31 março 2008

Certinho

Ele era um tipo todo certinho. Punha-lhe os cornos todas as quintas com uma diferente.

Howl



Howl, de Allen Ginsberg (dito por John Turturro).

O texto integral aqui.

29 março 2008

Those who are lucky enough to have breasts should treasure them*

Amy Winehouse por Carolyn Djangoly


Helena Bonham Carter por Carolyn Djangoly


Sade por Carolyn Djangoly

Fotografias a sair na edição de Abril da revista Easy Living numa campanha de consciencialização para o cancro da mama.

* Resposta da H. B. Carter quando lhe perguntaram qual a mensagem que este programa queria passar

27 março 2008

Informação ao admirável público

Todos os dias dezenas de incauta/os navegantes internéticos vêm parar ao 8 e coisa procurando no google "teste de gravidez online", indo parar a esta posta que, ainda que brilhante, pouca informação deve ter para o que pretendem.


Venho agora dar-lhes toda a verdade, mais vale tarde que nunca: não podem, eu repito, não podem saber se estão grávidas através da internet. Temos pena.

Medo

Tenho medo quando vou uns dias ao estrangeiro, seja lá qual for o destino. Uma vez bastou virar costas para que o Sá Pinto desse um murro ao Artur Jorge, na altura seleccionador nacional. Doutra, deve ter sido por ter ido para mais longe, o efeito alastrou-se geograficamente e a Princesa Diana amarfanhou-se num túnel.
Desta parece que apareceu na televisão um video feito com telemóvel sobre uma aluna e uma professora em wrestling de trazer por casa. Tenho medo, tenho muito medo. Aliás, estive vários anos sem ir sequer a Badajoz comprar caramelos por causa disso (o corte inglés veio facilitar o meu exílio, trazendo-me torrão de alicante e chicharrones ao bairro azul, bem haja, muito agradecida). Aliás, nada me tira da cabeça que a subida do Santana Lopes ao governo não se deveu à minha ida a Veneza, hipótese sustentada pela vitória de Sócrates aquando do meu regresso a Lisboa. Adiante.
Vi com atenção o video que uma múltipla gentilmente deixou abaixo, da dita agressão. Da miúda histérica, da professora descontrolada e dos colegas mal educados que não apenas filmaram a cena como a pincelaram com jocosos e pertinentes reparos às condições físicas, psíquicas e sociais dos intervenientes do filme.
Aquilo que vi foi uma rapariga irritada e num momento infeliz, uma professora que não soube exercer autoridade e impôr disciplina, um monte de miúdos que tentaram tamponar a atitude da colega e um idiota com um telemóvel na mão (sim, pronto, não vi o idiota. mas é como se tivesse visto).
Se há meninos mal criados e violentos nas escolas? Com certeza. Se é difícil para um professor lidar com isso? Não duvido. No entanto, no caso escolhido para exemplar, com queixas no Ministério Público e o diabo a quatro (ou será a sete? o povo, na sua imensa sabedoria, consegue-me ainda e sempre confundir), apenas me parece muito barulho por nada. A adolescente terá sido infeliz mas já pediu desculpas, sem dúvida sentidas. E a professora, a quem se desculpa? Aos alunos, ao conselho directivo, ao ministério, ao governo, a nós?
Somos todos judeus alemães. Somos todos adolescentes parvos. E agora?

Quanto custa ser autêntica



(Antonia San Juan em Todo sobre mi madre)


Una es más autentica cuanto más se parece a lo que ha soñado de si misma

ainda o telemóvel já

26 março 2008

Conversas

Se juntarmos seis advogados eles só falam de Direito. Se juntarmos seis canalizadores... eles só falam de canos?

23 março 2008

Bran Van 3000


Tenho bom ouvido para os hits. Só falhei uma vez, com esta música, que passava em algumas madrugadas do VH1 há uma década atrás...

22 março 2008

A brincar, outra vez

E agora eu era enfermeira e tinha-te para mim durante um dia. Media a febre, sentia a tua pulsação, moldava as almofadas num colo que não te posso dar, vigiava-te o sono com um desvelo missionário, a cabeça tombada para a esquerda e a minha mão a endireitá-la de novo, o braço que se mexe com um sonho onde não entro, será que pensas em mim enquanto dormes?, o sorriso que aparece e desaparece com os teus olhos fechados, ouvirás o que te digo enquanto dormes?, a voz que finalmente aparece ao fim de horas de contemplação minha de ti, tens fome e trago-te o prato, levo o garfo à boca e invejo-o porque por instantes está na tua boca na tua língua nos teus dentes, limpo tudo e corro de novo até à tua pulsação à febre que não tens e sei que sou a pessoa de que precisas para todas estas pequenas coisas. E quando o dia chega ao fim, limpo-te o corpo com uma esponja húmida, descubro a tua perna, o teu ombro e o côncavo da barriga e nesse momento sou feliz.

21 março 2008

No meu equinócio


...a natureza suspensa


...a natureza ambígua (ora-cacto-ora-flor)


...a natureza distendida


...a natureza submersa

No dia em que confluem uma série de efemérides (dia mundial da árvore, dia mundial da poesia, equinócio da Primavera, lua cheia) um passeio no Jardim Botânico da Ajuda tornou a celebração de todas num dia-mais-que-perfeito.

Orfeo ed Euridice

Uma ópera de Gluck baseada numa das mais belas histórias de sempre. Adaptada para um público a partir dos 4 anos.

Com encenação de Miguel Moreira, libreto de José Luís Peixoto e direcção musical de Luís Pacheco Cunha, está em cena no Teatro da Trindade até 27 de Abril. Ver mais aqui.

Em baixo, a ária 'Che faro senza Euridice'.

20 março 2008

Direito à imagem



Não percebo por que razão resolveram desfocar a cara desta adolescente que agrediu a professora. Terá direito a sentir vergonha e a manter a privacidade da sua imagem depois de ter gritado, empurrado e espumado quando a professora lhe tirou o telemóvel?
A má educação, estupidez e cobardia em todo o seu esplendor.

A brincar

E agora eu era puta e tinha um quarto onde recebia homens. Todo forrado a encarnado e com um espelho pendurado no tecto, claro. Um espelho onde eu pudesse espreitar as costas deles e a forma como se afundavam em mim. Entravam, faziam e saíam. Não eram só eles que faziam: eu também fazia. Eu mandava. Agora eu era uma puta, não tinha medo dos homens e dos seus gestos bruscos ou suaves. Entravam e eu tirava-lhes a pinta, este não consegue foder com a mulher, este não tem mulher, este trabalha demais para esquecer que existe. E agora eu era puta e largava os medos e a vida voltava a ser minha .

19 março 2008

E porque ontem foi 18 de Março de 2008

1:4:9

(lembro-me de ter ido ao Apolo70 com a minha mãe e irmã ver este filme. a cena do monolito perseguiu-me durante anos. devolvo-a, como prova do meu apreço)


Lição de fisiologia aplicada

Os corações são coisas engraçadas. Do tamanho do nosso punho, com o músculo mais resiliente do corpo humano, insistem em bombear sangue. O tempo todo, o tempo todo, para todo o lado, sem parar. Vem dos pulmões fresquinho e zumbas para o resto do corpo, vem do resto do corpo cansado, truclas para que numa expiração nos vejamos livres do que não interessa.

Curioso órgão. Tão capaz, tão forte. Mas que com tão pouco se estarrece. Com tão pouco pode ficar baralhado e bater descontrolado. Com tão pouco pode parar e, incrédulo, não querer continuar. Mesmo que seja apenas por um bocadinho.

É questão de respirar fundo. É sabido que o ar obriga o coração a trabalhar, e o trabalho liberta. Da inspiração como terapia ocupacional.

18 março 2008

O que farei quando tudo arde?

Agarro num extintor e apago o fogo.
É espantosa a capacidade do ser humano para exacerbar problemas e inventar argumentos que os tornam irresolúveis e inultrapassáveis quando, na realidade, a solução está mesmo à frente dos nossos olhos.
Que desperdício de tempo e paciência!

17 março 2008

Coisa Amar



Contar-te longamente as perigosas
coisas do mar. Contar-te o amor ardente
e as ilhas que só há no verbo amar.
Contar-te longamente longamente.

Amor ardente. Amor ardente. E mar.
Contar-te longamente as misteriosas
maravilhas do verbo navegar.
E mar. Amar: as coisas perigosas.

Contar-te longamente que já foi
num tempo doce coisa amar. E mar.
Contar-te longamente como doi

desembarcar nas ilhas misteriosas.
Contar-te o mar ardente e o verbo amar.
E longamente as coisas perigosas.

Manuel Alegre, Coisa Amar

16 março 2008

Apetrechos femininos

Vindas das compras, depois de gastarmos algumas economias em pequenas futilidades prazenteiras para a alma, a minha adolescente, que carregava dois saquitos às costas, lembrou-se:
- Acho que todas nós devíamos ter nascido com uma espécie de cabides nos ombros, para podermos carregar os sacos. Não achas?
Não sei o que ache...

15 março 2008

Indícios


Entre a realidade e a ficção, vou respirando a Primavera que se anuncia, num jardim perto de mim.

Meteorologia pedrada

12 março 2008

Publicidade

com sentido social...





jogos parvos - caça politicos

Relaxante! Só me fez pensar que tenho, mesmo, instintos assassinos: o barulho da arma a carregar e a disparar, a satisfação de esperar e depois acertar no alvo... caramba...

Frase do dia, via mail

"- O que penso sobre o aborto?!...
Considero-o um péssimo 1º Ministro e está a governar muito mal o País.*"
Alberto João Jardim
*PS: Não sei se a autoria é verdadeira nem fui verificar.

11 março 2008

Dúvida

Quando, numa reclamação por escrito, alguém escreve "vi desfraldadas as minhas expectativas" isso é o verbo desfraldar no sentido poético - de resto, sem paralelo no resto do texto - ou um não uso de "defraudadas"?

Da liberdade e da felicidade

Mais do que objectivos de vida, são a maneira como cada um vê a sua própria vida e a forma como resolve lidar com ela. E ninguém nos pode substituir nisto.

10 março 2008

Em plena crise de mau feitio

Quando o interpelo sabendo que existe apenas uma resposta certa para uma infinidade de erradas, estarei a ser sádica ou masoquista?

Sete metros de terra


Gosto de ver ganhar a minha equipe.

Gosto um bocadinho mais quando são mulheres a fazê-lo por mim.

O meu problema

é que ainda não consegui perceber de que é que consigo abdicar para ser feliz, com um contigo que há de vir.

Levanta-te

contra a discriminação das doenças mentais, é o lema do movimento UPA- Unidos para Ajudar. Visitem o site, façam download das músicas, passem palavra, e sobretudo, não discriminemos as pessoas com doenças mentais.

O meu nome é João, vivo mesmo ao teu lado
O meu nome é Yuri, do continente gelado
O meu número é zero nesta democracia
Deixa-me pertencer, eu quero pertencer-te

(excerto da música dos Xutos e Pontapés e OIOAI)

09 março 2008

Sou feminista!

Quando uma mulher se assume como feminista imediatamente sente os olhares a descer para o peito da ousada, procurando a ausência de soutien que confirma a sentença disparada, e se tem o azar de nesse dia estar sem ele por chover há uma semana e não ter roupa seca, está tramada, de uma vez confirma-se o estereótipo. Ser feminista é um termo maldito, uma afirmação despropositada e ridícula que imediatamente associa a mulher a lésbica ou a revolucionária tresloucada. Pois bem, há feministas lésbicas, heterosexuais ou abstémias. Há feministas que apelam à igualdade entre homens e mulheres e outras que reivindicam o direito à diferença. Não há só um tipo de feminismo, há vários tipos de feminismos.
Eu sou feminista, uso soutien e não estou contra os homens nem acho que devam ser exterminados da face da terra para dar lugar à nova era das mulheres. Ser feminista para mim significa não aceitar como certo que já existe igualdade entre homens e mulheres e ter consciência de que ainda há desigualdades em muitos campos da nossa vida e que estas desigualdades não são benéficas nem para uns nem para outras.
No trabalho: as mulheres continuam a ganhar menos que os homens para postos com funções iguais, continuam a ter menos representação nos postos de poder. Os homens continuam a dedicar mais horas ao trabalho produtivo e a ter mais pressão para serem os melhores profissionais. São os que menos pedem jornada continua ou as licença de apoio à família.
Na casa: Os homens continuam a não dividir o trabalho doméstico e a dedicar menos tempo à atenção das crianças e das pessoas idosas, tarefas essas que são assumidas pelas mulheres, o faz com que estas trabalhem em total mais horas que eles. Em casa, há ainda muitas mulheres que continuam a ser agredidas por homens que as consideram inferiores e que utilizam a violência como uma forma de dominação.
Na saúde: os homens continuam a aceder menos aos serviços de saúde, pois a doença é vista como uma debilidade que contraria a expectativa que têm de ser fortes e a saúde sexual e reprodutiva continua a ser vista como um problema das mulheres.
Na política: as mulheres participam menos que os homens na política e na vida partidária e quando o fazem têm menos possibilidade de aceder a postos de representação. As políticas de conciliação trabalho e outras esferas da vida continuam a ser pensadas para que as mulheres conciliem o trabalho e a família e não para permitir que ambos, homens e mulheres, assumamos e aproveitemos as outras esferas das vida para além do trabalho, em igualdade de oportunidades e sem termos que carregar com estereótipos sociais desajustados e retrógrados que limitam o nosso ser e o nosso poder ser.
Por tudo isto e por muito mais que não cabe neste post, sou feminista! Y com mucho gusto!

07 março 2008

Dilema

Não sei se quero ser livre ou deixar de me sentir aprisionada

06 março 2008

No 2.º período do meu 8.º ano

O mundo era assim: edição do "Público do dia 2 de Janeiro de 1990".
O "organizer" e o telefone via satélite eram, então, grandes inovações. Reparem nos títulos e comparem com os títulos de hoje. Passaram 18 anos....
E, já agora, porque é que este número nunca saiu?

05 março 2008

02 março 2008

Posta para a depressão

Enquanto penso na caótica situação político-social a que chegámos, trespasso a janela com os olhos e observo uma cena deliciosa de tão portuga que é: alguém tinha estacionado o carro em plena entrada de um parque de estacionamento público, gerando o caos. Assim. Estacionou e foi-se embora. Ainda há dois dias Lisboa acordava de galochas e já se prenunciam novos alertas. Continuamos a cuspir para o chão. O que tem tudo isto a ver? Para lá da aparência, tudo.
Cada um dono do seu pequeno feudo, que pode resumir-se ao seu próprio nariz ou ao Opel Corsa vermelho escarlate, o português demitiu-se do interesse colectivo. O carro, estaciona-se onde couber e a entrada de um parque é demasiado apetecível; ainda por cima, estando outra mais abaixo que se convencionou como saída. Disparate! À falta de passadeiras para peões, uma vez que já estão todas ocupadas, há que rentabilizar recursos. Para o fim, ficam os passeios. No outro dia, enquanto caminhava em direcção`ao restaurante de bairro que me pouparia a confecção de mais um jantar, fui tentando encontrar uma nesga por onde uma cadeira de rodas pudesse transpor a estrada. Nada. Interpelação feita a uma senhora que ocupava o último buraco possível "Ó querida, são nove e meia! Ninguém com cadeira de rodas anda na rua a estas horas!". Óbvia, a resposta.
As inundações da passada semana vieram, também elas, expor a calamidade de ser português. Ruas sujas, sarjetas imundas, algerozes entupidos, planeamentos urbanos eivados de verdadeiros crimes que hão-de ter sido muito lucrativos para alguém.
E Sócrates falou ao país. Perante a desolação generalizada, ninguém o ouviu. Também já ninguém quer ouvi-lo. Também já ninguém se indigna com nada. Que cacem impostos aos pequenos enquanto bancos e seguradoras anunciam lucros monumentais ano após ano. Que o comendador Berardo afirme que ter este Pinto Ribeiro como ministro da cultura é como ter um médico amigo a passar-lhe receitas à borla. Que edifícios públicos sejam vendidos a milionários para neles se instalarem grandes negociatas e tudo com um simples "visto" ministerial (sim, porque Telmo não escreveu "autorizo"). Que sob a capa de uma pseudo-democracia, se demita uma sociedade de prestar ensino especializado, seja ele o musical ou o destinado a crianças com necessidades especiais. Que a hipocrisia se tenha tornado a arma mais segura, porque um hipócrita que se preze é sempre convincente. Que uma em cada cinco crianças portuguesas esteja em risco de pobreza; é até um dado bom se comparado com o Senegal, a Índia, o Quénia e até mesmo com Espanha. Por que razão havemos de nos comparar com a Finlândia, como teimosamente alguém fazia há 3 anos atrás? Eles nem sequer têm sol e têm de dormir cedo!
Continuamos a cuspir para o chão?! Pois que assim seja. A rua não é de ninguém e que cada um faça dela o que quiser.
P.S.: Escrita há mais de uma semana, alguns dados perderam actualidade. Mas porque outros se mantêm actuais, apeteceu-me publicar a posta à mesma.

Convulsão

Farta do "estou cansado, fartei-me de trabalhar" diário, resolvi rebelar-me. Caramba, também eu trabalho e faço, como tantas outras mulheres, dezenas de tarefas distintas por dia, e às vezes em simultâneo. Rebelei-me:
- Hoje vais ter de ligar para a oficina para saberes a que horas o carro está pronto e vais ter de ir buscá-lo. Ligas para o dentista da tua filha para marcar consulta. No intervalo, pensas o que fazes para o jantar e o melhor é ires às compras porque não há nada em casa. Não te preocupes, hoje, da loiça trato eu.
- Mas eu não posso fazer tanta coisa, não tenho tempo!
- Eu sei, querido. Estava só a brincar.

Mudam-se os tempos.