Inspiro. Abro os olhos. Pessoas, objectos, coisas à minha volta. Um carro que passa ao longe. Tic-tac, o tempo não pára. Expiro. Dói. Inspiro. Vozes que falam, riem, sussuram. Tic-tac, mais um minuto que passa. Expiro. Fecho os olhos. Inspiro. Não te vejo. Ainda bem. É mais fácil assim. Tic-tac, está quase. Expiro. Sinto o coração a bater. Inspiro. Já não vejo. Tic-tac, passa, tempo. Não expiro. Está quente. Não inspiro, os sons vêm abafados pela água. Tic-tac, as formas dissolvem-se em cores, difusas. Não expiro. Aguento. Não inspiro. Não sinto o peso do corpo. Tic-tac. Quanto tempo terá passado? Não expiro. Falta-me o ar. Não inspiro. Larga-me! Deixa-me ir, não me levantes! Não expiro. Odeio-te! Porque é que insistes em tentar preservar-me a alma, se quero apenas destruir este corpo?
Inspiro.
3 comentários:
uma pedra não sei onde, no coração ou nos pulmões talvez. Belo texto
(acreditem ou não, o guichet diz myconte.)
fiquei sem palavras.
um beijo à minha querida múltipla.
http://naoquerosaberseexiste.blogspot.com/
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