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01 junho 2010

sssssaaaaaaaaaaalttaaaaaaaaa!!!

Hoje, ao ver o desafio de que já me tinha esquecido, só me lembrava das descidas vertiginosas na rampa do portão do colégio. Nas pistas que fazíamos com canas e mochilas e casacos. Das pernas todas escalavradas, dos collants empapados em sangue e terra e das malhas quase enterradas na rótula. Elas de patins, eles de skate. E todos os dias limpava os meus lindos, de metal cromado e couro vermelho. Tratava deles com todo o cuidado do mundo, porque um tinha preenchido a quota dos presentes de anos e o outro a dos presentes de Natal.


Quanto chegar a vez de elas se magoarem, vou ter de me lembrar da alegria de andar rota e esfolada. Do orgulho de conseguir saltar por cima das varas e aterrar do outro lado.

Um par de patins virtuais

O hoje, o ontem e o amanhã tinham cessado a sua existência e conviviam paralelos no universo virtual do Second lie. Ela e ele. Ele e ela. Ela e ele e ele e ela, o amor garantido para todo o sempre, até que a morte nos separe, ámen.
O nome dela era Sandra no mundo virtual. No mundo real era casada, vivia com o marido com quem partilhava uma filha em comum. A vida era monótona até aparecer o Second life e ainda mais monótona até ele aparecer, o avatar que foi capaz de a ressuscitar das trevas e num curto espaço de meses, a fazer esquecer tudo e querer deixar tudo para trás por ele, inclusive o fruto do seu próprio ventre.
O nome dele era DJ39 no mundo virtual. No mundo real, ele nem sequer vivia em Portugal e  precisava urgentemente de dinheiro para poder pagar a viagem de avião que o traria para os braços dela. Sandra enviou-lhe o dinheiro, crente, crente, tão crente daquele amor. O marido percebeu as horas enfiadas frente ao écran, até ela não o poder negar mais, os pais dela perceberam a mudança drástica da filha e cortaram relações. O marido prometeu ficar com a custódia da filha e metê-la fora de casa. Ela nunca recuou. Nunca recuou. Até ao dia em que se apercebeu que ele, o seu grande amor, a pessoa que a tinha feito sentir coisas que ela nunca antes sentira, o avatar DJ39, lhe tinha ficado com o dinheiro todo sem nenhuma intenção de o gastar num bilhete de avião e que a tinha trocado por outra avatara, desta vez uma brasileira de quem ela até era amiga.
Perdeu o DJ39, perdeu o marido, a filha, a relação com os pais e ficou na rua sem casa onde morar.
Naquele dia em que me apeteceu levar a minha boneca a dar uma volta pelo Second life, apanhei a Sandra a chorar alto e bom som no voice chat, a contar a sua história, a entornar uma garrafa de vinho goela abaixo e a gritar que se ia matar porque o DJ39 lhe tinha estragado a vida toda.
As pessoas conseguem ser completamente estúpidas ou é só impressão minha?

a vida é


patinar numa montanha russa.

patins em linhas tortas

um par de patins são aqueles com que me calço todos dias antes de sair para a pista da vida. Deslizo rapidamente da cama para o banho para a filha para o pequeno almoço para a escola para o trabalho onde continuo a patinar de tarefa para tarefa, patino para a escola da filha, para o parque para as compras para o banho para o jantar, patino e chapinho fazendo piruetas dentro de mim e inventando cada dia uma nova coreografia talvez porque  goste talvez porque tenha dificuldade em recordar e coordenar sequências. 

Os patins dourados

Eu tinha uns patins dourados. Os mais lindos do bairro. Tinha-me trazido do Brasil o meu avô Artur que morava lá.
Com aqueles patins eu voava, fazia voltas interminaveis à volta do candeeiro da praça, descia a rua da minha prima a alta velocidade e espatifei os joelhos uma data de vezes.
Eu tinha os patins mais lindos do bairro e ainda por cima falavam brasileiro.
Um dia a puta da Mariana riscou-me os patins todos com um marcador vermelho. Agora chamar-lhe-iam tags. Tags é o caralho que a puta quis-me foi foder os patins.
Mas bem-feita que nem sequer nunca teve uma bicicleta ou um triciclo ou uma merda qualquer com rodas...acho que nem sequer tem carta, a puta, invejosa...

Inventário

Par de patins do Diogo. Porque era quadrado até à náusea e queria fazer-me à sua imagem. Nunca conseguiu. Saíu pela porta dos fundos. Ainda tentou uma dupla pirueta, ramos de flores e frases dramáticas. Mas dos patins não se escapou.
Par de patins do António. Porque me queria engolir, roubar-me ao mundo, ter-me só para ele. Demorou muito a encontrar o par de patins que lhe servisse. Foi o que deu a bela ideia de me apaixonar por ele. Mas acabei por descobri-los, pu-los nos pés enquanto ele olhava incrédulo e zumba!, faz-te à pista de patinagem que se faz tarde.
Par de patins do Miguel. Porque era fraco e eu não suporto homens cobardes. Dei-lhe uns patins azuis, ele ficou deslumbrado com a cor e nem reparou que estava a sair pela porta fora.
Par de patins do Nuno. Porque me aborrecia de morte ao fim do primeiro mês. Tentou a abordagem da última noite juntos, mas eu não gosto de revisões da matéria dada. Saiu de fininho e ainda o vejo a deslizar  ao fundo da rua. Enervam-me os homens sem chama.
Agora reservo o direito de admissão neste estabelecimento. É que não há orçamento que resista a tantas despedidas.

25 maio 2010

desafio fio fio


Já cá faltava um desafio. 
O tema é 'par de patins'. O dia é a próxima terça-feira, 1 de Junho. 
Vamos a isso?