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25 novembro 2015

Olive

Às vezes há milagres assim. Liga-se a televisão e numa série a vida toda lá dentro.






Olive Kitteridge é uma mini-série HBO e é um milagre em todos os pormenores. As histórias de pessoas como nós, que se cruzam numa pequena cidade do Maine. Tal como acontece na vida, as pessoas aqui são muitas coisas ao mesmo tempo. O amor está sempre lá, não o amor romântico e feliz, mas o amor em gestos inesperados, na pequena dor mansa que trazem pela mão, nas imensas contradições de que somos feitos.

12 maio 2015

o relógio


Lembrava-se de ver aquele relógio na palma da mão grande e amável do avô. Era um relógio de bolso, com uma correia não muito grossa prateada. O avô levava muitas vezes a mão ao bolso para saber as horas e todos os dias lhe dava corda. Os ponteiros marcavam o tempo com precisão, as horas eram importantes, a pontualidade das coisas diárias que lhes marcavam a existência era respeitada, o hoje era igual a ontem e seria igual à amanhã. Quando as avós eram vivas e quando eram muitas pessoas em casa, parecia que tudo se organizava melhor, talvez por serem muitas pessoas o trabalho do dia a dia era melhor distribuído. Às avós competia a comida e a ritualização dos dias e horas certos para cada coisa. Tinham a vida ligada aos tachos, ao alimento do corpo, às tradições do espirito enquanto os homens se consumiam na engrenagem fora da casa.
Lembrava-se também de ver esse relógio, anos mais tarde, nas mãos suaves da mãe. Nessa altura, os dias já não eram uns iguais a outros, as avós já não estavam ou já não podiam cozinhar, a mãe e o pai trabalhavam e ela e os irmãos participavam pouco da dinâmica necessária para fazer que a casa funcione. A mãe azedava em cada comida que fazia, em cada máquina de roupa que punha, estendia, dobrava e guardava. O cansaço da mãe era constante e apesar de lá fora ser uma reconhecida profissional, cá dentro as ideias filosóficas e políticas sobre o mundo eram mais deixada para quem tinha mais tempo para elas, os homens.
O relógio depois passou a estar pendurado na parede da sala de jantar por uma fita de veludo azul, e na mesa onde se reuniam xs amigxs do pai e da mãe, guarda a memória dos homens em alegres discussões, ensaiando as suas capacidades retóricas e opinativas, discutindo os destinos do país e do mundo, enquanto as mulheres, licenciadas e profissionais como eles, acabavam os preparativos para o almoço, e depois recolhiam, limpavam e organizavam tudo. Na cozinha, nessa solidariedade ou destino implícito que se tece entre mulheres, contavam-se da sua vida, dxs filhxs e amigxs comuns e discorriam sobre as ligações sociais e emocionais da vida quotidiana. Lembrava-se de estar entre a mesa da sala de jantar e a mesa da cozinha, entre os homens e as mulheres, e de gostar de estar numa e noutra. Talvez sentisse uma maior inclinação para ficar mais tempo na mesa dos homens e divertir-se com o seu humor bonacheirão e inteligente, sentia-se, sem se aperceber disso, com mais prestigio quando estava entre o discurso racional e cientifico e não entre os tachos e as conversas da vida. Mas ao mesmo tempo não percebia porque não se juntavam os dois universos, porque é que aquelas mulheres que falavam tanto entre elas não eram capaz de falar da mesma maneira quando estava toda a gente junta na mesa da sala de jantar. Imaginava muitas vezes como seria ser homem e às vezes sentia-se desconfortável por gostar de ser mulher, por sentir prazer quando se ocupava com as tarefas da casa e com as emoções da vida.
Não sabia porque se tinha lembrado de tudo isto. Talvez porque encontrou a caixa bordeaux e irrefletidamente abriu-a e encontrou aquele relógio, já sem o vidro, a fita de veludo azul gasta e esgarçada, sem ponteiros, há muito tempo sem estar nas mãos de ninguém. A ausência do seu tic tac indicava que a cada segundo o passado é um lugar habitado, sem fronteiras definidas com o presente nem com o futuro. Fechou a caixa, pôs o casaco e foi-se embora. Deixou o relógio perder-se no tempo. Tic.

08 outubro 2012

Viúvas cruzadas em linhas de tempo paralelas


Ás vezes, caminhar no meu bairro, onde nasci, cresci e onde revivo agora, é como caminhar em linhas cruzadas de tempo, onde o passado se espelha no presente como sacudidelas à memória e à consciência entorpecidas. Estou na paragem de autocarro, de novo em dia de greve de metro, e vejo-as atravessar a estrada a caminho da Igreja.
Passam de braço dado, cada uma apoiando na outra as dores das muitas idades dos seus corpos, as duas vestidas de negro carregado e púdico, escondido. Parecem iguais às viúvas do meu bairro de há 30 e muitos anos atrás, quando eu era uma miuda e quase todas as mulheres avós eram viúvas, a dona antónia do sr brás cuja cara juro que vi no céu em forma de nuvem no dia em que morreu, a augusta do nogueira que morreu levado pelo cancro, a dona firmina, a dona brilhante e tantas outras. Passam, antes como agora, com aquele ar de que lhes pesa a vida, a existência,  circunscrevendo-se num mundo de hábitos enraizados e repetidos no dia a dia de dar continuidade a um morto e suportar o peso de um corpo. Se hoje são octogenárias, quando eu era criança. deveriam andar nos 50. Ou seja, poderiam ser quase da minha geração actual, podiam ser eu, qualquer uma de nós hoje. Dentro de uns anos também vamos ser as velhas, as senhoras maiores do futuro, vamos ser amanhã uma parte do que somos hoje. É um bilhete faz favor, que me esqueci outra vez de carregar o cartão. Eu só desejo que ainda que nos possa pesar o corpo, não nos pese a existência. 

03 outubro 2012

Uma manhã, num autocarro.

Num banco de dois lugares eu e um senhor de 80 anos que parecia ter 60. De pé, junto ao nosso assento, um tipo de quarentas, jeans rasgado de cima a baixo e uma camisola que lhe deixava ver o umbigo, com um headphones por onde ele e toda a gente ouvia rock a abrir e uma rapariga que devia ter 30 mas parecia de 40 e que falava ao telemóvel com voz estridente e despachada. Nos instersticios, magotes de gente a tentar chegar a algum sitio em dia de greve do Metro. O senhor levanta-se abruptamente, pousa todos os seus papéis no banco põe-se a procurar o seu bilhete. O autocarro curva para um lado, curva para o outro e o senhor tambaleia para um lado, tambaleia para o outro. Eu em sobressalto atenta a ver se o podia agarrar, o tipo do rock e a rapariga também, os 3 a fazer um cordão de segurança à volta do senhor, algumas pessoas à nossa volta também atentas ao iminente desiquilibrio do senhor. Depois de muito procurar ao ritmo das curvas, arranques e travagens, o senhor resolve ir até ao motorista contar-lhe a sua situação, a rapariga dispõe-se a ir com ele e resolver já tudo, não se preocupe, vai ver que tudo tem solução, tudo isto sempre em voz muito alta, o que ajuda a que todo o autocarro já esteja inteirado da situação do senhor e participe também na missão “à procura do bilhete perdido”. Entretanto o senhor encontra o bilhete, que afinal nunca tinha saído do bolso das calças e senta-se de novo ao meu lado, contente.

Depois de um minuto de contentamento colectivo, ouve-se: pois, hoje em dia as pessoas já não estão dispostas a ajudar ninguém, e começa-se a dissertar sobre esta certeza agora colectiva. E o senhor ajudado concorda, agora anda tudo muito individualista, já ninguém ajuda ninguém. A rapariga estrondosamente prestável, diz: o que me consola é o meu paizinho que me diz, ó filha, tu és uma santa!, tens um lugarzinho no céu à tua espera. O senhor conta uma desgraça recente, o meu carro avariou numa estrada do algarve e ninguém parou, é inacreditável. Mas num momento, fica em silêncio, pára, pensa e diz: mas a verdade é que eu também não pararia, a gente sabe lá, hoje em dia há tanta gente a querer fazer mal, ainda outro dia contou-me um vizinho meu que parou o carro na autoestrada… e continua com o tema da desgraça em que está este mundo. 

Chega a minha paragem, desço do autocarro, e lá dentro fica o senhor com o seu bilhete no bolso, a rapariga despachada e alma caridosa com lugar no céu, o rapaz do rock que mais coisa menos vai precisar dos serviços da Sonatone e mais outras tantas pessoas solidárias que também procuraram o bilhete ou estiveram com atenção para o senhor não cair, a falar da desgraça em que está este país, o mundo, ninguém ajuda ninguém.

15 janeiro 2011

pausa da hibernaçao II



Da minha varanda, cinco andares mais perto do céu, vejo um bocadinho de rua. É o meu bocadinho de rua.que me dá horas de contemplaçao da vida e das pessoas. Como nao fumo dentro de casa quando está a minha filha, passo bastante tempo na varanda - é dos meus momentos preferidos do dia-. Agora mesmo, a propósito de saltitos, vi uma homem, uma mulher e um rapazito, que passavam com uma patinete. A mulher, um pouco pesada, com saltos altos e um saco de compras, tentou usar a patinete. Desajeitadamente, andou meia dúzia de metros e passou a patinete ao miúdo. Depois, veio o homem, mais magro, sem sacos, que sem  muito esforço, rapidamente se conseguiu ajeitar com o vehículo. A pesar de que a mulher nao conseguiu, foi bonito vê-la a tentar, a ensaiar a rua saltitando numa patinete. Oxalá, se anime a voltar a tentar e a ganhar o mundo de fora com outra confiança em si mesma e no seu corpo, apesar dos quilos a mais e do óxido do corpo e da alma que esqueceu como ser livre.

pausa da hibernaçao I



As crianças saltitam no meio da rua. É bonito vê-las com os seus saltitos como se fossem grandes passos pelo mundo. É bom saltitar, as pessoas crecidas como eu nao podemos fazê-lo, pelo menos se estamos sem uma criança ao lado que justifique uma brincadeira, para que as outras pessoas nos olhem com bons olhos e nos entendam com uma boa atitude, de partilha, de estar junto, de ser boa companhia.  Se saltitamos sem nenhuma criança perto, olham-nos de maneira estranha, pensam que a loucura caiu sobre nós, ou que nao sabemos aceitar que somos adultos, ou que nao sabemos aceitar a velhice, ou o que seja. Por outro lado, a alegria nem sempre nos sai em forma de saltitos, às vezes até nem nos sai em forma nenhuma. Mas adiante,  quando se tem uma criança como pretexto, é bom passar pela rua aos saltitos, parece que a rua e o mundo ganham outro sentido. Dizia o poeta Zeca Afonso, e se a velhice for tua, senta-a no meio da rua. E eu acrescento, e a se a vida for tua, saltita-a no meio da rua, saltita-a no meio da ruuuaaa.

03 novembro 2010

Da importância da comunicaçao


Observei isto com amigas mulheres (ultimamente nao tenho amigos homens com que fale ao telefone em número suficiente para poder observar qualquer tendência).  É um código implicto entre amigas que revela a importância da comunicaçao como meio de expressao e de acçao da vida. Por exemplo, todas adoramos os planos fixos, ou tarifas planas ou lá como se é que isso se chame. Poder falar às horas que queremos quanto tempo quisermos. Mas, se entra uma chamada, há um código implicto que a receptora da chamada pode dizer sem problemas: vou atender, eu depois ligo. 


Há sempre uma chamada que se espera ansiosamente, uma possibilidade qualquer nessa chamada que nao sabemos de quem é e da qual só ouvimos um som surdo que nos abafa as vozes e o coraçao momentaneamente. 


E uma amiga deve ser solidária com as possibilidades de outra. Por isso, se as vossas amigas vos disserem, 'tá-me a entrar uma chamada eu depois ligo, e durante duas semanas nao der sinal de vida, nao se preocupem, é de certeza uma possibilidade esperada que se fez vida. Já vos chegará nova chamada telefónica para contar tudo o que se quiser, a um preço fixo por mês e reduçao de 50% durante os primeros seis meses de contrato.

28 outubro 2010

Mais um dia

Brincos da sorte nas orelhas e um sorriso na cara que disfarça o nó do peito, assim me arrasto eu para a rua e saio a trabalhar para ganhar a vida que gasto a trabalhar para ganhar a vida, ruminando como inventar dias diferentes sem ter de mudar de planeta.

13 setembro 2010

consolos


Ando a passar uma fase difícil na vida, uma separaçao custa sempre e mais quando sao muitos anos e há crianças pelo meio. A minha familia preocupa-se comigo e pergunta-me entao como é que tu estás, vá lá conta lá que eu quero saber de ti, mas quando eu mal começo a dizer como me sinto e do dificil que anda a minha vida neste momento, ataviam rapidamente:
(pai)- pois, quem boa cama faz nela se deita,
(irma), - bem, mas é preciso nao esquecer que foste tu que quiseste esta situaçao, mas olha é assim a vida,
E passam rapidamente a um dos monotemas da familia. O meu irmao também imagino que se possa preocupar comigo, mas ainda nao tenho grandes aptidoes na arte da comunicaçao através de silêncios, de pequenos gestos velados (às vezes tao velados que nem ele dá conta deles), espaçados sinais de conforto perdidos numa verborreia de palavras sobre tudo e coisa nenhuma.
A minha mae nao fala, de momento nao pode, nao a deixam os tubos que tem ligados ao corpo que supostamente a ajudam a recuperar de mais uma intervençao cirurgica a um tumor que insiste em conviver com o seu corpo. Se pudesse falar, certamente combinaria os silencios, os gestos velados com as frases displicentes e amargas ou me  surpreenderia como sempre acontece com uma das suas tiradas brilhantes, sagaces e intuitivas, daquelas que sempre nos poem em sentido porque bastantes vezes acertam.
Nao consigo falar de mim com a minha familia, e gostava que nao fosse esta a estranha forma de comunicaçao e de cuidado que temos, mas ainda assim, em todas estas coisas que nao se dizem ou nao se entendem  que dizemos e nao dizemos uns aos outros, a minha familia conforta-me o coraçao. 
Às vezes basta-me sabê-los ali.

28 julho 2010

Dias assim

 (foto oitoecoisa)

Horas na água, risos e saltos, silêncios e conversas, dias fora do tempo em que descobrimos que tudo afinal pode ser tão simples.

17 julho 2010

04 julho 2010

Lá em cima há planetas sem fim

Esta múltipla  que até anda a render pouco aqui na repartição,  aproveita e em vez de escrever um comentário na posta de baixo, arrota-o em forma de postinha e já fica com serviço adiantado.

Vida noutros planetas, ministérios de defesa e o mundo em alerta global, teoria da conspiração, realidade?

Há anos e anos que se fala nisso só que não é um assunto de estado nem tão pouco de noticias, a não ser as que passam nas secções refundidas dos meios. Teorias de conspiração, estado de alerta global com estados unidos a querer ser o cabecilha do planeta à parte, sinceramente e muito seriamente, o que eu penso é que que me parece muito mais que provável que haja mais formas de vida além das do planeta terra. 

Um universo tão grande, tão imenso como é que não haveria de ter mais vida, porque haveríamos de ser nós os únicos? Não faz sentido.

Lembro-me dos programas do carl sagan que através de todo o seu conhecimento sobre os fenómenos do espaço ensinava a olhar o mundo de uma forma muito mais ampla e humilde, a reconhecer o nosso imenso papel de átomos de um infinito sistema de vida como o universo. É provável que com todo o avanço tecnológico nosso (e quem sabe dos outros seres também) que possamos ter mais contactos. 


Da minha parte, confesso que não é coisa que me apeteça muito mas se de facto se der a situação,  serei aberta aos seres de outros planetas. Como agora até ando disponível e a fazer um esforço por me abrir à vida e aos  amores, pode ser que um dia me perca de amores por una venusiana. Acho que a minha avózinha ia gostar de conhece-la.

02 julho 2010

ao vivo



merece a pena ver o video. Acho que toda a gente foi feliz naquele momento. Natália de Andrade porque cantava como queria e era aplaudida como desejava e o público também porque é hilariante ao mesmo tempo que curioso e comovedor, ouvir esta cantora de ópera pós moderna.

01 julho 2010

Somos quem somos ou quem queremos ser?


Somos quem somos ou quem queremos ser? 
Esta pergunta, que tenho feito tantas vezes, surge de novo pela história de Natália de Andrade, lida aqui. Com a reportagem de Catarina Gomes, Natália de Andrade deixou de ser apenas a voz que me fazia sorrir, para se transformar numa solitária pessoa de carne e osso, presa num tempo e numa história que mais ninguém reconhecia.

09 junho 2010

passou por aqui um anjo

uma mulher ia sozinha no comboio rumo ao mar, essa mulher não só ia sozinha como se sentia sozinha, há muito tempo já se sentia assim mas agora parecia-lhe ainda mais real e mais evidente, a sua cama estava vazia, o copo só tinha a sua escova de dentes. A mulher ia no comboio que se aproximava da ultima estação e pensava na figura que ira fazer diante de todas as outras pessoas que também iam no comboio rumo ao mar quando tivesse de tirar a sua enorme pesada e desajeitada mala da prateleira por cima dos bancos.  Como quem não quer a coisa, deixou toda a gente sair, só aquele homem bonito de pé perto do seu banco não se movia, calmamente esperava. Quando a mulher se dispôs por fim a tirar mala, ele antecipa-se-lhe e sem esforço baixa a mala. Ela sorri e agradece-lhe, sabe estava-me a custar tirar a mala, estava pesada e eu aqui sozinha... O homem bonito e de ar tranquilo interrompe-a suavemente: sozinha? você nunca estará sozinha, uma mulher como você nunca estará sozinha. Sem olhar para trás,  saiu do comboio que por fim chegara ao mar, deixando a mulher com um sorriso no rosto e uma gargalhada na alma.

28 maio 2010

pequena história verdadeira


 foto de Yale Joel

Nunca a vi, mas imagino-a. De uma beleza discreta colada à pele, tal como colada à pele tem as roupas que veste. Sempre.
O que vêem nela é mais do que aquilo que aparenta. Os homens por quem ela passa adivinham-lhe as formas perfeitas que a roupa apenas insinua. Os que têm sorte, podem segui-la como cães. Enviam mensagens, suportam o silêncio de dias a fio, alimentam a esperança de que um dia. Um dia.
Até que esse dia acaba por chegar. Bonito menino, tome lá umas horas da minha companhia. Um almoço, um jantar, um concerto. Pouco importa. O que importa é o tempo que ela lhes oferece, deusa descida à terra, linda de morrer e quase tocável. Durante essas horas, eles acreditam que falta pouco. O sorriso dela não mente, não pode mentir. Vai ser hoje, eu sei que vai.
Mas não vai. Não foi. Nunca é.
Ela despede-se e eles não têm coragem para mais. Assistem à partida da deusa, de mãos vazias.Desta vez é que é. Desisto. Este jogo não é para mim.
Dois dias depois, ela desce do olimpo e lembra que existe. Uma mensagem  que pode ser tudo ou se calhar não é nada.
Com o tempo, rapaz, habituas-te à coleira. Agora só tens de sorrir.

13 março 2010

Nao se pode ser uma nêspera

ficar quieta, quietazinha, no galho, sossegadinha, à espera que a vida passe pelos teus olhos que observam por trás de uma janela invisible con grades que tu própria construíste. Nao se pode ser uma nêspera. Mas agora, que deixei de ser nêspera , quero ser cao, um cao independente, sem dono, sem dona, fiel à amizade e ao amor, e detective. 
Sherlocaomes, 
ao vosso dispor.







12 março 2010

e pra vocês também,

múltiplas queridas, é aproveitar que estou em limpezas.

se virem por aí alguns medos que se me tenham escapado ponham-nos todos ali ao lado da porta que eu depois levo-os para a reciclagem.