28 fevereiro 2009

Ontem hoje e amanhã

Coisas do diabo


Jacques Brel compôs esta canção e interpretou-a de forma divinal. É sempre bom ouvi-lo e ver como o mundo continua tão na mesma.

e hoje é assim...


Levantei-me a custo. Cabeça pesada, corpo sem resposta, a típica imagem da boca a saber a papel de música (que, de resto, nunca entendi muito bem). Descobri então que não preciso de enfrentar a farmacêutica que me olha com indignação quando tento, a custo, pronunciar gu-ron-san. Afinal, o powerade garante uma cura rápida destas nossas noites loucas e até dá logo pinta de desportista.

A prova faz-se já aqui ao lado

Numa longa conversa de múltiplas, entre ponto cruz e animais preferidos, passando por casamento entre pessoas do mesmo sexo e fotografias a decotes, falámos de posições sexuais. Lembrei-me do Samsara e de uma cena que tentei, com muito sucesso humorístico mas pouca credibilidade sensual, mimetizar no chão da sala. Aqui fica o original, apesar da dobragem em italiano.


27 fevereiro 2009

O regresso do lápis

Está é a imagem da discórdia. Será que alguém nos pode esclarecer de onde partiu a ordem de apreensão dos livros? É que suspeito que a PSP terá agido sob ordem de alguém mas parece que ninguém se acusa.

We can | Weekend

Já chega de trabalho por hoje!!

We Can | Weekend | We Can | Weekend
We Can | Weekend | We Can | Weekend
We Can | Weekend | We Can | Weekend
We Can | Weekend | We Can | Weekend

Hoje, no Diário de Notícias

Pais contratam detectives para controlar filhos

Preocupados com a segurança ou comportamento dos filhos, os pais estão a recorrer aos serviços de detectives privados para seguirem os passos dos filhos. Desde câmaras ocultas até receber todas as conversas dos filhos, nada é esquecido.

Preocupados?

O que me choca não é só os pais quererem controlar os filhos e não saberem o que o direito à privacidade significa. O que me choca é eles não perceberem que há nesta ansiedade de controlar alguma neurose. E que a maior parte das vezes saberem das coisas não mudará nada. O que me choca é eles acharem que os filhos vão fazer coisas que não resultam da educação que lhes foi dada. O que me choca mesmo muito é achar-se que os miúdos nascem estróinas, nascem maus, têm o seu feitiozinho muito próprio. Os miúdos são todos resultado do que está à volta deles quando nascem e enquanto crescem. Devem ser responsabilizados quando fazem asneiras, claro, mas também têm direito a fazê-las. Devem ser responsabilizados quando cometem crimes, claro, mas também é preciso perceber como é que chegaram ali. Vamos convencer-nos de uma vez de que educar uma criança não é para todos (e que dá muito trabalho) ou vamos continuar a gastar toneladas de dinheiro na gestão de danos?

é hoje

26 fevereiro 2009

A suspensão da descrença

foto via câmara clara

Embora de amor me incendeie
o fugaz prazer não estorva o meu desejo;
exalto a chama do Amor
e o meu coração só renega
aquele amar que o amor ofende.

Credimi pur che t'amo, Nicola Porpora.

Traiçoes con la mirada



Que triângulo! A não perder.

Felizardos!

No dia, e estou em crer que uma coisa nada tem a ver com a outra, em que o governo completa 4 anos, absolutamente como que por acaso, uma revista sai para as bancas com uma capa em que se confirma, estatisticamente falando, que afinal o povo é basicamente FELIZ. Nada mais nada menos do que 73% de felizardos tem este nosso país. Parto do princípio, portanto, que os 27% que não têm razões para sorrir são os sportinguistas que quando entrevistados tinham já o presságio de que a coisa com o Bayern não ía correr de feição. Todo o resto da massa que constitui esta nação aprendeu, pelos vistos, a lidar com as adversidades da crise que nos acompanha desde o século XVII e que se há-de perpetuar, garantem, por mais uns mesitos.
Saí então de casa de sorriso estampado no rosto, até porque tinha que deixar entender que esse não é, também, o meu clube. Descobri, então, a enorme capacidade de contágio desta coisa da felicidade. Entrei no ginásio, cumprimentei como de costume quem estava atrás do balcão e ouvi a bonita declaração por parte de recepcionista "Faz-me bem vê-la, sempre com esse ar tão feliz!".
Aliás, a prova de que as estatísticas não mentem é o facto de, nesta nossa diminuta multiplicidade, duas de nós terem sido identificadas pelos seus pares como felizes raparigas.
Tenham um bom dia e façam o favor de serem felizes!

dificuldades educacionais

Ver a Escola tão maltratada. Digam lá se isto é perceptível: "Sendo certo que muitos docentes não se aceitam o uso dos alunos nesta atitude inaceitável, acompanharemos de muito perto a defesa do bom nome da escola, dos professores, dos alunos e de toda uma população que muito tem orgulhado o nosso país pela valorização que à escola tem dado. "
Depois admiram-se...

24 fevereiro 2009

O carregamento

À hora do almoço, nos 'tabuleiros' do meu trabalho

- Olha! Lá vem a M. e o seu carregamento de felicidade!
- Quem (olho para um lado e para o outro)???
- A M. (eu), sempre com o seu carregamento de felicidade atrás!
- EU?
- Sim! De todas as pessoas é aquela que nunca muda, traz sempre esse carregamento de felicidade e boa-disposição consigo...
- Senhor A., importava-se de repetir isso que disse aqui para o meu amigo?
- Não me importo nada: a menina M. anda sempre com o mesmo carregamento de felicidade e boa-disposição. Todos, todos, todos os dias.
- Hummm, hummm (anui o meu amigo).
- Tem a certeza do que está a dizer, senhor A.?
- A certeza absoluta.
- Não se vai arrepender do que disse?
- Não vou. Eu conheço as pessoas, ando há muito anos nisto.

Não sei o que se passa comigo. Logo eu, que arrasto uma pata podre de melancolia desde que me conheço, que bebo azia existencial logo pela manhã, que não há a porra de um dia em que diga 'este é o dia', que vivo entre taquicardias, ansiedades e angústias, foi calhar-me mais este fardo: o de passar aos outros a imagem daquilo que certamente não sou.

23 fevereiro 2009

dúvida

Casamento: relação a recibos verdes?

And the Oscar goes to...

Não sou muito dada a estas estatuetas e prefiro, normalmente, ser espectadora dos menos galardoados mas esta referência assume, nos dias que correm, extrema importância. É do respeito uns pelos outros que se trata. E Sean Milk mereceu-o porque o representou de forma sublime. Bravo!

21 fevereiro 2009

Outros olhares

A Isabela do Mundo Perfeito postou hoje o texto que se segue sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo, assim com aquele geitinho que ela tem (nunca sei se é jeitinho ou geitinho..).

A família tradicional acabou

imagem daqui

A guerra contra as uniões oficiais de pessoas homossexuais parte do princípio de que estas não são pessoas normais. Os homossexuais são todos uns larilas que só pensam em sexo, engates em lugares públicos, e se passeiam de calças de licra e pochete. É uma questão paralela à do racismo. Há pessoas que não suportam negros porque consideram que são todos ladrões e criminosos. Tomar a parte pelo todo é um recurso de estilo que me faz muita impressão fora da literatura, e não penso que seja coisa própria de uma civilização num estádio tão avançado, o que me leva a questionar tal estádio.

Um heterossexual branco pode andar ao engate nas casas-de-banho masculinas da área de serviço de Fátima que já não será um larilas, um pega-de-empurrão; por outro lado, o mesmo individuo pode assaltar criancinhas todos os dias à saída das escolas, o que não conota a raça branca com a criminalidade. Porque a criminalidade tem obrigatoriamente de ser negra.

A estupidez vence todos os esforços civilizados para a construção de um ser humano justo relativamente ao próximo.

Vem esta minha conversa a propósito da proposta para uma futura legalização da união civil de casais homossexuais. Para mim, civil é pouco. Os homossexuais deverão ter o direito, como qualquer outro ser humano, a sacralizar a sua união. Mas avancemos. Um dos principais obstáculos apresentado às uniões homossexuais é a proximidade a que estes ficam de exigir o passo seguinte: o direito à procriação medicamente assistida ou à adopção. E aí, eis que se levanta um coro de vozes. Está bem, eles que se juntem, e façam uns com uns outros as coisas contra naturam que costumam fazer, mas que jamais possam ter à guarda criancinhas, porque os homossexuais só podem desejar ter filhos para os seviciarem sexualmente ou, no mínimo, para os tornarem larilas como eles. Os miúdos não podem conviver com aquele modelo aberrante de família!

Ora, ia eu há bocadinho a caminho da farmácia para comprar um Adalgur, e à minha frente passeava-se um pai e respectiva filha. O pai dizia à menina, levas uma cabaça que só paras em Alcobaça, e dava uma carolada à miúda, e repetia isto o caminho todo. Poderia ser uma brincadeira, mas para quem a presenciava era um acto gratuito e algo violento. Se o homem em questão fosse homossexual, seria a prova provada de que os homossexuais não sabem nem podem educar crianças, mas desde que a situação esteja salvaguardada pela normalidade da família tradicional, todos as brincadeiras estúpidas são possíveis.

Tenho cá a impressão que a família tradicional tem mostrado ser assaz brutal relativamente às suas crianças. Brutal na violência, no desleixo, na permissividade. A família tradicional tem causado mais traumas à humanidade que as duas guerras mundiais juntas, contudo continuamos a louvá-la e a não ver existência fora do seu seio frequentemente podre.Posso afirmar, objectivamente, que a capacidade para se ser um bom pai ou mãe não pode ser aferida pela escolha sexual de cada um. E posso afirmá-lo porque, objectivamente (até me custa escrever isto, de tão óbvio!), os homossexuais possuem as mesmas virtudes e defeitos que os heterossexuais, portanto, não creio que dêem pais melhores nem piores. Uns hão-de acertar e outros hão-de falhar, como quaisquer pais bem intencionados.

Por outro lado, posso também afirmar, objectivamente, que os homossexuais têm sido todos criados e educados por famílias heterossexuais, encabeçadas por grandes machões, cujo exemplo parece não ter frutificado. Portanto, posso ainda afirmar que os modelos imitados pelas crianças não são necessariamente os que encontram na família.

A própria ideia de família tradicional é um modelo falhado. Há muito tempo que parte significativa das crianças vive em agregados monoparentais. Basta fazer um inquérito de braço no ar à porta das escolas; para facilitar a contagem convém perguntar, quem é que vive com o pai e a mãe. A família tradicional, grande incubadora de seres humanos, acabou. Não me parece que seja pior para as crianças. Vivem lindamente com um dos progenitores, visitando, ou não, o outro.

O mundo mudou ligeiramente, e isto é um facto inegável. A ideia de família alargou-se. Hoje, será mais correcto chamar-se família a um grupo que mantém laços de afecto entre si, independentemente do sangue que corre nas veias de cada um. Eu e o meu filho não partilharemos os mesmos genes. Se um dia vier a ter um companheiro, hipótese que não está completamente excluída, eu, ele e o meu filho não manteremos quaisquer laços genéticos, nem eu e o meu filho os manteremos com os filhos que ele já tenha. Seremos três ou mais indivíduos que escolheram juntar-se e viver amigavelmente um compromisso de afecto. Não existe qualquer diferença entre uma família tal como a que descrevo e a que é constituída por casais homossexuais com crianças adoptadas, por exemplo.

Por outro lado, a procriação é tão completamente independente da noção de família ou de família tradicional que não resisto a dar a minha machadada preferida na instituição: ofereço-me para ensinar qualquer mulher em idade fértil, com poucos euros, a inseminar-se artificialmente em casa, com sémen de um colega, de um amigo, do vizinho do lado ou do sem-abrigo que dorme à porta do seu prédio.

A paternidade biólogica será sempre mais difícil para os homens, ou pelo menos mais cara, mas possível; precisam de uma boa barriga de aluguer, o que pode colocar problemas de ordem emocional, por parte das mulheres, sobretudo nos países latinos. Pessoalmente, não possuo a necessária indiferença, relativamente ao que trago dentro da barriga, para constituir uma potencial mãe de aluguer. Nos países de tradição anglo-saxónica, as referidas mães conseguem manter-se mais frias em relação ao filho que incubam, o que gera menos traumas pós-parto e menos dificuldades no momento de entregar a criança ao pai.

Finalmente, espero, com alguma ansiedade, o dia em que verei, na capa de uma revista, a foto de um homossexual português com o seu rebento gerado via barriga de aluguer. Ou adoptado legalmente. Se tudo já mudou, é necessário tornar visível a mudança.

20 fevereiro 2009

bastidores


olhos p'ra que te quero


a crise do crédito


The Crisis of Credit Visualized from Jonathan Jarvis on Vimeo.

Descoberto via Blasfémias.

faça um intervalo

para ver fotos muito bonitas da triba africana L'omo que tem o dom de vestir-se com cores e natureza:

Tribus de L'OMO / Hans Silvester

Nunca é tarde

Nunca é tarde para ter uma infância feliz, ouvi eu outro dia já não sei onde nem a quem, e desde aí repito muitas vezes para mim mesma e para quem me queira ouvir, nunca é tarde para se ter uma infância feliz.

19 fevereiro 2009

suspiros da vida quotidiana

imagem daqui

Hélio suspira profundamente enquanto pagamos os cafés do cafezinho simpático da esquina da escola onde nos reunimos quase todas as manhã uma série de pais e mães depois de deixar xs filhxs na escola; um simpático hábito que se gerou recentemente devido aos efeitos do desemprego e das reduções de horarios que fazem as empresas e organizações nestes tempos conturbados. No meio de todas as complicações da vida, disfruta-se aquele tempo antes de entrar no combate da vida quotidiana, falamos da vida, das crianças, de política, do que vier à baila, conversamos com o dono, um galego que já viveu no brasil e que tem todas as estratégias de marketing muito bem afinadas para fazer sentir bem a clientela.

- que grande suspiro Hélio, digo-lhe.

- é preciso emocionar-se, as pessoas agora esquecem-se de deixar-se emocionar.

18 fevereiro 2009

Sim



"If homossexuals are allowed their civil rights, so would prostitutes or thieves or anyonee else".

As ideias de Anita Bryant não são muito diferentes das ideias dos opositores ao casamento entre pessoas do mesmo. Seriam apenas risíveis, se não fossem perigosas.

Adenda

Este post, de Francisco Mendes da Silva. Este, de Vasco Lobo Xavier. E ler, mesmo, este post sobre o fim do casamento, de Carlos Medina Ribeiro.

16 fevereiro 2009

2010

Este é o quadragésimo sétimo dia do ano. Faltam 318 dias para o termo de 2009.

15 fevereiro 2009

pretextos para brincar com polaroides inventadas

O inverno está a acabar. Já não aguento mais chuva, frio, aquecedores ligados, tempo cinzento, árvores demasiado nuas e pessoas demasiado vestidas.



Tem noventa e um anos e passou uma vida inteira sem que ninguém se lembrasse de lhe oferecer um ramo de flores. Ontem foi a primeira vez.
polaroides inventadas a partir daqui.

domingo

Vejo as minhas unhas desarranjadas, cheias de peles, calos, roídas, com o verniz descascarado, as minhas mãos secas, este pneu na barriga que teima em crescer, a boca que anda sôfrega de bolos, pão, pasteis, chocolates, croissants de manteiga. Olho para mim e começo a ver cada vez mais nítido o descrédito que sinto neste amor que me habita a vida.
Ouço caetano veloso, o amor escraviza mas é a única libertação. Eu a não querer já acreditar no amor, a querer acreditar na possibilidade da libertação e ele insiste, meu amor, acredite, que se pode viver assim p’ranóis...
Às vezes os cantores deviam ir dar uma grande volta ao bilhar grande, ou para o diabo que os carregue, ou mesmo pró caralho que os foda.

..................

mamã queres um bocadinho de pizza?,
quero,
toma, tchéc, tchuque.

14 fevereiro 2009

This immortal song


My Funny Valentine - Chet Baker

Quando as galinhas ainda tinham dentes

É tão remoto este tempo que é justo que lhe dê o titulo de cima quando as galinhas ainda tinham dentes e eu não fazia a mais ínfima ideia do que seria aquilo que desde ontem me tolda o humor e me condiciona a existência desde hoje à conta de uma moinha, que depois se desfará em dores e numa sangria desatada até à redenção final (3 dias volvidos) para voltar - a cabrona - 28 dias depois.

Ora bem, estava eu a remoer as memórias desse tempo indolor:

numa tarde de tédio, na casa-de-banho, abro o armário gigante e pego nuns objectos estranhos e não identificados, sinto-lhes a textura, viro-os de um lado e do outro. Faz-se luz e sorrio. Vou-me embora com os O.E.N.I. na mão

Irmã mais velha: olha lá, o que é isso?
Irmã mais nova (eu): o quê?
Irmã mais velha: isso que tens aí nos pés?
Irmã mais nova (eu): isto? (olho para os então O.E.N.I.) então... são pantufas!
Irmã mais velha: PANTUFAS???
Irmã mais nova (eu): sim, até tinham uma faixa para colar e tudo!
Irmã mais velha: vamos lá conversar.

e foi assim - pelas palavras da minha irmã - que soube da coisa-que-não-tem-nome. prefiro chamar-lhe a 'cabrona'.

Errata

Quando disse que não te mereço, queria dizer que mereço muito mais do que aquilo que tenho. Falta-me só a coragem de acreditar no que penso e que nunca consigo dizer.

13 fevereiro 2009

O gajedo

Estou farta do gajedo até às pontas dos cabelos. Levo com elas várias horas por dia, um barulho de fundo que não pára, um motor que não gripa nunca, nem com a chuva, nem com o sol, nem com o muito trabalho que há por fazer, um motor que está sempre ali ao meu lado, a merda do rimel, as putas das unhas e da manicure, a cona da tia da marca das bolachas de dieta, a porra do tom da base que compraram, o caralho do farandol que dá este tom giríssimo estás a ver fica-te a matar, uma porra de um motor que sobrevive à chuva que entretanto já se foi e continua pela depilação em todas as suas múltiplas formas, a merda do buço, as axilas, as pernas e o corte brasileiro que as faz sentir tão poderosas, um cabrão de um motor que é imune à tristeza e à angústia e ao medo porque deve estar coberto de base e de rimel e de sombra e de verniz numa armadura invencível, e que leva a merda do gajedo a gastar horas e horas e horas sem fim dos meus dias num barulho de fundo que me dá vontade de correr tudo ao pontapé e mandar aquilo tudo para a puta que o pariu.

Chamada às armas



Toca a largar o feicebuque e o tuitere e o catano, e venham mas é trabalhar, suas madraças!

11 fevereiro 2009

via mail

"Eu não me importo de vir trabalhar...
... ter que esperar 8 ou 9 horas pra voltar pra casa é que me maça..."

fotografia

tirada daqui via google.

10 fevereiro 2009

Hoje à tarde




- Mãe, quem é o Johny Walker?

- Johny Walker é uma marca de whisky.

- Ah. Pensei que fosse um grande bêbedo.

09 fevereiro 2009

palavras sábias

do Chico Buarque, para ajudar a ir levando a vida.



Mesmo com toda a fama, com toda a brahma
Com toda a cama, com toda a lama
A gente vai levando, a gente vai levando, a gente vai levando
A gente vai levando essa chama
Mesmo com todo o emblema, todo o problema
Todo o sistema, todo Ipanema
A gente vai levando, a gente vai levando, a gente vai levando
A gente vai levando essa gema
Mesmo com o nada feito, com a sala escura
Com um nó no peito, com a cara dura
Não tem mais jeito, a gente não tem cura
Mesmo com o todavia, com todo dia
Com todo ia, todo não ia
A gente vai levando, a gente vai levando, a gente vai levando
A gente vai levando essa guia
Mesmo com todo rock, com todo pop
Com todo estoque, com todo Ibope
A gente vai levando, a gente vai levando, a gente vai levando
A gente vai levando esse toque
Mesmo com toda sanha, toda façanha
Toda picanha, toda campanha
A gente vai levando, a gente vai levando, a gente vai levando
A gente vai levando essa manha
Mesmo com toda estima, com toda esgrima
Com todo clima, com tudo em cima
A gente vai levando, a gente vai levando, a gente vai levando
A gente vai levando essa rima
Mesmo com toda cédula, com toda célula
Com toda súmula, com toda sílaba
A gente vai levando, a gente vai tocando, a gente vai tomando, a gente vai dourando essa pílula !

Estava com a neura

e decidi fintá-la a passear em blogues. Parei num que me libertou da nuvem negra que tinha por cima da cabeça e me fez rir. Obrigada, André.

08 fevereiro 2009

Darwin no Frágil

Festa de anos do Charles Darwin no dia 12 de Fevereiro a partir das 23h, no Frágil.
Lá estaremos.

05 fevereiro 2009

Arsenic and old lace

Disseram tias psicopatas?




Mortimer volta a casa para dizer às tias que se vai casar. Descobre então que aquelas senhoras amorosas se têm dedicado a matar por envenenamento homens velhinhos e solitários, para "os ajudar a encontrar a paz".

um bicho impertinente

- Vou-lhe contar um segredo.
- Diga, diga.
- Mas não pode contar à tia Lurdes.
- Tá jurado.
- A tia Maria tem andado a pensar numa maneira de mandar matar o papagaio dela.
- Cruzes, credo! Toda a gente sabe que a tia Lurdes vive para aquele animal. Já viu bem a sala dela? Se não fosse a ausência de grades, diria que ela própria vive dentro de uma enorme gaiola. Eu sei que a tia Maria detesta viver assim e até pensa arranjar uma salinha só para ela lá em casa, mas daí até querer matar o bicho...
- Nem diga mais. Também estava perplexo com a situação até saber das razões que estavam por trás disto.
- E que razões podem estar estar por trás duma insanidade destas?
- Bom, a verdade é que a nossa querida e mais que púdica tia também tem o seu lado tão fresquinho como o orvalho matinal. Desde há uns tempos, aproveitando a ida da tia Lurdes a um congresso de videntes, que anda a enfiar-se com o carteiro lá em casa, e olhe que ele nem tocava duas vezes. Parece que aquilo aquecia mais que um forno.
- E que tem o pobre bicho a ver com o assunto?
- Ainda não percebeu? A tia Maria anda horrorizada que o papagaio meta a boca no trombone. Parece que ele apanhou todas as trocas e baldrocas de juras de amor e afins que andaram por ali a soar casa fora.
- Aiii, benza-me Deus! Mas que história terrível. E não se pode simplesmente calar o bicho?
- A tia Maria não tem tentado outra coisa. Todos os dias passa horas a tentar ensinar-lhe o repertório todo do José Cid mas o bicho limita-se a aprender as melodias e usa as mesmas palavras proibidas. É como um argumento adaptado, percebe?
- Ai, que horror.
- Pois, assim é. Olhe, vou lá passar em casa dela agora mesmo para saber novidades.
- Está bem, veja se amanhã me diz qualquer coisa.

Em casa da tia.
- Ó tia Maria, já resolveu a questão do papagaio? Não me diga que já deu cabo do pobre bicho.
- Não consegui matar o bicho filho e o macaco e a banana do José Cid não venceram a casmurrice do papagaio.
- Então como fez?
- Filho, encontrei uma arma invencível! Apresentei-lhe o repertório do Tó Zé Brito e foi de vez!
- Curou o bicho?
- Curei o bicho!

Irene é quem manda!

Falava-se há uns anos atrás da realeza espanhola que pintava a títulos em caixa alta as revistas do mundo cor-de-rosa, Irene é quem manda! diziam eles. Com olho para o humor oportuno e um dedo de sarcasmo, o meu tio Luís recortou as letras vermelhas da revista e colocou-as no frigorífico. De cada vez que a porta do frigorífico se abrisse seria uma confirmação do poderio de Irene naquela casa e naquelas vidas.
Chama-se Irene, e para além de minha tia é minha madrinha. O que transporta em si um peso emocional e geracional bem mais corrosivo do que um simples grau de parentesco, porque reza o ditado que quem põe a mão põe a condição. E assim é, a minha tia e madrinha Irene põe mão, condição, amor, tudo e nada numa breve actuação de quem entra e sai da ribalta sempre com a mesma postura incomensuravelmente firme. Para ela tudo é revestido a uma camada espelhada a pragmatismo. Tudo é absolutamente linear e não há problematização possível. A guerra acaba-se matando todos e ninguém fica para contar, devia haver mais gays e lésbicas para castrar conservadorismos alheios de chá das cinco, a violência doméstica é uma punição merecida porque quem apanha e não leva é porque é fraco e não tem pujança para dar um murro na mesa ou no conjugue, o dinheiro é um bem necessário e o melhor mesmo é adjudicá-lo ao amor e a melhor receita para o amor é experimentá-lo de todas as formas e feitios pois a experiência faz a prática e o que se quer mesmo é um amor feito a sexo bem treinado e não a utopias de 'viveram felizes para sempre'.
As conversas são regradas aos pormenores mais intimos e inusitados. Da nossa vida já sabemos nós e é uma chatice. Bom bom, é saber da vida dos outros. É uma terapia, segundo ela, que aliada ao mal-dizer, nos traz não só noites bem dormidas como também auto estima. A auto estima é sempre construída por comparação e sentirmo-nos melhor que os outros é sempre reconfortante. E assim são as coisas, simples e lineares. Não há discussão possível, nada se põe em perspectiva e assim se leva a vida. E no meio de tanto loucura imersa numa ditadura quase que cómica, resta só uma certeza: na minha tia psicopata há também muito amor porque quem põe a mão põe a condição.

A tia M.

Nasceu no século XIX e era completamente maluca. Viúva rica, sem filhos, vivia sozinha numa espartana casa gigante, rodeada de árvores ainda maiores, no meio do nada. Conduzia um Renault 4L muito velho, azul-escuro, que me servia de abrigo para as brincadeiras em dias de tempestade, os mesmos em que ela usava umas estranhas toucas de plástico transparente para não molhar o cabelo, branco de neve e sempre meio desgrenhado pela brisa.
Tinha uma caligrafia de litografia, que eu admirava nos bilhetes dos meus presentes de anos que dava à minha mãe e que, invariavelmente, nunca eram para a minha idade. Falava com os espíritos do outro mundo e tinha cadernos inteiros com as transcrições dessas conversas. Corria (velozmente!) atrás de mim para me bater com a vassoura porque tinha assaltado os doces para o chá anual. Descompunha violentamente todas as melosas mamãs pelo crime hediondo de trazer mais uma criança ao mundo. Atirava o jardineiro da escada abaixo e arranja ela própria o telhado ou a torneira da enorme cisterna. Sei que se irritava comigo mas não me lembro de me dirigir uma palavra.
Passou a usar um aparelho nos ouvidos que insista em apitar estridentemente nos chás de domingo e abafava a conversa de torrada, onde pouco participava. Passou, também, a usar umas estranhas palas de cartão em cima dos aros dos óculos grossos, porque a luz a incomodava. Foi ela própria que as desenhou e recortou no cartão de uma embalagem, acho que de farinha. Depois, tiraram-na da sua grande casa isolada e puseram-na num apartamento.
Pouco antes de ser a primeira dos meus mortos, passou uma tarde lá em casa, com 99 anos, já encolhida, muito pequenina, numa estranha e morna beatitude com o meu cão psicopata. Nunca mais esqueci esse quadro. Aos meus olhos de 10 ou 11 anos, pareceu-me um recorte no mundo. Dois malucos intratáveis, ternos apenas entre si mesmos.
De vez em quando, falávamos nela e na sua estranheza. Com os anos, fui sendo apresentada à sua longa vida, aos seus pequenos grandes feitos feitos aos outros em silêncio e na altura em que é preciso. Sim, era psicopata. Mulher forte e generosa que teve a coragem de não negociar consigo própria ou com os outros só para tornar a vida mais fácil e que, assim, atravessou destemidamente dois séculos e duas guerras mundiais. Os meus estranhos presentes de anos eram, afinal, tesouros dela e são dos melhores que hoje tenho. “À sua, Tia M. A minha querida tia psicopata!”

Por falar em patas

Era uma vez uma pata que tinha 5 filhas: a pata, a peta, a pita, a pota e a maria do rosário.

Variações ao tema de hoje

"I don't know what my booze bill was for that time, but I'm sure it was big.
I had a good reason, though: I had to kill my parents. They asked me to.
Actually, they asked me to help them with their suicides, and I did.
And if that doesn't justify throwing back an extra glass or three of Jameson's on the rocks,
then I don't know what does."
Assim fala John West que, em 1999, ajudou os seus pais a morrer. Durante anos, ninguém soube de nada. Dez anos depois John West conta como sobreviveu à morte dos seus pais no livro The Last Goodnights: Assisting My Parents with Their Suicides.
Não sei o que pensar sobre isto.

Poçopatas

Diz-se das tias cujas patas têm uma atracção irresistível pelas poças.

Interlúdio musical

(Tias pulgopatas a cantarem todas juntas Eu estive quase morto no deserto, do Sérgio Godinho)

Eu matar não gosto muito mas saudades é diferente
É como matar as pulgas
alivia a gente

entra o bombo.....

cronocidio

Eram várias as mulheres que se juntavam nalgumas tardes de sábado com xs sobrinhox, para aliviar um pouco os pais e mães das crianças exigentes, barulhentas, transformadoras. Todxs juntxs, matavam o tempo que tinham à frente, um minuto atrás do outro, uma hora atrás da outra, uma tarde, uma noite e uma nova manhã. Eram cronopatas em série, com requintados e prazenteiros modos e instrumentos para a sua determinação em fazer com que o tempo sucumbisse pouco a pouco. Quase sempre eram coisas de impulso, mas alguma vezes planeavam metodicamente como iriam matar a próxima hora, se com dominó, loto, cartas, um filme, a playstation ou a jogar às escondidas. Outras vezes, cada segundo era cuidadosamente aniquilado ao som das palavras naquelas conversas de fim de tarde em que matavam o tempo que surpreendentemente renascia transformado em prazer e em encontros. Do tempo que passavam juntos nascia um amor sem tempo.

as meninas

- doi-me a barriga.
- é melhor chamar o pai.
- não sei.
- mas doi-te muito?
- não sei.
- pai!

abro-te a porta do carro e entras lá para dentro. a luz coada do fim de tarde confere uma aura de mistério ao que está prestes a acontecer. volto para dentro e sento-me no nosso canto a morder os dedos. que a hora das branduras te acompanhe no que se há-de seguir.

somos as duas meninas. mas tu quiseste abandonar essa condição mais cedo e eu disse-te para não o fazeres, teimaste comigo e disseste que não. e é por isso que agora estou aqui a morder os dedos. de vez em quando escapo-me para o jardim e fumo um cigarro, depois volto para dentro e volto a morder os dedos e volto para fora e fumo outro cigarro...

ouço o deslizar do carro rua abaixo. ponho-me de pé e ajeito-me para receber a notícia. as chaves de casa, os passos firmes.

- olá pai.
- olá filha.
- e como foi?
- é menina. chama-se Maria.

A chávena

Ele bebe e fica outro, a voz vai crescendo enquanto passeia pela sala, chama-me nomes, grita como um louco. Não suporto os gritos, o bafo quente, os passos pesados pela casa. Hoje avançou para o louceiro, tens a mania que és fina mas eu já te conto, pegou numa chávena de chá da Avó e disse-me merda de loiça dos chineses, loiça dos chineses?, que matarruano me saíu aquele homem, vista alegre dos anos 20 é o que é, chinesice do caralho, para que queres tu isto?, que me insulte a mim ainda vá, agora que desdenhe o meu enxoval é que não, nunca se pode usar esta porcaria que a puta da tua tia que te deu, aí é que não aguentei mais, matarruano sem gosto e ordinário é demais para mim, puxei o tapete e ele caíu como uma árvore. Um fiozinho vermelho a sair da boca, os olhos muito parados, a chávena ainda inteira ao lado dele. Deixa-me ficar aqui consigo, Tia, e amanhã vamos lá arrumar o louceiro?

04 fevereiro 2009

Boletim metereológico internacional

Em Londres está um sol radioso e a neve ainda não derreteu e está tudo a brilhar!
Está frio, isso sim!


Em Barcelona foram-se embora os aguaceiros que não deixavam a roupa secar e fez um dia de sol, até o frio se derreteu. Dá gosto andar na rua.

03 fevereiro 2009

Já o tempo se habitua

Já o tempo se habitua
A estar alerta
Não há luz Que não resista
À noite cega
Já a rosa Perde o cheiro
E a cor vermelha
Cai a flor Da laranjeira
À cova incerta

Água mole Água bendita
Fresca serra
Lava a língua Lava a lama
Lava a guerra
Já o tempo Se acostuma
À cova funda
Já tem cama E sepultura
Toda a terra

Nem o voo Do milhano
Ao vento leste
Nem a rota Da gaivota
Ao vento norte
Nem toda A força do pano
Todo o ano
Quebra a proa Do mais forte
Nem a morte

Já o mundo Se não lembra
De cantigas
Tanta areia Suja tanta
Erva daninha
A nenhuma Porta aberta
Chega a lua
Cai a flor Da laranjeira
À cova incerta

Nem o voo Do milhano ...

Entre as vilas E as muralhas
Da moirama
Sobre a espiga E sobre a palha
Que derrama
Sobre as ondas Sobre a praia
Já o tempo
Perde a fala E perde o riso
Perde o amor


O José Afonso, para além de ser um dos melhores compositores portugueses, era um letrista como há poucos.

A água não arde assim

Next trick for the next interview



Roubado ao humor antigo.

02 fevereiro 2009

Minutos de ócio

Aqui descobri o linque para aqui e perdi uns minutos a brincar aos testes. Sou uma lula gigante, uma chita, Voando Sobre um Ninho de Cucos, Mrs Dalloway, o México e a Finlândia.

o povo é sábio

A propósito daqueles fantásticos conselhos do patriarca D. José Policarpo, aqui ficam alguns ditados úteis para ter em conta antes de juntar os trapinhos com alguém e evitar montes de sarilhos.


Casar com Muçulmano é sarilho todo o ano.

Casar com Judeu cuidado com o que é teu.

Casar com Jeová nem a tua mãe te salvará.

Casar com Adventista é pior que ir ao dentista.

Casar com Hindu só se já o tiveres visto nu.

Casar com Luterano é pior que muçulmano.

Casar com Budista nem que o teu pai insista.

Casar com Agnóstico só se for bom para o negócio.

Casar com Baptista faz mal à vista.

Casar com Ateu ficas pior que camafeu.