03 abril 2013

Nova caderneta de bairro

A espanhola da tasca onde compro cigarros e que tem cara de bruxa má num dia de folga, o barbeiro bêbedo que a mulher pôs fora de casa e agora vive na barbearia com a montra partida,  a jovem cineasta que largou as artes e abriu um café modernaço cheio de móveis reciclados e cartazes de cinema, o bigode do senhor da mercearia que sorri sempre que passo, o segurança do prédio recuperado que guarda o castelo fantasma que nunca mais é habitado, os homens do talho que conversam na rua enquanto fumam cigarros intermináveis, o farmacêutico musicólogo que aproveitou a boleia do negócio familiar para se salvar de uma vida de criatividade e penúria e agora avia receitas a assobiar.