26 novembro 2007
Fez um ano, está na hora
Tentei fugir-te todo o fim-de-semana. Tentei que os dias passassem depressa. Passaram?, perguntou-me. Não. Claro que não. Tenho muita saudade, do tipo da que dói. Parece que passaram mil anos desde o último abraço, desde aquela despedida antes de Itália, no Tóquio. A única em que acertei. Para essa viagem sei que me despedi. Para a outra, nada. Pensei: quando voltares. Parece que passaram mil anos e nenhum. Mas passou um ano. Contei um ano no dia em que foste ver os glaciares e contei um ano no dia em que soubemos que não voltavas. Para mim, repito todos os dias, tu foste viver para a Patagónia. E há dias em que isso me basta, há outros em que isso me custa. Tu foste viver para a Patagónia e nós ficámos aqui. Sem o teu terraço e a discussão sobre a melhor vista, sem o teu sofá e o pilar onde havia sempre alguém a adormecer, sem as palavrinhas no frigorífico, sem o chá e as cervejas. Sem a tua tristeza que era também nossa. O verdade ou consequência, a elis regina. Eu gravei tudo. Tirei muitas fotografias com os olhos. E ainda sei de cor muita coisa que me disseste. Mas tenho as mesmas saudades. Passou um ano e são as mesmas. Quando é que voltas? Ninguém morre para sempre, pois não? E há mais um charro para fumar. Uma música para trocar. Um título para escrever. Um jogo da selecção para ver. É preciso dizer "pinhal" até à exaustão. Juntar palavrinhas no frigorífico. Escrever posts. Dançar. Beber mais uma cerveja. Fazer daquelas coisas que os amigos fazem. E, repara, eu já digo "amigos". Mas, olha, para isto tudo é preciso que voltes. Vá lá.
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8 comentários:
Não tenho terraço, vista ou charros. Mas dizem que o chá não é mau. Tá feita a oferta, válida até a morte voltar à vida (mas só até aí que eu cá não gosto de abusos!).
Sem charros nada feito.
então, adeus.
pois já dizes, "amigos".
e eu gosto tanto de ver as pessoas como tu na aventura das (novas) proferições. há um sabor bestial no palato quando dizemos coisas que nunca antes se disseram.
e pois, às vezes basta-nos esse brinde nos glaciares, outras vezes custa-nos, outras ainda, falo por mim, é como um tropeção, sem dor, num vazio que nunca se preenche.
um ano são quantos dias e quantas horas são os dias que um ano tem? depende, como com aquele tunisino sentado, plasmado, nas horas da sua vida enorme, lembras-te?
para lá das piadas fáceis, das anedotas de algibeira, das mortes que já morreram, há um sorriso terno, meigo, diante da circunstância, da nossa pequena história de vivos. Como a que um dia, quem sabe?, nos levará a subirmos e a descermos o Chiado em movimentos cruzados.
um abraço amigo
:)
Ainda bem que tens tantas recordações, essas são as maneiras possíveis em que ela pode voltar.
Agora, só resta viver outros terraços, outras vistas, outras músicas, tantas quantas aquelas que tu quiseres viver. Um grande abraço.
pinhal, direi contigo as vezes que tu quiseres.
tu fumas o charro, eu bebo a cerveja, a outra múltipla o chá. e por te querermos bem, por te querer bem (neste quase novo terraço que também é teu) abraço a minha querida amiga.
jmp:
"já passaram mil anos, mas mil anos são pouco ou nada para a estrela do mar".
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