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21 fevereiro 2011

Pseudocontrapseudomanifesto

Depois de ler a constituiçao e pensar em todas as obrigaçoes que tem o estado e que tem a cidadania e de pensar se é altura ou nao de sair em manifestaçoes, pergunto-me se nao é funçao do estado regular o poder económico equilibrando-o com o sistema social e politico, se nao é funçao do estado inverter o seu dinheiro, o nosso dinheiro, em nós, cidadaos e cidadas do país e do planeta. Gosto do estado, mais, sou institucionalista, gosto de garantir que o estado deve fazer aquilo a que se compromete através das normas e dos governos que o representam. Acho que o estado deve regular alguns direitos básicos, como o acesso ao emprego, à educaçao, à habitaçao, à cultura, em condiçoes sociais justas e dignas. O estado nao é um ente à parte e nós fazemos parte dele, quando votamos, quando pagamos impostos, quando aproveitamos bem os recursos que temos, quando ajudamos a melhorar as políticas e as prácticas que nao nos servem, quando aceitamos a diferença sem que esta se transforme em desigualdade. Decidi que sou de esquerda quando constatei que sem igualdade de oportunidades nao pode haver liberdade, pois pode alguém ser livre se outro alguém nao é?

Nao acho que existam geraçoes rascas, nem em 1994 nem hoje em dia, existe é uma série de pessoas sem possibilidades de entrar num futuro sem ponte para o presente, pessoas com imensas capacidades que se vêm presas num sistema que nao lhes abre a porta e que as vê como máquinas produtivas sem identidade própria e que saiem à rua porque querem dizer que nao gostam e que nao lhes serve esta forma de estado que se está a construir.  Oxalá sejam muitas e muitas as ruas por onde passem.

29 setembro 2010

estamos em directo

naquela que é uma das maiores manifestaçoes dos últimos tempos, onde se juntaram milhares de mulheres que gritam todas juntas e cada uma pelo seu lado minete sim deserto nunca mais, fazendo ouvir bem alto a sua voz contra o mau sexo. Encontrámos também vários homens que se solidarizaram com esta causa. De tão entusiasmados que estavam todas e todos, não conseguimos entrevistar ninguém, mas aqui vos deixamos as fotos que conseguimos tirar antes de sermos arrastadas pela multidão enlinguancida.




Como em qualquer manifestaçao, nao faltaram os vendedores de queijadas de sintra, bandeiras coloridas e brinquedos curiosos como este, que comprámos por apenas 5 euros:



Palavra de ordem



MINETE SEMPRE
DESERTO NUNCA MAIS


leia aqui o manifesto

24 junho 2009

Pregnant parade

Diz não à discriminação contra as grávidas!


Pregnant Parade no próximo sábado.


Shots de Laranjina C e Cocacola Zero em solidariedade com todas as abstémias forçadas.


Grandioso septatlo de grávidas:

- corrida 100 metros ténis, ganha a última a chegar

- arremesso da cereja com o umbigo

- a hemorróida maior e mais dolorosa

- as mamas mais escandalosamente aumentadas, com verificação do aumento do diâmetro do mamilo e medição do raio da auréola

- a barriga mais esticada. Verificação por audio - ao receber uma estalada ao de leve, mais soa como um tambor

- a besunta mais rápida com creme gordo da barral

- a libertação de gás mais sonora



07 março 2009

salvemos o planeta

imagem aqui

Lá se confirma aquela lei de murphy da mariposa flying inthe china e o terramoto que se dá cá para estes lados. Isto anda tudo ligado e os mais pequenos actos da nossa vida quotidiana influenciam enormemente as vidas das outras pessoas. Li numa newsletter que xs habitantes dos estados unidos precisam urgentemente de mudar os seus hábitos higiénicos, em particular a tendência para limpar o rabo com papel higiénico supersuave. Uma vez que para fabricar este tipo de papel se preferem as madeiras de florestas virgens, podemos imaginar o impacto do acto de limpar o cú dxs mal chamados americanxs (porque a américa é um continente e não um país) nos recursos naturais de uma série de países africanos, da américa latina, etc. Portanto, para ajudar ao trabalho da greenpeace que elaborou um guia para ajudar a gerar hábitos higiénicos mais saudáveis para o ambiente**, proponho que desde este cantinho do planeta pressionemos as empresas de construção civil que tenham bidés que não estejam a uso a contribuir para a conservação das florestas virgens do nosso planeta e a enviá-los todos para os EUA. Assim lá poderão utilizar papel higiénico feito com materiais reciclados para a primeira camada e depois vai com águinha e sabão natural e o ambiente agradece.
**vale a pena lê-la, cortá-la e dobrá-la para a próxima ida às compras.

31 agosto 2007

Portugal

Tem figurado no interior de várias publicações um anúncio de página inteira, chancelado pelo Ministério da Economia e da Inovação, onde podemos ficar a par das virtuosidades lusas no que aos recursos energéticos diz respeito. Para além dos diversos motivos de orgulho, que muitos de nós desconhecemos (e que não ficamos a conhecer melhor) é a imagem que constitui a minha indignação e que, à falta de meios técnicos para a publicar, passo apenas a descrever. Sobre um maravilhoso fundo azul, uma Europa Ocidental verdejante e um "Portugal" contornado a branco. E não é que Madeira e Açores não constam? Caso para dizer: e esta, hem?!

13 dezembro 2006

Ainda o protesto ao Feira Nova

Há uns meses atrás fiz um protesto a uma campanha do Hipermercado Feira Nova que promovia a compra de produtos de limpeza dirigidos a mulheres e a meninas. Depois das respostas das várias entidades a quem enderecei o email, obtive por fim a resposta do Feira Nova:

"Exma. Senhora,
Acusamos a recepção do seu e-mail de 09 de Outubro, o qual mereceu a nossa melhor atenção. Relativamente à Campanha Comercial em questão informamos que, no que respeita à ideia criativa que lhe deu origem, não iremos pronunciar-nos,uma vez que a mesma não resulta da nossa autoria, sendo a marca Vileda quem melhor poderá esclarecer quais os pressupostos em que a mesma assenta. Todavia, e na medida em que a vossa reclamação nos é dirigida e a Campanha em causa estava em curso no nosso estabelecimento comercial, não podemos deixar de registar que lamentamos que a mesma tenha susceptibilizado alguma nossa cliente, facto que, de todo, não antecipámos. Do nosso ponto de vista, pretendíamos, apenas, comunicar com os clientes que, estatisticamente, nos são apresentados como aqueles que mais adquirem a grande maioria dos produtos que comercializamos, independentemente de virem a ser, ou não, o seu destinatário final. Daí o vector da comunicação ser a compra e não a utilização. Não podemos, pois, contemporizar com as intenções que nos imputam. Trata-se de uma mensagem acrítica e objectiva, dirigida a quem a estatística identifica como comprador. Tal mensagem não reflecte quaisquer comportamentos sociais, conteúdo para o qual sempre careceria de informação, ou, sequer, visa promover a composição das responsabilidades domésticas, função estranha aos seus propósitos estritamente comerciais. A intervenção desta insígnia junto da comunidade revela-se nos inúmeros projectos de Responsabilidade Social de que é mentora e dos quais muito se orgulha. Cumpre, por isso, a quem nos avalia, saber distinguir entre comunicação cívica e comunicação comercial, para bem da verdade. Para bem do respeito pelo exercício da cidadania.
Sem mais, de momento. Apresentamos os nossos melhores cumprimentos,
A Direcção Comercial de Feira Nova Hipermercados S.A.,"
Fica-me então a ideia que, para o Feira Nova, a comunicação cívica e a comunicação comercial são dois campos opostos, não devendo "para bem da verdade" cruzar-se entre si. Direitos, direitos, negócios à parte... Nada que não se esperasse, mas que mais uma vez confirma que ainda há muita pedra a partir para convencer o poder económico que este não pode estar desconectado dos direitos sociais.
Entretanto, a CIDM também mandou outra carta, mais esclarecedora (e sintética) do que a primeira.
Exma Senhora,

Li com atenção o seu mail ao qual passo a responder:
1. A promoção dos produtos de limpeza do Hipermercado Feiranova é uma situação que factual e directamente desconhecemos, mas que a corresponder ao que nos descreve, nos leva a partilhar a sua preocupação, parecendo-nos configurar uma situação em que está em causa não só a dignidade da mulher em particular e da pessoa humana em geral mas também a promoção da igualdade entre homens e mulheres, que são príncipios fundamentais consagrados na Constituição da República Portuguesa.

2. Nos mails que nos enviou verificámos que deu conhecimento do seu protesto contra a promoção dos produtos de limpeza do Hipermercado Feiranova, ao Instituto do Consumidor.

O IC é o organismo que recepciona e investiga as denúncias efectuadas por particulares, sendo também a este organismo que a CIDM, no âmbito das suas atribuições e competências envia, depois de devidamente analisadas, as denúncias que chegam ao seu conhecimento e que tal como a que nos transmitiu pareçam configurar situações em que é posta em causa a dignidade da mulher e a igualdade entre homens e mulheres.

3.Pelo referido, e dado que já transmitiu o seu protesto ao Instituto do Consumidor, aconselho-a a aguardar o resultado da investigação que vai ser efectuada, a qual terá sido desencadeada pela sua denúncia.

No entanto, e se assim o entender poderá fazer-nos chegar a documentação referente à citada promoção de produtos de limpeza, será a mesma analisada, e, de acordo com as atribuições e competências desta Comissão, consagradas no Decreto-Lei 166/91, de 9 de Maio, terá o encaminhamento adequado.

Com os melhores cumprimentos,
Resta-me agora esperar pela tão ansiada resposta do Instituto do Consumidor, que segundo me avisaram por telefone, não será para breve pelo acumulado de trabalho que têm.
PS: Tendo sido a Vileda a empresa responsável pela campanha, reenviei-lhes agora o protesto inicial, em edição revista e aumentada, e também fiz uma reclamação ao ICAP (Instituto Civil de Auto-Disciplina de Publicidade). Mais vale a mais que a menos!

17 novembro 2006

A saga continua

Continua a saga do protesto contra a campanha de promoção de produtos de limpeza dirigidos a mulheres e a meninas do hipermercado Feira Nova (ver aqui, aqui, aqui e aqui)

Hoje recebi a resposta da CIDM:
Exma Senhora,

A Comissão para a Igualdade e para os Direitos das Mulheres (CIDM) e, nos termos do Decreto-Lei nº 161/91, de 9 de Maio, um organismo vocacionado para a intervenção em todas as áreas com incidência na situação das mulheres e da igualdade, que tem como objectivo permanente, entre outros, contribuir para que mulheres e homens gozem das mesmas oportunidades, direitos e dignidade, cabendo-lhe, consequentemente, tomar posição relativamente a questões que afectem a situação das mulheres.

A promoção da igualdade entre mulheres e homens é parte integrante da promoção dos direitos humanos, que inclem o direito de mulheres e homens participarem plenamente, como parceiros iguais, em todos os aspectos da vida; sem igualdade não pode existir uma sociedade plenamente respeitadora dos seres humanos, justa e democrática.

A publicidade constitui, numa sociedade de massas, um meio priveligiado e eficaz de perpetuação e/ou de criação de padrões de comportamento e de mentalidades, pelo que a publicidade não se faz sem regras que visam a disciplina e a preservação dos valores éticos de uma sociedade de direito, estando entre eles a dignidade da pessoa humana em geral e das mulheres em particular.

O Código da Publicidade (CP), aprovado pelo Decreto-Lei nº330/90, de 23 de Outubro, estabelece no artigo 3º, o conceito de publicidade e no artigo 7º do citado Código encontra-se preceituado um dos príncipios por que se rege a publicidade que é o príncipio da licitude.

Pelo referido, o artigo 7º do Código da Publicidade estabelece no nº 1que "é proibida a publicidade, que pela sua forma, objecto ou fim, ofenda os valores, princípios e instituições fundamentais constitucionalmente consagrados" e no nº 2 d) que "é proibida a publicidade que contenha qualquer discriminação em relação à raça, língua, território de origem, religião ou sexo".

O príncipio da publicidade lícita tem como fundamento os príncipios consagrados constitucionalmente, os quais devem ser respeitados sob pena de ilicitude.

Entre os príncipios consagrados constitucionalmente, contam-se o de Portugal ser uma República baseada na dignidade da pessoa humana (artº 1º) e o de constituirem tarefas fundamentais do Estado a promoção da igualdade real entre os portugueses(artº9 alínea d))e a promoção da igualdade entre homens e mulheres (artº9 alínea h)) e ainda a consagração do príncipio da igualdade, com a proibição expressa da discriminação em razão do sexo (artº13).

Acresce, com relevo para o estatuto jurídico da mulher, que a lei fundamental portuguesa consagra a igualdade nos direitos de constituir família e de contrair casamento (artº 36 nº 1), bem como a igualdade dos conjuges quanto à capacidade civil e política (artº 36 nº3).

Para além deste regime constitucional e legal, saliente-se que Portugal é subscritor de inúmeros documentos internacionais e comunitários em que os temas dos direitos humanos, da publicidade e da imagem da mulher na publicidade são expressamente mencionados, visando a defesa e protecção dos direitos das mulheres, tais como a Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres, a Resolução do Conselho da União Europeia e dos representantes dos Estados Membros, reunidos em Conselho, de 5 de Outubro de 1995, a Recomendação do Comité de Ministros dos Estados-Membros.

Conclui-se que a publicidade não pode atentar contra a dignidade da pessoa humana nem ser discriminatória em razão, por exemplo do sexo, o que limita a utilização abusiva da imagem da mulher na publicidade e quando assim acontece, há lugar ao apuramento da responsabilidade objectiva dos intervenientes na mensagem publicitária.

Em relação à promoção de produtos de limpeza, efectuada pelo Hipermercado Feira Nova, de que a D. Ana Paula Silvestre, nos dá conhecimento, verifico que já fez chegar a sua reclamação sobre esta situação não só ao Hipermercado em causa, mas também ao organismo que recepciona e encaminha as reclamações dos consumidores individuais e que é o Instituto do Consumidor.

Pode, no entanto, se assim o entender, enviar a sua reclamação para a Provedoria de Justiça, Rua Pau da Bandeira, nº9, 1249-088 Lisboa.

Esperando tê-la elucidado, mantenho a disponibilidade para quaisquer esclarecimentos adicionais.

Com os melhores cumprimentos,

a Vice-Presidente
Manifestando a minha parca comprensão sobre qual de facto a opinião desta entidade sobre este caso concreto, escrevi de novo um email a esta entidade solicitando um parecer concreto sobre esta situação especifica. Também reenviei esta resposta da CIDM ao Instituto do Consumidor e ao Hipermercado Feira Nova, dos quais ainda não tive qualquer tipo de resposta.
Confesso que começo a sentir-me cansada deste tipo de exercício de cidadania...

06 novembro 2006

Passa ao outro e não ao mesmo

Aquando do protesto contra a campanha do hipermercado Feira Nova de produtos de limpeza dirigida a mulheres e meninas, (e que tanta celeuma e controvérsia gerou) enviei o email com o mesmo texto aqui publicado a vários organismos.
Este é o actual estado da situação:
A DECO respondeu amavelmente e encaminhou o protesto para o Instituto do Consumidor:

Ex.ma Senhora,

Acusamos a recepção do e-mail de V. Ex.ª, agradecendo o facto de nos ter informado sobre a reclamação apresentada junto do Feira Nova Hipermercados, situação que mereceu a nossa especial atenção.

A fiscalização do cumprimento das regras referentes às técnicas de comunicação assim como os respectivos processos de contra-ordenação compete ao
Instituto do Consumidor (Praça Duque de Saldanha, 31, 1069-013 Lisboa), onde poderá denunciar a situação.

Com os melhores cumprimentos.

O Serviço de InformaçãoDeco / Proteste
Também algum tempo depois a CITE respondeu gentilmente ao meu email:

Exma. Senhora,
Na sequência do e.mail remetido por V.Exa, sobre o assunto em epígrafe, informo o seguinte:
A Comissão para Igualdade no trabalho e no Emprego ( CITE ) é uma entidade tripartida, criada em 1979, formada por representantes governamentais e dos parceiros sociais, e que tem como objectivos promover a igualdade e a não discriminação entre homens e mulheres no trabalho, no emprego e na formação profissional, a protecção da maternidade e da paternidade e a conciliação da actividade profissional com a vida familiar, no sector privado e no sector público. ( artº 494 da Lei nº 35/2004, de 21 de Julho)

De acordo com os n.ºs 1 e 2 do artigo 22.º do Código do Trabalho, todos os trabalhadores têm direito à igualdade de oportunidades e de tratamento no que se refere ao acesso ao emprego, à formação e promoção profissionais e às condições de trabalho e nenhum trabalhador ou candidato a emprego pode ser privilegiado, beneficiado, prejudicado, privado de qualquer direito ou isento de qualquer dever em razão, nomeadamente, (…) de sexo.

Por esta razão, no que diz respeito a anúncios de oferta de emprego e outras formas de publicidade ligadas à pré-selecção e ao recrutamento, consagra o n.º 2 do artigo 27.º do mesmo Código que tais anúncios e formas de publicidade não podem conter, directa ou indirectamente, qualquer restrição, especificação ou preferência baseada no sexo.
No exercício das suas competências e atribuições, a CITE procede regularmente à análise de anúncios de oferta de emprego, no sentido de detectar eventuais práticas discriminatórias.

Conquanto o anúncio referido por V.Exa. incorpore nítidos estereótipos de género, apresenta cariz publicitário, o que o coloca fora do âmbito das competências da CITE.
Dado ter sido a sua mensagem igualmente enviada à Comissão para a Igualdade e para os Direitos das Mulheres (CIDM), dispensamos–nos de proceder ao seu reencaminhamento para esse mecanismo de igualdade de género.

Com os melhores cumprimentos,

A Presidente
Até ao momento aguardo resposta do Instituto do Consumidor, da CIDM e do próprio hipermercado Feira Nova, pelo que enviei um novo email solicitando que se pronunciem sobre este assunto.
Pode ser que isto seja gasto de energia, pode ser que não dê em nada, pode ser que sim, pode ser que não...

24 outubro 2006

A guerra do Iraque em (des)construção


Para além das mortes e destruição de vidas e bens (alguns destes património da humanidade, como a biblioteca nacional de Bagdad) que provoca a guerra do Iraque, há também quem aproveite e transforme a morte em ouro.

As 10 empresas que mais lucraram com esta guerra têm vindo a ser desmascaradas, muito vezes graças a iniciativas individuais ou da sociedade civil organizada estado-unidense.

A ler em inglês ou português.

09 outubro 2006

De mim para mim

Querida múltipla, não posso estar de acordo contigo, eu sou uma institucionalista nata. Acredito que é bom que existam comissões de defesa de direitos sejam eles das mulheres, dos homens ou dos animais abandonados; acredito que o Estado tem (e deve ter) um poder regulador da sociedade e além disso, acredito também no nosso poder enquanto consumidores/as. Para mim, o nosso maior papel enquanto cidadãs/ãos é fazer com que as instâncias políticas públicas e privadas funcionem como devem e enquanto consumidores talvez seja travar os abusos das empresas económicas. E com isso não excluo o poder individual que cada uma e cada um de nós tem para mudar, ou para contribuir para a mudança do mundo e das mentalidades. Mas esse poder individual não tem necessariamente que se circunscrever aos grupos da família, amigos, etc, também necessita passar para o Estado, para as empresas.

Os hipermercados aproveitam-se de uma série de preconceitos existentes e reproduzem-nos, muitas vezes contra os consumidores e contra si próprios. Ninguém retira benefícios das desigualdades existentes entre homens e mulheres. Por que não hão os homens poder usar a esfregona e o balde e usarem cabelos compridos e gostarem de dançar e de se arranjar e de não ser violentos? E por que é que as mulheres têm de assumir perante a sociedade o cuidado dos filhos/as e da casa e trabalhar fora de casa com sentimento de culpa?

Provavelmente a directora da campanha, ou o director, ou mesmo toda a equipa não se aperceberam da importância que tem para a nossa sociedade continuar a reproduzir estereótipos(ou idealtipos) que já não nos servem e que não queremos, pois não contribuem para a nossa felicidade (seja lá esta aquilo que for). Não me custa acreditar que as pessoas da campanha do Feira Nova, achem que sempre foi assim e que assim é que está bem, esta questão de repensar as nossas formas de ser homens e ser mulheres é um processo que leva muito tempo e não é preto no branco, mexe com muitas coisas estruturais em nós. Por isso tanto mulheres como homens terminamos reproduzindo aquilo que não queremos, tanto por acção como por omissão. (os homens também têm um papel na educação dos filhos, já seja activo ou ausente)

De qualquer forma, às vezes apetece-me gritar O REI VAI NU, pois de facto vai!

com os melhores cumprimentos

Festival T 99 no estádio Nacional num verão qualquer que já passou. Os Black Crowes, banda Norte-americana, rock revivalista dos anos 70 entra em palco abrindo a noite para os Aerosmith que são os cabeça de cartaz. Toda a gente pagou para ver os Aerosmith e poucos conhecem a banda de suporte. O vocalista de Black Crowes é Chris Robinson e para além da sua voz rouca, muito soul sabe também dançar, sabe dançar e soltar o corpo como poucos, livremente e de forma sexy, é magro e esguio tem o cabelo pelos ombros. Estou louca em êxtase para ver a banda de que sou fã mas aquilo a que assisto faz-me corar de vergonha. É a comédia nacional, é a polaroid medíocre que eu quero deitar fora ou esconder no fundo da arca das recordações. O concerto dos Black Crowes acaba a meio porque o grande senhor Chris Robinson que também sabe dançar não consegue cantar. À sua frente estão milhares de pessoas homens e mulheres que o atacam ferozmente com garrafas de plástico cheias de terra que apanham do chão e o chamam de paneleiro, rabiló, panasca e outros sinónimos. Os Black Crowes nunca mais consideraram Portugal na lista das suas tounées.

O Feira Nova é um Hipermercado dirigido a um target específico, com produtos muito baratos e as pessoas que fazem parte do target do Feira Nova são pessoas de muito poucos recursos financeiros, de escassa formação literária e cultural, Existe ali um contexto de enquadramento quando se resolve colocar um cartaz de promoção desse tipo. Não é um ataque. É um aproveitamento duma situação social existente, real. Não permitir tal coisa não extingue a situação mas tapa somente o sol com a peneira.
Em conversa ouvida na rua corei com o discurso duma senhora que dizia para amiga, já viu? agora a minha nora resolveu trabalhar de sol a sol e agora nem tempo tem pra fazer nada em casa e anda o meu filho todo amarrotado, e ainda lhe responde torto, agora era o meu filho é que ia passar a ferro as camisas! Olhe é assim a vida, no fim tanto fazia aquela como outra que as mulheres hoje em dia não prestam pra nada...

Mas porque raio haveria eu de ir fazer queixa à comissão para os direitos das mulheres quando estes homens que nos cercam foram educados desta forma por mulheres? E já agora pergunto eu, não querendo deixar passar o preconceito que por vezes nos corre naturalmente nas veias, como sei eu que a direcção da campanha de Marketing do Feira Nova que lançou essa promoção não está a cargo duma mulher? Porque hei-de partir do princípio de que foi um homem a delinear aquela estratégia publicitária?

Excepções à parte, as primeiras pessoa a tratarem os homens como seres frouxos são as mães com medo de serem maltratadas na rua pelas vizinhas.
Sim porque os homens não têm só o direito de participarem nas tarefas domésticas sem serem apedrejados, também têm o direito de saber dançar e de usar o cabelo pela cintura. Um amigo de longa data contou-me tinha que suportar passar na rua pela sua mãe e vê-la atravessar a estrada para o outro lado com vergonha de falar a um filho de cabelo comprido e por isso afeminado. Nunca foi o pai dele a ter este tipo de reacção.

Mais uma vez digo, tratemos de mandar as comissões às urtigas e de fazermos o nosso esforço individual para que as próximas gerações sejam educadas de outras formas.

08 outubro 2006

Exmos/as Senhores/as

FEIRA NOVA, HIPERMERCADOS

“A mamã compra e nós oferecemos à filha” é o titulo de uma promoção do Feira Nova que fica ali perto de Xabregas, Lisboa. A mamã compra o balde e a esfregona e o generoso supermercado oferece à filha um balde e uma esfregona pequeninos, para ela se deleitar a imitar a mamã nas lides da casa...
Pergunto eu, os papás não limpam a casa, os meninos homens não brincam com baldes e esfregonas? E senão o fazem, deverá este comportamento ser incentivado e normalizado nas campanhas de promoção dos supermercados? Não existem outras maneiras de promover produtos que sejam mais inteligentes e propositivas para a nossa vida em sociedade?

Aguardo a vossa resposta.
Com os meus melhores cumprimentos

No baile da dona ester, ou
O chofer a dançar com a criada, ou
Dizia ela baixinho, ou
Na prise és bestial, ou
Sete e Picos, ou
Oito e Coisa, ou
Nove e Tal

Com cópia a:

DECO,
Plataforma Portuguesa de ONGS para os Direitos das Mulheres(PPDM),
Comissão para a Igualdade dos Direitos das Mulheres(CIDM),
Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego(CITE),
Futura Organização para os Direitos dos Homens de participarem nas tarefas domésticas sem serem considerados aves raras, frouxos, efeminados e para o Direito das Mulheres se libertarem de todo o peso da gestão de uma casa e poderem ter tempo para dedicar-se a outras coisas que gostam (trabalho, estudo, política, dolce fare lo que quiera).

28 agosto 2006

Até quando?



Na formação militar dos soldados britânicos que vão para o Iraque preparam-nos para matar crianças pois estas podem ser potenciais terroristas suicidas. Por não suportar esta possibilidade, um soldado britânico de apenas 19 anos suicidou-se.

Nos Estados Unidos, um oficial do exército estado-unidense recusou-se a combater no Iraque, por considerar esta guerra ilegal e foi apoiado por um professor de direito internacional humanitário de Harvard.

A informação veio daqui, e apesar de terrível são indícios que ainda vai existindo lucidez e resistência aquela que se diz ser a maior “democracia” do mundo. Até quando continuará esta guerra estúpida e cruel? Até quando o nosso governo e nós como cidadãos e cidadãs continuaremos a ser coniventes com esta hegemonia brutal e descabida que perpetua o governo dos Estados Unidos e o louco e ignorante tirano que a representa?