e isto foi o que ficou:
e pouco mais.
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15 maio 2011
14 dezembro 2010
Desculpa
Ter-me levantado e saido a correr da tua cama, da tua casa, para nunca mais te ver.
Ter-me apaixonado por ti.
03 setembro 2010
classificados
Procura-se coração novo. Em troca dá-se um coração descompassado e atlético. Motivo: mudança de ramo.
17 julho 2010
quarenta
A vida é mais simples com um bolso cheio de bolotas disse a minha múltipla que me pôs a pensar como é agora o amor 3 décadas depois e do lado de cá da barricada.
Queremos e nao queremos estar com eles, queremos companheiros mas nao confiamos na capacidade que eles têm de o poder ser, sabemos que mais cedo ou mais tarde sempre nos deixam na mao. Eles têm imensas coisas que nao conseguimos compreender, ou sao demasiado sensíveis e ineptos para a vida práctica ou sao demasiado pragmáticos e falta-lhes sensibilidade para tornar a vida mais bonita e mais humana, raramente conseguem um bom equilibrio entre o amor e a vida quotidiana. Andamos detrás deles, queremos que eles andem atrás de nós e “eles” e o amor sao um dos nossos monotemas favoritos; sao longas e constantes as dissertaçoes sobre os mistérios e o erros constantes do cromossoma Y. No fundo, entregamo-nos loucamente ao amor mas reservamos uma mao cheia de bolotas que nos fazem sentir seguras. Quando estamos entre amigas, pomos as bolotas todas em cima da mesa e olhamos com satisfaçao o arsenal conjunto que nos permite cair nos seus braços sem ficar nas suas maos. No fundo, três décadas depois, seguimos sem entender-nos uns e outras.
14 julho 2010
Dez
Aos dez anos os rapazes fingem que detestam as raparigas. Não as convidam para as festas de anos, não brincam com elas, dizem que as raparigas são chatas e só falam de coisas parvas.
Mas se as encontram num sitio qualquer, passam o tempo a persegui-las e a fugir delas.
Ontem passei uma parte da tarde com três rapazes de dez anos num parque em Lisboa. Via-os a correr, a esconderem-se, a rirem como heróis.
Olhei com atenção e percebi o motivo de tanta emoção. De um lado, os meus três rapazes; do outro, duas raparigas da mesma idade. Durante mais de uma hora, vi-os ao longe em missões de espionagem, concursos de tiro ao alvo com bolotas e combates verbais ferozes (eu sou mais velha do que tu, eu sou o melhor aluno da minha escola, ainda bem que não tenho as favolas que tu tens, sorte a minha de não ser uma baleia como tu).
Quem me dera a sabedoria dos dez anos. Tudo é mais simples com os bolsos cheios de bolotas.
Olhei com atenção e percebi o motivo de tanta emoção. De um lado, os meus três rapazes; do outro, duas raparigas da mesma idade. Durante mais de uma hora, vi-os ao longe em missões de espionagem, concursos de tiro ao alvo com bolotas e combates verbais ferozes (eu sou mais velha do que tu, eu sou o melhor aluno da minha escola, ainda bem que não tenho as favolas que tu tens, sorte a minha de não ser uma baleia como tu).
Quem me dera a sabedoria dos dez anos. Tudo é mais simples com os bolsos cheios de bolotas.
30 junho 2010
Fim da manhã com vista para lisboa
Nos miradouros de Lisboa acontecem muitas coisas.
O negro que empilha chapéus na cabeça e colares nos braços e sorri aos que passam, não quer comprar? O homem que dorme deitado no banco como se fosse na cama. A senhora que procura pombos com as mãos cheias de migalhas (se calhar alguma delas é um bocado de mim). O escanzelado que fala sozinho às voltas sobre si mesmo, quando eu for assassinado vocês continuam a trabalhar, mas em horário flexível.
E tudo isto não é verdade, tal como não é verdade eu estar ao teu lado a dizer-te adeus numa manhã de sol sobre lisboa.
08 junho 2010
07 junho 2010
05 junho 2010
é tarde
Hoje sonhei contigo. Foi a primeira vez em muito tempo que me apareceste enquanto dormia. Procuraste-me e disseste o que imaginei tantas vezes: foi um erro e arrependo-me de o ter feito, quero-te comigo.
Agora é tarde demais.
Nem em sonhos podemos ser o que não fomos acordados.
24 maio 2010
derreto
derreto-me com os gestos dele, com o olhar de puto armado em rufia, com a maneira como dança pela casa, com o riso que enche a sala, com as unhas roídas, com a voz rente ao chão de tão grave, com o suor que pinga da cara do peito das costas quando fazemos amor, com o cuidado com que limpa a cozinha, com a maneira como me olha quando acordo e que me faz sentir a mulher mais bonita do mundo, com o olhar tímido que se desvia quando fala de assuntos sérios, com o corpo nu abandonado na minha cama, com o cheiro a alfarroba que sai dele antes do duche, com o corpo a dançar enquanto canta, com a revista que finge que lê durante horas só para poder ficar perto de mim sem fazer barulho enquanto trabalho
estou bem fodida
um dia destes vou-me despedir de ti, antes que me torne um charco de água que já foi pessoa
22 maio 2010
partida
estás aqui comigo e eu estou aqui contigo, triste porque te vais embora, zangada também, às vezes desejando-te, quase sempre separando-te-me-nos. É já quase amanha que vais cruzar muitas milhas para longe de mim, para longe de nós, quase tantas como aquelas que cruzei nos meus adentros para tirar-te de mim.
19 abril 2010
talvez um dia
e sem que ele saiba, me case com o homem que nunca me pedirá em casamento por nao querer prender a alma livre que há em mim.
08 março 2010
quase
Quando é que uma coisa começa a ser? Em que momento se pode dizer que encontros fortuitos, feitos de silêncios, algumas palavras e muitos gestos, se torna em qualquer coisa com uma existência real? É certo que as palavras são poucas, muito poucas, não vá a coisa (que ainda não é nada, não nos esqueçamos disso) correr mal, não vá a quase-coisa correr mal e uma pessoa ficar presa ao que foi dito, não ao que aconteceu (porque isso conta tão pouco, afinal de contas apenas encontros fortuitos que desaparecem gasosos) mas às palavras que se poupam numa avareza aprendida (é assim que se faz), não ao que aconteceu mas às palavras que por uma imprudência infantil se desprenderam de nós e nos fazem quase acreditar que tínhamos tropeçado em mais do que uma quase-coisa que não é nada.
05 março 2010
Descubra as diferenças
Começou há uns dias. À saída da escola, contou-me que a Maria gosta dele. De vez em quando, voltava ao tema. A Maria é gira, inteligente e ri-se das piadas dele. Frases soltas no meio de combates de espada e minutos de dança na sala, pequenos acontecimentos que sacudia do capote como quem não quer a coisa.
Ontem, entre torradas e leite com chocolate, confessou que deixou um bilhete na secretária da Maria: "Gosto de ti. E tu?". A Maria, rapariga despachada, respondeu com outro bilhete: "Queres namorar comigo?".
O sorriso de orgulho e excitação desapareceu. A ideia de namorar deixou-o petrificado. Antes de adormecer, disse-me do quarto:
- Já decidi, mãe. Vou dizer que não à Maria. Vou dizer que foi tudo um engano.
(ou como ter nove anos ou muitos mais é, afinal, tão parecido)
04 março 2010
03 março 2010
A ver a banda passar
Há uns tempos apaixonei-me durante cinco dias, não pensava em mais nada, dei por mim de saias todos os dias e cheia de adereços, brincos pulseiras colares anéis. Deixei-me disso quando percebi que estou ainda agarrada à maldita ideia do amor. E agora estou sentada a ver a banda passar, sorrio quando vos vejo com as vossas histórias e dramas. É que eu já descobri o que tu ainda não percebeste: o amor é uma puta de uma invenção feita para nos foder a existência.
01 março 2010
Gavetas
O homem que dá a volta ao bilhar grande para explicar uma coisa simples, o dia estava claro e havia sol no céu, ainda não eram duas da tarde e passou por mim uma mota azul e foi aí que percebi que tinha que falar contigo porque (to be continued em modo soporífero)
O homem que fala com ela como se fosse o seu melhor amigo, o que achas que deva fazer, deixo a minha namorada e fico contigo?
O homem que não precisa de falar porque está sempre tudo bem, estás a inventar problemas
O homem que usa as palavras dela como se fosse o seu próprio discurso, Ele: Lembras-te do que te falei há dias blabla?, Ela: Mas isso fui eu que disse (to be continued em modo esta-nunca-me-tinha-acontecido)
O homem que fala por metáforas, o escaravelho do Japão e a folha a cair (to be continued em modo críptico-poético)
O homem que fala de forma super higiénica, portanto quer dizer p-a-u-s-a-d-a-m-e-n-t-e (to be continued em modo plácido-enervante)
O homem que acredita em coincidências, já reparaste que a inicial do teu segundo nome é igual à do meu primeiro apelido e isso quer dizer que (to be continued em modo místico-extático)
14 fevereiro 2010
10 fevereiro 2010
Por acaso
sendo que nada é por acaso, encontrei-me hoje num passado dos blogues. E percebi que houve um passado em que eu escrevia mais bonito. Em que me demorava e nem me passava pela cabeça escrever sobre o Benfica, broches ou o Boucherie Mendes. Escrevia coisas como:
Não dês corda ao relógio. Entende de uma vez que parámos o tempo.
E tinha orgulho disto. Escrevia sobre o amor e isso enchia-me de orgulho. E porque é que eu não escrevo mais destas coisas, pergunto. Acho que é porque percebi que amar não é dizer. Que há um discurso e depois há o amor. Aprende-se muito com os blogues.
28 janeiro 2010
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