30 setembro 2006

Histórias no masculino

Desenganem-se, o desejo de criar, cuidar e acompanhar pela vida fora a uma pessoa a quem chamamos filho ou filha não está directamente relacionado com a repetição do cromossoma X, como ainda continuam a fazer valer os nossos imaginários colectivos. Esta história recordou-mo.

Ontem

Pequeno grande nada

Hoje apercebi-me que o meu mémé deixou a exclusividade dos monossílabos na sua linguagem e que pela primeira vez formou uma frase; tinha na mão um livro e disse:

No tu, pê, Quim!

Traduzindo, o livro que ela tinha na mão não é dela, é do Pedro, filho do Quim. É fantástico, nunca tinha assistido ao vivo ao processo de evolução da linguagem do ser humano.

29 setembro 2006

O problema é meu?

Hoje de manhã na rádio uma jornalista falava de uma conferência sobre ligação entre comida e sexo a que tinha ido ontem. Parece que a palestra era sobre as pessoas comerem da mesma forma que fazem sexo, e que se olhassemos para a maneira como se come por exemplo a sobremesa, se ficava a saber tudo sobre os potenciais eróticos do objecto de observação.
O paralelismo perdeu a sua sustentabilidade quando a jornalista (?) afirmou peremptória, consoante o que tinha ouvido da boca da doutora que a fez, "como todos sabemos, passamos tanto tempo a comer como a fazer sexo, portanto a ligação é óbvia". Quando o apresentador do programa lhe lembrou "não me parece que seja bem assim", ela ripostou num tom pespineta "isso diz muito sobre a nossa vida sexual, não é?" dando a entender que somos uns capitalistas da caloria, e que devíamos equilibrar a equação.
Olhe, cara senhora, o que me parece é que se há alguém que passa tanto tempo a fazer sexo como a comer é porque faz disso a sua labuta, que eu não conheço ninguém que tenha vontade e tempo para fazer amor pelo menos 3 vezes por dia, 365 dias por ano. Mas se calhar não tenho os amigos certos.

Redundância (I)



Uma flor que fui buscar ao Câmara Clara.
Redundante porque é para ele.
Ora vejam.

Recordar é viver

Um clássico. Os mais audazes podem ouvi-lo aqui.

Foi em Setembro que te conheci
Trazias nos olhos a luz de Maio
Nas mãos o calor de Agosto
E um sorriso
Um sorriso tão grande que não cabia no tempo
Ouve, vamos ver o mar
Foste trinta de Fevereiro de um ano por inventar
Falámos, falámos coisas tão loucas que acabámos em silêncio
Por unir as nossas bocas
E eu aprendi a amar

Sim eu sei que tudo são recordações
Sim eu sei é triste viver de ilusões
Mas tu foste a mais linda história de amor
Que um dia me aconteceu
E recordar é viver, só tu e eu

Foi em Novembro que partiste
Levavas nos olhos as chuvas de Março
E nas mãos o mês frio de Janeiro
Lembro-me que me disseste que o meu corpo tremia
E eu, eu queria ser forte, respondi que tinha frio
Falei-te do vento norte
Não, não me digas adeus
Quem sabe, talvez um dia... como eu tremia, meu Deus
Amei como nunca amei
Fui louco, não sei, talvez
Mas por pouco, por muito pouco eu voltaria a ser louco
Amar-te-ia outra vez

28 setembro 2006

A democracia da Terra

Será que a nossa democracia pode existir sem a do outro/a?

Um artigo de Vandana Shiva.

Vontade Cega

Há uns dias atrás encontrei um amigo cego que entre muitas das histórias que contou registo esta:
Um casal, ambos cegos, entrou numa cabine telefónica para satisfazer os seus apetites sexuais. Estavam convencidos de que as cabines públicas eram opacas e assim não seriam vistos pelos caminhantes da rua. Azar dos azares, apareceu a bófia e lá se... lixaram!

O Paraíso, Agora!


imagem aqui
O Paraíso, Agora! Hany Abu-Assad, 2005

2ª, 3ª, 4ª, 5ª, 6ª, sábado (pum, pum), domingo

O dia de maior movimento no blog é sempre às terças feiras. Como é também dia de Feira da Ladra, faz-me pensar que anda por aí muita gente à procura de pechinchas virtuais.

18m2

imagem aqui

Multiplicando o comprimento pela largura, apuro a superfície da minha vida: 18m2.
Onde é que encafuo o resto que sonhei?

27 setembro 2006

Erro

Murder is always a mistake. One should never do anything that one cannot talk about over dinner.
Oscar Wilde, The Picture of Dorian Gray

O anúncio do tempo



Durante alguns anos vivi sem estações do ano, passei anos em constante verão e outros em constante outono, um e outro sempre com chuvas e tempestades frequentes e intensas. Já não me lembrava que nesta época passamos por dias de sol esmagador a momentos e dias de chuva, depois outra vez dias de sol, e que a temperatura varia, descendo e subindo, como se nos desse tempo para tomar consciência da nova estação e despedir-nos, preparando-nos para o inevitável outono que já traz atrás de si o inverno.

Tinha saudades da passagem das estações.

Artigo 3

Memórias do cárcere


Moazzam Begg, cidadão britânico de ascendência paquistanesa, esteve detido durante três anos em bases aéreas americanas e Guantanamo. Libertado em Janeiro de 2005, escreveu com Victoria Brittain o livro Enemy Combatant: My Imprisionment at Guantanamo, Bagram and Kandahar. Enquanto o livro não chega, aqui fica esta entrevista.

26 setembro 2006

Serviço informativo

Os dicionários de nomes próprios também mudam, vejam esta noticia na página do ACIME:
"Os imigrantes estão a revolucionar a legislação portuguesa, que não admite grande criatividade na escolha do nome dos próprios filhos.
"Átila", "Gildásio" e "Miqueias" são alguns dos novos nomes permitidos pela primeira vez este ano. Até ao dia 15 de Julho deste ano, a Direcção-Geral dos Registos e Notariado autorizou 18 novos nomes. A lista começa com "Adiel" e termina com "Umbelina". Pelo meio, surge uma "Lira" e um "Evangelino".

Para o antropólogo do Instituto de Ciências Sociais (ICS), João Pina Cabral, a revolução no conservador mundo onomástico português deve-se essencialmente aos imigrantes que nos últimos anos escolheram Portugal para viver. Segundo referiu o professor, responsável pelo Simpósio Internacional sobre Nomes, com início a 27 de Setembro no ICS, em Lisboa a lei portuguesa, bastante limitativa, foi defendida pelas camadas sociais mais altas segundo a noção de que as pessoas deveriam ser protegidas. As regras de nomeação onomástica surgiram na década de 30 do século passado, no início do período Salazarista e da implementação das leis do Registo Civil, fazendo com que os nomes portugueses se repetissem até à exaustão.
Pina Cabral vê com bons olhos o caminho que nos últimos anos foi sendo desbravado pelos imigrantes, defendendo que as pessoas devem ter liberdade para pôr aos seus filhos o nome que querem e que a lei não tem o direito de o impedir."
Será que já posso baptizar o meu próximo filho de Caetano USANavy, em homenagem ao seu avô americano de origem brasileira que há muito tempo atrás se perdeu e encontrou por poucos dias pelas ruas desta cidade, e voltou a subir ao barco deixando para trás o ventre cheio de vida da minha avó africana e goesa que ainda tinha familia alemã?

Nem é por mim

Eu já tive a tua idade e sei o que é estar apaixonada, se calhar agora já não se nota mas o teu pai quando era novo fazia virar muitas cabeças, não que eu lhe ficasse atrás, que quando casei pesava 46 quilos, era uma rapariga bem jeitosa.

Bom, mas isto para dizer que te entendo, estar apaixonada, querer casar e ter filhos, Deus sabe que a única coisa que eu desejo é que tu sejas feliz. Mas tinha de ser logo com o Marco? Não vês que ele é mesmo diferente de nós? Está-se mesmo a ver como é que isso vai acabar. Podias namorar só, assim vias como era, esperas um bocado e vais ver que passa.

Pois é filha, tu farás como entenderes. Eu nem sou preconceituosa nem nada, por exemplo o teu amigo Ricardo sempre foi muito bem recebido cá em casa, tal como todos os outros, nunca o tratei de maneira diferente por causa da cor da pele dele e da sua religião (só me tinha de lembrar que para além das sanduiches de fiambre tinha de fazer uma boa quantidade das de queijo, que lá o deus ou o profeta ou lá o que é não os deixa comer porco, vá-se lá saber porquê, com o bom que é e o económico que fica, mas enfim).

É que não consigo compreender como é que pensas que vais ser feliz, com toda a gente a olhar para vocês, se tiverem filhos vai ser uma desgraça.

O teu pai, que tem um óptimo emprego no banco, até está à espera de ter aquela promoção até ao fim do ano, e está a fazer um grande trabalho lá na junta de freguesia. Achas mesmo que depois disto as pessoas vão querer votar nele para presidente? É o votas, se ele nem consegue pôr ordem em casa como é que se pode esperar que ponha ordem na freguesia?

Isto tudo para te dizer, que a vida é tua, e que se a queres atirar pelo cano do esgoto farás como entenderes, eu sou tua mãe e estarei sempre aqui para te apoiar. Mas olha, se não o fazes por mim ao menos pensa na tua avó, o que é que tu achas que a tua avó vai dizer? Dás-lhe um bisnetinho de cor e achas que ela fica contente? Achas que ela vai aceitar isso? Ai, se o teu avô fosse vivo ainda era bem capaz de te dar um par de galhetas.

Oh filha, mas porque é que não podes ser como a tua irmã, que casou com o Manel, que tem um bom emprego lá naquela empresa de computadores, os pais dele são aquilo que nós sabemos, e o irmão, o Pedro, até andou metido na droga e tudo, valha-nos santa eufigénia as dores de cabeça que ele deu à família, mas ele é um rapaz como deve ser, educado, trata bem a tua irmã e vem sempre visitar-nos ao domingo com ela. Achas mesmo que o Marco fazia a mesma coisa? Ele deve querer é estar com os da raça dele e levar-te para essas coisas, comidas esquisitas e assim.
E o que é que os outros vão pensar, minha nossa senhora? Os vizinhos, a família, os companheiros de trabalho do teu pai, as minhas amigas? Já pensaste no que nos vais fazer a todos nós? É que não é só a tua vida, é também a nossa. Mas tu nisto não pensaste, pois não?

Janela para a imbecilidade

Lá fora as praxes. Haverá vida inteligente na universidade?

25 setembro 2006

A sentença

Já não te via há que tempos quando nos encontrámos naquela festa. Aproveitaste um tema qualquer para começares a conversa, depois de duas linhas de diálogo vazias disseste o que eu não queria ouvir. Sinto a tua falta, tenho sentido tanto a tua falta. Esta minha falta de jeito para a vida sabes, lixa-me e lixa-nos. Mas tenho saudades tuas, não sei como tenho estado sem ti. Mal, muito mal.

Enfureço-me, grito-te, chamo-te nomes. Encolhes-te, dás-me razão, olhas-me. Enfureço-me ainda mais, ao menos dá-me um motivo que se veja. Nem tu sabes porque fazes as coisas que fazes. Ficamos parados a olhar um para o outro, naquele momento pensei em dar-te um estalo, em alternativa um beijo. Continuamos a olhar, o silêncio pesado é salvo pela passagem de um empregado que carrega uma pilha de pratos nas mãos. E se lhe atirasse um à cabeça?

Pensei que a tensão tivesse esmorecido, enquanto sigo com o olhar os pratos agarras-me pelo braço e enfias-me na copa, encostas-me contra uns caixotes. Com as mãos nos meus ombros, olhas-me por trás das lentes com a intensidade dos míopes e comunicas-me que não desististe, que não vais desistir de mim, que vais mudar tudo, vou ver, e que vamos ser felizes. Como nos livros infantis, pergunto-te. Não gozes, respondes com o olhar esmorecido. Tens queda para o melodrama, enxoto. É verdade Maria, a nossa história ainda não acabou. Não respondo, mesmo sabendo que é verdade.

Chamam por mim no corredor, querem cantar os parabéns. Por agora livro-me dele. Levo comigo a sentença das reticências.

24 setembro 2006

Americanos

Lá em cima, no apartamento, com vista sobre as cúpulas e torres brancas da cidade famosa, bem como sobre o seu arvoredo, eu entrava nas casas dos americanos e via-os limpar essas casas. Via-os limpar soalhos e pratos. Via-os comprar roupa e panos de pó, comprar automóveis e limpar automóveis. Via-os a limpar, sempre a limpar.
O efeito de toda esta televisão sobre mim era curioso. Se, por acaso, eu via um americano na rua, tentava logo integrá-lo, a ele ou a ela, num anúncio publicitário; e sentia que o tinha apanhado num intervalo entre os seus variados afazeres televisivos. E assim os americanos ficaram para mim, até certo ponto, como pessoas completamente reais, pessoas temporariamente ausentes da televisão.

V. S. Naipaul, Num país livre

23 setembro 2006

Partidas e chegadas

Dormimos abraçados, tu virado para cima, eu com a cabeça no teu ombro direito, o braço por cima do tronco agarrando-te do outro lado, uma perna esticada e a outra por cima das tuas. De vez em quando acordávamos com um membro dormente e mudávamos de posição. Eu de costas, tu abraçavas-me por trás, eu agarrava nas tuas mãos à frente da minha barriga. Ou tu de costas, eu abraçava-te pela cintura e colava o corpo ao teu; as minhas maminhas nas tuas costelas, o meu sexo no teu rabo, as minhas pernas a acompanharem as tuas. Ou de lado frente a frente, eu agarrada ao teu tronco, tu abraçando-me a cintura com o teu braço enorme, a mão aberta que me cobre a largura das costas. Os beijos, os sorrisos.
Deixei-te no aeroporto. Voltas para casa, volto para casa. Vejo-te passar no controlo de bagagens, ficamos a olhar um para o outro através do vidro muito tempo. Sorrio-te, pensando que àquela distância não podes ver as lágrimas que me escorrem pela cara. Sabes que as lágrimas estão lá, sei que as tuas também. Mas sorrimos.
Pago o parque, tiro o carro do estacionamento, acendo um cigarro. Venho-me embora com a sensação de ter uma pedrinha encastrada no ventrículo esquerdo.

22 setembro 2006

o amor também é político


O casamento é um contrato de amor, de convivência, de construção conjunta de projectos de vida. É uma aposta de vida em constante reajuste, e eterno até que termina.
Na Colômbia, Erwin e Alejandra todos os anos celebram e renovam o seu casamento, a sua aposta de vida.
Este é o texto inicial e as suas adendas.
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Colombia – Villa de Leiva – Agosto 24 de 2002

ACUERDO CIUDADANO PARA EL AMOR Y LA CONVIVENCIA

Este es un acuerdo escrito que busca ayudar a crecer y facilitar el amor entre Alejandra y Erwin Fabián. El fundamento principal de este acuerdo, y sobre lo cual sabemos que los seres humanos tenemos serias dificultades, es la búsqueda de la libertad individual, de relaciones donde la libertad sea un eje que permita que cada uno de nosotr@s siga caminando por la vida, cerca del otro, cumpliendo de manera radical con sus deseos y compromisos vitales.

Creemos que en nuestros proyectos de vida, tanto en lo ya recorrido, como en lo presente y lo que sentimos que serán en el futuro existe un hermoso equilibrio entre las cosas en que nos parecemos, nos diferenciamos y nos complementamos, especialmente en los tres temas prioritarios de nuestras vidas: el amor, el sexo y la política. Todo esto nos permite vivir una relación donde hay espacio para el crecimiento y las transformaciones, y sobre todo, para ayudarnos a ver otras formas de realidad.

Creemos que los procesos de crecimiento y transformación son difíciles, conflictivos y lentos, sin embargo nos hemos comprometido a crecer juntos buscando ser cada vez más tranquilos. Dicho en otras palabras, queremos ser cada vez lo más blandit@s posibles para facilitar especialmente esos momentos difíciles donde salen a flote las actitudes que menos nos gustan de nosotros mismos.

Para nosotr@s el amor es sinceridad, transparencia, conocimiento de nosotr@s mismos, aprendizaje, tolerancia, comprensión, ayuda, crítica, acompañamiento, autocrítica, escucha, pasión, deseo, cuidado, ansiedad, preocupación, convivencia, tristeza, dolor, soledad, felicidad, libertad, voluntad, dificultades......las intensidades de todas las características de nuestro amor las viviremos de muchas maneras y estaremos dispuest@s a entender los procesos del otr@ tratando de ayudar lo más posible para aportar a su felicidad y bienestar.

También creemos que el amor es el sentimiento que nos permite generar felicidad, seguridad y confianza a otra persona. Es la capacidad de creer y respetar firmemente la libertad de los demás. Es la posibilidad de reconocer las necesidades del otr@ y tratar de suplirlas sin olvidarse de uno mismo. Es proyectar el amor hacia uno mismo. Es encontrar unos ojos donde uno se ve como quiere ser. Es la capacidad de preguntarse a cada segundo qué queremos y cuándo lo queremos.

Creemos que la transparencia y la coherencia son dos de los principios más importantes tanto en el amor como en la política, por eso nos hemos comprometido a ayudarnos al máximo para poder vivir esos principios en las formas más radicales posibles, aun en circunstancias donde las grandes dificultades personales que se originen puedan afectar la relación de pareja.

(*) Creemos que por virtud de los valores democráticos de la civilización occidental, el hombre y la mujer han sido colocados en pie de igualdad, entendida esta, además de las obligaciones y derechos que ella implica, como otra condición esencial del amor, que es más verdadero entre iguales. Esta igualdad también garantiza el respeto mutuo, el cuidadoso manejo de las opiniones de cada uno y la inviolabilidad de la vida interior y permite, de mejor manera, analizar y superar los complejos problemas cotidianos de los tiempos que vivimos.(*)

Creemos que nuestro amor puede ser para toda la vida...es posible que nuestra construcción de pareja no.....pero si no podemos o no deseamos continuar nuestra relación de pareja haremos todos los esfuerzos necesarios para que nuestro amor continúe. Si en nuestra relación de pareja tenemos un hijo o una hija, asumiremos con seriedad dicha responsabilidad, y aun en la circunstancia de no seguir construyendo relación de pareja, asumiremos los compromisos que la paternidad y la maternidad implican, porque estamos convencidos de la importancia que tiene para un ser humano la relación con su padre y su madre.

Nos comprometemos a que cada seis meses mediante un rito especial leeremos una carta de amor mediante la cual reafirmamos nuestro deseo de continuar construyendo nuestra relación de pareja.....si el deseo de l@s dos o de uno de l@s dos es contrario también realizaremos ese rito especial donde nos comprometemos a hacer todo lo necesario para seguir queriéndonos sin seguir construyendo una relación de pareja.

Alejandra ya tiene decidido en su vida tener un@ hij@, Erwin Fabián esta cada vez acercándose más a esta posibilidad....... Estamos de acuerdo en que debemos hacer un reconocimiento especial a ese primer gran esfuerzo y aporte que realizará Alejandra para traer un nuevo ser a este mundo, por esto, cuando l@ tengamos el primer apellido será Jaramillo y el segundo apellido será García. Si decidimos acompañar y facilitar la vida de un segundo ser, será por adopción....creemos que esta es otra forma hermosa de ejercer nuestra solidaridad.

No creemos que la maternidad y la paternidad sean sinónimo permanente de sacrificios e incomodidades, recurriremos a todo el apoyo posible y necesario para ejercer estas tareas de las maneras más responsables, amorosas, fáciles y cómodas.

Estamos de acuerdo en que la exclusividad de nuestra relación no la podemos decretar....creemos que existe la posibilidad de que tengamos relaciones afectivas y sexuales con otras personas, esto sin embargo, no nos exime del dolor que estas situaciones conllevan. Por esto trataremos de protegernos al máximo de empezar otras relaciones. Nos comprometemos a procurar que si entramos en otras relaciones no pongan en riesgo la nuestra como la más intensa y principal. Además nos comprometemos a no involucrarnos en relaciones afectivas y sexuales con personas de nuestros entornos comunes, pero si por alguna situación inmanejable sucede, no lo haremos sin advertirnos previamente.

Hemos decidido mantener nuestros espacios de vivienda porque creemos que facilita la relación. Sabemos que lo económico puede llegar a ser una presión para unificar espacios, sin embargo, nos comprometemos a seguir intentando, por todos los medios posibles, mantener nuestro propio espacio de residencia, para cuando sintamos la necesidad de usarlos. Creemos que tener dos espacios de vivienda también nos facilitara una mejores relaciones maternales y paternales con nuestr@s muy posibles hij@s.

Todas las buenas energías que hoy estamos compartiendo, construyendo y potencializando en esta ceremonia nos ayudarán a todas y todos en nuestras vidas y nos ayudarán también a fortalecer y a aumentar nuestras actitudes no violentas y democráticas para construir un país más pacífico. Esta energía nos servirá a nosotr@s también para el cumplimiento de lo pactado en este acuerdo.

Te amo Alejandra.........Te amo Erwin Fabián
ADENDAS (de 2003 a 2006)
El nacimiento de Matías, su gestación y ahora el acompañamiento que hacemos para su crecimiento, ha implicado algunos cambios en nuestra forma de vida, y sobre todo, apelar a lo dicho en nuestro acuerdo de casamiento, para reconocer las necesidades del otro, sabiendo que ahora somos tres otros –Matías, Alejandra, Erwin Fabián-. Nuestra decisión de estar lo más cerca posible del día a día de Matías, nos llevó a renunciar a oportunidades de ingresos, por ello tomamos la determinación de unir espacios por ahora.

Durante el embarazo y en los primeros meses después de nacer Matías, acordamos exclusividad sexual, debido a los cambios que el cuerpo de Alejandra estaba sufriendo. Creíamos que era importante que hubiera equidad en el uso del cuerpo.

Hemos entendido, ante todo, y esto ha significado una mayor entrega de la imaginada en nuestro acuerdo, que lo más importante es que las dos personas en la pareja estén en igualdad de oportunidades, así, hemos asumido la lactancia como una labor conjunta, que por supuesto nos implica restricciones, pero que nos hace sentir más equitativos, no queríamos repetir la historia de la mayoría de las mujeres de la historia, que mientras lactan, sus maridos se desentienden de los límites que imponen las condiciones de vida que esa mujer está viviendo. Por eso, podemos seguir llamándonos una pareja lactante.

Hay un otrosí que no ha sido negociado pero que ha sucedido. Erwin Fabián expresó muy claramente desde el principio su necesidad de tener comodidades, sin embargo, los dos las hemos dejado bastante de lado para acompañar a Matías, pues sólo después de su nacimiento pudimos entender que cada acción: cambiar un pañal, bañarlo, limpiarlo, alimentarlo, jugar con él, es la mejor manera de darle amor y sostener con él una amistad fuerte y confiable, así, Erwin Fabián, ha cedido muchas más comodidades de las que imaginábamos y disfruta notoriamente al realizar cualquiera de esas acciones que antes parecían atentar contra la comodidad.

No hemos podido cumplir con el cambio del orden de los apellidos de Matías, como estaba propuesto en el acuerdo, pues las leyes patriarcales de este país no lo permiten, sin embargo hemos dado la pelea política y jurídica y continuaremos haciéndolo.

Desejo para o que nos resta deste ano

Quero voltar a ter os olhos grandes...

Aviso gripe das aves

O Centro Nacional de Controlo de Doenças Epidemiológicas (CNCDE) emitiu a lista dos sinais de alerta para a febre aviária.

Se você tiver algum dos sintomas abaixo, procure assistência médica imediatamente:
1. Febre alta
2. Congestão nasal
3. Náusea
4. Fadiga
5. Uma irresistível vontade de cagar nos pára-brisas de carros.

Lição de fisiologia


Imagem daqui

Entendem cordatos fisiologistas que o amor, em certos casos, é uma depravação do nervo óptico.
Camilo Castelo Branco, Coração, Cabeça e Estômago

Afonia

19 setembro 2006

Tás a ver

estás a ver a vida como ela é...

http://youtube.com/watch?v=g97gQ9uJh5w&mode=related&search=

O fenómeno Penélope

imagem aqui

Não é a Penélope Cruz de 'Volver' (ou a ex de Tom Cruise, como queiram) nem a Penélope, mulher de Ulisses. É uma 'lenda' dos anos 80. Afinal, quem não se lembra, nesses anos, de circular nas estradas e de - carro sim, carro não - encontrar um destes autocolantes pespegado na traseira de tantos e tantos veículos?
Esta figura feminina de cabelos compridos e chapéu também dá pelo nome de Penélope e há uma espécie de nevoeiro quanto à sua origem: há quem diga que o autocolante era publicidade a uma discoteca espanhola. Tentei confirmar esta hipótese na net, mas fui dar com o emblema num site de tuning, onde se pode comprar o peganhoso pela 'módica' quantia de 9,90€.
Para mim, a equação é simples: o autocolante tinha efectivamente um fito publicitário. De mera publicidade passou a moda automobilística que extravazou fronteiras, a avaliar pelo adesão dos portugueses ao dito autocolante.
Como qualquer fenómeno de moda (vulgarmente pautado pelo efémero), a Penélope deixou de ser vista, ou seja, passou de moda. Encontrei-a um destes dias numa estrada qualquer, num carro qualquer. Abstenho-me de mais considerações. A semiologia explica o resto.

18 setembro 2006

Serviço informativo

Lendo o "corriere della sera" online deparo-me com a notícia de um senhor chinês de 44 anos a quem fizeram um transplante de pénis.
Depois de um acidente não especificado, o senhor queixava-se de que não conseguia urinar nem ter uma vida sexual normal, ofereceram-lhe então um membro de 10 cm de outro que se encontra em coma irreversível (se revertesse imaginem a surpresa ao acordar). No entanto, depois de duas semanas de experiência, pediu que lho tirassem porque "não o sentia como seu" (sic).
A mim parece-me que mais vale um pénis na mão que dois a voar, mas faça como quiser.

O espaço da 'desimaginação'

Nada de textos, nada de fotos ou imagens, nada de poemas, nada de citações.
Assim estou eu e o blogue hoje, desimaginados, desinspirados.

P.S. E com uma neura de fazer melancolia aos móveis.

17 setembro 2006

ROUTE 66



Imagem aqui

Faz hoje 10 anos que voltei de uma das mais lendárias viagens: a Route 66, estrada que percorre (quase) coast to coast os E.U.A. Não a fiz, no entanto, do princípio ao fim.

A estrada é interrompida por outras estradas principais, mas vale a pena o esforço acrescido de leitura dos mapas. E a teimosia em querer percorrê-la. O deserto do Arizona, o Grand Canyon, Nevada e Las Vegas, a entrada triunfal em Los Angeles pela Sunset Boulevard. Houve mais caminho a seguir, mas esse já não conta (pelo menos no itinerário da mítica estrada).

Assinalo apenas o regresso: uma noite em branco no areoporto de San Diego, na companhia de 'New York Trilogy', de Paul Auster.

Those were the days...

16 setembro 2006

Volver


Volver, Pedro Almodóvar, 2006.

Dúvida

Quando vejo o Isaltino Morais na televisão a vociferar "Tudo isso é uma falsa mentira!", o que devo eu concluir?

o saque

-'Tá escuro aqui.
-Segue...
-Fred...
-Segue... não pares.
Os vidros estilhaçados sob os pés dela dificultavam o andar e tinha a certeza que sentia alguns espetados nas fracas solas de borracha dos seus ténis. Acabara-se a pilha da lanterna, ironicamente ali mesmo dentro da loja de conveniência onde nem sequer podia procurar mais pilhas porque não via um palmo à frente da cara e era constantemente encandeada pela luz das lanternas das outras pessoas. Atirou a sua para dentro de um dos quatro sacos que carregava nas mãos. Quando olhava para trás não via Fred, tapado pelo enorme caixote que transportava, somente os seus pés cautelosos caminhando ainda mais devagar do que os dela. Mais ninguém se movia a esta velocidade. Até à saída do estabelecimento, os gritos de histerismo, uma amálgama de medo, stress e alegria vazia de qualquer discernimento afundavam-se nos seus ouvidos e a correria dos caixotes que os iam atropelando pelo caminho parecia não ter fim. O ar da rua apanhou-a de frente ao cruzar a saída e engoliu uma golfada de ar como se fosse limonada fresca. Ali já conseguia ver o caminho à sua frente, cortesia das luzes dos carros da polícia, de portas escancaradas e espalhados por todo o quarteirão. Os membros das forças policiais pareciam tão lívidos quanto ela, tinham as armas mas não o número e com a fraqueza assim exposta eram apedrejados e pontapeados em todos os lugares por onde passavam e se tentavam impor. Um enjoo descomunal começou a subir-lhe do ventre saliente até à garganta sem pré-aviso.
-Fred...
- Não pares mulher, não falta muito
Ela engoliu em seco. Alguém disparava tiros para o ar e em todas as direcções e Fred empurrava-a com o caixote encostando-o aos seus rins para que caminhasse mais depressa. Gritos aflitivos de mulheres. Uma pedra atingia violentamente o caixote que Fred levava.
-Eu estou bem, gritou lá de trás, não me acertou, continua, estamos quase lá.
Uns metros à frente deles caía um rapazote no chão com um gemido de derrota tão violento que os seus tímpanos quiseram explodir. Alguém da família do rapaz, provavelmente a mãe, em gritos intensos de agonia, tentava arrastá-lo do meio da estrada para qualquer recanto mais seguro puxando-o por um braço mas as suas forças para aguentar com um peso morto eram escassas e o rapaz retorcia-se com dores e gritava com ela tentando dissuadi-la, mandando-a fugir para casa. Outro tiro saído da escuridão mais profunda e a senhora também caiu, postrada, como um pedragulho inerte. O rapaz não disse nada, libertou-se da mão que ainda lhe agarrava o pulso e encolheu-se numa posição fetal.
-Não olhes amor, não olhes, são só mais uns metros até ao carro, implorou Fred sentido-lhe os tremores no corpo.
Ela sentiu uma enorme dor no ventre ao mesmo tempo que tentava conter os vómitos.
-Está ali o nosso carro amor, consigo vê-lo daqui.
Sim, ali estava o carro, de portas escancaradas e vidros partidos como todos os outros. Ela pousou os sacos no chão pensando que ia morrer logo ali mas Fred cortou-lhe a alucinação com um gritinho optimista.
-Não furaram os pneus!
Agarrou num dos seus sacos despejando todo o seu conteúdo em cima do banco traseiro e colocou o saco vazio por cima do banco da frente para ela se sentar sem apanhar vidros. Fechou as portas e esperou dois segundos para ver se era seguro antes de tirar as chaves do bolso das calças.
-Vamos sair daqui, já acabou amor.
O ar navegava sem Timoneiro dentro do carro que se deslocava como podia ao longo da Avenida, desviando-se do arsenal de electrodomésticos, mobiliário, corpos sentados, deitados, em pé sempre acompanhados com o background sonoro das sirenes da polícia e das ambulâncias mas sabia-lhe bem. Uma estranha indiferença apoderara-se do seu raciocínio lógico. Só queria chegar a casa. Evadir-se daquele corpo estrangeiro que lhe doía incessantemente. Fred ostentava um ar vitorioso nas faces rosadas. Sentiu-se adormecer no embalo do caminho. Acordou no sofá da sala. Fred ligava o enorme aparelho de Tv com grande aparato de satisfação. Olhou-a nos olhos e correu até à cozinha aparecendo com um enorme copo de leite quente e uma torrada.
-Para ti...
A luz voltara. Quente como o cobertor eléctrico que te enrola os pés e te faz acreditar que o Inverno nem está lá fora.
As notícias que passavam no enorme écran do televisor novo eram aterradoras. As míseras horas que haviam passado mostravam séculos de história, valores e costumes a cairem como cereais dentro duma taça de leite. O sistema trémulo, onde apenas o medo parecia decretar as "boas" acções. Tinha sido o maior Blackout de sempre. Agora era tempo de reconstrução.
-Fred...
-Diz amor.
- Nós somos isto?, perguntou ela apontando para a televisão.
- Nem sempre amor. Descansa.

15 setembro 2006

Parece que preciso dum GPS

Ó senhor presidente da academia, então explique-me lá a coisa. Eu vou ali até á Praça de Espanha não é, assim como quem quer ir para a Avenida de Berna direito às Olaias e assim muito de repente distraio-me por dois segundinhos e em vez de cortar á direita para contornar a Rotunda dou comigo a seguir em frente. Não há problema, penso eu, crédula que nem um perú antes de ser trinchado para a ceia de Natal, faço já inversão de marcha ali á frente, ali mesmo á frente, espera, não aqui não dá, isto é a entrada dum hotel, deve ser um bocadinho mais á frente, não há crise nenhuma, penso eu, até porque já percebi que cortando ali mais á frente á direita e depois à esquerda posso de novo apanhar o cruzamento com a avenida de Berna. Perfeito. Não era? Doce ilusão. Não podia virar ali á esquerda nesse cruzamento, tinha que cortar para a direita e seguir ao longo da Alameda Cardeal Cerejeira toda até finalmente chegar lá ao cimo onde poderia enfim cortar á direita na R.Castilho e de novo á direita entrando na Marquês da Fronteira, sentido descendente até ao Corte Inglês onde, todo o meu sentido de lógica me dizia que finalmente haveria maneira de poder virar para a esquerda.
Porque, senhor presidente, eu só queria era poder virar para a esquerda algures, percebe? Era uma simples inversão de marcha compreende? Não, não deve compreender porque a verdade é que, mesmo parecendo contrair todas as leis fisicas que definem o simples conceito de círculo, ali no Corte Inglês era de novo impossível virar á esquerda para voltar a apanhar a Praça de Espanha por isso fui obrigada a passar todos os cruzamentos do Saldanha e seus respectivos semáforos até á Marquês de Tomar onde a esperança finalmente se tornou uma realidade e pude virar á esquerda e depois á direita chegando então ao meu primeiro destino que era a Avenida de Berna. Não tivesse eu posto dez euros de gasosa no veículo antes de me fazer á estrada e se calhar ainda tinha que voltar a fazer de novo todo o sentido inverso em busca duma bomba de gasolina, isto é se conseguisse fazer inversão de marcha, claro.
...

Ora explique-me lá como é que um gajo sai de casa direito á Praça de Espanha e quase acaba numa visita turística á Ponta de Sagres sem sequer saber como nem porquê?. E nós a achar que promoviamos mal o país. Ou anda a tentar passar mensagens subliminares ao pessoal? Recebe comissão na venda de GPS's é?

Respeitinho é muito bonito

Regressando a casa com uns sacos de compras passo por um prédio em obras. Oiço o assobio da praxe, mas mulher séria não tem ouvidos e sigo impassível. Oiço então um trabalhador para outro: "olha que boa aquela senhora".

Previsões

Não conheço a doutrina da Igreja Maná, mas o facto do café de sua propriedade e gestão, localizado debaixo dos respectivos estudios de televisão e rádio, se chamar "APOCALIPSE NOW" não me parece augurar nada de bom.

Não, obrigado

Insistem em mandar-me mails a avisar que o meu empréstimo já foi aprovado, que me foi atribuído um novo laptop, que têm uma medalha mágica para me oferecer, que têm a receita para alargar o meu pénis e que vendem viagra a preço de saldo.
Será que os spamers acreditam mesmo que alguém abre aqueles mails?

You're my cup of tea

É sabido que os ingleses gostam muito de chá, mas há pouco tempo descobri que usam mesmo a expressão “é a minha chávena de chá” para designar uma coisa de que gostam muito. Da mesma forma, uma maneira elegante de se dizer que não se gosta é dizer “não é a minha chávena de chá” (it’s not my cup of tea).

Se os portugueses se lembrassem de fazer analogias com o mesmo fim, o que é que usariam:
- és o meu café curto com dois pacotes de açúcar
- és a minha meia de leite de máquina
- és o meu pingado escuro escaldado em chávena fria
- és o meu quarto de vigor fresquinho
?

Amor alinhavado

Vejo-te ao longe e nem dás por mim, sou aquela que recebe as roupas e as devolve com um sorriso de pespontos e bainhas subidas. Vou por isso inventar-me aqui, corsária sem medo num barco solitário feito desta terrina herdada de não me lembro quem, vou desencantar mapas de navegação que me salvem dos rochedos das rugas do tapete e das tempestades do soalho, vou abordar por estibordo aquele navio do cesto de costura e esvaziá-lo dos tesouros imensos que transporta. Vou construir uma vela que me faça atravessar este tapete verde para chegar até ti diferente de mim, uma outra que seja mais do que a costureira sem história e sem idade que te olha à distância de um sorriso.

Palavras sábias da minha avó

Quem tem cu, tem medo...

Só a bailarina é que não tem


Todo mundo tem
um irmão meio zarolho
Só a bailarina que não tem
Nem unha encardida
Nem dente com comida
Nem casca de ferida ela não tem
Não livra ninguém
Todo mundo tem remela
Quando acorda às seis da matina
Teve escarlatina
ou tem febre amarela
Só a bailarina que não tem
Medo de subir, gente
Medo de cair, gente
Medo de vertigem
Quem não tem
(Chico Buarque/Edu Lobo)

14 setembro 2006

Amazónia


Sinuosos caminhos neste mundo em movimento... Ler aqui

Para acabar de vez com o estereótipo

Ideal-tipo.

(livra, que já não posso ver/ler a palavra...)

13 setembro 2006

Humano



Adam was human; he didn't want the apple for the apple's sake; he wanted it because it was forbidden.

Mark Twain

12 setembro 2006

Amor cavador

Sempre me disseram que não se faz queixinhas, mas não consigo evitar as palavras que me enchem a boca para te dizer que estou infeliz e a culpa é dele, daquele homem que tantas vezes é o que eu quero que seja mas que de repente se senta à mesa numa pressa brusca de camponês, sorve a sopa, ignora o guardanapo, daquele homem que tantas vezes diz o que eu quero ouvir e de repente é tomado de uma fúria mansa que cresce sem eu saber como até acertar aqui onde a cara e coração acabam cavados pela sua mão.

Os pequenos momentos

Sou fanática pelo Jerry Seinfeld. E faço até publicidade. Meti como mensagem do meu voice mail uma cantilena interpretada pelo personagem George Costanza. Isto já foi há tanto tempo que acabei por me esquecer o que tinha escolhido para lá meter. Ontem não pude atender o telefonema de uma querida amiga e passado um bocado recebo um mail a dizer assim:

Querida amiga do meu coração, acabei de te deixar uma mensagem no voice mail
(espero que seja o teu, tem uma mensagem meia fanhosa com uma música que se
ouve mal e no princípio parecia o genérico do "quando o telefone toca" mas afinal era
cantado em inglês)

Isto para dizer que uma pessoa até pode estar contente ou chateada, mas há pequenos momentos da vida tão desconcertantes que fazem tudo valer a pena. Passei meia hora a rir-me cada vez que me lembrava deste mail. Ela sem querer acabou por fazer uma descrição do tema tão espirituosa que também podia fazer parte de um argumento de episódio do meu Seinfeld. Achei hilariante e teve o condão de me deixar bem disposta o resto do dia. Vivam os pequenos momentos que nos fazem rir mesmo sem razão nenhuma especial. Apeteceu-me dizer isto.

Preciso de verdade e de aspirina

imagem aqui
Tenho uma grande constipação,
E toda a gente sabe como as grandes constipações
Alteram todo o sistema do universo
Zangam-nos contra a vida
E fazem espirrar até à metafísica.
Tenho o dia perdido cheio de me assoar.
Dói-me a cabeça indistintamente.

Não estarei bem se não me deitar na cama.
Nunca estive bem senão deitando-me no universo.
Que grande constipação física!
Preciso de verdade e de aspirina.

Álvaros de Campos

Alguém o viu?


Se o virem digam-lhe por favor que esta vida são dois dias e o carnaval são três.

11 setembro 2006

A inveja é uma coisa muito feia

A inveja é uma coisa muito feia, mas a verdade é que gostava de conseguir soltar as palavras que estão presas cá dentro, deixar de ser carcereira de mim mesma e libertá-las nesta folha em branco que só existe no ecrã à minha frente, sem me importar com o estilo o argumento a forma ou a carne, livrar-me dos ossos e das espinhas que estão dentro da minha cabeça e me prendem a um silêncio estéril povoado de medos, deste silêncio de onde não saem mais do que monossílabos existenciais e hesitações gramaticais. A inveja é uma coisa muito feia, mas a verdade é que estou cansada de estar sentada nesta cadeira de mutismo em que vivo e que escondo atrás das cambalhotas e saltos mortais que os outros vêem mas que não passam de uma encenação que não me larga, que não deixo que me largue, que se calhar não quero largar, uma encenação que me torna aos olhos de todos uma pessoa normal com uma vida normal, uma encenação que é talvez a minha mais grandiosa vitória.

Bufos

Depois do 11 de Setembro, num acesso de controlo tardio, Bush decidiu ser informado sobre qualquer possivel ataque, mesmo sem passar pelo crivo dos assistentes.
Um dia instalou-se o pânico com a informação de que haveria uma bomba nuclear dentro de um comboio que ia de Pittsburg para a Peninsilvania, até que os serviços secretos conseguiram descobrir que a fonte de tão perigoso evento era um falso alarme de alguém que tinha ouvido uma conversa entre dois homens num urinol na Ucrânia. A expressão "as paredes têm ouvidos" voltou a fazer todo o sentido.
Lembro-me que algures em Setembro de 2001, já depois do ataque, apanhei um avião para Veneza via Paris, e o rapaz que controlava as bagagens de mão em Charles de Gaulle descobriu-me a tesoura das unhas dentro da carteira. Em vez de ma apreender como era obrigatório, decidiu convidar-me para jantar, convite que declinei com um sorriso, mas contente por não perder a minha tesoura predilecta.
Comentei com os meus amigos o sucedido, dizendo que para os terroristas era uma óptima ideia passarem a usar raparigas europeias com boa apresentação.
Ao descobrir que os ataques em Londres estavam a ser preparados usando agentes europeus, muitos dos quais mulheres, pergunto-me: qual dos meus amigos é que se chibou?

Agora só me resta sonhar

Enquanto meditava sobre as dores inventadas e as reais, uma amiga telefonou-me com uma excelente panaceia: um convite para o concerto da Marisa Monte.
Fomos cedo e aproveitámos para pôr a conversa em dia enquanto víamos o coliseu encher-se de pessoas.
Em vários sítios havia cartazes a anunciar a proibição de captação de imagens durante o concerto, tal como no bilhete. No entanto, mal começou o espectáculo e mesmo durante a primeira música tocada na total escuridão, dezenas de ousados sacaram de máquinas fotográficas e telemóveis e tiravam alegremente "para mais tarde recordar" fotografias com flash. A dada altura até houve um senhor mais audaz que se aventurou pela coxia fora e tirou um close up (será que a Marisa estava pronta?).
Ao contrário do que seria de esperar, e apesar dos aturados avisos, não houve uma alminha da organização e gestão do evento que tomasse providências contra o assunto.
Quando fomos buscar o carro ao parque subterrâneo estávamos todas contentes pensando que nos livraríamos da bicha para sair porque tínhamos a mágica via verde. Nada mais errado; as pessoas desataram a tirar os carros mais rápido do que se tivesse sido accionado o alarme de incêndio, e como era necessário dar a volta ao bilhar grande para cumprir a ordem de saída, a maioria teve a esperteza saloia de passar no meio dos buracos deixados pelos carros que já tinham saído para passar à frente de tontas como nós que decidimos esperar pacientemente pela nossa vez, o que nos custou mais de 30 minutos da nossa vida dentro de uma garagem a tresandar a dióxido de carbono.
É certo que as pessoas deitam menos lixo para o chão, e que quase não se vê gente a cuspir para os passeios. Mas lá que continuo a ter de fazer slalom entre as cacas dos cães pela minha rua e a ter de impôr a minha presença numa bicha para não ser ultrapassada pelo "distraído" que não tinha percebido que havia uma ordem de chegada, continuo.
E é por estas e por outras que me enervo com os meus conterrâneos. Porque a vida seria melhor para todos se se fosse mais cívico, e se se cumprissem as normas impostas simplesmente por isso e não pelo medo das represálias. Pelo respeito pelos outros, que é também respeito pelo próprio.
Tirando isso, o concerto da Marisa Monte foi bestial, incluindo a gaiola ecologicamente correcta - uma intervenção artística com dois cubos encarnados que flutuavam à custa de uma corrente de ar numa bonita gaiola de metal, e que acompanhou o samba "meu canário". Umas horas de prazer.

palavra por palavra

em deambulações pela blogosfera fui trasportada para um texto que me deu uma enorme vontade de memorizá-lo para contá-lo palavra por palavra ao meu amor...

09 setembro 2006

Dores

Às dores inventadas
prefere as reais.
Doem muito menos
Ou então muito mais...

Alexandre O'Neill, No reino da Dinamarca (1958)

Crime e castigo

Quando dizemos e fazemos coisas sob o efeito do alcool, o pior castigo é lembrarmo-nos de tudo no dia seguinte.

08 setembro 2006


A propósito de toda a polémica em torno à questão do Irão poder ou não poder produzir material nuclear para fins pacíficos, fica-me a dúvida se a questão é para que nenhum país produza material nuclear, passível de ser transformado em armas nucleares, ou para que só o Irão, por ser menos país que os outros, não produza este material.
E agora que os Estados reconhecem erros históricos e pedem desculpas de país a país, pensei se alguma vez os Estados Unidos terão pedido desculpas históricas aos japoneses por terem destruido a cidade de Hiroshima por muitas e muitas gerações. Se algum dos/as leitores/as mais informados souber algo sobre o assunto, solicita-se esclarecimento.

Este mortal aborrecimento que me vem quando estou contigo*

foto aqui
Desenganem-se: a conjugalidade é uma seca.
Não levo jeito nenhum para isto.
* Ce mortel ennui, Serge Gainsbourg, 1962.

Podes não saber cantar, nem sequer assobiar

O Huang Yi Xin e o Wei Wei são dois estudantes que vivem numa residência universitária. São fans dos Backstreet boys e nos seus tempos de ócio (ou em vez de estudarem para os exames) dedicam-se a decorar foneticamente (porque não sabem uma palavra de inglês) as letras das músicas e a gravarem-se com uma web cam a fazerem números em play back daqueles artistas. Escolheram chamar-se Back Dorm Boys.
Tornaram-se famosos e até já foram convidados para irem mostrar as suas habilidades na televisão. Ora vejam porquê...
(por um raro mistério informático não estou a conseguir pôr aqui directamente o video. Reparem no companheiro de quarto deles na parte de trás, que continua impávido e sereno a trabalhar ao computador)

Um argumento

07 setembro 2006

My dad went to New York and all I got was this lousy bumper sticker

Páro no semáforo. O carro à minha frente ostenta um rectângulo branco com uma escrita a preto "abafa chamas incluído". Será informativo ou os criativos do autocolante perderam de vez o sentido de humor?

06 setembro 2006

A vida faz-se

Muito bonoite, senhoras e senhores,
Muito bonoite meninos e meninas,
muito bonoite manuéis e joaquinas
e perdoem-me as pessoas que ficaram esquecidas
Bonoite amigos, companheiros, camaradas
a vida é feita de pequenos nadas
a vida é feita de pequenos nadas
Sergio Godinho
E porque Gisberta continuamos a ser todos e todas, armem-se de disposição para ler e vão a este mundo perfeito por possível, entender por viva voz quem é Giberta , Filipa, L., , eu, você, nós.

Opsss

cartoon daqui
Apesar de o direito internacional humanitário proibir às forças de guerra atacar a população civil, isto acontece frequentemente e é chamado em linguagem militar como “danos colaterais”.
Uma das muitas vezes em que mo fizeram recordar foi outro dia, quando estava a ver o noticiário num dos 4 canais a que temos acesso sem pagar nada extra. Contavam, num tom "neutral", quase como quem comenta a situação do aumento do repolho em Idanha a Nova, o ataque a um prédio na Palestina, mostrando as imagens toda uma parafernália militar e de construção civil israelita preparar-se para destruir um prédio inteiro (onde vivia essencialmente população civil) para capturar um líder palestiano vivo, ou de preferência já morto.
Confirmo o canal. Não é o Hollywood, não, afinal nem tenho TV Cabo.
Será que eu acredito que estes actos de guerra, de barbárie descontrolada, alguma vez estarão no banco dos réus do Tribunal Penal Internacional?

Lugar comum

Numa caixa de comentários mais abaixo desdenharam-se os estereótipos. Respondo com uma posta lugar comum.

Quem terá ficado mais feliz por ter descoberto este blog por mero acaso, quando na realidade procurava informações sobre:
- "paciencia spider quatro naipes dicas"
- "musica do ruca (canal panda)"
- "feijoada vegetariana desidratada"
- "Esquema do Sistema Digestório de Mamutes"
- "palpites de numeros para o euromilhoes"

05 setembro 2006

Apelo à reprodução

Leio um artigo sobre a quebra da natalidade no mundo. No mundo mesmo, em todos os continentes aumenta a uma taxa aterradora o número de pessoas sem filhos - vá-se lá saber porquê contabilizam as "mulheres", como se sendo a incubadora fossem as únicas responsáveis. Salvam a mão numa parte mais à frente do artigo em que dizem que são maioritariamente os homens que não querem crescer e multiplicar (a ordem dos factores neste caso é mesmo arbitrária).
Avançam as mais variadas explicações, desde a carreira, o tempo livre, o aumento de poder económico que vem com a ausência de crianças para alimentar, vestir e educar. Dizem que sem ser em alturas de guerra ou de extrema pobreza é um feito nunca visto, e ainda mais espantoso porque não está relacionado com um tipo de cultura ou sociedade em particular.
Eu olho para as pessoas que conheço e verifico que a maioria não tem filhos, ou exibe a módica quantia de um por casal (e na sua maioria são casais já separados). Uma das minhas primas estraga-me a estatística porque espera a todo o momento o nascimento da quarta criatura do mesmo homem, com quem está desde os 15 anos (há uma catrefada de anos, portanto).
Ter filhos deve dar uma trabalheira monstra, mas uma amiga minha garante-me que só custam os primeiros 20 anos. E, como todos sabemos, 20 anos passam a correr, uma pessoa distrai-se e pimba, já está nos 30 e a somar.
Já que não temos reis nem rainhas para darem o exemplo de multiplicação, e como os nossos líderes políticos não são bitola em termos de vida pessoal, vejamos as revistas cor de rosa que vendem mais que qualquer jornal ou revista de referência em Portugal: a Bárbara Guimarães e o Manuel Carrilho, a Catarina Furtado e o João Reis, a Fernanda Serrano e o Pedro Miguel Ramos, a Marisa Cruz e o João Pinto, a Isabel Figueiras e o César Peixoto.
Se até o José Castelo Branco conseguiu deixar descendência, quem somos nós para nos ficarmos atrás?!

O lápis azul disfarçado


Vamos lá tirar o ocaso amoroso do início desta página, já lá esteve dias que cheguem.

Em caso de reclamação, faça o favor de tirar a senha amarela e dirigir-se à caixa de comentários.


02 setembro 2006

OCASO AMOROSO

imagem aqui
No worry.
Afinal dizem que vêm aí os dv's, os tablóides em formato 'berliner', a concorrência a 2€.
Mas ... c'um caraças. Há páginas que custam virar.

Voo 93

Uma vez pensei que ia morrer, sem mariquices nem hipocondrias. Para além do medo e da falta de vontade de me ir já embora, só me vinham à cabeça as caras das pessoas de quem gosto e a urgência em lembrar-lhes o amor que lhes tenho.
Se na iminência do fim ninguém pensa na carreira nem na conta bancária, porque é que andamos todos com merdas?