Nesse dia acordou com uma sensação esquisita. Sentia o torpor nos membros e uma tristeza nebulosa que se abatia sobre a sua cabeça. Subitamente, ocorreu-lhe que aquela solidão tão almejada não fazia mais sentido. Esse desejo de estar só com as suas coisas deixara de ser tão nítido.
Forçou-se a levantar da cama e arrastou-se para um banho que esperava revitalizante. Ao contrário do seu costume, demorou-se nas gotas de água incessantes que caíam do chuveiro. Olhou para o seu corpo e sentiu-se criança. Como quando era pequeno e ia para os campos de férias. Tinha saudades dos pais e a maldade alheia das outras crianças que tão insultuosamente lhe reconheciam as fraquezas, faziam-no sentir-se ainda mais sozinho. Estava imóvel, o seu corpo magro e nu. Sentia-se tão só como outrora mas não era mais criança e já não era o abraço de mãe que o seu coração carecia. Era esse outro que há muito havia declinado.
Resoluto, saiu do banho e vestiu-se. Correu até ao barco, apressado e ofegante. A viagem no barco e no metro deram-lhe o tempo suficiente para pensar nas palavras mais acertadas para lhe dizer. As palavras que o fariam perdoar-se a si próprio. Pedir-lhe-ia desculpa, dir-lhe-ia "bom dia", dar-lhe-ia um beijo na testa, dar-lhe-ia as mãos, dar-lhe-ia um beijo nos lábios, soltar-lhe-ia as mãos, abraçá-la-ia logo de seguida e ao seu ouvido dir-lhe-ia "Fica comigo. Amo-te.".
Forçou-se a levantar da cama e arrastou-se para um banho que esperava revitalizante. Ao contrário do seu costume, demorou-se nas gotas de água incessantes que caíam do chuveiro. Olhou para o seu corpo e sentiu-se criança. Como quando era pequeno e ia para os campos de férias. Tinha saudades dos pais e a maldade alheia das outras crianças que tão insultuosamente lhe reconheciam as fraquezas, faziam-no sentir-se ainda mais sozinho. Estava imóvel, o seu corpo magro e nu. Sentia-se tão só como outrora mas não era mais criança e já não era o abraço de mãe que o seu coração carecia. Era esse outro que há muito havia declinado.
Resoluto, saiu do banho e vestiu-se. Correu até ao barco, apressado e ofegante. A viagem no barco e no metro deram-lhe o tempo suficiente para pensar nas palavras mais acertadas para lhe dizer. As palavras que o fariam perdoar-se a si próprio. Pedir-lhe-ia desculpa, dir-lhe-ia "bom dia", dar-lhe-ia um beijo na testa, dar-lhe-ia as mãos, dar-lhe-ia um beijo nos lábios, soltar-lhe-ia as mãos, abraçá-la-ia logo de seguida e ao seu ouvido dir-lhe-ia "Fica comigo. Amo-te.".
2 comentários:
Que bom. Que bem.
:)
à espera de mais intermitências.
beijos oito!
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