31 janeiro 2007

a fingir

a fingir que hoje sou uma mulher como as outras, quero perder o tédio das lojas e gastar horas a experimentar saias, vestidos, calças, sapatos, camisolas, quero ter umas unhas compridas, quero ter mais dez centímetros de altura e menos uns quantos aqui e ali, quero uma salada e um sumo, litros e litros de água, quero ganhar coragem para me montar nos saltos altos e atravessar a cidade no passo decidido que ensaiei ao espelho.

30 janeiro 2007

Scoop


Está visto.
Scarlett vai muito bem no seu papel de jornalista estagiária e na parceria que faz com Woody Allen (genial e igual a si mesmo). No registo da comédia, considero o filme bom, a lembrar 'A Maldição do Escorpião de Jade' ou 'Vigaristas de Bairro'.
Fica a advertência: quem for à procura de ecos de 'Matchpoint' desengane-se, é que não tem nada a ver. Aqui, o fôlego é outro.

Vital Moreira fan club - inscrições aqui

Entre urros e demagogias, a diferença entre opinar e argumentar. Salvou o programa à stôra Fátima.

Vital, I love you.

Cença...

Antes gritava-se o povo unido jamais será vencido, agora os novos revolucionários gritam a vida concebida jamais será vencida.

Com licença que vou ali vomitar e já volto...

Entretanto podem ir lendo esta história.

Irritacioneiro Popular Materno

·Tás aqui tás ali!

·Ainda vais mas é corrida a toque de caixa.

·Come! Senão ainda comes é comida de urso!

·Aiiii a piscorência, vê lá se queres levar uma galheta!

·Olhó pingente! Estás mesmo a pedir uma lamparina.


Etc, etc, etc. Agora chama-se mau trato, na nossa infância era comer e calar.

Ainda bem que os tempos mudam!

Pedido

Hoje recebi este pedido por email e passo palavra:


O Instituto Português de Oncologia (IPO) está a
angariar filmes VHS para os doentes da unidade de
transplantes que estão em isolamento. «São crianças e
adultos que precisam de um transplante de medula e de
estar ocupados durante o tempo de internamento»,
explicou ao Portugal Diário a Enfermeira responsável
pela unidade, Elsa Oliveira.

A «falta de "stocks"» torna necessária a ajuda da
população: «Precisamos de filmes para as pessoas mais
desfavorecidas que não têm possibilidade de os
trazer. Algumas crianças trazem os seus próprios
filmes e brinquedos mas depois quando têm alta
levam-nos», acrescenta.

O IPO aceita todos os géneros de filmes, mas a
preferência vai para a «comédia». Numa altura menos
feliz das suas vidas, «um sorriso vai fazer bem a quem
passa dias inteiros numa cama de hospital». Rir é
sempre um bom remédio.

As cassetes de vídeo ou DVD's antigos podem ser
enviadas para:
Instituto Português de Oncologia de Francisco Gentil
A/C SrªEnfª Elsa Oliveira
Rua Professor Lima Basto 1093 Lisboa Codex

Ou então, informe-se pelo telefone: 21 726 67 85

29 janeiro 2007

Irritações da minha avó

Desanda daqui e vai jogar ao pau com os ursos...

Banco de imagens


Porque às vezes as imagens valem mais do que mil palavras, aqui fica um presente para as minhas queridas múltiplas.
(A todo@ os que contribuiram, obrigada!)

28 janeiro 2007

Pólo aqui

foto daqui

Fui acender o aquecedor do meu quarto e acho que vi passar um pinguim.

27 janeiro 2007

Expresso 222




Porque esta vida são dois dias e o carnaval são três.

APELO

à calma, ao bom senso e ao respeito pelas opinões dos/as outros/as nas caixas de comentários.

Boa noite

vou-me deitar, porque a 647294031ª estrela a contar da direita está a atormentar-me.

Sem dúvida!

A democracia é fodida. É-o, pronto. Temos que aprender a gerir-nos enquanto sociedade e enquanto indivíduos com a maldita liberdade do outro a não estar de acordo comigo. Antes parecia ser mais fácil, era-se contra a ditadura, era-se a favor da ditadura. Era-se de direita ou era-se de esquerda. Agora cada vez é mais difícil. Tem-se de pensar nas especificidades de cada grupo que tem direito a ser representado, ele é os direitos das mulheres, os dos afrodescendentes, os dos imigrantes, os dos ciganos, os do LGBT, etc, etc. Cada um destes grupos tem necessidades e reivindicações próprias e a grande maioria das vezes não coincidem com os demais. E é ainda mais difícil fazer e praticar a democracia quando nas nossas cabeças continua a estar presente a ideia de que temos que funcionar como um bloco, que as grandes revoluções se fazem quando toda a gente pensa da mesma maneira e tem as mesmas ideias, assim é que é bonito e assim é que deve ser.

Iris Young, autora de um artigo intitulado Cidadania Universal, defende que nos nossos actuais e complexos sistemas democráticos, teremos de passar das coligações tradicionais, onde cada grupo/movimento/partido trabalha conjuntamente para a defesa dos seus interesses conjuntos, não deixando sair à luz pública as suas diferenças de opiniões e interesses, para coligações “arco-íris”, onde cada um dos grupos integrantes do sistema e da discussão democrática afirma também a especificidade da sua experiência e perspectiva sobre os assuntos sociais em discussão.

Neste blog aparece também este dilema. Aparece uma situação em que inevitavelmente, porque somos mulheres pensantes temos as nossas opiniões, as nossas certezas e/ou dúvidas sobre o assunto do referendo, começamos a escrever sobre o assunto, postamos, discutimos, entramos em debate umas com as outras. Divergimos, convergimos, voltamos a divergir. Umas acham que devemos ter uma só opinião, outras defendem o direito à não posição pública, algumas têm certezas, outras dúvidas.
Neste microcosmos do Oito e Coisa, sem que isto seja explícito, podemos dizer que se fossemos um grupo ou um movimento seriamos mais para o tipo de coligação arco-íris. Mas não somos, somos sim um grupo de amigas que resolveu fazer um blog para arrotar umas posta de pescada, pargos e salmonetes e onde cada uma se sente livre para expor as suas coisas e aguenta com as loisas que lhe caem em cima nas caixas de comentários.
Neste assunto, só numa coisa estamos de acordo, todas as múltiplas vamos votar SIM, nenhuma de nós tem dúvidas.

E agora com dúvidas...

Numa coisa estamos de acordo, todas as múltiplas vamos votar SIM, nenhuma de nós tem dúvidas. Mas só esta certeza não nos chega, aparecem as dúvidas, as reflexões, as certezas absolutas e as dúvidas relativas.
A esta altura do campeonato já me parece uma boa ideia que este assunto do referendo não tenha sido tratado exclusivamente no parlamento elegido neste sistema de democracia representativa que temos. Acho que foram importantes todas as tomadas de posição que surgiram até agora por esse país fora, por essa blogosfera fora, por este microcosmos adentro. As discussões, as aclarações, as afirmações da posição ou posições de cada pessoa face a este referendo. As dúvidas, na minha opinião nunca podem enfraquecer um movimento, uma posição, o resultado de um referendo. As dúvidas evidenciam que as questões são mais complexas do que aquilo que nos querem fazer vender, fazem reflectir, promovem a argumentação, alimentam a discussão e muitas vezes, até ajudam a reafirmar posições, pois quando argumento vou-me convencendo ainda mais do que penso.
E aliás quem nunca se enganava e raramente tinha dúvidas era o outro, lembram-se? E bem gozado foi com essa frase infeliz. Mas agora parece que toda a gente elogia o preto no branco, abaixo os cinzentos e todas as outras cores intermédias! Digo e repito, não está em causa o voto, esse está assegurado. Mas está em causa o modo como depois se pretende pôr em marcha as leis que reflectirão o resultado do referendo e é aí sim, surgem as questões.

Se for o Não a ganhar, não é necessário grande discussão, fica tudo na mesma, o aborto continua a ser praticado clandestinamente, talvez haja uma ou outra tentativa de prisão ou de julgamento, os do Sim continuarão a manifestar-se para boicotar essas tentativas, as mulheres continuarão a morrer, a abortar com sentimento de culpa e de clandestinidade, olharão para um lado e para outro antes de entrarem ou saírem dos sítios clandestinos para ter a certeza que ninguém as viu, etc. Nada de novo. Ou então o governo intensifica o sistema prisional e judicional para fazer cumprir a vontade dos cidadãos e cidadãs e aí iremos assistir a um colapso das prisões e dos tribunais, pois de certeza que os abortos não irão diminuir.

No caso que ganhe o SIM, o que eu sinceramente acho que vai acontecer, então temos a questão de como vai ser posto em marcha o projecto de lei. Primeiro, como se vai actuar em termos de prevenção, de intensificação dos direitos sexuais e reprodutivos de cada pessoa? Depois, como vai ser implementado a intervenção de interrupção voluntária da gravidez no nosso sistema de saúde? Quanto dinheiro se disponibilizará para o assunto? As verbas contemplam, por exemplo, o acompanhamento psicológico às mulheres ou aos casais que pretendam abortar, no sentido de os poder ajudar a tomar uma melhor decisão? E quantos abortos financiará o Estado, haverá um limite ou é à descrição? Como se decide cada situação, como se legisla tudo isto?
São dúvidas, senhor, são dúvidas...

26 janeiro 2007

Certeza (II)

Se voto sim, não voto não. Se voto não, não voto sim.

25 janeiro 2007

A questão não é assim tão simples

No domingo vi um genial sketch dos gato fedorento que a fuckitall descobriu antes de mim. Apresenta-se o senhor do movimento epá,vamos lá ver, a questão não é assim tão simples.
Eu vou votar sim dia 11 de Fevereiro, tal como o fiz no anterior referendo. Penso que todos nós que votamos, de qualquer dos lados, nos agarramos a motivos diferentes.
Há argumentos idiotas de ambas as partes, mas também há argumentos inteligentes de cada lado. Para mim a questão é a de não concordar com a criminalização das mulheres que o fazem, dos homens que as apoiam (os que se demitem da decisão e da acção era trabalhos forçados à comunidade), e dos médicos, enfermeiras, parteiras e amigos que permitem que tal possa acontecer.
No entanto, tenho muitas dúvidas sobre muitas questões. Quanto mais leio e penso, menos certezas tenho sobre quando começa a haver vida. Quanto mais leio e penso, mais me revoltam as pessoas que usam e abusam do aborto, como se fossem tirar um quisto incómodo.
É evidente que azares acontecem a qualquer um, mas somos responsáveis pelos nossos actos e há que saber que o que fazemos tem consequências para nós e para os outros. Em tudo na vida, e também no que se refere à sexualidade e à reprodução.
A mim também já me aconteceu usar um preservativo que não cumpriu a sua função. Não fiquei à espera para saber se me chegava ou não a menstruação, tomei a pílula do dia seguinte. Para além das dores, provocou-me uma hemorragia monumental e um mau estar geral bastante considerável, além dos pensamentos "será que tinha uma criatura a multiplicar-se dentro de mim?"
Penso que para se chegar a uma situação em que se tem de decidir abortar ou não há que ignorar uma data de pontos de controle intermédios: conhecer as alturas férteis, usar contraceptivos, recorrer à pilula do dia seguinte (que já nem exige receita nem nada).
Espero que o sim ganhe e que todas estas questões continuem a ser discutidas, porque não é com um referendo que se fecham os temas.
A minha intenção de voto é muito clara - voto SIM. Mas pestanejo.

Ensaio

Atravessava a cidade, observava as pessoas. Apressadas no seu passo urbano, passavam pelas passadeiras, esperavam impacientes o autocarro, detiam-se nas montras com olhares ávidos. Apertadas nos seus fatos, nos seus corpos, nas suas prisões sociais, nas convenções que se lhes pegam ao ser como se de uma segunda camada de pele se tratasse. Os homens com fatos e gravatas, iguais entre si, produtos do mesmo modelo que lhes diz que para pareceram sérios e responsáveis necessitam de uma farda que o demonstre. As mulheres com as suas saias apertadas, um pouco mais coloridas mas igualmente presas a uma tristeza que insiste que a vida é assim e não pode ser diferente. Todos iguais, com ares tristes ou zangados, vazios de personalidade, cinzentos, escuros no vestir e na alma. Só os velhos pareciam caminhar de forma diferente. Paravam nos bancos de jardim, sentados olhavam como se o mundo estivesse todo à sua frente para ser admirado. E de repente passa ele, com todo o seu corpo atravessa o ar com um jeito tranquilo, dengoso, bonito, leva no rosto um sorriso e no corpo uma gabardina vermelha que avisa ao longe que ele vai passar. Lembro-me da súplica do Manyfaces, abro a janela do carro, passo junto a ele, e sem tirar os óculos escuros digo: “Deixe-me dizer-lhe que o senhor é muito mais do que razoavelmente bom, é uma luz intensa que atravessa toda a cidade.” A cor da sua gabardina reflecte-se na minha face, envergonhada, arranco rapidamente. Merda, não sei mandar piropos, corro para casa e ensaio de novo em frente ao espelho.

Palavras sábias da minha avó III

Vamos para a frente que para trás mija a burra.

23 janeiro 2007

O maravilhoso mundo dos forwards

The latest telephone poll taken by the office of the Governor of Texas asked whether people who live in Texas think illegal immigration is a serious problem:
35% of respondents answered: "Yes, it is a serious problem."
65% of respondents answered: "No, no es un problema serio."

O maravilhoso mundo das newsletter

Recebo algumas newsletter na minha caixa de mails. Algumas lembro-me de ter subscrito, outras são mistérios que ainda não consegui desvendar.
Um deles é a do Guia de Portugal, que não faço ideia o que seja. Esses senhores querem sem dúvida manter-me bem informada, porque mais do que o carteiro que dizem tocar sempre duas vezes mandam-me não uma nem duas mas sim três cópias desses boletins.
A maioria das vezes tenho apagado sem ler - confesso e desde já peço as minhas mais humildes e sinceras desculpas aos responsáveis por tão fascinante pedaço informativo.
Hoje decidi ler os títulos de algumas das notícias nele abordadas (é uma palavra que me apraz) e descubro algumas coisas interessantíssimas.
Pois que a agricultura ainda é a principal actividade económica no concelho de Ribeira de Pena, contrariando a tendência nacional.
Por seu lado, o concelho transmontano de Boticas recebe os seus visitantes de braços abertos.
Que Oeiras foi distinguida como a mais exemplar das geminações com Cabo Verde.
Mas a minha preferida é a notícia do Diário Municipal "Castelo de Paiva: Deputados do PS concluem haver "falta de arrojo" municipal"
Eram informações que faziam falta. Continuarei atenta.

22 janeiro 2007

Oportunidade



(anúncio publicado no jornal Primeira Página, Palmela)

Espelho meu

imagem aqui

Hoje acordei assim (oops, isto tem copyright). Delico-doce, sei lá, leve que nem um pequeno pássaro. Por isso, apetecia-me mudar o template desta chafarica, talvez pintá-lo de rosa e enfeitá-lo de imagens, muitas imagens bonitas, acompanhadas de muitas palavras bonitas, tão cheias de tantos sentidos, que na maior parte dos casos só eu compreenderia o que lá estaria escrito. Bom, vou ensaiar um texto bonito:

...a distância que vai de ti para mim é um sopro de vento que murmura tempos de eu e tu, de mim-tu, eu-te-ti-tigo, memórias do trigo. Alheada em mim, submersa nas memórias desse vento que, rasando rente ao meu rosto, quem o semeia depois colhe tempestades...

(Perceberam? Se calhar não. Mas acho que me saí até bastante bem, tirando aquele final um bocado desconchavado...).

Depois vou postar uma imagem bem bonita. Então, ficarei à espera que se encha a caixa de comentários bonitos e agradáveis a enaltecer a qualidade da minha chafarica, do meu texto (que é só meu e que só eu percebo), das minhas imagens. E assim o meu ego ficará grande, tão grande, que poderei levantar vôo como aquele pequeno pássaro que hoje me sinto.

Preocupação

Estes dias passando os olhos de relance pelas parangonas dos jornais soube que um famoso economista afirma que, caso seja legalizado, fazer um aborto vai ser tão normal como falar ao telemóvel e que um líder do PSD associa o aborto ao tráfico de droga. Frases sensacionalistas, que contrariam sem fundamento os estudos científicos realizados sobre esta matéria. Porque será que os jornais insistem em colocá-las nas primeiras páginas, dando-lhes um lugar de destaque não merecido e que não beneficia uma discussão séria sobre o assunto?

A mim o que me preocupa é, caso o SIM ganhe o referendo (oxalá, oxalá, oxalá), quanto tempo demorarão as mulheres a eliminar o sentimento da culpa e da clandestinidade do nosso inconsciente colectivo e a procurar os serviços de saúde de cabeça erguida?

You must remember this


It's so hard do to and so easy to say, but sometimes - sometimes- you have to walk away (Walk away, Ben Harper)

21 janeiro 2007

Aviso à navegação

(foto tirada na mesma altura que esta, em Serralves)

Na sequência do post acerca da região memoral, lembrei-me que também tive outros 'catecismos'. Ainda antes de completar 19 anos já tinha lido 'O Manifesto do Partido Comunista', ' A Miséria da Filosofia', partes várias de 'O Capital', etc, etc. Eram livros de leitura obrigatória na minha 'escola'. Os efeitos colaterais foram... interessantes.


(Será que desta vez levo com mais um lápis azul ou uma chávena de chá? Estou curiosa, muito curiosa...)


Ironias à parte, vamos lá ler isto, que é o que realmente importa nos tempos que correm.

19 janeiro 2007

Deles não será o reino dos céus

Passo os olhos pelos jornais online antes de sair de casa e encontro esta notícia. Garante o cónego Tarcísio Alves que quem votar não ou se abstiver no referendo do aborto será imediatamente excomugando.
O título da notícia é "quem votar sim fica sem funeral religioso". Acharão os jornalistas que os católicos têm todos os pés para a cova? É que há mais 6 sacramentos que perdem com essa brincadeira.
Como sou do contra, se fosse católica ia logo votar sim só para ver o cónego Alves atrás de mim com a letra escarlate.
Ingenuamente pensava que o voto era secreto; pelos vistos só para alguns, os católicos têm de prestar contas não só se votam mas em que é que votam.

17 janeiro 2007

Alguém quer mais?


Lisboa tem um repórter




Lisboa tem um repórter. E dos bons. Noutro lado, celebra mulheres como só ele sabe. A tertúlia é a sua ciber-ocupação mais antiga.

Parabéns, Miguel!

(foto
Câmara Clara)

16 janeiro 2007

SIM

Irrita-me passar pelas ruas mais centrais de Lisboa e ver cartazes gigantes do Não com frases sensacionalistas e absurdas que impedem a reflexão sobre as questões de fundo do referendo que se aproxima. Irrita-me a quantidade de dinheiro que se move por detrás desta campanha.
Irrita-me (não) ver os cartazes do Sim com frases parcas em imaginação discretamente colocados por esta cidade.
Por isso, passei por aqui, que me indicou o caminho para aqui e trouxe de lá este cartaz, e se por mim fosse punha-o em frente em todas as igrejas, em frente a todas as Tétés que insistem em continuar esta maldita hipocrisia que mata mulheres, que impede a escolha da vida que queremos ter, que equivalem este bem precioso que é a vida ao acto de respirar.


... and then i don't feel so bad!

Raindrops on roses and whiskers on kittens

Bright copper kettles and warm woolen mittens

Brown paper packages tied up with strings

These are a few of my favorite things

Cream colored ponies and crisp apple streudels

Doorbells and sleigh bells and schnitzel with noodles

Wild geese that fly with the moon on their wings

These are a few of my favorite things

Girls in white dresses with blue satin sashes

Snowflakes that stay on my nose and eyelashes

Silver white winters that melt into springs

These are a few of my favorite things

When the dog bites

When the bee stings

When I'm feeling sad

I simply remember my favorite things

And then I don't feel so bad

Para a minha amiga querida. Cheer up!

Eureka

Ora aqui está uma boa solução para resolver a questão do Iraque:
Dear Mr. President,

Thanks for your address to the nation. It's good to know you still want to talk to us after how we behaved in November.
Listen, can I be frank? Sending in 20,000 more troops just ain't gonna do the job. That will only bring the troop level back up to what it was last year. And we were losing the war last year! We've already had over a million troops serve some time in Iraq since 2003. Another few thousand is simply not enough to find those weapons of mass destruction! Er, I mean... bringing those responsible for 9/11 to justice! Um, scratch that. Try this -- BRING DEMOCRACY TO THE MIDDLE EAST! YES!!!
You've got to show some courage, dude! You've got to win this one! C'mon, you got Saddam! You hung 'im high! I loved watching the video of that -- just like the old wild west! The bad guy wore black! The hangmen were as crazy as the hangee! Lynch mobs rule!!!
Look, I have to admit I feel very sorry for the predicament you're in. As Ricky Bobby said, "If you're not first, you're last." And you being humiliated in front of the whole world does NONE of us Americans any good.
Sir, listen to me. You have to send in MILLIONS of troops to Iraq, not thousands! The only way to lick this thing now is to flood Iraq with millions of us! I know that you're out of combat-ready soldiers -- so you have to look elsewhere! The only way you are going to beat a nation of 27 million -- Iraq -- is to send in at least 28 million! Here's how it would work:
The first 27 million Americans go in and kill one Iraqi each. That will quickly take care of any insurgency. The other one million of us will stay and rebuild the country. Simple.
Now, I know you're saying, where will I find 28 million Americans to go to Iraq? Here are some suggestions:
1. More than 62,000,000 Americans voted for you in the last election (the one that took place a year and half into a war we already knew we were losing). I am confident that at least a third of them would want to put their body where there vote was and sign up to volunteer. I know many of these people and, while we may disagree politically, I know that they don't believe someone else should have to go and fight their fight for them -- while they hide here in America.
2. Start a "Kill an Iraqi" Meet-Up group in cities across the country. I know this idea is so early-21st century, but I once went to a Lou Dobbs Meet-Up and, I swear, some of the best ideas happen after the third mojito. I'm sure you'll get another five million or so enlistees from this effort.
3. Send over all members of the mainstream media. After all, they were your collaborators in bringing us this war -- and many of them are already trained from having been "embedded!" If that doesn't bring the total to 28 million, then draft all viewers of the FOX News channel.
Mr. Bush, do not give up! Now is not the time to pull your punch! Don't be a weenie by sending in a few over-tired troops. Get your people behind you and YOU lead them in like a true commander in chief! Leave no conservative behind! Full speed ahead!
We promise to write. Go get 'em W!
Yours,
Michael Moore

Algumas certezas

Páro um bocado a minha maratona de trabalho, aqueço um resto de massa do jantar e acendo a televisão. Como já passa das 3h da manhã a oferta é escassa, mas encontro um filme de pancada com o Stallone.
Ao fim de 20 segundos sem sequer saber o nome do filme percebo logo quem é o mau, quem é o bom e quem vai ganhar a luta, mesmo que passe por um momento em que parece que a vai perder, normalmente encostado entre uma espada (ou um qualquer objecto cortante e potencialmente mortífero) e uma parede (ou um poço sem fundo ou uma hélice de um bimotor ou uma jaula com uma besta carnívora, riscar o que não interessa).
Há qualquer coisa de reconfortante neste tipo de tramas, porque vivemos as emoções com a certeza de que o bom ganha sempre no fim. E fica com a rapariga gira e boazinha (a má também é sempre gira, nunca percebi porquê, mas ao mau nem um traçozinho gentil lhe deixam para amostra).
É uma pena que na vida as coisas não sejam assim tão claras.

15 janeiro 2007

Esquecimento global


No início de Janeiro foi publicado um relatório da Union of Concerned Scientists sobre a campanha milionária de desinformação sobre o aquecimento global promovida pela Exxon Mobil. Ler o relatório aqui.

Falta de humor no feminino

Fui ao womenageatrois e descobri este 'elucidativo' texto sobre a falta de humor no feminino. Citando o autor, women have no corresponding need to appeal to men in this way. They already appeal to men, if you catch my drift. E eu que pensava que os artistas eram todos portugueses (if you catch my drift)...

Actualizações


imagem aqui

Eu ando invulgarmente silenciosa. Quem me conhece, sabe que eu alterno entre estados de frenética comunicação (e postagem) e o mais puro dos silêncios. Sou assim, nada a fazer. Adiante, que isto de interesse nada tem.


Hoje acordei cinzenta como o dia que se pôs. Decidi dedicar o dia - numa tentativa de combate ao spleen dominical - a pôr em dia a minha agenda de telefones e respectivos contactos. Como base, tinha duas agendas: uma relativamente recente mas incompleta, outra mais completa e com moradas, mas com já mais de 5 anos. Iniciei, então, a tarefa maçadora de actualização de contactos. Para quem tinha acordado cinzenta, saiu-me pior a emenda que o soneto: descobri que teria que riscar muitos contactos por motivos de ordem vária. O que mais me chocou foi ver a quantidade de pessoas que desapareceram (morreram) neste intervalo temporal. Passei uma tarde inteira a viajar nas memórias daqueles que me/nos deixaram e que fizeram - num ou noutro momento - parte da minha vida.


Fiquei obviamente mal (triste, para ser mais precisa). Riscá-las de vez do mapa da minha existência - da minha agenda, quero eu dizer - era a assunção pura e dura do seu desparecimento, assemelhava-se quase a uma traição. Elas continuam a existir todas dentro de mim. Porquê riscá-las? É certo que não estão à distância de um telefone, de um olhar, de uma mão. Mas continuam cá dentro, tão vivas como um amigo que não vejo há mais de 10 anos e cujo contacto decidi manter na nova agenda.


Não caminhamos para novos. E mais: caminhamos em linha recta para a morte. Porque nos esquecemos disto diariamente? Talvez sofressemos menos se vivessemos a morte de outra forma. Raio de cultura, esta. Venham de lá os antropólogos de serviço explicar como outros a vivem de forma mais 'sã' (será?). Ainda por cima tenho o grande handicap de não acreditar em vida(s) para além desta que vivemos, nem sequer em entidades divinas. Amanho-me como posso na minha dor e nas minhas crenças - sem intermediação, num processo que é de mim para mim - e é tudo o que tenho para dizer a este respeito.
A todos os que já partiram. É bem real a falta que me fazem e isso é impossível de riscar.

14 janeiro 2007

Top mais

Acabo de ver o programa dos grandes portugueses na RTP, e não foi sem alguma surpresa que lá encontrei o Hélio Pestana, actor dos morangos com açúcar. Não só isso como o facto de ele ter ficado à frente de pessoas como Natália Correia, Almeida Garrett, D. Joao V, Miguel Torga, Vieira da Silva, Paula Rêgo, António Lobo Antunes, Gil Vicente, António Champalimaud e Jorge Sampaio. Suponho que ele tenha sido escolhido como símbolo do maravilhoso mundo televisivo, porque que eu saiba o rapaz para além de ter franzido o sobrolho na novela da tarde poucos mais feitos se lhe conhecem.
Mas já se sabe que o povo é quem mais ordena, e se os putos gostam dos morangos também têm direito a votar.

Surpresa das surpresas foi dar de caras na mesma lista com Maria do Carmo Seabra, cuja única vida pública de que se tem memória (e não da boa) é ter sido ministra da educação durante os (felizmente) breves 8 meses que durou o governo de Santana Lopes. Ora esta senhora não só ganhou a posição nº 58 entre os maiores portugueses que já existiram desde que somos um país como passou um bigode a todos os anteriores mencionados e ainda ao Bocage, Sobrinho Simões, Ricardo Araújo Pereira, Gago Coutinho, Fontes Pereira de Melo, Afonso Costa, Carlos Lopes, D. Maria II, Herman José, Cristiano Ronaldo, Otelo Saraiva de Carvalho, Bartolomeu Dias, Vítor Baía, D. Afonso III, António Teixeira Rebelo, Rosa Mota, D. Leonor, Mariza, D. Carlos I e ao Padre António Andrade. Pois, então não. Se ela até é mais popular que o Hélio Pestana!
Se isto não é um sinal do enorme sentido de humor português, eu não sei o que seja. Isso ou é a senhora com mais vizinhos, amigos, familiares, conhecidos e afins de Portugal.

Também gostei de ver o Alberto João Jardim na posição 52, especialmente porque na 51 aparece a Padeira de Aljubarrota.
Este é sem dúvida um programa de enorme utilidade pública.

12 janeiro 2007

Apelo à indiscrição

Queixa-se o leitor manyfaces nesta caixa de comentários da elevada discrição das mulheres portuguesas. Que não se nota que olhamos para eles e nem um piropo levam na rua. Que não lhes abafamos o ego.
Andou para aqui esta múltipla a queixar-se do excesso de atenção que os homens em geral nos dão, e é caso para dizer uns são filhos e outros são enteados.
Provavelmente um dos motivos que nos impede a andarmos por aí a apregoar "és bom como o milho" ou "e ainda dizem que as flores não andam"; ou a atirar olhares lascivos é sentirmos que isso é uma invasão da privacidade alheia.
Mas sim, tem razão o manyfaces quando diz que uns olhares mais gulosos só fazem bem e não fazem mal como apregoavam os Ena pá 2000.
Olhe, vamos fazer um trato. O manyfaces convence os do género masculino a não serem ordinários e eu exorto as do género feminino a serem mais expansivas. Boa?

Até lá fica aqui o delicioso apelo, em pré-publicação:

«Há dias em que me sinto uma merda mas lá me esforço para parecer interessante, cabelinho cortado, barbinha bem feita, conversa caprichada ao almoço.. vou-me sentar lá na mesa das estagiárias, sigo as recomendações dos gatos e não me aventuro em mesas de gajas boas, que essas são forretas nos olhares, mas mesmo assim nada...Acho que vou pôr anúncio no Correio da Manhã: " gajo apenas razoavelmente bom procura gajas da mesma condição para olhares e piropos. Assunto sério." »

Baptismo no mundo do sado-masoquismo

Não, não comprei um chicote e uma chibata. Nem um fato completo de latex. Muito menos um espartilho de rendas.
Desde ontem à noite sou a nova administradora do meu condomínio. E ainda para mais porque me ofereci para o cargo - há obras que me dizem respeito e que quero ver feitas ainda este ano, esta foi a única maneira de me assegurar que isso vai acontecer.
Alguma coisa me diz que me vou arrepender amargamente.

11 janeiro 2007

Estatísticas e aleatoriedades

Telefonam-me para fazer um inquérito sobre atendimento na administração pública. Não me importo de responder desde que não demore muito tempo, porque estou mesmo a sair de casa.
- Que idade é que tem?
- 33
- Trabalha?
- Sim
- Ah, então não lhe posso fazer o inquérito.
Aos 33 anos eles queriam que eu fizesse exactamente o quê?

10 janeiro 2007

Fazer sexy

- Mãe, já sei o que é fazer sexy.
- Ah sim?....
- Sim. Eu pensava que era um homem e uma mulher todos nus a darem beijinhos. Mas a Maria da minha aula explicou que fazer sexy é uma mulher de pernas abertas e o homem a meter a cara no pipi dela. Mete e tira mete e tira...

(ou de como a escola primária está a criar uma geração de raparigas muito felizes)

Inspecção periodica obrigatória

Como tenho sempre carros velhotes, regularmente tenho de passar pelo número da inspecção ao dito. Há sempre uma altura em que eles me pedem "agora deixe-me ser eu a fazer", como se o facto de ser mulher me tornasse incompetente para dar umas guinadas no volante ou para travar a fundo. A parte das luzes, vá, deixam-me ser eu a fazer.
Acabo por lhes dar o desconto, afinal uns tipos que passam o dia a respirar monóxido de carbono dos tubos de escape alheios têm direito a poderem distrair-se durante os breves minutos em que olham para o meu rabo pelo canto do olho e me fazem pensar "será que não vai passar?", brindando-os com o meu melhor ar de donzela em apuros.
Temos de ser uns para os outros.

09 janeiro 2007

história de fim de tarde

Foto e texto com direitos reservados


O sapo Sapinho andava sozinho, procurava um amigo
mas ninguém o via
O sapo Sapinho andava triste, dava pulos e urros, gritava e gemia,
mas ninguém o ouvia
o sapo Sapinho pelos montes se perdia
até que um dia...
encontrou pousada num muro uma colorida libelinha que lhe disse:
sapo Sapinho não queres brincar? Eu voo e tu saltas,
eu zumbo e tu croaxas e um par divertido podemos ser.
E o sapo Sapinho pensou: os sapos comem libelinhas,
Mas se esta comer, sozinho continuarei...
Prefiro ter uma amiga para fazer e acontecer.
E de um grande pulo para o muro saltou
E disse à sua nova amiga:
colorida Libelinha, vê se me apanhas
em menos de um triz,
de um truz,
e de um zus.

Os sonhos dos outros

A parte pior de partilhar a casa com o Miguel é ter de ouvir os sonhos dele ao pequeno almoço.

08 janeiro 2007

Palavras sábias da minha avó II

O diabo sabe muito não é por ser diabo, é por ser velho.

(a propósito do Clint Eastwood, uns posts mais abaixo)

Certeza

Se eu vou lá não fico aqui, se eu fico aqui não vou lá.

Quais 30 anos quais cabaça

"Tenho um amigo que tem mais ou menos a mesma idade que eu e que me disse há dias «Sabes qual é a grande vantagem de um gajo já ter passado dos 70?» Eu, naturalmente, fiquei um bocado perdido, porque não me estava a ocorrer nada de positivo. Ele disse: «O que é que nos podem fazer se não nos portarmos bem?»
Com a idade tenho menos medo de pôr em prática outras ideias. Quero ser mais ambicioso. Experimentar. Nada me detém."
- Clint Eastwood, em entrevista a Rui Henriques Coimbra, na Actual do Expresso desta semana. A propósito de ter feito dois filmes de guerra no mesmo ano, um sobre o lado americano e o outro sobre o lado japonês na II Guerra Mundial.

De como a bimby está a fazer de mim uma mulher ou Encontrei a felicidade entre os tachos

E não é que ontem mesmo sem ter visitas nem nada fiz sopa, fricassé de frango, arroz e um apple crumble? Ainda para mais inventando um bocado nas receitas e surpreendentemente saindo-me bem! (o meu record diário era uma massa italiana... ou uma costoleta grelhada com salada... ou aquecer no microondas)

07 janeiro 2007

Visitas

E de repente olho para o site meter e vejo um número redondinho, cheio de zeros. 10.000 visitantes, debaixo de uma pauta.

As múltiplas personalidades deste blog que nunca por estes mares tinham navegado, sem saber bem do que isto se tratava, foram ganhando visitantes que vêm não se sabe de onde e nos lêem vá-se lá saber porquê.

Mas como somos umas meninas muito bem criadinhas, benza-nos Deus, ficamos sensibilizadas. E fazemos uma vénia ao respeitável público.

Mergulhar

fotos Novella Sousa

Mergulhar a medo. Mergulhar de pés. Mergulhar tipo 'bomba'. Mergulhar de cabeça. Mergulhar na vida. Vencer o medo. Definitavamente, mergulhar.

Para a Virginia

This belongs to a museum

imagem aqui

"Archaeology is the search for fact, not truth. If it's truth you're looking for, Dr. Tyree's philosophy class is right down the hall" (in "Raiders of the Lost Ark", 1981).

Aqui está o meu herói de sempre: Indiana Jones. Em ano (2)007, que claramente evoca James Bond, vai ser rodado o 4º filme de Indiana Jones, sob a direcção de Spielberg e argumento de George Lucas. I hardly can wait...!

05 janeiro 2007

Cromos da minha rua - 1

A senhora preta de óculos e bata coçada que vende peixe de um balde transparente por trás de um arbusto. De vez em quando põe-se entre os carros, para melhor controlar a bófia. Um destes dias estava mesmo atrás do meu e nem se mexeu quando acendi as luzes de marcha atrás. A caldeirada do dia deve ter ficado com o saborzinho especial a sem chumbo 95.

Look for the silver lining



Look for the silver lining
Whenever a cloud appears in the blue.
Remember somewhere the sun is shining,
And so the right thing to do,
Is make it shine for you.

A heart full of joy and gladness,
Will always banish sadness and strife.
So always look for the silver lining,
And try to find the sunny side of life.

P.S. Ontem ouvi a versão desta música cantada por Chet Baker. Fui à procura e, em alternativa, encontrei este vídeo, com uma versão de 1929. Much better! (pelo menos fartei-me de rir com a 'habilidade' musical da menina). De qualquer modo, podem ouvir a versão de Chet Baker aqui em baixo:

04 janeiro 2007

Salto quântico

direitos reservados

Às vezes, apetecia-me voltar a este tempo cuja preocupação maior consistia em não pisar as linhas dos rectângulos.

Excelentíssimos e Excelentíssimas

Saibam vosselências que relativamente ao assunto dos pesticidas no Lidl quem quiser saber mais informação sobre esta situação deverá dirigir-se à "Autoridade de Segurança Alimentar e Económica, sita na Avª Conde de Valbom, nº 98, 1050-070 Lisboa, por ser essa a entidade competente", informou-me o excelentíssimo senhor Inspector-Geral da Inspecção Geral de Saúde, passando a bola ao outro e não ao mesmo.

assina:

Excelentíssima Senhora Professora Doutora Oito e Coisa

Sugestão

As horas que passamos no computador podem ser também um tempo que oferecemos aos outros. Tradução de documentos, construção de páginas web, elaboração de cursos técnicos à distância ou moderação de discussões são alguns dos trabalhos de voluntariado que podemos acumular com as nossas vidas de todos os dias. Aqui podem encontrar os caminhos de voluntariado online dos Voluntários das Nações Unidas.

03 janeiro 2007

A casa, mais uma vez

Uns amigos pediram-me para lhes ficar com o gato enquanto iam de férias para a terrinha; o meu deu a alma ao criador há uns tempos, podia ser que servisse para matar saudades, já sabes como tratar dos bichos e o garrincha é um animal sociável que se vai dar muito bem em tua casa. Então e quando é que vocês voltam? Daqui a 15 dias. Hum, os amigos são para as ocasiões, os gatos nem dão muito trabalho, nos dias de natal não vou estar em casa mas ele amanha-se com a comida e as necessidades, não vai haver problema. Dia 23 deu entrada no albergue desta múltipla um lindo e portentoso gato preto de olhos amarelos.

Os primeiros dias correram bem, festinhas, colinho, até o deixei dormir ao fundo da minha cama ao contrário dos donos, comportando-me como os avós a mimarem os netos. Que se lixe, quando voltar para casa eles que se arranjem, entretanto trato-o como se fosse meu. O gato é muito bonito, enorme. Estende-se em cima das minhas pernas, o que seria uma óptima ideia não fosse ele tão grande e as minhas pernas tão pequenas; vira-se para me mostrar que também tem uma barriga boa para dar festinhas, arriscando-se a um bungee jumping sem corda. Ele deve gostar mesmo muito de festinhas ali, porque quando chego a casa ele vem a correr ter comigo à porta e atira-se para o chão de patas para o ar, o que me faz sempre rir imenso e me conquista imediatamente.

Ao 5º dia, por milagre do destino coincidente com a limpeza da Rosário, acordo com uma enxaqueca e a senhora com a sua verborreia constante começa logo a matraquear-me "ó menina, está uma mancha de sangue enorme no sofá parece que alguém menstruado se sentou ali". Cruzes credo, isto logo ao acordar sem café nem nada é informação a mais para mim. Penso, serei sonâmbula e terei andado a esfregar-me nos sofás sem dar por nada? Corre-me um arrepio de medo pela coluna. "ó menina, o outro sofá também tem, no encosto". Bolas, esfregar-me no encosto já me parece exagerado, mesmo para uma sonâmbula. "Menina, menina, é o gato que está a perder sangue!! Afinal se calhar é uma gata!!"

Não pode ser, ele tem bolinhas bem visíveis, não faz sentido. Quando o vou a agarrar para ver o que se passa descubro que de facto está a perder sangue das partes baixas. Ai mãezinha, vamos já para o veterinário, que o gato não me morra nos braços. Telefono, marcam-me consulta para dali a 3h. Entretanto, o bicho na sua aflição e sem dúvida enormes dores tinha-me deixado marca da sua existência em ambos os sofás, 3 das almofadas, na colcha e lençóis do quarto de hóspedes, no maple do escritório e no chão do meu quarto. Tanta actividade para um bicho tão pequeno não deixa de ser notável. Decido fechar a besta na casa de banho, sempre prefiro limpar o chão que fazer a enésima máquina de roupa, e esperamos.

Vamos finalmente ao veterinário, diagnóstico infecção urinária; urina com alguns cristais fragmentados, antibiótico durante 10 dias e ração especial para doenças renais. Vá para casa e verifique que ele urina, porque se ele entupir tem de o levar à clinica de S. Bento para ficar a soro, porque se a uretra bloqueia ele pode quinar.

Confinei a besta à casa de banho e corredor, e lá ando eu a inspeccionar as areias de cada vez que o bicho vai fazer xixi, não me apetece nada passar a meia noite do ano novo a brindar águas destiladas com os veterinários de serviço.

Hoje, ao 5º dia de tratamento o pobre gato começa a dar sinais de maior vitalidade, suspiro de alívio, o pior já passou.

Acho mesmo que a casa tem qualquer coisa contra os animais. Ainda na semana anterior a Rosário, pobre Rosário, me apareceu à beira do vómito por ter encontrado um pombo cadáver na varanda do meu quarto.

Nem pássaros nem peixes, é assim.

02 janeiro 2007

Desejos

Se todos os desejos que pedimos à meia noite com as passas se concretizassem, ficávamos sem nada para pedir no ano seguinte. Há que dar sempre espaço para a tristeza e insatisfação, o motor da insaciedade, que nos faz querer ser mais e melhor. E que permite que tenhamos uma coisinha ou outra a que ansiar quando comemos as passas ou atiramos uma moeda para dentro de um lago.

01 janeiro 2007

Ano novinho em folha


Ontem encontrei esta 'instalação' e achei que era um bom prenúncio para o ano que aí vinha: um feixe de luz colorido a separar o ano velho do ano novo. Do lado direito, uma folha pousada, em forma de coração e de esperança (assim interpretei). Sempre ouvi dizer que o arco-íris tem 7 cores. 7 é o último algarismo deste ano recém-inaugurado.

Para as queridas mútiplas e para tod@s os que nos lêem, um 2007 cheio de 7 e picos 8 e coisa 9 e tal momentos felizes (fica ao vosso critério decidir o quê/quais)!