionário. As palavras cujo significado não conhecesse teria de intuir. Resultou um caderno que até hoje não ouso abrir.
Hoje, gostava de lançar o seguinte desafio que, para ser levado às últimas consequências, tem que obedecer a essa regra primeira: não consultar o dicionário. Aceitam-se, pois, traduções de um excerto do poema de Auden à vossa escolha (ou do poema na íntegra, se para aí estiverem virados) . Take your time. Sem consultar o dicionário, claro. Googlar muito menos.
Há muitos anos, não sabendo ainda que me esperaria este quotidiano de alinhar palavras, peguei num livro e resolvi transpô-lo para o meu primeiro idioma. Tomei a seguinte decisão: não consultar o dicionário. As palavras cujo significado não conhecesse teria de intuir. Resultou um caderno que até hoje não ouso abrir.
Hoje, gostava de lançar o seguinte desafio que, para ser levado às últimas consequências, tem que obedecer a essa regra primeira: não consultar o dicionário. Aceitam-se, pois, traduções de um excerto do poema de Auden à vossa escolha (ou do poema na íntegra, se para aí estiverem virados) . Take your time. Sem consultar o dicionário, claro. Googlar muito menos.
Lay your sleeping head, my love,
Human on my faithless arm;
Time and fevers burn away
Individual beauty from
Thoughtful children, and the grave
Proves the child ephemeral:
But in my arms till break of day
Let the living creature lie,
Mortal, guilty, but to me
The entirely beautiful.
Soul and body have no bounds:
To lovers as they lie upon
Her tolerant enchanted slope
In their ordinary swoon,
Grave the vision Venus sends
Of supernatural sympathy,
Universal love and hope;
While an abstract insight wakes
Among the glaciers and the rocks
The hermit's carnal ecstasy.
Certainty, fidelity
On the stroke of midnight pass
Like vibrations of a bell
And fashionable madmen raise
Their pedantic boring cry:
Every farthing of the cost,
All the dreaded cards foretell,
Shall be paid, but from this night
Not a whisper, not a thought,
Not a kiss nor look be lost.
Beauty, midnight, vision dies:
Let the winds of dawn that blow
Softly round your dreaming head
Such a day of welcome show
Eye and knocking heart may bless,
Find our mortal world enough;
Noons of dryness find you fed
By the involuntary powers,
Nights of insult let you pass
Watched by every human love.
Lullaby, W. H. Auden.
4 comentários:
He he he!
Cumprir o desafio em minutos...
dorme e adormece com cautela, neste sono tão complexo, tem cuidado e descansa meu amor que quem cuida não de deixa e a noite acaba no dia que os acorda pra uma nova jornada...
prova superada.
Diz: Said
muito bem, said!
(mais ninguém se arrisca?)
Pá, de onde é esse excerto? Será de mim que nao vejo..?
não, acho que não é de ti, sophia.
acho que said traduziu LIVREMENTE,(assim o entendi). ou chegou a essa farse por sugestão. não sei.
faz o mesmo, se quiseres. aliás, o que quiseres, como quiseres.
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