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23 junho 2009

nas finanças, tudo é possivel

Eu até estava caladinha, mas confundiram-me e comecei a pensar, e como estou com serviço em atraso, tenho que vir p’raqui patinar um bocadinho, que eu tenho agulhas e já me piquei e isto nao há nada como um google calendar para mexer as hostes, dizia, estava eu aqui a pensar que sim podemos perder o amor da nossa vida, podemos perdê-lo em qualquer sitio, inclusive numa repartiçao de finanças quando de repente estás em frente a um funcionario que te está a ajudar a preencher a declaraçao conjunta com o amor da tua vida e de repente olhas para ele e olhas para o funcionario e pensas, o que andas tu a fazer da tua vida, já nao consegues encontrar sentido naquela palavra, c-a-s-a-d-a, com seis letrinhas apenas talvez a mais falsa que o mundo tem. E à saída, cruzas-te com uma pessoa e olhas para ela e ela olha para ti, e o mundo pára em redor e os olhares entram dentro dos corpos e tudo por dentro começa a explodir de prazer, de amor, intensamente o amor inunda-te e chega-te ao cérebro e tudo fica branco, e a vida, essa, foi mais forte que tudo, ainda que quem olhasse incrédulamente para o teu corpo inanimado achasse que estavas morta.

22 junho 2009

será possivel?

Encontrar o amor da tua vida numa repartição de finanças

ou

até mesmo, encontrar o amor da tua vida

ou

encontrar uma repartição de finanças

que

neste caso que não te ponha numa pilha de nervos

logo

com disponibilidade para perceberes que aquele é o amor da tua vida.


Portanto, moral da história: a probabilidade de encontrares o amor da tua vida e ainda por cima numa repartição de finanças que não te enerve, é altamente .............................ínfima!

AlienNation

Estou eu ali no meio do pinhal da Zambujeira de tenda armada, enfiada no saco de cama, promoção Verão 2009 do Jumbo quando abro os olhos de repente, forçada violentamente a largar o sonho magnífico em que estou enfiada num barco a meio de um rio dentro do cenário do African Queen, com o Bogie mais a Hepburn. O Bogie pisca-me o olho e atira-me um cigarro sem filtro mas a Hepburn ignora-me glacial. Merda mais ao campismo selvagem que me faz ter de ir mijar ao mato a meio da noite. De xanato nos pés, lanterna e rolo de papel higiénico na mão, lá me atiro ao desconhecido nocturno. Há tendas por todo o lado por isso tenho de me afastar o mais possível e encontrar um arbustro qualquer ainda livre de dejectos onde me possa aninhar. Encontro uma clareira bestial, a uns 200 metros, já pertinho do abismo que leva ao mar, ruidoso lá em baixo, e faço o meu serviço sempre com a atenção virada para alguma víbora ou lacrau que decida subir-me pelas pernas acima. A lua está cheia e quase que a lanterna era dispensável. O luar é intenso. Muito intenso. Que raio de luar tão intenso. Chiça que daqui a nada alguém me vê de cuecas para baixo. E desde quando é que a lua também é vermelha e azul? Às tantas começo a duvidar se realmente cheguei sequer a acordar do sonho e a levantar-me mas a dentada de uma melga de passagem por ali arrebita-me. Já estou vestida e composta e estou estática a olhar para um objecto metálico do tamanho de um T1 na minha frente. O caleidoscópio de luzes reduz a intensidade e abre-se uma porta daquelas de elevador por onde sai um tipo ou um fulano, como quiserem, podem fazer a vossa própria versão, bem maior que eu e muito mais bronzeado. E quando digo bronzeado é porque o gajo estava de facto, enfiado num fato de bronze (tinha sido interessante para o leitor se eu tivesse decidido usar o acordo ortográfico aqui nesta frase, estava de fato enfiado num fato era lindo não era?). Bem, adiante. O gajo dirige-se a mim confiante e reparo que só tem um olho no meio da testa que é enorme.
- Você é um ciclope. - informo eu sem mais demoras.
- Aí minina, tudo bem com você? - Pergunta ele, com uma voz toda robótica e nada atraente.
- Você é um ciclope brasileiro. - Volta-me a sair em voz alta.
- Qué isso aí? Cê tá maluca minina? Não sou ciclopi não.
E zás. Vira-se para trás e vejo que também tem outro olho igual na nuca. Estes gajos são muito avançados, penso eu. Qual visão periférica qual quê.
- E cê faz o quê aqui a essas horas?
- Bem, eu estava a dormir, acho, e depois tive de vir, enfim, fazer chichi.
- Ahh, chichi, sei. Bom isso né? A genti não faz isso não.
- Ah não?
- Não, muito disconfortáveu, com esse fato aí e tudo, não dá não.
- E que faz você por aqui?
- Bem, eu sou um alien,né? cê tá vendo isso, e o calor assim dentro ali da nave, atão, eu costumo parar aqui de vez im quando para curtir aqui uma brizinha do mar, que é sempri bom têr essa brizinha assim passando no corpo né? Cê também gosta?
- Eu também gosto. Mas eu nuca, desculpe, nunca tinha reparado em aliens por aqui.
- É isso aí, pode crer. Alien não pára muito por aqui não. Eu é que tou de fugida aos policiais lá do meu pláneta e ando por aí vagueando fora da fronteira interplanêtária e então discubri esse lugar aqui, que é muito bom né? Cê gosta?
- Eu também gosto. Mas oiça lá, tou aqui com algumas dificuldades em acreditar que você seja um alien a sério, sabe? Apesar do fato e da nave e das luzes e sobretudo do olho extra e tudo isso, mas sabe que hoje em dia, isso não quer dizer nada, um gajo chega com uma ideia ao Aki, por exemplo e é fácil...
O gajo interrompe-me com pelo menos um dos olhos a piscar incrédulo.
- Qué isso minina, tá duvidando di mim porquê? Aqui ou ali num sei não, mas eu sou um alien mêmo viu?
- E além disso, - continuo eu ainda não satisfeita - Nunca ouviu dizer que os aliens só falam inglês?
O gajo encolhe-se e ouve-se o ruído metálico das articulações mal oleadas do fato.
- É. Aí cê tem razão. Eu falo inglês também, claro né? Máis, como eu ti disse antes, eu tou de fugida exactamente porque tava fundando lá um partido de alien que não quer mais falar inglês. Então eu fui perseguido por um lobby aqui de pessoal terreno da área 51 que fica com medo de perder o estatuto de exclusividade da caça ao alien, né? Isso no fundo, é só política como cê pode vêr, em toda a galáxia está-se passando isso.
- AH, entendo, e vocês escolheram falar brasileiro?
- É que o português tá assim ficando muito paricido não? Cê não acha? E assim ficava mais fáciu né? Bem, minina, o sol tá nascendo daqui a nada viu? Tenho que mi ir embora mas olhe aí, foi um prazer conhecer viu?
E assim me despedi do gajo que saiu dali rodeado de luzes por todo o lado outra vez. Ainda passou algum pessoal por nós mas era seguro porque estavam todos em ácido e não estranharam.
Este foi sem dúvida o encontro mais invulgar que eu tive até hoje.

where the air is rarified

marília não queria acreditar. Com os pés de molho numa água perfumada, os cabelos enrolados em papel de prata e as mãos entregues à vânia que lhe assegurava 'vai ficar como nova', viu entrar no salão o homem mais cobiçado do bairro. Entrou enorme e bronzeado aposto que anda no solário, indiferente ao silêncio que de repente se fez olha-me aqueles ombros, o ricardo do clube de video avançou sorridente, pisou os cabelos espalhados pelo chão será que está a vir para aqui? e estacou em frente da marília e eu nesta figura, que vergonha.
marília não queria acreditar. De repente o salão ficou às escuras, só um foco de luz branca em cima do ricardo o sorriso os ombros as mãos, a vânia e as outras deslizaram para o fundo ai que me dá uma coisa má, aquele corpo ajoelhou-se à sua frente, a música começou a ouvir-se ao fundo, a vânia e as outras tinham asas nas costas e umas túnicas diáfanas, o foco de luz agora cobria também a marília incrédula, já sem pratas nem pés de molho, uma marília irreconhecível com um homem ajoelhado aos seus pés que a convidou com uma voz perfeita de barítono come fly with me let's fly let's fly away.

14 junho 2009

Desafioooo

'O encontro mais invulgar' é o desafio. A data é 22 de Junho, segunda-feira. Vamos a isso?