18 outubro 2012
a insustentável estranheza do eu
17 outubro 2010
Quase manifesto contra a infelicidade
Para o caralho com a perfeição. A vida é aqui e agora.
20 fevereiro 2010
Ali naquela nave
30 janeiro 2010
As árvores de grande porte são mais frágeis do que podem parecer
Apesar dos esforços ao longo dos últimos anos de induzir raízes aéreas a formarem troncos secundários de suporte, a árvore não resistiu ao seu peso e progressiva inclinação e caíu.
09 julho 2009
Acto 3
Inspiro.
pergun
03 maio 2009
um sábado qualquer
24 abril 2009
sem titulo
Estão as duas a brincar e começam a discutir por causa de uma tiara que fará delas umas verdadeiras princesas.
- É minha.
- Não, é minha.
- Não, é minha e vou ficar com ela para sempre.
- Para sempre não podes, porque depois quando quando fores velhinha vais morrer.
- Eu não vou ser velhinha, eu nunca vou morrer, vou viver para sempre.
- Não, não vais, toda a gente cresce e depois somos adultos e depois somos velhinhos e depois morremos
Silêncio.
- Schniff, schniff...BUÀÀÀÀÀ, eu não quero morreeeerrrrrrr, eu não quero ser velhinha. BUÀÀÀA
- Mas é assim, a minha mãe disse que era assim, mas ainda falta muito muito tempo.
- E tu também vais morrer?
- Vou, eu também vou ser velhinha e vou morrer.
- BUUUUÀÀÀÀÁ
Prontos, estou fodida, pensei eu e lá fui abraçá-la, dar-lhe beijinhos e dizer que não se preocupe que a vida é mesmo assim e que a gente vive muitos muitos dias e que só morre num e que ainda falta muito muito tempo e que os velhinhos depois até tem vontade de ir descansar, como a vizinha arlete que há 10 anos que repete isso todos os dias e ainda cá anda, e que a vida é para ser vivida um dia de cada vez e que tem altos e baixos mas é muito boa e que é bom ser feliz e fazer os outros felizes, e a pensar com os meus botões na ironia da vida, ela que descobre aos 4 anos que um dia vai morrer, a minha mãe a sentir a vida a escassear e eu que tantas vezes não sei a quantas ando na vida a consolá-las às duas.
13 março 2009
Adeus
Só respirava...
Foi muito estranho despedir-me de uma pessoa ainda com alguma réstia de vida e ter a certeza que era um adeus.
Hoje de manhã morreu.
Deixou dois filhos um de quatro e outro de treze. A vida às vezes é cruel, e muitas das vezes para quem fica.
Nestes momentos pensamos sempre que nos preocupamos com coisas demasiado triviais, demasiado frívolas. Contudo dei-me conta ao estar com ela, ao lembrar-me do que ela foi toda a vida, que a vida está feita dessas mesmas coisas, de sonhos, expectativas, andar para a frente, sempre para a frente.
Mesmo na doença não vi esta mulher parar de sonhar, de planear de ter um quotidiano.
Ontem mal estava cá e hoje já não está. O momento que separa a vida da morte é demasiado curto para aquilo que nós somos...se calhar ainda bem.
Adeus mulher. Eras uma força da natureza mas a doença foi mais forte que tu.
Adeus...
10 março 2009
porque hoje é um dia
03 março 2009
As minhas mãos

03 outubro 2008
Memórias
Enormes eram as suas paixões, as suas convicções, a amizade que singularmente cultivava, o seu coração. Enorme era a sua alegria como enorme era a sua tristeza.
E era imparável. Falava horas a fio e gesticulava como o fazem as crianças quando contam o que o Pai Natal lhes pôs no sapatinho. Para o Serginho era sempre Natal.
Naquele 3 de outubro acordei com a sensação de que o mundo, tal como o conhecia, tinha acabado. O Serginho tinha, de facto, pregado uma enorme partida a todos naquela madrugada fria.
Nunca mais lhe ouvi a voz do outro lado do fio que nos ía mantendo ligados mas ainda o ouço falar (alto, muito alto!) quando percorro algumas calçadas de Lisboa por onde passeámos juntos, ainda o ouço na mesa do café pedir o "sumás d'ananol" com que cortava a ressaca da noite, ainda consigo recuperar a gargalhada arrebatadora e inocente. E nas praias de Tavira, impossível será não escutar o trinado da sua flauta.
Neste 3 de outubro, quero mandar-lhe o Recado que ele próprio escreveu:
Quero mandar-te um recado
Na forma desta canção
Um recado engraçado
Direitinho ao coração.
Começando por dizer
Tudo o que te quero bem
Tenho a saudade a doer
E dói-me o peito também
O vento corre à vontade
Da lua cheia ao poente
Eu corro pela cidade
Louco de amor e doente
Venho por carta rogar-te
Dá-me um pouco de atenção
Deixa-me ao menos amar-te
Enquanto dura a canção
Sorri-me ao menos de frente
Sempre que por mim passares
Esse sorriso tão quente
De outras terras de outros mares
E que me alivia a espera
Pela volta do correio
Enquanto for primavera
E eu viver neste anseio.
Há pessoas assim, que têm a capacidade de viver quase para sempre.
08 junho 2008
It is the evening of the day
...I sit and watch the children play
Smiling faces I can see, but not for me
I sit and watch as tears go by
My riches can't buy everything
I want to hear the children sing
All I hear is the sound of rain falling on the ground
I sit and watch as tears go by
It is the evening of the day
I sit and watch the children play
Doing things I used to do, they think they are new
I sit and watch as tears go by.
As Tears Go By , The Rolling Stones
24 abril 2008
Cirurgia
20 fevereiro 2008
qual é a diferença de um para nove?
28 dezembro 2007
O que eu queria
Estou zangada consigo pai, não quero que me faça isto. Não quero que esteja doente. Está a fingir não está, pai? Como quando eu era pequena e brincávamos no chão da sala, o pai fazia de conta que estava morto e eu fazia-lhe cócegas desajeitadas, o pai continuava de olhos vítreos até que de repente se levantava com um grito que me assustava e divertia, para recomeçarmos de novo.
Pare lá com isso pai, já chega. Passei a manhã toda a ler o jornal ao seu lado, não se passa nada estamos só a ler os jornais juntos, num quarto de hospital mas como se fosse numa sala de estar. O meu teatro, porra que já mereço um óscar. Estou bem, o pai está bem, estamos aqui mas podíamos estar na sala de estar, no fundo é a mesma coisa, até levo o computador para trabalhar e tudo, estamos ali os dois, só os dois, depois vêm as manas e estamos todos juntos, é bom.
Mas não é nada bom pai. Se não fica bem depressa não tenho quem tome conta de mim.
26 novembro 2007
Fez um ano, está na hora
22 outubro 2007
A promessa
26 setembro 2007
E mais nada!
Pois é sim senhora! Viver mata, a vida é uma doença crónica. Agora experimentem lá morrer sem estar vivos, não dá, é condição para morrer o estar vivo. Não há cá segundas hipóteses. Pois é, como faço para fugir da morte? mato-me?
Da mesma forma que experimentar viver estando mortos é outra grande chatice, clinicamente possível mas uma complicação com mazelas imprevistas.
Desculpem lá, é que tem dias que uma pessoa acorda assim optimista. E além disso, as árveres somos nozes, olha que porra!
22 setembro 2007
Augúrios
À porta do cemitério a minha irmã pede-me lume. Uma senhora rezingona relembra os malefícios do tabaco, os perigos para a saúde. Nem tenho força para lhe responder, fá-lo a minha irmã por mim. Viver mata.