22 março 2011

censos 2011

Queridas múltiplas,
Os senhores dos censos acham importante saber se, exactamente no dia 21 de Março de 2011, estavamos em casa , se estavamos sozinhos ou se recebemos visitas que às 0h já cá estavam e ficaram até às 12h e, se sim, quantas e de que género sexual eram e por que nome respondem.

Juro que não consigo perceber, sequer, a remota relevância estatística desta informação preciosa (os portugueses têm festas que vão de domigo a 2.ª. para comemorar a primavera e a lua cheia?...). Alguém me ajuda?

Se ninguém conseguir perceber, podemos sempre dizer que ficamos todas em casa umas das outras. Só para ver se o sistema fuciona. Que acham?

O que faz falta?

"É animar a malta, é o que faz falta!"
Zeca Sempre

Hoje em dia gosto muito da cantiga dita de "intervenção"!
Passo o dia a cantar ao chefe "e o povo, pá?".

21 março 2011

S. Lucas 6, 36-38

"Sede misericordiosos como o vosso Pai é misericordioso.
Não julgueis e não sereis julgados; não condeneis e não sereis condenados; perdoai e sereis perdoados.
Dai e ser-vos-á dado: uma boa medida, cheia, recalcada, transbordante será lançada no vosso regaço.
A medida que usardes com os outros será usada convosco.»

17 março 2011

pelos caminhos de portugal


haveria melhor sítio para o instituto português da juventude?

Haverá paradeiro

para o nosso desejo dentro e fora de nós?


16 março 2011

Inevitável?

Sim
Não
NS/NR

Boas pistas no "A Origem das Espécies".

15 março 2011

14 março 2011

cromos


Na manifestaçao da geraçao à rasca encontrei uns ditos muito bons, que demonstram que o humor também é reivindicativo.

"Sócrates, beija-me. Estou farto de que só me fodas" ou "sorria, está a ser roubado", foram alguns. Alguém tem para a troca?

A escola


Ontem, ao acompanha-la a fazer os trabalhos de casa, disse-lhe, humm, tenho a impressao de que deves andar um bocado distraída na escola.

Responde-me ela, com o seu ar de dramaqueen: é verdade mama, ando mesmo. E porquê, pergunto-lhe.

- Nao me sinto livre, nao gosto de ter que estar todo o tempo sentada a olhar para o mesmo lado, aquelas coisas aborrecem-me muito. Além disso, nao me deixam rir, nem a professora, nem os meus colegas, dizem que eu me rio muito.

Hesitei entre uma resposta sincera e uma resposta à sistema. Nem sei bem porquê, mas optei por esta última: pois, eu compreendo, mas tens de fazer um esforço, tens que disciplinar o corpo e a cabeça para poder aprender.

E hoje aqui estou, a remoer-me contra o sistema educativo que educa a minha filha para perder a alegria e ser mais uma produtiva à rasca e contra mim mesma que digo o que nao penso.

11 março 2011

ora vejam lá


Vi-os há dias nos restauradores. Dei-lhes um euro.
São os lazy beggers, pedintes por convicção que usam a tecnologia e até aceitam pagamentos por paypal: "Ya no necesitas estar cerca de unos Sucios y Olorosos mendigos... Tu puedes darle dinero (facil, seguro y, sobre todo de una forma Vaga) con PayPal."

09 março 2011

Cântico negro

"Vem por aqui" - dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidade!
Não acompanhar ninguém.
- Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre a minha mãe
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?
Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.
Como, pois sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...
Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tectos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém.
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.
Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou.
É uma onda que se alevantou.
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
- Sei que não vou por aí!

José Régio

02 março 2011

Grande Maradona

"acho mal que as pessoas publiquem livros. As pessoas deviam ler, mas só por extremo azar deveriam escrever livros. (...) . Caminhamos para um mundo em que o número de leitores igualará o número de escritores (os blogues são, aliás, a realização dessa udistopia), o que será dramático para a urgência da escrita e assim. Faltarão leitores virgens, que leiam quem escreve com o objectivo único de viver mais e melhor, pelo que crescentemente será valorizada a literatura que faz escrever, e não aquela que a torna a escrita inútil. Um livro que nos provoque a escrita é um livro dispensável, quanto mais não seja porque nos parece incompleto. Quem quer que leia o Guerra e Paz, o Money ou o Vermelho e o Negro e vá a correr escrever um livro deve ser imediatamente abatido à cuspidela. Ora, como actualmente é preciso saber kung fu e karaté para nos defendermos das editoras que nos querem publicar livros, a tendência prevalecente é que as pessoas desistam de não publicar. Esta inversão da relação de forças, em que passámos da quase impossibilidade de se publicar para o assédio à publicação, produziu o natural decréscimo da necessidade e justificação dos livros que nos chegam às mãos, mas descansem que não é a falta de qualidade dos livros (que, quando são mesmo bons, muito raramente é evidente) que me apoquenta: é a incapacidade (ou a raridade) de se escrever a partir da derrota; "derrota" entendida não como um insucesso contra um inimigo interno ou externo (escrever para diluir uma tristeza; escrever para ganhar uns cobres), mas como desistência de nos organizarmos formalmente de forma independente, ou seja, sem imitarmos aqueles que nos ensinaram a ser tristes, pobres, inteligentes ou ridiculos. Chega-se a achar suficiente um texto que demonstre um certo nivel de ginástica na disposição dos elementos, como se se matasse a sede com esparregatas. Com os blogues, a escrita e a publicação de um livro passou a estar ligado por um escorrega, que quase sempre é óbvio e desinteressante, consequências inevitáveis à velocidade e automatismo com que hoje as coisas se passam. Parece que deixou de haver a "gaveta" ou a "arca", e tudo o que se escreve é um livro em potência. Posso portanto escrever e publicar o seguinte: como nunca escrevi uma linha que não tivesse sido posta à confrontação com a humanidade, de forma imediata, neste blogue, nada estará mais distante daquilo que, no meu entendimento, deveria ser um livro, sendo que estas merdas que aqui vou deixando são um desgraçado exemplo disso. Se algum dia quererei escrever um livro? Eh pá, calhando, se tiver muito tempo longe da internet, ou se me pagarem 5000 euros à cabeça. Não me peçam é para que ache isso bem; peço-vos eu que não confundam a fragilidade destes meus argumentos e opiniões com falta de convicção: para mim os blogues (enfim, a internet) deveriam ser uma alavanca para diminuir o volume de lixo publicado pelas editoras, e um momento de reflexão, que cada autor deveria utilizar para desistir cada vez mais; em vez disso, tranformou-se numa justificação para continuar."


A Causa foi Modificada

01 março 2011

aaahhhhhhhhh!!

Xôdona Oito, iuuh, não ponha labelzinhos nos meus postzinhos, sim, ó faxavorí?

Dos outros

"(...) o quanto se inquinam gerações vendendo-lhes por comerciáveis os direitos inalienáveis, apenas os estou a alertar para os perigos dos modernos autoritarismos que, bem sabem dividir entendimento e resistência, soluções e salvaguardas numa proximidade de uma interpretação de Maquiavel, quando transfere para a imensa burocracia o poder anestésico de eliminar o homem.(...) "

"O nosso deserto continua a ser a sociedade civil e a opinião livre. Até a revolução de 1974 foi hierárquica, com majores arvorados em generais para que a pirâmide estadual continuasse, em movimento de revolução "vinda de cima para baixo". Até o processo revolucionário que esteve em curso foi uma espécie de subversão a partir do aparelho de poder, como o descreveu Sottomayor Cardia..."

Roubado, de dois post diferentes, ao "Sobre o tempo que passa".