30 junho 2010

Fim da manhã com vista para lisboa

Nos miradouros de Lisboa acontecem muitas coisas. 
O negro que empilha chapéus na cabeça e colares nos braços e sorri aos que passam, não quer comprar? O homem que dorme deitado no banco como se fosse na cama. A senhora que procura pombos com as mãos cheias de migalhas (se calhar alguma delas é um bocado de mim). O escanzelado que fala sozinho às voltas sobre si mesmo, quando eu for assassinado vocês continuam a trabalhar, mas em horário flexível
E tudo isto não é verdade, tal como não é verdade eu estar ao teu lado a dizer-te adeus numa manhã de sol sobre lisboa.

29 junho 2010

esqueçam,

é mentira, ouvem-se foguetes e urros na rua e resmungos dentro de casa.

medicinas

a criança acorda a meio da noite desesperada com dores de cabeça, com comichão, com um desespero na alma. aplico-lhe uma colher de xarope e meia hora de reiki e volta a dormir.

uma das vantagens

de viver na Catalunha é que num jogo entre Portugal e Espanha torcem pelo primeiro.

Explicações

precisam-se. sobre as crises diversas instaladas neste blogue, sobretudo as de hoje, já que uma alma generosa (duas, vá) tratou de repor a mais recente crise digital.

e, já agora, por mail. por favor.

agradecida.

Crise!

Não é por a Cara Oito debaixo se queixar da Cara Oito do andar abaixo, que esta Cara Oito não está em crise de criatividade!

Crise?

Derivado ao facto de me andarem a roubar as posta, não se pode dizer que estou em crise de criatividade não é?

Cara oito disponha sempre

agora


agora que a crise digital do 8 e coisa está ultrapassada, é com isto que as queridas múltiplas devem brincar nos momentos de ócio. E lembrem-se: nada de carregar em botões esquisitos.

Fim de junho

Ensinamento do segundo trimestre deste ano:

Depois da tormenta, vem a tempestade

Prepara-te, oito, para o que trarão os próximos meses.

28 junho 2010

tão verdade que dói



"Most people don't know what they want or feel. And for everyone, myself included, It's very difficult to say what you mean when what you mean is painful. The most difficult thing in the world is to reveal yourself, to express what you have to... As an artist, I feel that we must try many things - but above all, we must dare to fail. You must have the courage to be bad - to be willing to risk everything to really express it all."
John Cassavetes

aaaaaaaaahhhhhhhaaaaaaaaaaahhhhhhhhhhh

porra, merda, car...... que eu não atino com isto.
Eu quero o blogue antigoooo.

fotossíntese


27 junho 2010

O cavalo marinho


O cavalo marinho é uma raras espécies da natureza (e ainda mais rara nos peixes) em que a sua reprodução se dá por viviparidade, o que significa que as suas crias já nascem independentes dos pais.  Outra particularidade  é a da reprodução estar a cargo dos machos. Estes recebem os ovos que a fêmea lhes dá, fertilizam-nos e cuidam-nos  durante os dois meses da gravidez, até expulsá-los com violentas contorsões. As crias nascem,  sobem à superfície e vai cada um à sua vida,  descendentes e progenitores. 


Na nossa espécie, os seres a quem chamamos filhos ou filhas ou que amamos como tal, criam connosco laços que se estendem no tempo e dependem de nós durante muitos e muitos anos, são os laços sociais que o fazem assim, mas também são os laços afectivos e relacionais que se vão construindo dia a dia, nas presenças, ausências, possibilidades, desejos. Até que um dia que tanto leva a chegar elas sobem à superfície das suas vidas, e nos surpreendemos por que esse dia já está aí.

Na nossa espécie, sofremos dores e alegrias de crescimento durante toda a vida e aprendemos a cuidar, como até aí não tínhamos talvez aprendido, desde o momento a que chamamos filho ou filha a uma criança que partilhará connosco esta vida única que temos, em geral mais curta que comprida.  E nesse encontro, aprendemos a ajudar a crescer em meio da espuma dos dias e do tempo que não se detém para nós. Tentando ensinar, aprendemos também a crescer, a viver,  até ao dia em que, tal como o cavalo marinho,  voltamos à bolsa que nos recebeu e cuidou, voltamos a ser nada para poder ser de novo qualquer coisa.


clapt!! clapt!! clapt!!

Para breve um documentário fascinate sobre o Escaravelho da Batata. " buldozers tuberculus" o animal mais enigmático do planeta terra.
(esta pesquisa está a ser desenvolvida desde os anos 60 e é com um prazer imenso que a vamos apresentar, aqui, dentro, em, breve, pela, primeira, vez)

senhoras e senhores

temos o prazer de vos apresentar 8 e coisa

um blogue sobre vida selvagem.

26 junho 2010

mas que raio de ideia...

Isto está cada vez pior!!
Eu proponho mudarmos de casa.
E já!

25 junho 2010

e as gajas todas a dançar

e a divertirem-se e eu aqui a roer as unhas. vou comer mais uma raiz para ver se me passa.

La cagué

e agora nao sei como sair daqui destes templates e voltar ao nosso que nao ofuscava tanto a vista. Helps e sorrys em igual medida às múltiplas mais destras nestas lides bloguisticas.

(outro oito disse:) Pá não sabia que tinha havido o fenómeno Beatles em Portugal!



Eles são os maiores!!

MLYCQTC*

Hoy es el día de las Mujeres Cojonudas y Listas que Te Cagas

Por las mujeres! FELIZ DIA MLYCQTC

Recuerda que hay que vivir con este lema:

La vida NO debería ser un viaje a la tumba con la intención de llegar seguras, con un cuerpo bien atractivo y conservado, sino un viaje para llegar patinando de lado a lado con una tableta de chocolate en la mano y una copa de vino en la otra, hecha polvo y gritando: "Uaaaaaauuuu menudo viaje!!"


Dentro de cada persona vieja hay una persona joven.... que se pregunta qué coño ha pasado...

- Cora Harvey Armstrong-



Dentro de mí vive una mujer delgada que grita para salir. Pero generalmente la puedo acallar con galletas.

- Anónima -



Los años más duros de la vida son entre los 10 y los 70.

- Helen Hayes (a los 73) -



Los 35 es esa edad en la que finalmente consigues tener la cabeza en su lugar, mientras que el resto del cuerpo empieza a caer.

- Caryn Leschen -



Si no puedes ser un buen ejemplo.... deberás ser una espantosa advertencia.

- Catherine -



La frase "madre trabajadora" es redundante

- Jane Sellman



Nadie puede hacerte sentir inferior sin tu permiso

- Eleanor Roosevelt –
 
 
 
*(recibido por email)

sou da montanha



quentin, vai por mim: isto ficava a matar na banda sonora do teu próximo filme.

24 junho 2010

Para quem não sabe


uma múltipla não sabia o que era o nervocalm.
Mais esclarecida?

Nervocalm

A meio do jantar:
- Mãe, há uma coisa que eu não percebo entre homens e mulheres. Posso perguntar?
- Diz.
- Como é que se faz sexo a três?
- ....
- É que não percebo como se faz, duas mulheres e um homem. Ah, já sei, pode ser um homem, uma mulher e um travesti.
- (engasgada com uma cereja, sem saber o que dizer)
- Mãe, já fizeste sexo a três?


Não passa de amanhã. Acho que estou a precisar de nervocalm.

Saramago, 1922-2010


Gostava muito do escritor Saramago, gostava da forma como escrevia, das situações que inventava, dos temas que tratava. Também simpatizava com o homem que era, comprometido com o seu tempo e com as pessoas mais excluídas, com as desigualdades do mundo, simpatizava com o escritor homem político que chamou filhodaputa a Deus quando andava à procura da Sua existência. Talvez agora esteja ao seu lado a beber com Ele um copo de vinho e a comer uns petiscos. Esteja onde estiver, estará certamente atormentadamente em paz, tal como em vida.

23 junho 2010

No pain no game

- Arranque.
- Arranco?
- Sim, arranque que eu não quero mais nada com esse dente.
- Mas podemos salvá-lo, pode sempre por uma coroa, e assim não se corre o risco de a dentição ficar desalinhada e…
- Arranque!
- Muito bem, você é que sabe. Vou só dar-lhe uma pequena…
- SEM ANESTESIA!
- COMO?!
- Ouviu bem: s-e-m- a-n-e-s-t-e-s-ia-. E depois mande vir o seu colega lá de cima.
- Qual colega?
- O do coraçã0.
- O cardiologista?
- Sim, esse mesmo. E o cirurgião. Tragam a equipa toda. Diga-lhe que me serrem o externo e que me arranquem o coração: está partido, está gasto, não vive mais ilusões. Não quero mais. E SEM ANESTESIA, por favor.

Epílogo: arrancaram-lhe o dente e o coração que palpitava mais que o normal. Depois fizeram um transplante. Ainda hoje continua bater num corpo, um coração mais feliz. Só não se salvou o dente. 

Como preparar uma reunião de condóminos

Dia de reunião de condomínio, desta vez em minha casa. Umas horas antes, sou raptada para uma sessão de sexo brutal na sala.
Recuperada do momento, oiço barulho junto à porta da rua. Lá fora, no patamar, o novo vizinho e dois técnicos conversam baixinho junto ao contador do gás. Já não bastava a vizinha  que me olha com sorriso trocista do alto do seu camarote no andar de baixo. Agora havia público na plateia.
Poderá a maquilhagem salvar-me?

ora vejam lá

Hoje quero

ser a mulher maravilha. Alguém tem uma tiara que me possa emprestar?

21 junho 2010

THE DANCING QUEEN!



Hoje é o seu dia, veio com o solstício de verão.
Muitos parabéns querida múltipla!

20 junho 2010

Vou começar a dar no Lítio!!
Dealers procuram-se.

19 junho 2010

hiiiinn hooonnn

DEUDAS y BURROS 



Se solicitó a un prestigioso asesor financiero que explicara esta crisis de una forma sencilla, para que la gente de a pie entienda sus causas. 

Este fue su relato: Un señor se dirigió a una aldea donde nunca había estado antes y ofreció a sus habitantes 100 euros por cada burro que le vendieran. 

Buena parte de la población le vendió sus animales. 

Al día siguiente volvió y ofreció mejor precio, 150 por cada burrito, y otro tanto de la población vendió los suyos. 

Y a continuación ofreció 300 euros y el resto de la gente vendió los últimos burros. 

Al ver que no había más animales, ofreció 500 euros por cada burrito, dando a entender que los compraría a la semana siguiente, y se marchó. 

Al día siguiente mandó a su ayudante con los burros que compró a la misma aldea para que ofreciera los burros a 400 euros cada uno. 

Ante la posible ganancia a la semana siguiente, todos los aldeanos compraron sus burros a 400 euros, y quien no tenía el dinero lo pidió prestado. De hecho, compraron todos los burros de la comarca. 

Como era de esperar, este ayudante desapareció, igual que el señor, y nunca más aparecieron. 

Resultado: 

La aldea quedó llena de burros y endeudados. 

Hasta aquí lo que contó el asesor. 

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Veamos lo que pasó después: 

Los que habían pedido prestado, al no vender los burros, no pudieron pagar el préstamo. 


Quienes habían prestado dinero se quejaron al ayuntamiento diciendo que si no cobraban, se arruinarían ellos; entonces no podrían seguir prestando y se arruinaría todo el pueblo.

Para que los prestamistas no se arruinaran, el Alcalde, en vez de dar dinero a la gente del pueblo para pagar las deudas, se lo dio a los propios prestamistas. Pero estos, ya cobrada gran parte del dinero, sin embargo, no perdonaron las deudas a los del pueblo, que siguió igual de endeudado. 


El Alcalde dilapidó el presupuesto del Ayuntamiento, el cual quedó también endeudado. 

Entonces pide dinero a otros ayuntamientos; pero estos le dicen que no pueden ayudarle porque, como está en la ruina, no podrán cobrar después lo que le presten.

El resultado: 

Los listos del principio, forrados. 

Los prestamistas, con sus ganancias resueltas y un montón de gente a la que seguirán cobrando lo que les prestaron más los intereses, incluso adueñándose de los ya devaluados burros con los que nunca llegarán a cubrir toda la deuda. 

Mucha gente arruinada y sin burro para toda la vida. 

El Ayuntamiento igualmente arruinado. 

Resultado¿ final?: 

Para solucionar todo esto y salvar a todo el pueblo, el Ayuntamiento 


bajó el sueldo a sus funcionarios.

18 junho 2010

Dia de Portugal

Pela mão do Professor António Barreto, um dos poucos homens que, nos dias que correm, tem o meu respeito:

(...)
(...)
 
Recomendo, vivamente, a leitura integral do discurso, no Jacarandá.

declaração de amor




vou guardar os teus beijos na minha caixa onde guardo os meus tesouros mais preciosos e depois quando estiver triste, tiro-os e deixo de estar triste,

foi o que me disse este raio de luz e de trabalhos que há 5 anos me acompanha na vida.

16 junho 2010

para mim é um destes sff.

e também o pequenino para aquelas frinchas e lugares recônditos onde os resíduos teimam em se incrustar.


Alguém me ajuda nas costas ou esta merda tem de ser feita sozinha?

15 junho 2010

limpeza de quase verão

Minhas amigas, estimável público,
Chegou a hora de fazer uma limpeza de quase verão. Basta de corações entupidos com amores que corroem, chega de gargantas engasgadas com palavras que nunca foram ditas, alto e pára o baile aos ouvidos congestionados com conversas de ir ao cu.
Peguemos no escovilhão de almas, este maravilhoso e inovador instrumento que vos mostro e que promete a libertação de tralhas desnecessárias que atafulham a existência, o vizinho que ressona alto demais e nos invade os sonhos, os desamores que nos atormentam os dias e as noites, a mãe o pai que não nos deram o que precisávamos (amor atenção disciplina liberdade, ponham a cruz em frente à opção correcta, sendo que se admitem escolhas múltiplas), o trabalho que liberta o escravo que há em nós e nos acorrenta a uma vida de suspiros amordaçados, as preocupações que coleccionamos com um fervor maníaco. 
Peguem no escovilhão das almas e descubram como é viver sem todas as  pequenas dores que trazemos docemente pela mão.

14 junho 2010

mais uma corrida


que mês mais animado o de Junho no 8 e coisa. 
Hoje é o dia da nossa múltipla que entra noutra década. Um grande ano e uma grande década para ti, querida múltipla.

12 junho 2010

tchim tchim


Começou hoje um ano novo em folha, rodeada de dezenas de pessoas que lhe cantaram os parabéns numa sala habitada por histórias antigas, lágrimas e gargalhadas.
Um brinde à nossa múltipla que hoje disse trinta e três.

09 junho 2010

passou por aqui um anjo

uma mulher ia sozinha no comboio rumo ao mar, essa mulher não só ia sozinha como se sentia sozinha, há muito tempo já se sentia assim mas agora parecia-lhe ainda mais real e mais evidente, a sua cama estava vazia, o copo só tinha a sua escova de dentes. A mulher ia no comboio que se aproximava da ultima estação e pensava na figura que ira fazer diante de todas as outras pessoas que também iam no comboio rumo ao mar quando tivesse de tirar a sua enorme pesada e desajeitada mala da prateleira por cima dos bancos.  Como quem não quer a coisa, deixou toda a gente sair, só aquele homem bonito de pé perto do seu banco não se movia, calmamente esperava. Quando a mulher se dispôs por fim a tirar mala, ele antecipa-se-lhe e sem esforço baixa a mala. Ela sorri e agradece-lhe, sabe estava-me a custar tirar a mala, estava pesada e eu aqui sozinha... O homem bonito e de ar tranquilo interrompe-a suavemente: sozinha? você nunca estará sozinha, uma mulher como você nunca estará sozinha. Sem olhar para trás,  saiu do comboio que por fim chegara ao mar, deixando a mulher com um sorriso no rosto e uma gargalhada na alma.

preciso andar

digo eu de mim para ti



De que adianta o casamento se não se olha para o outro/a com carinho, com amor, com paixão, com camaradagem? De que serve o casamento se se aguenta o outro/a por todas as redes sociais que estão à nossa volta, a minha familia, a tua familia, os amigos comuns, o móvel da avó, a casa da familia, de que adianta o casamento se estamos juntos por tudo aquilo que um dia fomos e já nao somos, ou por tudo aquilo que gostaríamos de ser e nao seremos nunca. De que serve o casamento se não nos ajuda a ser feliz e a ser melhores pessoas? De que servem tantos medos à solidão, à perda, se nesta forma de estar acompanhando-nos já nos sentimos sós e com medos? De que serve culpar-te por eu não ser feliz se sou eu quem já não sei onde está a minha felicidade e tenho medo a descobri-la sem ti? De que serve aguentar o casamento se se sente que se está a aguentar e a não a desfrutar dele? De que serve ter quem nos aqueça os pés nas noites de inverno se a nossa alma se vai gelando pouco a pouco?


por isso, um dois insiste insiste, tres quatro aguenta,  é desta, cinco seis desiste, adeus meu amor, vou procurar sozinha um pote de caracóis no fim do arco-íris.

that's not my name



ouvi The Ting Tings de manhã e ainda não me saiu da cabeça. Será grave?

08 junho 2010

SMS

'Quero-te nos meus braços...'

Mas que bela maneira de começar o dia.

07 junho 2010

Thank heavens for little girls

Anda-me a fazer espécie esta coisa dos casos de pedofilia e a atitude da Igreja.

Que se soubesse dentro da hierarquia e não se denunciasse à polícia eu até chego a compreender, durante séculos a igreja era uma autoridade tão grande ou maior do que a justiça dos homens, fazia parte sentirem-se um grupo à parte com as suas próprias regras - mas também fazia parte saberem punir os actos condenáveis, tanto pelos homens mas ainda mais (pensava eu) pelo divino de que dizem ser porta-vozes.

Eu não entendo e mói-me por dentro é que tenham sido coniventes com os actos nojentos e asquerosos dos pedófilos lá de dentro.Na minha mais que perfeita ingenuidade, assim que descobrissem a coisa pintariam a cara de preto mas ainda mais da criatura que abusou não apenas do seu cargo como da posição de poder sobre crédulas crianças e os mandasse pastorear fieis formigas para caves de conventos no Alaska, não sem antes lhes retirarem cirurgicamente (mas sem anestesia, que é mais natural) os órgãos causadores do infortunio.

Em vez disso limitaram-se a mudar as criaturas de paróquia, e na maioria dos casos reportados permitindo-lhes manter o contacto com crianças - de quem continuaram a abusar alegremente, mudam-se os nomes que até é divertido.

O bem que isto fez não apenas à auto-estima mas ao entendimento de justiça, humana e divina, para as então crianças verem os seus abusadores para além de não condenados mas mais que nada protegidos pela estrutura que lhes permitiu terem feito o que fizeram, enquanto que eles e elas ficavam agarrados ao pincel do nojo e da incompreensão. Evidentemente mais cedo ou mais tarde viriam vomitar tudo em praça publica, foi apenas uma questão de tempo e de abertura social à denuncia.

Tenho vergonha de uma igreja que protege os seus podres. Tenho vergonha de uma igreja conivente com terrorismo físico e psicologico, ainda para mais a crianças. Tenho vergonha de uma igreja que não tenta sequer reparar os danos que provocou, que deixou provocar, que permitiu que provocasse.

Todos os que são coniventes com actos pedófilos são também pedófilos. Um pedófilo é um homem que tem tusa com crianças, um pedófilo fica com a pila dura e tem orgasmos com imagens de crianças, com crianças a tocá-lo, com crianças a olhar para ele, com crianças encostadas a si. Se isto soa nojento é porque o é. Foi com isto que a igreja foi conivente. Com crianças a terem esperma de padres em cima deles enquanto rezavam para que aquilo acabasse depressa e pudessem voltar para casa e fingir que nunca nada daquilo tinha acontecido. Até à vez seguinte.

é mesmo isto

quero


quero um alicate para te arrancar de dentro de mim.

06 junho 2010

lights went out



Descobri ontem a Alice Russell em concerto no Santiago Alquimista.
Agora já não a vou perder de vista.

05 junho 2010

post a atirar para o lamechas

Ando por aqui desde que começámos. De vez em quando, gasto tempo a ler coisas antigas que fui deixando escritas. De uma forma estranha, às vezes de esguelha outras bem de frente, o 8 e coisa é um diário a várias mãos. Sem nomes, com metáforas e meias palavras, consigo reconstruir partes da minha vida, das nossas vidas, nos últimos quatro anos. 
E dou por mim contente por termos sabido criar e manter esta aventura.

ao fim da tarde de hoje

Era mesmo isto que precisava! Diz que a bicha se chama Focus Lost 2010! Juro!!


é tarde

Hoje sonhei contigo. Foi a primeira vez em muito tempo que me apareceste enquanto dormia. Procuraste-me e disseste o que imaginei tantas vezes: foi um erro e arrependo-me de o ter feito, quero-te comigo.
Agora é tarde demais. 
Nem em sonhos podemos ser o que não fomos acordados.

04 junho 2010

acho que me vou inscrever



pode ser que ajude para aprender a fazer os primeiros socorros à alma.

o meu dia

espiros espirros espirros, salud salud salud, assim tem sido o meu dia.

definitivamente, preciso de verdade e aspirina.

Lost?

Putativo diálogo entre a Oito e a Oito aqui debaixo:

"A ilha era o purgatório. – Não porque o Jack morreu mesmo lá.

Mas então se ele morreu lá… – A ilha é real e tudo aconteceu mesmo.

Se tudo aconteceu mesmo, que história é essa da realidade paralela? - Um guia fracote para que cada um “despertasse” e fosse ter com o Jack.

Porquê ir ter com o Jack? - Porque ninguém morre sozinho (aliás, momento sublimado com o lindo cachorrinho deitado ao lado dele!).

Mas então morreram todos ao mesmo tempo? – Não, o pai do Jack diz que uns morreram antes e outros depois.

Mas isso não faz sentido… - Não, mas é o conceito da inexistência do tempo, tal como nós o entendemos.

Então e aqueles flashes todos antes, e a volta a 73 e avançar 3 anos depois? – Se acreditarmos que a manipulação da energia da ilha é possível, então temos de acreditar que isso foi possível.

E nessa parte, bate certo? – Sim, uns morrem mais à frente, outros mais atrás, até que fica só o grupo final…

Onde o Jack-Bem vence o Locke-Mal? – Sim…

Oh pá, e depois vão todos para a luz??? – O Pai do Jack diz que não se sabe para onde vão. Que logo se verá…

Então a Igreja? – É cenário. Ocidentalizado, sim. Mas a esmagadora maioria das religiões acreditam na vida após a morte. No céu, na reencarnação, no nirvana , em 7 virgens, enfim….

Então, aquilo tudo se resume ao bem vencer o mal e à possibilidade de vida eterna? – Sim, acho que sim…

Então, uma coisa cheia de suspende e adrenalina no fim é só… vá, moralista? – Sim, acho que sim….

!”$!$”!#$”#%#$%#%&# - Podes sempre optar só pela conclusão de que as pessoas que mais nos marcaram na vida nos acompanham naquele preciso momento em que deixas de viver, na morte, e deixar a vida eterna de lado que, aliás, é muito bem não resolvido.

E achas isso um bom fim para uma série daquelas?! – Teria preferido outro. Mas, pensando bem, até o acho de uma ironia divertida! Por mais confusões e excitações e yadas, yadas, yadas da vida, o que fica é só a forma como escolheste viver. O quanto deste de ti aos outros e porquê. Mesmo, ou especialmente, em situações limite. Nos dias de hoje, queres coisa menos main stream artístico? Queres coisa mais marada do que acreditar nisso? De que podes não ficar lost no fim?

03 junho 2010

I'm lost

Quer dizer, anda aqui uma pessoa durante seis temporadas inteirinhas sem perder um único episódio de suspense e adrenalina pura, à espera de um final retumbante que pudesse explicar aquilo tudo e os gajos saem-se com o argumento de que tudo o que aquelas personagens tinham vivido até ali se devia ao facto de terem sido pecadores e que o raio da ilha afinal não era mais que o purgatório?
Esta decisão dos argumentistas não só parece enfiada a martelo, do tipo, ok, já nos enrolámos aqui de tal maneira que agora não há outra solução senão apelar à religião que assim ninguém questiona, como ainda por cima continua a deixar uma montanha de situações por explicar. A cena final então com o bando todo dos escolhidos enfiados dentro da Igreja, é de bradar aos céus. Mas que raio, ainda por cima, com a imposiçao forçada do Deus Ocidental, quando existem várias raças e credos dentro do grupo.
Ohh, please, porca miséria, pela saúde do nosso rico menino, e eu que já estava lançada a pensar que iria comprar a colecção dos dvd's para coleccionadores fãs do Lost... era o ías. Estragaram-me a série. É só uma opinião. Não havia necessidade.

02 junho 2010

Ce soir*



*dedicado à minhas múltiplas bailarinas ou aspirantes a tal, amadoras e profissionais.

margueritas


prepara-se
  • ½ limão;
  • 1 dose de tequila;
  • ½ dose de cointreau;
  • Gelo;
  • 1 colher (sopa) de açúcar (ou à gosto).
Batem-se todos os ingredientes e servem-se oito e coisa nove e tal copos  com a borda incrustada com sumo de limão e sal.

01 junho 2010

sssssaaaaaaaaaaalttaaaaaaaaa!!!

Hoje, ao ver o desafio de que já me tinha esquecido, só me lembrava das descidas vertiginosas na rampa do portão do colégio. Nas pistas que fazíamos com canas e mochilas e casacos. Das pernas todas escalavradas, dos collants empapados em sangue e terra e das malhas quase enterradas na rótula. Elas de patins, eles de skate. E todos os dias limpava os meus lindos, de metal cromado e couro vermelho. Tratava deles com todo o cuidado do mundo, porque um tinha preenchido a quota dos presentes de anos e o outro a dos presentes de Natal.


Quanto chegar a vez de elas se magoarem, vou ter de me lembrar da alegria de andar rota e esfolada. Do orgulho de conseguir saltar por cima das varas e aterrar do outro lado.

Um par de patins virtuais

O hoje, o ontem e o amanhã tinham cessado a sua existência e conviviam paralelos no universo virtual do Second lie. Ela e ele. Ele e ela. Ela e ele e ele e ela, o amor garantido para todo o sempre, até que a morte nos separe, ámen.
O nome dela era Sandra no mundo virtual. No mundo real era casada, vivia com o marido com quem partilhava uma filha em comum. A vida era monótona até aparecer o Second life e ainda mais monótona até ele aparecer, o avatar que foi capaz de a ressuscitar das trevas e num curto espaço de meses, a fazer esquecer tudo e querer deixar tudo para trás por ele, inclusive o fruto do seu próprio ventre.
O nome dele era DJ39 no mundo virtual. No mundo real, ele nem sequer vivia em Portugal e  precisava urgentemente de dinheiro para poder pagar a viagem de avião que o traria para os braços dela. Sandra enviou-lhe o dinheiro, crente, crente, tão crente daquele amor. O marido percebeu as horas enfiadas frente ao écran, até ela não o poder negar mais, os pais dela perceberam a mudança drástica da filha e cortaram relações. O marido prometeu ficar com a custódia da filha e metê-la fora de casa. Ela nunca recuou. Nunca recuou. Até ao dia em que se apercebeu que ele, o seu grande amor, a pessoa que a tinha feito sentir coisas que ela nunca antes sentira, o avatar DJ39, lhe tinha ficado com o dinheiro todo sem nenhuma intenção de o gastar num bilhete de avião e que a tinha trocado por outra avatara, desta vez uma brasileira de quem ela até era amiga.
Perdeu o DJ39, perdeu o marido, a filha, a relação com os pais e ficou na rua sem casa onde morar.
Naquele dia em que me apeteceu levar a minha boneca a dar uma volta pelo Second life, apanhei a Sandra a chorar alto e bom som no voice chat, a contar a sua história, a entornar uma garrafa de vinho goela abaixo e a gritar que se ia matar porque o DJ39 lhe tinha estragado a vida toda.
As pessoas conseguem ser completamente estúpidas ou é só impressão minha?

a vida é


patinar numa montanha russa.

patins em linhas tortas

um par de patins são aqueles com que me calço todos dias antes de sair para a pista da vida. Deslizo rapidamente da cama para o banho para a filha para o pequeno almoço para a escola para o trabalho onde continuo a patinar de tarefa para tarefa, patino para a escola da filha, para o parque para as compras para o banho para o jantar, patino e chapinho fazendo piruetas dentro de mim e inventando cada dia uma nova coreografia talvez porque  goste talvez porque tenha dificuldade em recordar e coordenar sequências. 

Os patins dourados

Eu tinha uns patins dourados. Os mais lindos do bairro. Tinha-me trazido do Brasil o meu avô Artur que morava lá.
Com aqueles patins eu voava, fazia voltas interminaveis à volta do candeeiro da praça, descia a rua da minha prima a alta velocidade e espatifei os joelhos uma data de vezes.
Eu tinha os patins mais lindos do bairro e ainda por cima falavam brasileiro.
Um dia a puta da Mariana riscou-me os patins todos com um marcador vermelho. Agora chamar-lhe-iam tags. Tags é o caralho que a puta quis-me foi foder os patins.
Mas bem-feita que nem sequer nunca teve uma bicicleta ou um triciclo ou uma merda qualquer com rodas...acho que nem sequer tem carta, a puta, invejosa...

Inventário

Par de patins do Diogo. Porque era quadrado até à náusea e queria fazer-me à sua imagem. Nunca conseguiu. Saíu pela porta dos fundos. Ainda tentou uma dupla pirueta, ramos de flores e frases dramáticas. Mas dos patins não se escapou.
Par de patins do António. Porque me queria engolir, roubar-me ao mundo, ter-me só para ele. Demorou muito a encontrar o par de patins que lhe servisse. Foi o que deu a bela ideia de me apaixonar por ele. Mas acabei por descobri-los, pu-los nos pés enquanto ele olhava incrédulo e zumba!, faz-te à pista de patinagem que se faz tarde.
Par de patins do Miguel. Porque era fraco e eu não suporto homens cobardes. Dei-lhe uns patins azuis, ele ficou deslumbrado com a cor e nem reparou que estava a sair pela porta fora.
Par de patins do Nuno. Porque me aborrecia de morte ao fim do primeiro mês. Tentou a abordagem da última noite juntos, mas eu não gosto de revisões da matéria dada. Saiu de fininho e ainda o vejo a deslizar  ao fundo da rua. Enervam-me os homens sem chama.
Agora reservo o direito de admissão neste estabelecimento. É que não há orçamento que resista a tantas despedidas.