29 junho 2007

Vocês também?

Quando era miúda havia o anúncio ao presto, detergente que teria glutões -apresentados na televisão como se fossem pacmans azuis e felizes a comerem a porcaria agarrada à roupa. Lembro-me de ter feito várias vezes a experiência científica de pôr num alguidar com água o dito pó, sentar-me num banquinho a olhar, à espera. E ficar muito desiludida por não ver os bonecos apresentados na publicidade.

Louco é aquele que acredita



Um destes dias, esta música 'salvou-me'. De coisas pequenas e sem importância. Redimi-me com o mundo, com a vida, com as pessoas.
Ouçam-na de peito aberto, olhos fechados e - de preferência - com o volume bem alto.

Espero que gostem e que vos toque no coração assim como tocou no meu.

Folle è ben che si crede de Tarquino Merula( Arie e Capricci)
Intérprete Montserrat Figueras

Interlúdio poético


foto aqui

compra um pão come o pão caga o pão
compra um pão come o pão caga o pão
compra um pão come o pão caga o pão
compra um pão come o pão caga o pão
compra um cão dá-lhe pão caga o cão
revende o cão compra pão caga o pão
compra um pão come pão caga o pão
não compra não come não caga morre

Alberto Pimenta, Fastio in Os Entes e os Contraentes, 1971.

O problema de Mary


"(b) and when Mary will manage to release herself from the absurd situation she is in and let the bastard fall into his own abyss.”
(emprestado daqui)

28 junho 2007

E estas, já podem?




A propósito da alarvidade lida no post em baixo.

A anarquia

Não sei em que planeta vive este senhor. Mas não pude deixar de rir com a frase "não há coisa mais degradante que uma mulher a fumar enquanto anda", e ainda acrescenta "Por muito gira que seja". Nem sei porque é que me desperta o riso, no fundo trata-se de um liberal que até acha bem que a mulher fume se quiser - agora enquanto caminha é que não pode ser. Se calhar até acha bem que a mulher trabalhe, desde que se dedique afanosamente aos labores domésticos. Ou mesmo que seja uma louca na cama desde que uma lady na mesa.


Agora, qual escravidão sexual, qual violência doméstica, qual pobreza extrema, qual toxicodependência em via sem retorno. Cuspir na rua ainda vá que não vá, agora fumar... Bleargh.

27 junho 2007

Flor com Lisboa e Tejo ao fundo

Dias, horas, minutos e segundos (também) passados ao ar livre. Aqui, na insólita esplanada do Elevador de Santa Justa, num dia de rara Primavera (ou já era Verão?).

Dias, horas, minutos e segundos

Foram 13 dias, 2 horas, 23 minutos e 7 segundos.
Muitooooooooooo longos.
Tenho novamente internet em casa. :DDD
Já não preciso de ir ao cyber na cave escura e obscura.
Posso postar outra vez. Esta inutilidade, por exemplo.
(E ainda dizem que não há síndrome de abstinência na internet).

Yeah!

Agenda cultural II

Trata-se de um exercício a partir de Ricardo II de Shakespeare (do mesmo encenador, o texto base na sala principal do mesmo teatro) por miúdos dos bairros da Cova da Moura e Zambujal.
A maioria dos actores tem trabalhado regularmente com o Grupo de Teatro do Oprimido de Lisboa, já aqui mencionado.

26 junho 2007

Expressões finas II

Já dizia o velho Herodes, ou te cagas ou te fodes!!

A prova

Dias depois de ter conseguido expulsar os pombos do forro do telhado, aparece-me um gato dentro de casa. É a prova empírica a suportar a teoria do cemitério de animais.

Show me the money.........!

Ontem dois senhores americanos falavam num talk show e às tantas o apresentador comentou em jeito de graça para o seu entrevistado que ele deveria apresentar o seu C.V.; eu estava ocupada a fazer outra coisa qualquer por isso não faço ideia a que propósito vinha esta conversa entre eles mas esta parte chamou-me a atenção quando percebi o espanto bruto na cara do entrevistado. O que raio era um C.V., perguntava ele perante os risos da audiência também curiosa. O entrevistador explicou-lhe então que C.V. era uma abreviatura que os europeus utilizavam para "curiculumum vitálay", ou lá como é que aquilo se dizia que ele achava ou tinha a impressão que devia ser latim. E foi a gargalhada geral da audiência e do entrevistado.
Não são "facinantes" aqueles senhores dos iunáitedes setaites óv américa? E eu que sempre ouvi dizer que por lá o cacau até cresce bem.... Há aqui qualquer coisa que não está a bater certo querida múltipla da posta abaixo.

A cultura e o cacau


A cultura é muito bonita, disse ontem Joe Berardo na inauguração do Museu Colecção Berardo. Sorriu para a televisão e concluiu triunfante: mas sem cacau não há cultura.
Hoje o cacau mexe com a cultura: Berardo pede a demissão de Mega Ferreira

Eu quero beber o mesmo que aquele senhor

Fernado Seara ao DN,
Repararam que Sintra é uma proposta nos 3 cenários? Repararam que Alverca é considerado no portela+3, o que é brilhante dada a distância que a separa da Portela?
Já que queremos pensar nos aeródromos, deixo a lista completa para que se considere seriamente estas estruturas sem dúvida equipadas de forma adequada à nova função - a minha escolha vai para a Atougia da Baleia. Muito mais económico do que fazer 1 aeroporto é usar vários ao mesmo tempo. Não sei como é que ninguém se lembrou disto antes.
Ah, e depois é só construir novos aeródromos. Fácil, prático e económico.



(na minha doce inocência pensei que um dos objectivos de se fazer um novo aeroporto era afastá-lo dos centros urbanos. Assim sendo, posso continuar a fazer o controlo do tráfego aéreo da minha janela e manter as apostas sobre qual das linhas aéreas será a primeira a chocar com a asa na antena de televisão do prédio. tenho o meu dinheiro na air lingus.)

25 junho 2007

Receita para cumprir prazos

E agora eu carregava num botão e o tempo parava. As árvores lá fora ficavam imóveis, os ponteiros do relógio congelavam no cinco e no onze, as pessoas à minha volta viravam estátuas. Só para mim o tempo continuava a existir, um tempo contido no nanosegundo em que o meu dedo carregou no botão. Um tempo infinito meu dentro do tempo minúsculo de tudo o resto.

24 junho 2007

Estranheza

Ontem à noite estava em Cascais com uns amigos, queríamos beber uma cerveja fora mas tudo parecia já estar fechado. Indicaram-nos um sítio perto da baía que ainda estaria aberto, e lá fomos rua abaixo.
Pelo caminho cruzámo-nos com gente que nos pareceu muito estranha, que faziam coisas como se estivessem bêbedos mas sem emitir qualquer tipo de barulho. Gente frita há em todo o lado, mas aquele silêncio era um bocado assustador. Comecei a pensar se não teríamos entrado numa twillight zone.
Entrámos no tal do bar e havia qualquer coisa diferente do habitual num sítio do género, mas não percebíamos bem o quê. Havia muitos bifes, o que é normal para aquela zona, ainda para mais nesta altura do ano, estavam todos arranjados para sair, um bocado trendy, mas havia qualquer coisa estranha.
Começámos a olhar em volta e as pessoas gesticulavam muito sem se lhes ouvir palavra, o que também nos pareceu dentro da norma, já que o barulho costuma ser tão alto que não se consegue sequer ouvir um amigo a 50 cm de distância. No entanto conversávamos sem dificuldades.
De repente percebemos o que se estava a passar; a música estava alta, sentiam-se as vibrações, mas faltava o bruaá, porque além de nós mais ninguém falava ali dentro. Eram todos surdos mudos.
Durante muito tempo nem conversava, estava fascinada a olhar para aquele mundo onde uma pessoa só comunica com contacto visual.
Um grupo decidiu tirar uma fotografia e começaram aos gritos para a máquina; um rapaz que estava de costas para eles não se incomodou com nada, como não os via não percebeu que estiveram prestes a cair-lhe em cima.
Vi um casal em manobras de sedução, ele já estava tão bêbado que só conseguia balançar o corpo e pouco mais mas ela ria-se imenso. O que será que diziam um ao outro?
Finalmente, descobrimos o motivo para aquele estranho povoamento. Está a decorrer por estes dias o Campeonato Europeu de Futebol de Surdos. Pensei que a grande diferença que deve haver para o campeonato dos que ouvem é a possibilidade de insultar o árbitro sem que este o oiça; para além de não ouvirem os impropérios dos adversários.

23 junho 2007

Um excelente motivo

Allan Ball



para ver o sete palmos de terra. Nunca se vê esta cara e no entanto está em todo o lado. Bendito seja.

Um bom motivo

Sendhil Ramamurthy
para ver o heroes. Para além desta carinha laroca há uma série de gente a querer destruir o mundo e outros a querer salvá-lo. Os bons têm super poderes, os maus também. Acho que já vi isto nalgum lado.

Os segundos são os primeiros

descubro eu quando falo com uma amiga pelo messenger. Ela na second life a dançar numa festa. Eu aqui com uma quase tese para acabar.

22 junho 2007

Sabem quantas vezes por dia tocam com a mão na cara?

Se tivessem herpes labial pela primeira vez e um cagaço mostruoso de infectar as restantes mucosas sabiam.


Já tenho as mãos ressequidas de tantas vezes as lavar por dia. Se descubro quem foi o estupor que me pegou esta merda nem sei o que é que lhe faço.

Abstracções

Gosto da humanidade, não gosto é de pessoas.

(ouvido ontem à noite).

21 junho 2007

Para mim, uma Passarola Voadora.

Gonçalo da Câmara Pereira, da família PPM / Câmara Pereira, mostra-se um candidato capaz de arrumar de vez com uma série de assuntos que ensombram a nossa vida urbana e mesmo nacional, adiantando soluções originais e deveras pragmáticas.
Qual Ota! Qual Alcochete! Quanto a Portela esgotar, o que segundo ele só acontecerá daqui a 30 anos, este estratega-visionário-que-entretanto-pode-até-ter-ascendido-a-Primeiro-Ministro propõe que se passe à apanha do avião no Porto. Prático! E quando o Porto esgotar? Beja! De acordo com o mesmo, Beja tem excelentes infra-estruturas que, dada a fraca utilização, não estão, portanto, esgotadas. E quando Beja esgotar? Bom, com a certeza de que estaremos todos a fazer tijolo também já não será nosso o problema.
Mas uma outra inquietação o acompanha: o Tejo. As crianças alfacinhas vivem de costas para o Tejo. E como as obrigar a uma rotação de 180º? Oferecendo-lhes um ... barquito à vela, escolhido pelo próprio Gonçalo, que os compra baratos.
Por mim, confesso que por uma unha não leva o meu voto. A minha escolha irá agora para quem me oferecer uma Passarola Voadora. Pode ficar suspensa por cima da corda da roupa evitando mais uma batalha contra a falta de espaço e, quando tiver de ir apanhar o avião a Beja, sempre tenho como lá chegar.

E agora todos comigo

Eu telefono-te à meia noite.
O pai fica à espera que chegues para almoçar e diz-te com que então caiu na asneira de fazer na quinta-feira vinte e seis anos! Que tola! Ainda se os desfizesse... Mas fazê-los não parece de quem tem muito miolo!
A avó vai-te ligar "fiiiiiiiiiiilha, é a avó. é para te dar os parabéns. Está tudo bem? Almoçaste com o pai? Beijinhos, adeus"
As tias, uma logo de manhã, outra à tarde. A da tarde não atendes, ouvirás a mensagem no voice mail.
Os avós, "querida, muitos parabéns. Está cá em casa o envelope com vitaminas para ti"
A tia melhor do mundo escrevia-te uma quadra.
O avô ligar-te-ia e diria "olá filha, fazes trinta e seis. Oh meu deus!" com ligeiro suspiro, seguido de silêncio dramático.
A mãe levantava-se e dava-te um beijo apertado.
e eu, que estou para aqui às voltas, decido deixar o resto do poema
Não sei quem foi que me disse
Que fez a mesma tolice
Aqui o ano passado...
Agora o que vem, aposto,
Como lhe tomou o gosto,
Que faz o mesmo? Coitado!
Não faça tal: porque os anos
Que nos trazem? Desenganos
Que fazem a gente velho:
Faça outra coisa: que em suma
Não fazer coisa nenhuma,
Também lhe não aconselho.
Mas anos, não caia nessa!
Olhe que a gente começa
Às vezes por brincadeira,
Mas depois se se habitua,
Já não tem vontade sua,
E fá-los queira ou não queira!

19 junho 2007

Por uma Europa pela paz e sem armas nucleares

Siga o link e deixe a sua assinatura, o mundo agradece...

18 junho 2007

Manual de instruções para pequenos crimes conjugais

Quantas vezes não nos passa pela cabeça estrangular o parceir@ com quem se coabita, por motivos e gestos tão pequeninos, pela mera espuma dos dias que passam? Dia após dia, a repetição de gestos aparentemente insignificantes - mas irritantes! - fazem com que estes comecem a ganhar vida própria, dando origem a planos maquiavélicos e pérfidos, tendo em vista o extermínio do outr@.

Claro que os dias não são todos iguais, logo a capacidade de encaixe vai variando. Mas hoje, dia em que acordei MUITO mal-disposta, resolvi escrever a lista dos pecados capitais de uma ‘ralação’. Assim, se quiserem fritar os miolos ao respectiv@, aqui vai um conjunto de ‘bons’ conselhos, aleatoriamente listados ao sabor do que me fui lembrando:

  • Espremer a pasta de dentes exactamente a meio do tubo e não pelo fim, não fechando a tampa, fazendo com que a pasta fique ressequida;
  • Não mudar o rolo de papel higiénico (mesmo que o substituto esteja à frente do nariz) quando este acabou e não o colocar no respectivo suporte;
  • Não colocar para baixo a tampa da retrete;
  • Não apanhar os cabelos do chão da casa-de-banho;
  • Não tirar os cabelos no ralo da banheira;
  • Atirar a roupa para o chão do quarto e deixá-la lá o máximo tempo possível;
  • Deixar a cama sempre desfeita;
  • Abandonar toalhas molhadas em cima da cama (desfeita, de preferência);
  • Fazer muito barulho de manhã ao acordar, de modo a acordar o outr@;
  • Não despejar os cinzeiros;
  • Acumular pilhas de jornais, na esperança que um dia se vá recortar aqueles artigos que eram tão interessantes (válido igualmente para revistas);
  • Coleccionar frascos de vidro; nunca se sabe se um dia não serão úteis para guardar qualquer coisa;
  • Deixar comida no frigorífico até esta ganhar pernas para andar ou um alien sair de lá de dentro;
  • Acumular pilhas de louça por lavar e/ou nas bancadas adjacentes;
  • Conversar simpaticamente com @ ex ao telefone na presença do outr@;
  • Ver jogos de futebol amigáveis, da selecção de sub-21 ou de selecção para qualquer campeonato;
  • Ver todas as corridas do campeonato da Fórmula1 ao domingo, fazendo um contrato especialmente com a TV Cabo (ou outra que tal) para o efeito;
  • Contar com detalhe as histórias do Zé, do Francisco e da Mariquinhas (que nunca foram vistos/conhecidos mais gordos);
  • Ouvir atentamente as intervenções na rádio e tv do Eduardo de Sá e imitar-lhe a voz melíflua;
  • Fazer comparações com a comida da mãezinha;
  • Fazer comparações com o carácter do paizinho;
  • Estacionar o carro a 500 metros do local onde se quer chegar (porque de certeza que não há lugar mais perto);
  • Acordar antes das 10h ao fim-de-semana, extremamente bem humorad@ e querer passar a ‘boa onda’ ao outr@ (que só quer dormir, aliás).

A lista vai longa e friso o facto de ser da minha inteira irritabilidade. Sintam-se livres para acrescentar o que vos melindra na caixa de comentários em baixo (é um repto aos leitores deste blogue, pois está claro).

17 junho 2007

Hic sunt leones

Ele olhava para ela e parecia que a via para além da pele, com as entranhas postas de fora. Ela sentia o seu olhar, embaraçada, adivinhava-lhe o odor e as iniciativas.

Falavam pouco um com o outro, mediam-se. Ele tinha qualquer coisa de cavador de batatas que lhe agradava. Uma espécie de crueza de pele, uma ideia de fusão de corpos instintiva e brutal.
Quando se encontravam sozinhos faziam conversa de conveniência, como se quisessem esconder o sentimento primário que os aproximava, como se quisessem mostrar que tinham mais do que os cinco sentidos. Mas a metalinguagem dos corpos ocupava o espaço dos silêncios.
Um dia só a pele falou. De repente estavam abraçados num beijo que dizia tudo, que fazia adivinhar a força do que se seguiria. Tocavam-se por cima da roupa e era como se estivessem, finalmente, a descobrir a geografia dos corpos.
Já nús desenharam a cartografia, explorando alturas e profundidades em todas as latitudes e longitudes. Ela ouvia-se de uma maneira que não conhecia, ele sentia-a como tinha desejado que fosse. Já não eram quem se mostravam ao mundo, foram carne e sangue um do outro.
No final ficaram abraçados a olharem-se, não sabiam o que dizer. Ela pensava que era melhor desaparecer, sabia que para dentro da costa havia leões. E tinha medo que a comessem. Viva.

'Bora nessa, Vanessa?

foto FMR
Todos os anos aguardo com ansiedade a saison do caracol, lembrando sociedades perfeitas.

Equívoco

Gosto tanto de crianças como gosto de adultos: pouco. Só quando gosto mesmo é que gosto muito.

15 junho 2007

Drakul

A terra prometida

A senhora, de óculos empinados na ponta do nariz e ar complacente, fecha o livro sagrado e pergunta-me: Então, a menina não me diga que não gostava de imaginar um mundo em que os animais maus da selva pudessem viver connosco. Já imaginou poder viver com um leão no seu quintalinho? Esse mundo está ao nosso alcance quando chegarmos ao paraíso.

Como diria a Mafalda do Quino: Mas que espécie de jornalismo é este? Falta a opinião do leão...

Última hora

Joe Berardo quer comprar o Benfica. Entre OPA e Ota mon coeur balance.

Deus a jogar aos dados

Sempre me enervou a mania de se dizer que aquilo que não se conhece não existe. Da mesma forma que dizer que uma doença é incurável apenas significa que nós não sabemos ainda como ela funciona e por isso não temos as ferramentas para poder lidar com ela.
Uma das coisas fabulosas da ciência é o seu constante avanço, e de um dia para o outro deitar por terra tudo aquilo que até então se acreditava ser verdade absoluta.
Desde a descoberta da estrutura do DNA, em 1953, e sabendo já da existência de genes que definem aquilo que somos (já Mendel no seu convento o tinha descoberto com as ervilheiras por volta de 1865), se diz que o dogma central de toda a biologia molecular é gene - rna- proteína. É esta a base de tudo o que se ensina nas faculdades em todo o mundo, o DNA serve como livro de receitas para fazer proteínas, usando uma molécula mensageira (RNA) para levar a informação do núcleo ao resto da célula.
Quando se começou a conhecer a estrutura de todo o genoma humano, e se descobriu que apenas 2% era constituído por genes, rapidamente apareceu a denominação junk DNA, ou seja tudo aquilo que não entra no tal do dogma instituído por académicos conceituados é lixo, não serve para nada se não serve para fazer proteínas.
Qualquer pessoa com mais de dois neurónios funcionantes entende que seria altamente improvável que 98% do genoma não servisse para nada, e que estivesse lá para proteger o restante dos ataques maléficos do exterior ou que fosse apenas resquício da evolução darwininana.
Hoje foi publicado um artigo na nature (ainda não disponível online) que leva precisamente nesse sentido; durante 4 anos um consórcio de cientistas em vários sítios do mundo dedicaram-se a estudar 1% desses 98% do qual nada se sabe. E chegaram à conclusão de que serve para muito, apesar de ainda não saberem bem o quê nem como.
Cada vez mais me convenço da teoria de que Deus de facto joga aos dados, e nós é que não sabemos para onde os atira. (nerd, queres explicar esta vs a outra teoria dos dados?).

14 junho 2007

Profissão de fé

Dizem-me que os homens se dividem em mamometanos e rabudistas. Haverá espaço para ateus neste credo?

Quantos-queres?


Se te apetecer podes ter vinte e cinco anos. Nós deixamos.
(parabéns)

13 junho 2007

Nova carta de direitos humanos

Depois de ler semelhante parvoice, declaro:

Artigo 1º- Direito a não ter uma orientação sexual

Porque o amor vai mais além dos órgãos genitais do próprio/a ou do parceiro/a, qualquer pessoa deve ter o direito e o prazer de amar pessoas independentemente do seu sexo, sem ser encaixada em categorias: é homo, é hetero, é bi...

Flamingo Road




Zoo de Lisboa. O meu escape.

12 junho 2007

Quando o google toca


- Boa tarde, a frase é Moviflor Largo da Graça 28 Lisboa.
- Muito bem, a frase está certa. O que quer ler?
- Eu queria ler uma"Reflexão sobre a primeira comunhão".

Tesourinhos deprimentes da política

Ouvi dizer por aí que nasceu um novo blog para falar a sério de política séria. É o 4ª Edição. Aconselha-se vivamente carregar neste link.

11 junho 2007

Direcções opostas


Ele encontrou, finalmente, o equilíbrio que procurava.
Ela encontrou, novamente, o desequílibrio que não procurava.

Surpresa

Telefonei agora para um ex-namorado, pois ficámos de almoçar e tive de desmarcar. Atende-me ele: Fernando Luis, já te ligo ok?

Serão fantasmas do passado a interferirem na minha tão bem assumidinha (até agora) identidade de género?

A linha invisível

Ela: Sonhei que estava apaixonada e ainda não consegui esquecer o sonho. Já bebi dois cafés e nada, ainda tenho o sonho colado à pele, imagens estranhas que não desaparecem. E o que é mais estranho é que conheço a pessoa por quem estive apaixonada durante a noite, amigo de um amigo meu de quem nem sei o nome.
Outra ela: Isso também já aconteceu comigo, nem com o café duplo deixei de me sentir a mulher mais infiel do mundo. Esses sonhos mexem connosco, obrigam-nos a reconhecer a vontade de estar dramaticamente apaixonada.
Ela: A verdade é que não estou a conseguir desligar-me do sonho. Talvez esta seja uma infidelidade consentida, se continuar no sonho durante o dia posso apaziguar a saudade da paixão sem cruzar nenhuma linha proibida.
Outra ela: Bebe mais um café, pode ser que ajude. E não te esqueças que estar apaixonada é muito bom mas também é terrível, sofre-se desmesuradamente, fica-se impossibilitada de fazer qualquer coisa que não seja viver ou pensar o amor. A paixão é incompatível com a vida, mas a falta dela também. Estamos sempre fodidas dê por onde der.

10 junho 2007

Todas as manhãs

Vieram dizer-me que tinhas morrido. Devem ter-se assustado com o meu olhar, não era dor nem lágrimas, era apenas o espanto da frase a varrer-me por dentro, morreste, devem ter-se assustado porque me deixaram aqui sozinho outra vez, vejo-os lá ao fundo a conversarem quase em silêncio, como viverá ele agora que ela morreu depois de quarenta e sete quase quarenta e oito anos juntos, via-os ao fundo e agora são uma mancha cada vez mais indistinta, quarenta e sete quase quarenta e oito anos e agora como será, a minha mão agarra de novo a enxada que não sei porquê está turva, não são lágrimas deve ser o espanto a encher-me os olhos. Morreste e eu pego na enxada e recomeço a cavar, até me conseguir desprender desta palavra e descobrir-te à janela de onde me sorrias todas as manhãs.

Uma mulher de corpo inteiro

Depois do hidratante para os olhos, para a cara, para o corpo em geral e mãos em particular, receitaram-me hoje o suprasumo dos cremes. Hidratante para a vulva.

Sexo, género e orientação sexual

foto newsweek


Há uns tempos fui ver o sexualidades com um amigo, filme que fala de uma amizade entre uma rapariga meio perdida na vida e a sua vizinha de casa, em processo de transição de homem para mulher. No final ficamos em suspenso entre a operação de mudança de sexo e a relação amorosa entre ambas.

Para o meu amigo a solução seria óbvia: deixar perder a cirurgia, assumir-se como homem e ficar com a rapariga. O seu choque foi enorme quando lhe sugeri que a transsexual pudesse ser lésbica. Para ele a transição de sexo implicava um desejo de heterosexualidade.

O meu amigo não é caso raro; muita gente pensa da mesma forma. Confesso que pude apresentar a panóplia de combinações possíveis e reais porque leio o fish speaker, não lhe estava a dar uma hipótese académica - seria equivalente ao caso da Siona, uma pessoa que existe e cuja existência vem documentada no blog.

Lá dissertei sobre sexo ser o biológico, com que se nasce, género aquilo que se sente, e como ambos podem não coincidir. E que quando isso acontece origina um processo doloroso, longo e penoso para a adequação do biológico ao sentido.
Além do mais, o sexo que se tem (ou se passou a ter) não tem relação directa com a orientação sexual. Há homens que gostam de mulheres, os que gostam de homens, os que gostam de ambos; o mesmo se aplica às mulheres; e o mesmo se aplica aos que se tornaram homens ou mulheres biologicamente através de cirurgia de adequação do sexo ao género.
Eu não conseguia entender porque é que isto não era óbvio para ele. Tal como não o é para muitas pessoas. A existência de transgéneros é assustador para alguns, a de homosexuais para outros, a de ambas simultaneamente provoca a perplexidade à maioria. E pur se muovono.

08 junho 2007

Second life, realidade ou ficção?

Quem ainda não conhece o Second Life como utilizador, provavelmente já viu a reportagem na televisão ou no Youtube ou já ouviu falar por alguém. Um universo totalmente virtual onde o mundo real é reproduzido na íntegra.
Tudo começa como em qualquer outro software em que é necessário um registo para abertura de conta. À escolha, existem três tipos de contas, uma gratuita e outras duas que implicam um pagamento mensal que dá acesso a uma série de regalias dentro do Second Life. Depois deste processo estar concluído é só fazer o download do programa e começar a jogar. A jogar? Não, porque rapidamente percebemos que aquilo não é de facto um jogo. A brincar? Bem, também não. Facilmente percemos também que aquilo de brincadeira não tem nada, é até sério demais. O que começamos mesmo a fazer é a criar um segundo eu e uma segunda vida que, em determinadas circunstâncias pode mesmo vir a competir com a vida real e quem sabe até, pô-la em causa. Todos os utilizadores do Second Life começam por ter de escolher um avatar que os represente logo após o download (o mesmo pode ser depois modificado à posteriori), e são lançados então para uma ilha de aprendizagem onde devem permanecer o tempo necessário para aprenderem as diversas funcionalidades do programa e os vários modos de interacção possíveis do seu novo eu. Estando este processo concluído, o usuário decide quando quer sair da ilha e ser lançado para a mainland onde começa então a verdadeira aventura. À disposição tem um mapa, um motor interno de busca, um canal de chat aberto, um inventário onde vai acomulando e organizando os seus bens, sejam eles de que espécie for e mais uma quantidade de funcionalidades. A reter: A moeda corrente ali no Second Life é o Linden, sendo que o nosso avatar entra no mundo com zero Lindens. Tudo ali dentro está à venda e foi criado por outros usuários. O dinheiro ganha-se trabalhando mas depressa se chega à conclusão que deste modo se permanece sem capacidade de compra e é neste momento que a porca torce o rabo. O Second Life não sobrevive apenas do dinheiro corrente mas de dinheiro real, dólares que os usuários na sua casa real trocam por Lindens para poderem fazer face ao mercado virtual que já lá detém a representação das maiores empresas mundiais, das maiores agências noticiosas, etc. É um mundo a desbravar infinitamente. Cada avatar com que nos cruzamos representa uma pessoa real com quem podemos interagir de todas as formas possíveis, falar, ter uma amizade, conviver, visitar a sua casa, ter relações íntimas, casar e inclusive ter filhos e netos. Já existem casos de pessoas casadas na vida real e casadas com outra pessoa neste mundo virtual. À disposição de todos e de quem tem Lindens para gastar existe de tudo, centros comerciais onde podemos vestir o nosso boneco de todas as maneiras (onde também já encontramos as marcas de alta costura representadas como a gucci, por exemplo), onde podemos comprar a forma para o nosso corpo, a cor do nosso corpo, todo o tipo de cabelos, penteados, etc, tatuagens, piercings e todo o tipo de acessórios possíveis. Podemos ser mais gordas, mais magras, ter mais mamas, menos mamas, mais rabo, menos rabo e podemos inclusive, comprar mamilos e vaginas (sim, leram bem). Podemos comprar "movimentos" para o nosso boneco usar em situações em que queremos dançar, "movimentos" de posições de sexo e o que mais puderem imaginar. Existem casas de prostituição onde se paga caro para ter sexo com outro avatar, existem casas de venda de armas, existem concertos ao vivo, onde realmente estamos a assistir em directo a avatares a tocarem e que representam esta ou aquela banda e até já lá estão editoras de música representadas para gerir os seus negocios dentro deste mundo virtual.
Este texto não acabaria mais....ver para crer e analisar a perigosidade ou não que este universo implica ou pode implicar. Perfeito para qualquer área das ciências sociais e impressionante para qualquer curioso no geral. Aqui vos deixo o link.

07 junho 2007

Outro dos meus tipos de humor

Era uma pata que tinha 5 filhas, a pata, a peta, a pita, a pota e a miquelina.

O meu tipo de humor

- a'u, capanne', come ti vesti?
- sportivo!

06 junho 2007

Fado, suor e lagrimas

Após discurso embargado pela comoção e inundado em suor, num tom roçando o tragico-cómico, o artista Carmona, candidato a uma maioria absoluta, passa a palavra ao artista Toy (lembram-se?):

"Minha canção é o fado, o fado
minha cidade é Lisboa, Lisboa
("e para acabar" - dizia o cantante)
O meu rio é o Tejo, o Tejo..."

E isto é muito mais promissor do que parecia!

Corpo e espírito

Há alturas em que não me basta ter presença de espírito. Preciso de ter ausência de corpo.

05 junho 2007

Afinidades

Quando eles cantam, eu subscrevo: o fim de tudo é o recomeço.

04 junho 2007

O essencial é invisível aos olhos

As múltiplas deste blog não são pássaros nem peixes. São assim:

PÉLVIS FEMININA (Corte Sagital)
1 - Sacro
2 - Ureter
3 - Útero
4 - Fundo de Saco Posterior
5 - Recto
6 - Colo Uterino
7 - M. Elevador do Ânus
8 - M. Esfíncter Interno do Ânus
9 - Ânus
10- Vagina
11- Intróito Vaginal
12- Diafragma Urogenital
13- Pequenos Lábios
14- Meato Uretral
15- Grandes Lábios
16- Clítoris
17- Uretra
18- Sínfese Púbica
19- Ligamento Redondo
20- Bexiga
21- Trompa de Falópio
22- Ovário
23- Ligamento do Ovário

Pausa para reflexão sobre obesidade

Enquanto trinco esta cenoura.

(Des)coincidências

Olhando para as magníficas fotos do post em baixo, ponderei o regresso do lápis azul, uma chávena de chá ou mesmo um ataque de beijos. Lembrei-me, então, de uma imagem que gosto mesmo. É esta:

via E-Deus

E viva a personalidade múltipla!
(E, obrigada, Miguel, pelo mote para mais uma ou duas magníficas postas!)

Desenganem-se


Para todos aqueles que vieram ontem ao engano ao nosso blog, iludidos pela promessa de um grupo de gajas boas, quiçá lésbicas, desenganem-se, aqui o nosso conceito de boas não tem nada a ver com o do outro que acha que deus criou a mulher para os gajos que não têm mais nada que fazer se entreterem a olhar para minorias irreais que não traduzem minimamente a variedade de mulheres que existimos à face da terra. Nós aqui somos mais assim.. pujantes, com inteligência abundante, empenhadas na vida e em causas. E a-do-ra-mos salvar os animais!



03 junho 2007

O mistério da estrada de Sintra

Outro dia - precisamente nos festejos do aniversário do 8 e Coisa 9 e Tal - falou-se ao jantar de um filme realizado por David Rebordão intitulado 'A Curva', que supostamente reconta uma das mais populares lendas urbanas recentes. A história era conhecida pela maior parte das múltiplas, se bem que houvessem descoincidências nas versões. Havia acordo quanto ao local - Sintra - mas as versões diferiam quanto aos personagens envolvidos.

Trata-se de um filme caseiro (ou fazer passar-se por tal, a intencionalidade não se percebe se deriva do baixo orçamento ou de uma linha estética definida a priori), a lembrar 'The Blair Witch Project'.

Fica a advertência: esta curta de cerca de 7 minutos pode impressionar algumas alminhas mais sensíveis.


Mulheres ao volante

A TSF presta um importante serviço à nação no âmbito da segurança rodoviária colocando várias vezes no ar conselhos acerca de comportamentos defensivos a ter em conta quando pegamos naquela que pode tornar-se uma perigosa arma, vulgo "viatura".
Por hoje, fiquei a saber que as mulheres sofrem menos acidentes do que os homens pela capacidade de prestarem atenção a um maior número de situações e de darem respostas diferenciadas em simultâneo. Culpa do estrogénio, comentador dixit.
Obrigada, estrogénio, por nos beneficiares com esta faculdade imensa, tão importante ao volante como em casa e no trabalho.

02 junho 2007

Ilhas

Passa no carro, mãos firmes no volante, pé pesado no acelerador. Por detrás dos seus óculos escuros só alcança a ver-se a si próprio, guia-se como se fosse uma ilha móvel num deserto, ignora arrogantemente todos os outros carros, todas as outras pessoas também escondidas por detrás dos seus óculos escuros, mãos firmes no volante, pés pesados no acelerador. São muitas as ilhas no agitado deserto de Lisboa.

01 junho 2007

Precisa-se

Aumento de memória do meu disco rígido...


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A rua está na poesia

Todos os anos se juntam milhares de pessoas para assistir ao Festival de Poesia de Meddellin. Vêm poetas e poetisas de todo o mundo, assistem pessoas de norte a sul, este e oeste de Colômbia e durante os dias que dura o festival, renova-se a fé de que a paz é possivel nesse país tão belo.

Como dei cabo da futilidade


Olhei uma última vez para as minhas unhas encarnadas, cada vez mais compridas e mais parecidas com garras. O som irritante do tec-tec-tec no teclado do computador enervava-me mais e mais. As gralhas redobravam-se a um ritmo alucinante, por falta de sensibilidade na ponta dos dedos e nas respectivas teclas. O verniz ia descascando lentamente. Somado à falta de tempo. E ao volume de trabalho. E a uma casa em pantanas...

Sentei-me no sofá a ponderar a decisão: fútil ou não fútil? Eis a questão. Roí o pedaço de uma unha do polegar. Bastou um primeiro golpe de dentes para não hesitar e munir-me, então, das três ferramentas necessárias para acabar de vez com a recém-adquirida futilidade: algodão, acetona e corta-unhas. Eliminei a cor escarlate, desferi impiedosos cortes nas unhas, de tal forma que estas voltaram ao tamanho de sempre, i.e., rente aos dedos.

Sou uma mulher livre. E finalmente posso limpar a casa. Sem dó nem piedade.