Lá em cima, no apartamento, com vista sobre as cúpulas e torres brancas da cidade famosa, bem como sobre o seu arvoredo, eu entrava nas casas dos americanos e via-os limpar essas casas. Via-os limpar soalhos e pratos. Via-os comprar roupa e panos de pó, comprar automóveis e limpar automóveis. Via-os a limpar, sempre a limpar.
O efeito de toda esta televisão sobre mim era curioso. Se, por acaso, eu via um americano na rua, tentava logo integrá-lo, a ele ou a ela, num anúncio publicitário; e sentia que o tinha apanhado num intervalo entre os seus variados afazeres televisivos. E assim os americanos ficaram para mim, até certo ponto, como pessoas completamente reais, pessoas temporariamente ausentes da televisão.
V. S. Naipaul, Num país livre
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