31 agosto 2006

Democracia

a propósito de democracia, e dos seus diferentes pesos e medidas aqui vai um artigo de BSS, enquanto não sai uma posta sobre este tema.

Sempre assapar o ca....

Há cerca de um ano regressei ao país e tive que instalar comunicações na minha casa. Como estive alguns anos fora ainda não tinha bem interiorizado que a PT já tem bastante concorrência e, que tinha outras alternativas ao monopólio das comunicações a que tinha estado habituada. Apesar dos avisos insistentes de amigos, quase todos já sem telefone fixo, lá vou, teimosa e conservadora, instalar a linha da PT e o Sapo, ainda para mais com obrigatoriedade de um ano de fidelidade à companhia que eu mais odiava antes de ter saído do país. O resultado foi o esperado, contas altíssimas, que nem com a adesão a toda e qualquer promoção que me aparecesse à frente consegui reduzir.

Mas hoje, que tive que fazer uma chamada para o Sapo para alterar a morada, pois entretanto mudei de casa, desprendeu-se violentamente a gota que faz transbordar o copo. Encontrei isto na internet:

Tarifário - Linha de Apoio a Clientes SAPO 707 22 72 76
Preço p/min:
Com origem na rede fixa
€0,1210
Com origem nas redes móveis
€0,3025

Nota: Facturação ao segundo após o 1º minuto. Valores com IVA incluído à taxa legal.
Estive 4.26 m a falar. Ora, se as contas não me falham paguei 25.047 Euros.

O que vale é que dentro de um mês acaba a minha obrigatoriedade com o monte de m... verde e viscoso. Nestas alturas, quase me torno neoliberal...

not me waiting

i had all my books spread around the floor
an' my old guitar laying against the wall
Rose was staying for the night in my bed
with a suitcase and her dog
he bit me in the leg when i was pouring the whisky
and the house was smelling from my shoes
i picked my guitar and started looking for a song
the crazy dog was licking all the whisky out of my carpet
Rose seemed to be dancing on the moon
she laughed at me and then broke two of my glasses
i let the bottleneck crawling on the strings for hours
finaly the sun was coming up
the dog was sleeping on the top of my piano and
Rose sent me out to get some food
i felt sick with the hangover and thought i had to buy a
new overcoat
Rose was sick too
she threw up after having her pizza and said she had to leave
i looked at her and the song came up in my mind
Rose was still standing near the door saying she didn't love me
the damn dog was pissing on her leg

O piano bebeu*



* e eu também.

30 agosto 2006

Haja saúde!



Depois de estar inscrita no sistema público de saúde há mais de dois anos (vulgo Caixa) sem médico de família, um dia em que liguei porque queria umas análises para fazer um chek-up, descobri por mero acaso que estavam a atribuir médico de família. Lá vou toda contente inscrever-me por fim naquela que vai ser a minha mais profunda confidente das minhas maleitas físicas, que vai passar comigo quase 10 longos minutos quando eu estiver a necessitar de apoio para manter a minha saúde em bom estado. Depois de inscrita, resolvi então ir marcar a consulta para o tal chek-up, pois a prevenção é o melhor que há e ainda se poupa dinheiro ao Estado.

- Boa tarde.
- Hummm
- Queria marcar uma consulta para a doutora S.
- A dótora tá de férias agora e em setembro também e só temos consultas para finais de ótubro, mas ainda não estamos a marcar e ainda não sabemos quando é que vamos começar a marcar, se no principio se a meio de setembro, ligue para cá depois que a gente depois logo diz... Próximo!!!

Porque raio tive que nascer num país que acredita que só quem tem dinheiro é que tem direito a um bom sistema de saúde? Lá vai mais uma reclamação para o livro amarelo...!!

28 agosto 2006

Até quando?



Na formação militar dos soldados britânicos que vão para o Iraque preparam-nos para matar crianças pois estas podem ser potenciais terroristas suicidas. Por não suportar esta possibilidade, um soldado britânico de apenas 19 anos suicidou-se.

Nos Estados Unidos, um oficial do exército estado-unidense recusou-se a combater no Iraque, por considerar esta guerra ilegal e foi apoiado por um professor de direito internacional humanitário de Harvard.

A informação veio daqui, e apesar de terrível são indícios que ainda vai existindo lucidez e resistência aquela que se diz ser a maior “democracia” do mundo. Até quando continuará esta guerra estúpida e cruel? Até quando o nosso governo e nós como cidadãos e cidadãs continuaremos a ser coniventes com esta hegemonia brutal e descabida que perpetua o governo dos Estados Unidos e o louco e ignorante tirano que a representa?

27 agosto 2006

o admirável mundo novo

Assumidamente confiante marcou caminho deslizando de queixo erguido ao largo do prédio coberto de andaimes e engoliu todos os piropos mais e menos sem graça que iam caindo do terceiro andar. "Comia-te toda ó giraça!", "És boa!", "Leva-me pra casa que eu mostro-te como é!" e o inevitável, "Ó febra!!". O 36 estava ainda imóvel ali na paragem como percebendo da sua pressa e subiu os degraus aliviada. Que dia chato.
Olhou em volta os outros passageiros recortados no contra-luz de fim de tarde, em pausa, como se alguém tivesse premido o botão do comando da tv. A multidão como um vasto mar de sombras estáticas, desistentes de mais um dia qualquer. Também se sentia assim. E implodiu. O motorista enfiou a primeira e ela implodiu. Abriu uma janela. levantou a blusa branca, estatelou as mamas contra o vidro e gritou bem alto para o terceiro andar do prédio, "O que vocês queriam sei eu!". Risos, gargalhadas sonoras, mais uma centena de piropos todos em simultâneo e sem tradução possível e o autocarro arrancou. Baixou a blusa e sentou-se. Assumidamente confiante. E sorria. Agora os passageiros ainda pareciam belos no contra-luz de final de tarde mas já não eram sombras estáticas.

25 agosto 2006

Dicionário de nomes próprios

imagem aqui
À semelhança de muitas pessoas da minha geração, tenho dois nomes próprios. Tanto um como outro são nomes que considero razoáveis, entendendo-se a razoabilidade aqui por 'gosto'. Acontece que a conjugação dos dois nomes é desastrosa. Resta-me a consolação de ter tal sorte partilhada com as minhas outras cinco irmãs o que - em quase todos os casos - deu origem a associações verdadeiramente 'criminosas'. Refiro ainda que na base da escolha deste segundo nome (perfeitamente dispensável, uma vez que nunca esteve a uso e, por isso, considero-o absolutamente inútil) está uma suposta tradição familiar: segundo nome da minha mãe, nome próprio da minha avó materna, segundo nome da minha bisavó paterna. E é aqui que perco a meada à genealogia do nome.
O momento da escolha do nome de um indíviduo reveste-se da maior importância, marca indelével, companheiro de viagem para toda a vida. Nos anos 70 - e no que respeita a nomes no feminino - estavam na moda as 'Sónias', as 'Cátias', as 'Sandras', as 'Carlas'. Houve também uma vaga de nomes de origem russa: as 'Vanessas', as 'Veras', os 'Andrés', os 'Ivãs'.
Nos anos 80 passou a ser comum perfilhar com um único nome (o nome 'Maria' constitui um dos mais emblemáticos exemplos) e a partir dos anos 90 segue-se uma nova moda - os nomes 'tradicionais', alguns a cheirar a mofo, desenterrados sabe-se lá de que baú: é a época das 'Beatrizes', das 'Ineses', das 'Matildes', das 'Constanças', dos 'Afonsos', dos 'Guilhermes', dos 'Lourenços', entre tantos outros.
A escolha do nome está condicionada a factores de ordem distinta e que variam desde critérios que podem ser de perpetuação de nomes de família (embora numa lógica distinta, não raro era o hábito egocêntrico de colocar ao primeiro filho/a o nome do respectivo progenitor), de ditâmes da moda, de promoção social mediante a atribuição de um nome passível de sugerir uma determinada marca de classe.
Vivi, no entanto, uma situação que considero bastante atípica: no colégio onde estudei tinha companheiras de classe com nomes absolutamente extraordinários: a Fabíola Gisela, a Dora Soledade, a Sandra Lafaiete, a Gina Estela e a Priscila Natacha. Tudo isto numa turma de não mais de 20 miúdas. Não sei como explicar este fenómeno espúrio e de tão fértil imaginação.
Palavras para quê? Os artistas são (quase) todos portugueses. Mas, claro, não chegamos, nem de longe nem de perto, aos calcanhares dos nossos irmãos brasileiros.

24 agosto 2006

Susto



“Amanhã decide-se o futuro de Plutão”, ouvi eu outro dia. Assustei-me, de imediato pensei que seguramente a Nasa e o Bush deveriam estar a planear um ataque a este planeta, que aí deveria haver armas de destruição massiva, ou talvez Osama Bin Laden tivesse conseguido fugir para esse lugar recôndito e por isso este fosse ser destruído. Mas não, afinal Plutão continua a existir, só deixa de ter importância pois afinal há mais e melhores do que ele, passa a estar fora da cantilena escolar dos planetas do nosso sistema solar, ficamos com 8 planetas em vez de 9.
Com mais umas descobertas cientificas deste calibre ainda ficamos só com sete e picos planetas.

23 agosto 2006

será..?


E se eu tiver um amante só de beijos, isso será infidelidade?

22 agosto 2006

Transparente

Há pessoas que conseguem ver-nos as hesitações e as palavras que não dissemos, que dissecam as nossas frases num trabalho minucioso sí-la-ba-a-sí-la-ba, que desenham pautas com a entoação invisível a olho nu, que nos descobrem afinal como somos, miúdos num dia de carnaval hoje-sou-zorro-ou-princesa-ou-superhomemmulher.

21 agosto 2006

Passagem dos Elefantes

Elefantes na água optimistas à solta
optimistas à solta elefantes na árvore

elefantes na árvore optimistas na esquadra
optimistas na esquadra elefantes no ar

elefantes no ar optimistas em casa
optimistas em casa elefantes na esposa

elefantes na esposa optimistas no fumo
optimistas no fumo elefantes na ode

elefantes na ode optimistas na raiva
optimistas na raiva elefantes no parque

elefantes no parque optimistas na filha
optimistas na filha elefantes zangados

elefantes zangados optimistas na água
optimistas na água elefantes na árvore

Mário Cesariny, que é cá dos nossos

20 agosto 2006

Back to the blogue

Acabou-se o exílio, acabaram-se os textos sem tiles e sem acentos, a água doce onde mergulhava, o ar pesado mas puro, as ruas e as cidades novas que descobri e onde - por opção - escolhi perder-me.
De volta à realidade e de volta à cidade onde - por opção - escolhi encontrar-me. Vamos a isto.

As novas tecnologias

O telemóvel apita por falta de bateria, procuro o carregador e não o encontro. Os apitos tornam-se mais insistentes, procuro melhor nas várias malas e sacos que vieram de férias e continuo sem encontrar. Os apitos acabam.
À noite descubro o carregador no saco grande da praia por baixo de um jornal, mas já não sei onde deixei o telemóvel e não posso ligar para o ouvir porque está desligado por falta de bateria.
No dia seguinte, farta da incomunicabilidade a que fiquei vetada, viro a casa do avesso, o raio do telefone há-de estar nalgum lugar. Encontro-o finalmente, abandonado numa prateleira improvável e ponho-o a carregar.
Acendo o telefone, tenho mensagens. Se ontem saíamos, uma cerveja com amigos e boa companhia. Se hoje vou ao almoço de família. Mais uns telefonemas que não sei de quem são.
Penso que estes acontecimentos estarão ligados por uma força cósmico-kármica com o post anterior. Penso melhor, acho que o cosmos e o karma se devem estar a marimbar para o meu telemóvel e a internet.
Desculpo-me ao amigo, saio para o almoço. Espero não me esquecer do telefone.

19 agosto 2006

Irritações

Ainda estou para perceber qual é o mecanismo mental que é accionado quando guardamos alguma coisa importante num sítio que nos parece bestial e seguro, para depois nunca mais nos lembrarmos dele até ao dia em que, por mera casualidade, o voltamos a encontrar.

18 agosto 2006

Uma manhã

Acordei com dor de cabeça. Recebi logo uma mensagem que me deixou mal disposta.
No duche fiquei a olhar para as árvores lá fora e a pensar o que seriam. Dois pinheiros, três begónias, um plátano. Tenho de descobrir os nomes das outras, vejo-as todos os dias, tomo banho a olhar para elas e nem sei como se chamam. Senti-me triste. Hoje nem as árvores me animam.
Saio para beber café, pode ser que ajude. Afinal não, porque como não encontro os óculos escuros o sol faz-me franzir a testa o que aumenta o latejar da cabeça. Bebo café, compro o jornal, volto para casa para acabar o trabalho que já devia ter sido concluído há tanto. Só de pensar nisso chega a angústia e piora a questão cefálica.
Tomo um comprimido, espero que faça efeito. Vejo os mails, um convite velado que me enerva. Porque é que a maioria das pessoas não diz o que quer e o que não quer? Andam para aqui às voltas, às voltas, às voltas. E às vezes basta uma palavra mal interpretada para estragar tudo.
O gato mia desenfreadamente. Não sei se lhe dar um comprimido também a ele, aquilo deve cansar. Tomo outro.
Lembro-me que não tenho nada para almoçar, decido almoçar fora depois de ter cumprido o que calendarizei para a manhã. Mas o comprimido tarda em fazer efeito, o meu cérebro parece um cubo rubick em desordem - está lá tudo mas no sítio errado, e não sei como se põe no lugar. Rezo para que o comprimido faça efeito.
Arrumo coisas, trato de assuntos práticos, ando de um lado para o outro. O comprimido começa a fazer efeito. Penso vou para o escritório sentar-me à frente do computador, decido dar tempo a que o comprimido se instale definitivamente.
Sinto a cabeça a perder as nuvens, lentamente as peças começam a fazer sentido. Já me sinto pessoa novamente. Nisto lembro-me da mensagem da manhã e volta uma dor fininha na têmpora direita.

crisálida

Pois. Crisálida. Sou eu. Como do verão para o outono, outono para o inverno, inverno para a primavera e de volta para o verão. Crisálida. Ninfa.
Em estado latente à espera de mim e sinto-me perto. Isso alegra-me.
Crisálida. Como do passado para o presente, do presente para o futuro, para o passado e de volta para o presente. Eu no presente do indicativo. Pois. Terapia.

17 agosto 2006

When the living is easy

O Verão é uma estação engraçada. Encontrar pessoas que costumamos ver vestidas agora em fato de banho e verificar que afinal temos todos um corpo em pele e não de algodão, ter conversas à beira mar, trocar jornais com os amigos do toldo do lado.

Estar de férias com amigos e os seus filhos, desde o ano de vida até à adolescência, faz-me lembrar de mim com aquelas idades todas. Pergunto se isso também lhes acontece a eles, mas como olham para as crianças como indivíduos não conseguem fazer a transferência que a mim me aparece tão óbvia.

Vejo as miúdas de três anos com as forminhas, baldes, pás e ancinhos e lembro-me da alegria de ver castelos a crescerem na areia.

Vejo os de 7-10 anos a passarem o dia na água, lembro-me da minha mãe que me fazia sair do banho porque já tinha a boca roxa e me obrigava secar ao sol antes de voltar a tentar fazer crescer gelras atrás das orelhas e membranas entre os dedos das mãos.

Oiço as reclamações em relação ao menu das sanduíches, e recordo os meus gostos infantis.

As bolas de berlim e os gelados diários.

Vejo as adolescentes, que reviram os olhos a cada frase dos pais. Eu era insuportável na adolescência, é um milagre não ter sido dada para adopção aos 13 anos.

É bom estar na praia e não pensar em mais nada, a não ser na próxima fruta a comer, nas ondas a apanhar, no jogo de king sentada na areia, passar à frente as folhas do jornal que só trazem notícias tristes (no outro dia foi apenas na página 23). Conseguir finalmente ler em busca do tempo perdido com calma, descobrir-me a mim e aos outros naquelas descrições.

A vida é fácil no verão, penso como seria se fosse sempre assim. Mas sei que dentro de dias já estarei a desejar o outono, o regresso à vida activa e às saias de fazenda, com meias de vidro e botas até ao joelho. Ler o volume VII, acabar o tempo perdido em frente à lareira e desejar voltar ao início. Ao Verão do próximo ano.

15 agosto 2006

Regresso a Lisboa

Todos os anos nos dizem a mesma coisa: viajar do Algarve para Lisboa no dia 15 de Agosto é tarefa árdua. Trânsito, bichas, acidentes. Tudo uma grande tanga.
Vim de Tavira para Lisboa sem apanhar nem bichas nem acidentes nem trânsito. Passei pela ponte Vasco da Gama e nem um abrandamentozinho para amostra.
Concluo que a maioria dos portugueses devem sofrer dessa terrível doença "garganeira" - querem aproveitar o dia de praia mesmo até ao fim e poupar 2 euros passando pela ponte 25 de abril, para gastarem mais do dobro em gasolina e paciência.
Eu devo fazer parte do grupo dos perdulários: não aproveitei a jornada de sol e ofereci 2,10 € à Brisa pela passagem na ponte. Em compensação agora tomo um belo duche e posso ir jantar fora descansada da vida.

11 agosto 2006

O chamamento

Quando a casa se espelha num rio qualquer,
Entao é porque està na hora de fazer as malas
E voltar para casa.

10 agosto 2006

Saudades


Abraços e saudades às múltiplas de férias, à volta cá vos esperamos....

08 agosto 2006

O abatimento

"É a rapidez de tudo isto que mais custa. De repente. Assim. Pontes destruídas, pernas arrancadas, infâncias perdidas e estradas destruídas, edifícios esventrados, aviões no céu e gritos. Assobio e explosão e prece desesperada, uma respiração demasiado curta, coração que bate, grande pavor, sono interrompido, ironia, vergonha e humilhação. Tudo isto de repente. Instantaneamente. Como uma faca atravessada na garganta.

Faz alguns dias que ando sem fixar a atenção em nada, à procura das palavras. Sem acreditar naqueles que dizem «não há palavras para exprimir…», pelo contrário, fixar-me nisso. Quando não temos mais nada, restam-nos ainda as palavras; se começamos a dizer que já não há palavras, então está mesmo tudo perdido, escuridão, escuridão.
Procurar, mesmo que não se encontre. Olhar para as mãos e ver aí, nas nossas próprias veias e músculos, ali, nos braços, a impossibilidade de actuar. Constatar e ser impiedoso para consigo mesmo e assumir: não há nada que eu possa fazer, não sei o que fazer, sinto-me impotente, só me resta esperar e seguir a decepção."

Wajdi Muawad, libanês.

Entre o desejado e o possível



A lei da paridade foi finalmente parida, decretou o Presidente da República, sem acrescentar nenhuma explicação, um sim porque sim. Rectificaram-se alguns pontos, os partidos já não ficam impedidos de concorrer a eleições caso não cumpram o mínimo exigido de participação de homens e mulheres nas suas listas, ficando apenas sujeitos a cortes no subsidio estatal, que podem ir até aos 80%, e a lei terá um período de prova de 5 anos.

Neste momento a representação dos homens e das mulheres nos partidos políticos e segundo o jornal Público de hoje é a seguinte:

BE: 4 H, 4 M
PCP: 10 H, 2 M
PS: 75 H, 46 M
PSD: 69 H, 6 M
CDS: 11 H, 1 M

Dentro de 5 anos, esperamos sinceramente que a disparidade não seja tão grande. Só a lei não muda mentalidades mas,é um passo essencial para uma maior igualdade de representação de ambos os sexos nos destinos políticos do nosso país.

E assim continua a construção da democracia que não é um estado perfeito, mas um estado possível.

06 agosto 2006

Encerrado para férias


Estimado público.

Parece que todas as múltiplas decidiram ir de férias ao mesmo tempo, de maneiras que, até já, vão passando que logo logo tudo o que é bom acaba depressa e cá estaremos outra vez.

Ps: Se forem vendo algum post por aqui é sinal que a internet já chegou a muitos pontos do Portugal profundo

05 agosto 2006

Um dos pontos altos do Verão



O banho de mangueira

Um dia em passos e repassos



Passeava com a minha filha pelo Parque das Nações, aproveitando as maravilhas do verão e do ar fresco da manhã, quando nos cruzamos com um bebé rapaz e uma senhora que o acompanhava. Os dois estiveram a olhar um para o outro, a sorrir e a querer brincar. A senhora disse: viste, estás cheio de sorte, já tens aqui uma menina doida por ti, como será quando fores grande... Não me espantei, desde que a minha filha começou a sorrir com o seu simpático e convidativo sorriso que ouvi: ai, ela é muito sedutora, muito “coquete”...

Depois do passeio, tive de ir um grande hipermercado, daqueles que eu odeio mas que são imprescindíveis para conseguir uma mesa de jardim a menos de 15 Euros, e ao passar na secção das crianças, encontro um espaço gigantesco onde abundava o cor de rosa, com um gigantesco letreiro que gritava: MENINAS. Atravesso o mundo de incontáveis Barbies e suas derivadas, queridos animaizinhos, cozinhas que fariam inveja a qualquer uma do IKEA, vestidos, acessórios e adereços para as bonecas de todas as formas e feitios, com uma desconfortável sensação de pink overdosis pegada ao corpo.

Cheguei a casa. Entre o Noddy e o Ruca, os anúncios do canal Panda reproduzem sem temor nem pudor os mesmos esquemas de sempre: os meninos brincam com armas, guerreiros, carros e construções, as meninas com coisas delicadas que reproduzem todo o imaginário feminino ligado ao doméstico, à sensibilidade, à beleza, ao ser belas e agradar aos outros. Carrego no mute e no intervalo entretemo-nos a brincar a ser peixes e raias, como as do Oceanário.

....

Por fim, um pouco de silêncio... A lua lá em cima, generosa no brilho... Fumo um cigarro e repasso o dia:

Teimamos em “dizer” aos meninos que a guerra é boa e que eles têm de aprender a ser guerreiros; que há sempre um inimigo, e que há o defender o bem que somos sempre nós. (Mais tarde, quando estão mais crescidos, ensinamos-lhes que o melhor ainda é a guerra preventiva, ataca primeiro e negoceia depois, muuuuuiittto depois...). Às meninas, continuamos a dizer que têm que ser delicadas, amorosas, cuidar das bonecas e das lides para mais tarde o continuarem a fazer nas suas casas, que serão lindas e arranjadas, espaço de amor e de família, objectivo imprescindível para uma lady.

Continuamos a normalizar a guerra como um meio de relação, já seja nos mundos imaginários ou nos reais, como vimos agora o governo de Israel (e separo propositadamente o governo da sua população) a utilizar crianças para escrever mensagens nos mísseis que mataram muitas crianças do outro lado.

Criamos e ajudamos as nossas crianças a crescer, e insistimos em torcer o pepino às nossas meninas e meninos em formas que os asfixiam, pois nem o trabalho doméstico acumulado numa só pessoa nem a guerra nos servem para ser felizes, entre muitas outras coisas claro...

O cigarro arde sozinho no cinzeiro.

Patati, patata, rebéubéubéu pardais ao ninho, coisas do privado que não são pr’áqui chamadas...

Olho para cima. Continua lá, aquele brilho e também tudo aquilo que (não) se vê na face oculta da lua...

O que nos vale é que o mundo dá muitas voltas e ao contrário do que dizem, não fica sempre na mesma. Deixo a cozinha arrumada, apago a luz e deito-me à espera do sono.

03 agosto 2006

Mundo submarino

foto: direitos reservados
M., you did it!

Menos umas caixas

foto daqui

As casas vão-se arrumando aos poucos, à velocidade que se vai organizando a nossa vida nelas. Montámos por fim a estante, limpo o pó a cada cd, livro e dvd, organizo-os por estilo musical, relembro cada disco e as músicas que me vão acompanhando ao longo da vida. Esta deve ser das poucas alturas em que gosto de fazer limpezas...
Sabes, gosto de construir a casa e a vida contigo...

TRIIIIIMMM... Quando o blog toca, bom dia....

Ora aí vai a pedido de várias familias e porque nunca está demais relembrar as origens...

Tenham um g'anda bom dia!

Faltou a luz e gerou-se

A confusão natural

E a Locas encontrou-se

Nos braços do Amaral
Logo esta grita aflita:
Acendam o castiçal!
Eram pr'aí sete e pico
Oito e coisa nove e tal
Eram pr'aí sete e pico
Oito e coisa nove e tal
Ps: eu sou aquela do relógio...

02 agosto 2006

Elementar, caro Watson

O mistério adensa-se.
Afinal onde andam e quem sao estas multiplas?

Quando o blog toca... Posts pedidos

para o mano...


Sailing

After having loved we lie close together
and at the same time with distance between us
like two sailing ships that enjoy so intensely
their own lines in the dark water they divide
that their hulls
are almost splitting from sheer delight
while racing, out in the blue
under sails which the night wind fills
with flowerscented air and moonlight
- without one of them ever trying
to outsail the other
and without the distance between them
lessening or growing at all.
But there are other nights, where we drift
like two brightly illuminated luxury liners
lying side by side
with the engines shut off, under a strange constellation
and without a single passenger on board:
On each deck a violin orchestra is playing
in honor of the luminous waves.
And the sea is full of old tired ships
which we have sunk in our attempt to reach each other...

Henrik Nordbrandt

A propósito das férias...



Na nossa casa amor-perfeito é mato
E o teto estrelado também tem luar
A nossa casa até parece um ninho
Vem um passarinho pra nos acordar
Na nossa casa passa um rio no meio
E o nosso leito pode ser o mar

A nossa casa é onde a gente está
A nossa casa é em todo lugar

A nossa casa é de carne e osso
Não precisa esforço para namorar
A nossa casa não é sua nem minha
Não tem campainha pra nos visitar
A nossa casa tem varanda dentro
Tem um pé de vento para respirar

A nossa casa é onde a gente está
A nossa casa é em todo lugar

(Arnaldo Antunes (2004): Ouvir)

01 agosto 2006

Ideia brilhante precisa-se

(pronto, mesmo que não seja brilhante, basta que seja muito boa. Boa, vá.)

Uma amiga minha faz 50 anos, tenho a festa hoje à noite e ainda não tenho presente.

O que é que se dá a alguém que cumpre meio século de vida?

GISBERTA


“Os menores são culpados de ofensa à integridade física da travesti”, anunciaram os telejornais do meio dia. Curioso, nesta nossa hipócrita normalização do corpo nunca se ouve dizer “heterosexual brutalmente espancado e lançado ao rio, onde terminou por morrer afogado”.

Gisberta perdeu o nome e a vida e a justiça perdeu uma boa oportunidade para fazer juz ao seu nome e mostrar que o homicídio é um crime muito grave seja qual for a identidade ou orientação sexual da vítima ou as condições socioeconómicas dos agressores. Gisberta foi morta e com ela enterrada a liberdade de escolher ser.
Os culpados continuam à solta. Procuram-se:
espelho daqui

Meia vocaçao

Conheci um homem que tinha um tique.
Como lhe faltava o tac, nao podia ser relògio.

Quando a vida continua em caixas...

- Queridooo, não queres vir montar comigo a estante que há tantos dias está para ser montada, para pormos os livros e os cds que há tanto tempo estão aqui a estorvar???

- A esta hora??

- O que é tem? São duas da manhã, mas no manual de instruções não vem nenhum horário preferencial para a montagem...

- Amanhã meu amor, amanhã...

- Bem, então continuo o sudoku... Se o 3 não pode ir aqui, nem aqui, nem aqui...