30 maio 2007

prevenção rodoviária brasileira

Um ano depois


- Estou?
- Ouve lá, lembras-te de algum nome para (...)?
- (...)
- Naaaaaaaa....
- Pois, também não me parecia...
- Já te digo qualquer coisa.
- Ok. Até já.

[sms, algum tempo depois: 8 e Coisa 9 e Tal é um blogue de mulher com personalidade múltipla. Está V. Exa. convidada a ser uma delas. rsff].

Um (1) ano de existência! Parabéns a nós!

No topo

Quem estiver a passar ali na zona de Queluz e me apanhar um dia a sobrevoar o palácio em grande estilo não estranhe. É porque fui levada por uma rabanada de vento. Resolveram fazer o edificio temporário da repartiçao de finanças no topo de um prédio e o pré-fabricado obriga o maralhal de gente a vir esperar cá fora onde os espera um terrivel e violento vento de norte ali a céu aberto. Mais um bocadinho e gritava por Odin.

29 maio 2007

Gente solícita

- Estou sim, muito bom dia, posso falar com a sra. oitoecoisa?
- sim, diga
- é a própria?
- sim, sou
- Muito bom dia, estou-lhe a ligar para informar da abertura de uma nova sucursal do BPI no Campo Grande, queria-lhe falar um pouco mais disto, é oportuno?
- bem, neste momento estou a trabalhar, muito obrigado pela informação mas já tenho conta noutro banco e não pretendo mudar.
- sim sra. oitoecoisa, mas queria informá-la que este balcão abriu no campo grande, mais precisamente no campo grande nº 14 A, e que possui um horário alargado para maior conveniência dos seus clientes, está aberto ao público das 8h30 da manhã até às 6h da tarde. A senhora já tinha conhecimento deste horário?
- bom, acabei de ter...
- ah, sim, pois... queria-lhe falar das vantagens deste novo balcão e saber se podemos contactá-la mais tarde, por um outro colega meu para lhe explicar todas as características (bla bla bla, 10 minutos)
- bem, como lhe disse, já tenho conta noutro banco e não pretendo mudar.
-ah, pois, sim, compreendo. E tem alguma dúvida? Alguma coisa em que a possa ajudar?
-não
- mas mesmo que não tenha a ver com este novo balcão e horário de funcionamento, alguma coisa que não saiba e em que eu a possa ajudar?
- olhe eu não, mas o pai de uma amiga minha queria saber como se resolve o erro 601 do computador

28 maio 2007

Eu e as unhas

foto FMR

Esta foi a fase pré-Svetlana. A saga continua amanhã, numa manicure bem perto de mim.
Estou enfiada na fila de trânsito e quando olho para o lado reparo no toldo de um bar: "Bar de Topless Eutanásia"
Mas quem é que se lembra de arranjar um nome destes para um bar de strip?

27 maio 2007

Striptease

Parece que a Sophia Loren disse algures que se o nápoles subisse de divisão (ou não descesse, não me recordo) faria um striptease. Li um artigo indignado com a ideia de se ver as maminhas de uma senhora de 72 anos, quem é que teria interesse em ver dois bocados de pele caídos a bem da região sulista de itália, perguntava-se a cidália do DN.
Eu não sou decerto uma especialista na matéria, às uma porque não aprecio mamas e às duas porque não sou frequentadora de bares da especialidade (do despir entenda-se). No entanto, de sensualidade tenho uma ou outra ideia. Quem nunca viu o prêt-a-porter, onde a Loren refazia o strip do ontem, hoje e amanhã para o Mastroianni, sem necessidade de tirar a roupa interior, não pode entender quão sexy pode ser a actividade do despir sem ter de se mostrar as partes pudibundas, mesmo quando o objecto de desejo é uma mulher bem para lá dos 60.
Aliás, pelo próprio nome, strip tease, provocar despindo, me parece que a ideia não é chegar ao nú integral mas sim conseguir obter uma reacção pelo acto de se ir tirando a roupa de forma sensual.
E não é para desfazer, mas quem me dera a mim chegar aos 72 no mesmo estado de beleza, elegância e savoir faire da Loren. Estou-me a marimbar que ela tenha plásticas em cima, a Lili Caneças também tem e o resultado não é bem o mesmo.

Com tranquilidade!


GANHÁMOS! (com tranquilidade, pois está claro!).
Liedson RESOLVEU!

25 maio 2007

Coerência

Ela era uma vegan tão convicta, que dava ração vegetariana ao pastor alemão.

Erros

Dizia o meu pai outro dia: Já fiz muitos erros na minha vida mas não sei como corrigir o raio do erro 601 que o computador insiste que eu fiz.

24 maio 2007

Retalhos da vida de uma condómina

Já me começaram a chatear com esta história da administração do condomínio, mas agora houve novo ataque com forças animais.
Ainda andava eu nas diligências para ter os almejados três orçamentos da praxe para fazer obras no prédio, onde pedia também para me arranjarem o tecto que apenas eu vejo por ser a única condómina a viver no ultimo andar. Via que estava abaulado e é necessário substitui-lo. No fim da semana passada tive os dados todos, preparava-me para tomar a decisão, eis senão quando chego a casa na 3ª feira e tinha tijolos, estuque, cadáveres de pombos em decomposição e pó em barda a partir do lance de escadas anterior ao meu patamar. Ao ver aquela beleza de hortaliça contive o nojo e apenas dei deo gratias por ninguém estar a passar ali por baixo no momento da derrocada. Ligo ao mestre de obras que me fez o orçamento mais conveniente e peço-lhe urgência para dar início aos trabalhos.
No dia seguinte preparo-me para sair de casa, abro a porta e tenho dois pombos a esvoaçar no patamar. Fecho a porta. Terei visto bem? Volto a abrir, continuam lá. Vou buscar a vassoura, a ver se à custa de umas pauladas os desgraçados saem por onde entraram, viro a parte da escova para cima e lá vou eu armada em Indiana. Os bichos são burros, começam às turras com toda a força contra a janela, sem perceberem que têm de passar por cima para sair, contra as paredes, contra a porta da casa ao lado, voam por cima da minha cabeça, penso que se vão borrar todos de medo mesmo por cima do meu cabelo acabado de lavar.
Desisto de os pôr fora, mas tenho mesmo de sair de casa. Desço até ao andar de baixo, mochila às costas e vassoura em riste, que deixo no andar de baixo para repetir o número na subida quando voltar.
Ligo de novo ao mestre de obras, que me diz que o técnico do telhado só está disponível para a semana. Entro em choque, faço o número da donzela em apuros, tenho pombos a esvoaçar no patamar, isto mais parece um pombal, já para não falar do cheiro nauseabundo. O senhor verga-se aos meus argumentos e veio cá esta tarde para tratar do assunto.
A sua cara perplexa ao ver a desgraça que se abateu literalmente sobre mim não deixa dúvidas, confessa que não pensou que fosse tão grave a coisa. Percebo que sou mesmo eficaz no número da princesa na torre do castelo.
Decide tapar o buraco com uma tábua, preso às traves desnudas do tecto. Para tal tem de subir por um escadote, a cerca de 4 m de altura. Num só não vai ser possível fazer o trabalho, monta então uma construcção digna de número de circo - um escadote ao fundo das minhas escadas, outro em triangulo invertido a meio dos degraus, uma tábua para fazer de passadeira e lá andam, ele e o ajudante, sem qualquer tipo de segurança, quais equilibristas no arame a tratar do meu problema. Como tenho um grave caso de vertigens, não consigo ficar a ver o espectáculo sem ter uma taquicárdia brutal e preparar o número do 112, porque juro que vão cair e morrer mesmo à minha frente. Venho então para casa, fumar cigarros e esperar pela queda que nunca chega.
Deixam-me o buraco tapado, e posso finalmente entrar e sair de casa sem perigo de encontros imediatos. Apesar de já saber da existência de pombos armados em okupas no forro do meu telhado, ainda não tínhamos sido apresentados cara a bico.

23 maio 2007

Zits - BD em tiras que nos põem bem com a vida só porque sim

Mãe: Jeremy, estás a coxear?
Jeremy: Sim, foi um acidentezinho..
Mãe: que grande nódoa negra no pé... que te aconteceu?
Jeremy: Dei um pontapé numa parede de tijolo..
Mãe: Como?
Jeremy: Eu e o Hector estávamos a fazer um concurso de pontapés em paredes de tijolo..
Mãe: ..........

Zits by Jerry Scott e Jim Borgman

Céptica

Passo por uma loja que anuncia "Tratamento das pedras. Para todo o tipo de dores". Vem-me logo à memória a anedota da cura de corcundas com limão. Ou mesmo a da eliminação de ténias com dois ovos cozidos e uma carcaça.

Patriotismo o tanas!

Pergunto eu na minha santa ignorância, o professor que foi suspenso por ter dito uma piada sobre o Sócrates, fê-lo num contexto público? Disse mal do nosso primeiro de forma despectiva aos seus alunos? Escreveu nas paredes da escola "O Socrátes tirou o diploma na farinha Amparo", ou "o Sócrates cheira mal da boca"? Ironizou sobre a triste história da licenciatura numa reunião de professores?

Não entendo então, porque é que uma conversa entre colegas tem de atingir tais dimensões, levando a esta tomada de posição da directora da dren, que ficou a par da conversa por artes de bufaria, perdão, de magia? Sendo assim, suspenda-se também os Gatos Fedorentos que tanto gozaram com esta situação, mais a cambada de vagos dos blogueiros que fizeram correr tinta sobre isto e os sacripantas dos jornalistas que começaram com toda esta história.

E já agora, cuidado com as conversinhas informais, parece que em cada esquina há um bufo pronto para cumprir o seu dever nacional.

Comédia de equívocos

Ando com os filmes atrasados, muito trabalho, afazeres familiares, cansaço, preguiça. Esta noite quebrei o jejum, fui com um amigo ao quarteto. Escolha do filme pelo horário que convinha a ambos, um que me inspirava e ele foi às cegas. As cadeiras são pequenas, duras, desconfortáveis, já se sabe, mas costumam fazer intervalo para arejo dos rabos.
Entrámos na sala já no fim das apresentações, mesmo no início do filme. No meio da escuridão encontrámos dois lugares simpáticos, ainda pensámos ter sido os únicos a escolher aquela sessão mas depois vimos que havia duas raparigas sentadas na primeira fila. Estranho, pensei, com uma sala vazia e foram-se sentar ali. Às tantas são namoradas e decidiram ir para ali para poderem estar na marmelada sem que ninguém as vejas nem incomode.
O tempo passava e nada de intervalo, começamos a sentar-nos de várias maneiras. Penso que devia ter levado a pele de cordeiro para evitar escaras.
De repente, já quase no fim do filme, uma das raparigas vira-se para trás e diz com maus modos "importam-se de parar com isso? estamos incomodadas!".
Será que elas estavam a falar conosco? Será que ELAS estavam a falar CONOSCO? Bem, não estava mais ninguém na sala, portanto presumo que estavam a falar conosco.
Chega o final do filme, passa o genérico, acendem-se as luzes. Esperamos que elas se levantem e passem por nós para lhes perguntarmos qual era o seu problema.
"Nós bem ouvimos que vocês não paravam quietos o tempo todo, e roupa a mexer e tal. Não podiam fazer isso noutro lado?"
A nossa estupefacção era total. Ahn? foi a única resposta possível. Desculpe? A nossa resposta não as deve ter agradado, falam-nos com agressividade.
"Sim, sim, não vale a pena estarem a disfarçar, nós ouvimos tudo."
As caras perplexas não davam muita resposta. Elas decidem ser pedagógicas
"para a próxima não voltem a fazer"
O meu amigo garante-lhes
"para a próxima não voltamos a fazer"
(o filme chamava-se sexualidades. apropriado)

22 maio 2007

Simplicidade


Também é urgente o amor. E é urgente um barco no mar.

Beijos*

G. Klimt

*Beijos. Muitos beijos e ainda mais beijos. Para todas, todas, todas as pessoas de quem gosto (espero não me ter esquecido de ninguém).

21 maio 2007

Palavras sábias do meu pai II

Para amigos/as, mãos rotas...

Madeleine

O fervor clubístico é como uma fé que se renova, anualmente, por alturas de Agosto. Mesmo que se questionem algumas escolhas de plantel e equipa técnica, acredita-se que tudo volta a ser possível, de novo seremos campeões.




(ainda agora acabou e eu já acredito; para o ano é tudo nosso. Viva o Benfica)

17 maio 2007

Eu vou-lhe à cara

Só ainda não sei como nem quando.

Pensamento do dia

Nenhum de jeito

O fosso

Ontem ou hoje comemorou-se em Portugal o "dia da libertação dos impostos" ou algo que se pareça com esta designação. Fiquei feliz! Pelo que me dava a saber o jornalista da TSF, a partir de hoje e até ao final do ano tudo o que vou ganhar é para mim ao passo que tudo tudo o que ganhei, fruto do meu trabalho quotidiano e árduo, foi para o Estado. Só passado um pouco deitei contas à vida: quer isso dizer que, efectivamente, tudo o que gastei até hoje em roupa, cremes, comida, electricidade, água, telefone... e por'í fora ainda está por pagar.
Estou feliz à mesma! Percebi por que razão, de ano para ano, aumenta o fosso na minha conta bancária.

De que falamos quando falamos de cancro?

O cancro é a segunda maior causa de morte nos países desenvolvidos, e é a única doença mortal não infecciosa cuja incidência não diminuiu nos últimos 50 anos; ou seja, a percentagem de mortes por cancro foi a mesma em 1950 e em 2000.

O cancro é uma massa de células nossas alteradas; ou seja, já não são nossas, é como se fosse um corpo dentro do corpo, com vida própria, com organização toda sua e, o que é pior, mais rápida e eficiente que as normais.

Todos os dias as células podem sofrer mutações genéticas, pelos mais diversos motivos. Em condições normais, o organismo é capaz de detectar e reparar o erro ou de eliminar a célula danificada; quando isso não acontece e a célula com o genoma alterado se começa a dividir e multiplicar, mantendo o gene danificado e assim modificando a forma e função normal daquele tipo de célula, aparece uma massa de células diferente da original.

Se essa massa estiver contida no espaço, for constituída por células semelhantes à do tecido original e apenas for problemática para o organismo pela dimensão que atingiu ou pelas segregação excessiva de substâncias biologicamente activas, classifica-se de tumor benigno.

Por outro lado, se essas células forem muito diferentes em forma e função às do tecido hospedeiro, e forem agressivas o suficiente podem também invadir tecidos vizinhos. Algumas células podem-se destacar da massa original e entrar na corrente sanguínea, alojando-se noutras partes do corpo e começarem também aí a multiplicar-se (processo de metastização). Nestes casos, deixam de responder aos estímulos normais de morte celular ganhando assim imortalidade, e a esta massa chama-se tumor maligno ou cancro.

Quando um tumor é detectado é porque já possui, em média, mais de 10 biliões de células, e o sucesso da terapia depende do tipo e tamanho do tumor, bem como do órgão e funções afectadas.

Algumas pessoas têm mais probabilidades de virem a ter determinadas alterações genéticas que iniciem esse processo, por terem herdado genes que juntamente com outro pequeno dano despoletem o aparecimento de uma célula defeituosa; no entanto, pode-se ter essa predisposição sem que nunca se desenvolva a doença (por exemplo, apenas 10-20% dos cancros da mama aparecem em pessoas com histórias familiares de cancro, e só 5% se devem a causas hereditárias conhecidas). Pode também haver uma baixa das defesas normais do organismo, o que faz com que as moléculas responsáveis pela detecção e destruição de células anormais não funcionem correctamente ou no tempo previsto, permitindo o desenvolvimento da célula danificada.


As explicações científicas de pouco servem no momento da verdade. Apenas me dá algum consolo conhecer a cara do inimigo.

O vento mudou

No tempo dos meus avós, o casamento era para toda a vida. Os homens tinham histórias por fora que as mulheres aguentavam com sorrisos e resignação.
No tempo dos meus pais, o casamento para toda a vida dissolveu-se no ar.
No tempo que é o meu, o casamento é uma ficção que sabemos que tem um fim. Suspendemos a incredulidade durante algum tempo e inventamos uma língua que não compreendemos.
Talvez no tempo dos meus filhos se inventem outras formas de viver o amor.

16 maio 2007

Autismo

Estou preocupada com as notícias que vieram hoje a lume: Carmona Rodrigues considera a hipótese de se candidatar como independente à C.M.L. e Fontão de Carvalho não será ainda um nome confirmado na sua lista caso esta candidatura avance.
Não temo, de todo, a (re)entrega da C.M.L. a alguém que tão bem se ocupou do seu enterro. Os alfacinhas não repetiriam tamanha incúria. O que me preocupa é, de facto, o estado de sanidade mental do hipotético futuro candidato.
Entre a extensa lista que ilustra a sintomatologia geral do autismo constam:
* não utilização dos brinquedos na sua função própria; um brinquedo pode ser para desmanchar ou partir;
* indiferença pelas pessoas e pelo ambiente.
E mais não digo...

15 maio 2007

Probabilidades, verniz e casino

Um destes dias acordei com uma daquelas telhas que só uma ida ao cabeleireiro resolve. Assim foi: nesse sábado à tarde cheguei ao cabeleireiro - invulgarmente cheio - e pergunta-me a senhora solícita da recepção: 'então o que vai ser?'. 'Queria cortar o cabelo'. Voltei atrás e disse: 'ah, também queria arranjar as mãos, por favor'.

Atende-me um cabeleireiro brasileiro bem-disposto que me cortou e secou a melena em 2/3 meios tempos. Metade do trabalho estava feito. O pior foi a espera pela manicure. Se o corte tinha sido expedito, não entendia a razão de tanta delonga pelas unhas. Passado uma boa 1/2 hora de espera e já farta de me olhar ao espelho na contemplação do meu novo visual (vd. o que aconteceu a Narciso), decidi arriscar a pergunta à senhora da recepção, se demorava muito a manicure. Explicou-me então que aquele dia estava a ser particularmente complicado: para além dos clientes, também os funcionários tinham que se arranjar: iam participar numa gala de cabeleireiros no Casino do Estoril. 'Mas eu vou já ver quem está disponível, só um momento'.

Calha-me na rifa uma manicure mal encarada, visivelmente contrafeita com mais trabalho. Secamente, manda-me sentar e começo-lhe a tirar a pinta, enquanto vai sacando da sua mala os instrumentos de tortura. Loura, cabelo curto, olhos claros, uma pronúncia estranha, onde os 'erres' são enrolados e algumas vogais pronunciadas de forma aberta. De resto, quase não se dava pelo sotaque.

- O que quérrrrre fázerrrrrr?
- Bom, quero que me arranje as unhas...
- Sim, mas em formáto quadrrrrrado ou como é que é?
(ui, que simpatia, isto vai ser bonito, enquanto olho de esguelha para o alicate. Espero que não se vingue nas minhas pobres cutículas e me faça sangrar, que aí amofino-me e... e... Bom.)
- Quadrado, por favor. E depois quero que me pinte as unhas de encarnado.

Longos minutos de silêncio, enquanto me tira o verniz e me lima as unhas. Decido quebrar tanto mutismo e digo-lhe: 'então parece que hoje vai haver uma festa por aqui'. Olha para mim de soslaio e diz, 'sim, vamos tódos ao Cásino do Estórrril, vai haver uma gala lá'. Continuo a falar com ela, sem nunca arriscar a pergunta do seu país de origem. Deixo-a falar até que finalmente e por sua iniciativa me diz: 'sou rrrrrussa'. Quebra a secura e ri-se muito quando lhe digo: 'Russa? Não conheço nenhuma russa. Só conheço uma romena e tenho um vizinho búlgaro. Mas isso é a mesma coisa que dizer-lhe que conheço um alemão, uma espanhola ou um italiano'. Ufa, a ligação está estabelecida, as minhas cutículas fora de perigo. 'Então se é russa, deixe-me adivinhar o seu nome: chama-se Irina'. Levanta a cabeça e faz-me um daqueles olhares mortíferos outra vez (ai as cutículas!) e responde-me: 'não. Sou Svetlana'. 'Ok, Svetlana é um bonito nome' (e acho mesmo). Depois de decidido o tom escarlate e já fora do perigo cutículas (ufa!), começamos a falar da gala no Casino.

- Já lá foi alguma vez, Svetlana? Ao Casino do Estoril?
- Eu não. Só lá pássei uma vez mas nunca entrrrrei.
- Então vai ser a sua estreia num casino! Ou não?
- Sim, vai serrrr a minha estrrrrreia.
- E vai jogar? Por exemplo, há a roleta... As slot... (sou abruptamente interrompida por um quase-grito)
- EU??? Ná rrroleta??? (mais um olhar mortífero). Nunca na vida! Sábe porrrrquê? Vou-lhe explicárrrrr:

Fico, então, de boca aberta. É que Svetlana, justificando o facto de não jogar na roleta, dá-me uma longa e detalhada explicação sobre cálculo de probabilidades e estatística, capaz de envergonhar e fazer corar qualquer estudioso da matéria. Termina a explicação com um sorriso no canto da boca. Fico em silêncio, é que cromos daqueles para a troca, só mesmo a fórmula resolvente ou o teorema de pitágoras, os únicos que ainda sei de cor...

- Bom, já percebi que a roleta está fora de questão. Mas pode sempre jogar nas slot machines...
- Nás slots? O que é issu? Sáo aquelas máquinas q têm uma alávanca?
- Sim, aquilo é muito simples: só tem que pôr lá umas fichas e puxar a alavanca e ver se as combinações lhe dão algum prémio...
- E quanto é que custam essás fichas?
- Bom, tanto quanto me lembro, pode comprar o valor que quiser...
- Ah, 'tá bem. Também só ténhu 20 eurós e o meu marrrido disse-me: 'tens 20 euros, guarda esses 20 euros'.
- Sim, mas jogar uma vez na vida é engraçado, acho... (arrependo-me do que disse).
- Está, bem, logo se vê se comprrrro essas fichás.

Dá por concluído o trabalho, que executou com esmero e rapidez. Tenho umas unhas lindas e escarlates. Despeço-me de Svetlana e desejo-lhe uma noite divertida. Esboça um sorriso e acena-me num gesto seco. Vira-se para falar com uma colega.

Estou a pagar a conta e olho novamente para trás: vejo Svetlana de mãos nos bolsos ainda a conversar com a colega. Vou ao seu encontro e estendo-lhe uma nota: 'Tome, Svetlana. Jogue nas slots machines por si e por mim. Pode ser que lhe saia alguma coisa. Nunca se sabe'. Sorri e diz obrigada, sem perder a altivez. Antes de me ir embora arrisco a última pergunta:

- Svletlana, posso -lhe fazer uma pergunta?
- Sim, digá...
- Qual era a sua profissão na Rússia?
- A minha? (sorri). Engenheira Física.

Epílogo: os cabeleireiros, como tantos outros lugares, são o espelho do Portugal cada vez mais multicultural da ultima década. Pena que as competências destes novos imigrantes não sejam devidamente aproveitadas.

E no que toca a 'engenharia das unhas', Svetlana foi perfeita: tive as mãos lindas, com verniz sem lascar, durante 15 dias.

Quantas kcal pode perder na actividade sexual?

Não sei.
Mas se alguém tiver esta informação, agradecia que esclarecesse a pessoa que assim chegou ao 8 e coisa 9 e tal.

aos miúdos e miúdas das nossas vidas

13 maio 2007

As senhoras e os senhores, ou a igualdade de género vista por um miúdo de seis anos



Depois de termos dormido no oceanário, tivemos direito a uma visita guiada por um biólogo. Ao longo de quase uma hora, todos nós ficámos a conhecer melhor as espécies que ali vivem. E o monitor aprendeu a falar de outra maneira.

Biólogo: Os senhores descem no elevador e mergulham para ir alimentar os peixes de profundidade.
Miúdo: São só senhores? As senhoras não podem ir?
Biólogo: Sim, podem. As senhoras e senhores mergulham no aquário.

Uns minutos depois,
Biólogo: Se os peixes estão doentes, os senhores vão lá buscá-los para o trazer para a quarentena.
Miúdo: Só vão os senhores? As senhoras não vão?
Biólogo: Sim, as senhoras também podem ir.

No fim da visita, o monitor dizia sempre «as senhoras e os senhores».

Have you ever been experienced? Well, I have!*

Zêzere, Açude da Barroca.

Ai que saudades de saltar um açude - de 'pequenos' 3 metros - e de descer uns rios, onde acabava tudo numa grande jantarada a comer chanfana ou qualquer coisa do género.
Those were the days!

*Jimmy Hendrix, Are you experienced?

Síndrome de Domingo à Tarde




Je ne veux pas travailler, Pink Martini (a partir de um original de E. Piaf)

Maria

Desde o dia 29 de Abril que ando a adiar um post para a minha sobrinha Maria. Completou 20 anos nesse dia e, certamente, fez muito melhor figura que eu quando completei os tais 20 e idos anos (eu, que chorei baba e ranho com a passagem dos 'teen' para a suposta idade adulta...).

A Maria é especial: nasceu e cresceu comigo. Tem o melhor carácter que conheço, sobretudo para uma adolescente recém-acabada-de-não-o-ser. É intrinsecamente boa. É bonita e sensata. Nada, joga futebol e voleibol como ninguém. A Maria foi a minha primeira sobrinha-amor-primeiro.
Aqui ficam em baixo três músicas para ilustrar o mundo vasto que dentro dela cabe.

- aqui (The Sound of Music, Maria)
- aqui (West Side Story, Maria)
- aqui (Ricky Martin, Maria).

P.S. Curiosamente, hoje, de acordo com o calendário cristão é o dia de Maria... A todas as Marias do mundo e à minha Maria - obviamente - em particular.
:)

12 maio 2007

Dormir quase dentro de água



e acordar com o oceanário vazio com as vozes das crianças encostadas ao vidro do aquário.

11 maio 2007

Última hora

Sexo oral aumental probalidades de cancro.

Leiam a notícia e rezem pelas vossas almas porque o corpo já tá perdido..

Já nas Bancas


Para mais informação procure aqui

Uma amiga ontem disse-me:

às vezes olho para a minha mão e pergunto-me, quando é que esta mão estará morta?

Alentejanas e Amorosas*









*Vitorino, Alentejanas e Amorosas, 2001.

Obrigada por terem partilhado o vosso quotidiano - tão generosamente - comigo.

10 maio 2007

Qual deus, qual bigbang, qual quê...

Em Bogotá, quando íamos às vezes aos domingos ao mercado das pulgas (feira da ladra) encontrávamos inevitavelmente um grupo de meia dúzia de maduros que seguravam um grande cartaz que dizia, viemos dos marcianos e por eles esperamos, e que distribuiam este panfleto que hoje encontrei numa mala que há muito não usava.

Ombro a ombro*

Como não se entenderam, tirem-se as mulheres e fiquem os imãs. Tantas linhas tortas para escrever direito verdadeiros diálogos interfés e intergéneros.
*gracias nerd

Acidente de trabalho


Os acidentes só não acontecem a quem não faz. Mas lá que há uns mais insólitos que outros, isso é inegável. Leiam este que vale a pena.

Pedimos desculpas por esta interrupção, a emissão segue dentro de momentos


Anda a circular uma coisa entre blogs: eu digo 5 pessoas que são fixes e cada uma dessas 5 pessoas nomeia mais cinco, e de cinco em cinco até ao infinito. Parece que houve um gajo que rompeu a cadeia e lhe caiu a pila ao fim de 3 dias. Uma blogger não nomeou ninguém e começou a entrar precocemente na menopausa, até que se lembrou da cadeia e desde que nomeou mais cinco pessoas os calores lhe passaram e vive agora com um bailarino cubano de 23 anos.

Como as abaixo-assinadas prezam muito a integridade dos seus genitais, e como somos mais que muitas, seria uma desgraça em termos de saúde pública quebrarmos esta cadeia de bem estar geral.

Assim, e depois de aturadas discussões entre as múltiplas sobre os blogs que nos fazem pensar a todas, decidimos por unanimidade indicar os seguintes:

- columbofilia, blog dedicado à promoção e divulgação do desporto columbófilo, "um desporto caseiro e bonito". Não podemos ignorar o incentivo à entrada de mulheres nesse maravilhoso mundo, adorámos ler a reportagem sobre a largada de 10.000 pombos correio rumo ao porto e conhecer o aspecto do pombo vencedor distrital Viseu II (2004), primeiro entre 3976. Não podia, por isso, deixar de ser o primeiro a ser nomeado como blog que nos faz pensar.

- montricot, onde se trata de tricot e crochet, actividade que nos parece relevante e útil para toda e qualquer pessoa. Especial relevo para o sugestivo modelo de fato-de-banho, para quem queira dedicar-se a esta arte ao serão. Gostávamos de ser capazes de ser assim, a nossa homenagem.

- blog do cabelo, onde se podem encontrar todo o tipo de dicas, tendências e conselhos para ir acompanhando as últimas em termos de cortes, cores, tons, volume, formas, mudanças. Qualquer mulher ou homem que se preze deve acompanhar. Recomendamos vivamente.

- notícias do mundo automóvel, porque afinal somos mulheres modernas, abertas à diluição dos papéis tradicionais de género. Haverá poucas conversas mais fascinantes do que o desempenho de um automóvel, a souplesse da caixa de velocidades, os segundos que levam dos 0 aos 100 Km/hora?

- CLUPAC, blog do clube português dos coleccionadores de pacotes de açúcar. Um blog que faz pensar a quem quer que seja.

Para finalizar, gostaríamos de fazer o nosso discurso de aceitação do prémio, dado pelo dorean paxorales do verdade ou consequência:

Agradecemos aos nossos pais, sem os quais nunca estaríamos aqui hoje, com a toda esta verve e a beleza que o dorean adivinha.

Agradecemos em especial às nossas mães, que suportaram estoicamente a nossa adolescência sem nos terem assassinado.

Agradecemos aos nossos irmãos/ãs, prim@s, ti@s, filh@s, amig@s, namorad@s, ex-namorad@s, amantes, maridos, vizinh@s, traseuntes em geral e animais em particular, por nos darem temas para escrevermos.

Agradecemos aos que lêem estas postas, que pensávamos arrotar umas para as outras e para uns quant@s amig@s com mais paciência e sem nada melhor que fazer. Essa é sem dúvida a surpresa maior para nós.

E, claro, temos de agradecer ao dorean por nos ter dado tema para mais uma posta. Não é ficção, mas já sabes: "Strange but true, for truth is always strange. Stranger than fiction."

09 maio 2007

Coffee & cigarettes



Há melhor dupla que esta?

Primeiro o café e os cigarros. Depois, Iggy Pop e Tom Waits em Coffee & Cigarrettes, de Jim Jarmush. That's a combination!

(na continuação deste e deste post)

Nem o Robin Hood (riding through the glen...) tinha tanta pontaria

Sempre que vou às compras de roupa começo invariavelmente por escolher as calças porque já sei o filme todo. Para tentar não falhar, provo sempre dois ou três números de cada modelo que acho que gosto e suporto o inferno das luzes dos provadores vezes sem conta, tira roupa, veste roupa, calça, descalça, limpa o suor da testa, tentando não sair a fugir a correr daquele foco de luz directamente em cima das minhas zonas s.o.s.. A verdade é que este sacrifício todo raramente dá resultados. Na maior parte das vezes acabo o dia de compras sem trazer um único par de calças. Parece que nada me fica bem, ou é o rabo, ou são as ancas, ou é a largura em baixo ou é outra coisa qualquer. Este Inverno que passou então, foi uma alegria quando resolveram que a moda seria devolver ao nosso dia a dia, os modelos dos anos 80 que eram as calças justinhas de cima a baixo. Ora bem, estes gajos ou querem que me atraque a uma máquina de tortura da idade média que me estique até ficar com 1.80m de perna ou então querem que deixe de comer de vez até passar a caber num 32 porque não há outra maneira daquele modelo de calças resultar.
Ontem voltei de novo às compras e desta vez, encalorada e sem muita paciência, chateei-me com as teorias todas e sem pensar duas vezes, agarrei um número 36 e um número 38 de dois modelos de calças que achei giros, paguei e saí da loja sem provar nada! Ficam-me as duas a matar! Assim, sem mais nem menos tretas, consegui escolher as calças perfeitas. Agora vou mas é abrir uma banca de consultoria à entrada do centro comercial e pôr este feeling a render.

King Carmona

retirado do Irmão Lucia

Correio

Cara Maria,

Há duas semanas a empregada de uma boutique perguntou-me se eu estava de bebé; como estou dentro do peso normal e tenho uma barriga de dimensões contidas, pensei que fosse uma piada ou a neo-encarnação do arcanjo anunciador.

Desde há uma semana comecei a ter desejos gastronómicos insólitos, que me ocupam a cabeça de forma obsessiva e constante, tendo de os concretizar sob pena de me congelar pensamento e acção.

Terei emprenhado pelos ouvidos?

Tua,
Multipla

08 maio 2007

Para animar a múltipla viciada



Ai que vontadinha de uma festa para bailar ol naite longui e dizer à tristeza xô, vai-te embora ó melga...

07 maio 2007

Fumar é bom



A propósito deste post.

Darfur

Desde 2003, o Darfur, no Sudão Ocidental, foi envolvido num conflito mortal. Várias centenas de milhares de pessoas foram mortas ou seriamente feridas. Mais de dois milhões de pessoas foram deslocados e vivem em campos de deslocados no Sudão ou em campos de refugiados no Chad; mais de 3,5 milhões de pessoas dependem da ajuda internacional para sobreviver.

António Guterres, o Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados descreveu a situação no Sudão e no Chad como “o maior e o mais complexo problema humanitário no mundo.”

A violação e outras formas de violência sexual estão a ser utilizadas diariamente como armas de guerra no Darfur. A violação de mulheres e meninas - incluindo meninas de apenas 8 anos - é generalizada. Quando empregue como parte de um ataque generalizado ou sistemático dirigido contra qualquer população civil, a violação constitui um crime contra a humanidade.

Para saber mais e assinar o protesto da Global Darfur, clike no texto.

Pois é...

Às vezes a realidade bate-nos com a força de uma estalada bem dada na fronha. Foi o caso, numa conversa breve no msn, há pouco:

- (...)
- E como estás?
- So and so...
- Para não variar.
- Pois...
- Ó miúda, vê lá se descobres uma maneira de ser mais feliz*.

É que lembrei-me depois de uma frase que uma outra amiga tem pendurada no frigorífico: 'tem atenção à tristeza. Ela pode-se tornar um vício'.
*Alguém tem sugestões?


Dos benefícios do tabaco

Chego a casa esgalgada de fome depois do trabalho. Como não tenho pão e a padaria já está fechada faço scones na bimby; enquanto cozem (10 minutos) deito abaixo um tupperware com resto de massa e metade de um pacote de bolachas. Acendo um cigarro para evitar fazer desaparecer o resto da despensa e conteúdo do frigorífico. Para não falar dos scones que estão a arrefecer enquanto escrevo.

06 maio 2007

Bem sei que tenho mau feitio, mas

deixar 3 crianças pequenas sozinhas num quarto de hotel num piso térreo sem qualquer tipo de controle não é uma grande ideia?
As crianças podem acordar, assustarem-se por estar sozinhas e sairem à procura dos pais. Ou podem ser raptadas sem qualquer tipo de impedimento.
(como é obvio, a história é uma desgraça e espero que a criança apareça o mais depressa possível. não deixa de ser interessante o tratamento nos media ingleses, com esta pequena pérola de informação objectiva)

Às Maes

Quando eu nasci,
ficou tudo como estava.
Nem homens cortaram veias,
nem o sol escureceu,
nem houve estrelas a mais...
Somente,
esquecida das dores.
a minha Mãe sorriu e agradeceu.

Quando eu nasci,
não houve nada de novo
senão eu.
As nuvens não se espantaram,
não enlouqueceu ninguém...

P'ra que o dia fosse enorme,
bastava
toda a ternura que olhava
nos olhos de minha Mãe...

José Régio

Duo


Parabéns, love!
:)

05 maio 2007

A incrível e triste história da tomatada de abril

Dia 25 de Abril, feriado nacional, dia da liberdade. Como em todos os anos anteriores, na mesma data e à mesma hora, parte um cortejo de várias entidades do marquês do pombal, avenida da liberdade fora até ao rossio.
Este ano seria um pouco diferente; um cartaz de um partido dito nacionalista na rotunda da casa partida ferve com o espírito democrático de muitas almas, algumas das quais umas semanas antes teriam atirado balões com tinta para o mesmo, o que fez com que o original fosse substituído por outro onde se pode ler acima de um avião a descolar "as ideias não se apagam, discutem-se". Alguém tinha dado por isso? Ninguém.
Ninguém não, um grupo que resiste ainda e sempre ao invasor, quatro pessoas apostadas em fazer uma neo-manifestação pacífica decidiram que era o mote perfeito para tal.
Colocaram uma faixa à frente do cartaz, onde se podia ler a contra-resposta "a xenofobia não se discute" e puseram umas quantas caixas com tomates podres, recolhidos com afã em diversas praças e mercados nessa manhã, e preparavam-se para fazer uma mini performance de teatro invisível para as pessoas que passavam para cortejarem o 25 de Abril.
No entanto, os tomates falaram mais alto. Nem tiveram tempo para fazer nada, logo os traseuntes ocasionais se entusiasmaram com a ideia e começaram a atirar os ditos ao cartaz, exorcizando assim a sua raiva e indignação. Tudo tranquilo, dir-se-ia. Mas não.
Logo os agentes da PSP, sempre atentos, comunicaram com os superiores que os mandaram fazer cerco ao cartaz para o proteger do ataque orgânico, cerco esse que protegia também os ditos tomates, decerto para não arriscarem terem de mandar dezenas de fardas para a limpeza a seco.
Uma das organizadoras do evento decidiu insurgir-se contra a apropriação abusiva dos seus vegetais, e reclamou às autoridades que os devolvessem. "os tomates são meus, não têm que mos tirar, não tenho culpa que as pessoas os tenham atirado" "pois, mas estão a estragar o cartaz, estamos e democracia e todos têm o direito de exprimir a sua opinião", retorquiu-lhe o senhor agente. De nada serviu explicar que uns quantos tomates em nada estragariam tal obra de marketing e publicidade politico-partidário. A paciência esgotou-se e então a rapariga esgueirou-se por entre as pernas do polícia, apanhou o primeiro tomate que encontrou e ainda o conseguiu atirar por cima da cabeça do agente que a agarrou pela cintura, tentanto impedir esse hediondo acto terrorista. Este preciso momento e outros imortalizados aqui.
A parte triste desta história divertida foi a cobertura mediática dos eventos. Apenas o expresso contou esta história tal como se passou. Os restantes confudiram a tomatada pacífica com os actos de vandalismo cometidos chiado abaixo. Vimos, ouvimos e escrevemos.

RECTIFIQUE-SE!!

Alertada pela perplexidade de várias pessoas faço aqui uma errata: numa posta aí em baixo onde se lê "dejectos fisiológicos" leia-se substâncias fisiológicas, ou se quiserem leia-se "xixi". Q'isto cá em casa ninguém caga no bidé!!

04 maio 2007

Perplexidades

Perplexidade 1
Já nada pode causar espanto nas notícias que provêm da CML e da sua desastrosa gestão pelo que não, não vou bater de novo no "ceguinho". Não posso deixar de fazer notar a "espontânea" manifestação que hoje mesmo juntou uma multidão de 300 funcionários da edilidade em redor de um dos vereadores que ainda não clarificou o que pretende e do seu presidente, multidão que aclamava este último e que bradava: "Carmona, amigo, Lisboa está contigo". Ora, é aqui que a porca torce o rabo! É que lá que os administrativos, arquitectos, engenheiros, cantoneiros, coveiros e outros mais se compadeçam do senhor por ele até ter, quiça, qualidades enquanto patrão é uma coisa. Pretenderem fazer desta massa representativa da cidade e dos seus munícipes é outra. Eu, cá por mim, não estou com ele! E não estou porque todos os dias Lisboa reclama aos nossos olhos que lhe prestem atenção, que a limpem, que lhe façam tapetes novos e que não se limitem a tapar os remendos que de tão remendados já não resistem a mais do que algumas pisadelas, porque Lisboa reclama por vida, por cor,enfim, por zelo e só tem recebido desmazelo. É tempo de cada um meditar também acerca das escolhas que brevemente terá de fazer e não se deixar amolecer por umas sentidas e comoventes palavras de "capitão que não abandona o navio". O navio foi há muito abandonado!

Perplexidade 2
Alberto João Jardim! Não consegue, já, deixar ninguém perplexo?! Consegue! Hoje mesmo morreu o 2º empregado de construção civil num espaço de 5 dias, na Madeira. Fácil de perceber que o frenesim eleitoralista e inauguracionista não é alheio a este facto. A lamentar por parte do candidato-presidente: aborrecido não ter podido inaugurar a obra e ter de proceder a alterações na agenda política. A família da vítima deve ainda pedir-lhe desculpas...

agora é que o sol arde

Procurando nos baús das memórias revolucionárias, aqueles onde se encontram as velhas formas que serviram para o nível 1, como se dizia numa caixa de comentários aí abaixo, encontrei esta reliquia, uma canção que me acompanhou durante a minha infância, quando os meus pais procuravam, segundo as suas crenças e possibilidades, construir um mundo melhor . O nosso mundo está melhor do que antes, mas como o tempo não pára, agora somos nós quem tem a batata quente na mão, e mais tarde vão ser os nossos filhos e filhas e depois deles... a luta continua e a história também, pois um povo nunca é livre em águas mornas. O que inventaremos nós para o nível 2 das nossas vidas?

03 maio 2007

Small brother

Não sei se já foram avisados pelo vosso banco, mas toda a gente vai ter de apresentar uma cópia autênticada do seu contrato de trabalho ou uma declaração da entidade patronal, que certifique que V. Exas. trabalham nesse local e as funções que desempenham.
Gostava de estar a brincar, mas não estou. Ao abrigo do Aviso 11/2005 de 13 de Julho do Banco de Portugal, as aberturas de conta estão condicionadas à apresentação dessa documentação e todas as contas já existentes devem ser actualizadas com as mesmas.
Já tive uma discussão com uma menina da caixa e com a gerente da dependência onde fui por causa disso; ia apenas incluir o meu nome nos movimentantes da conta do condomínio quando a solícita Ana Sofia me traz um documento para actualizar os meus dados. Começo a preencher nome, morada, telefone, habilitações académicas, profissão, entidade patronal... espera aí, o que raio têm vocês a ver com isto?
Ah, não somos nós, é o banco de portugal. E diga-me lá, o que é que o banco de portugal tem a ver com isso? Ah, eles agora pedem isso... Eu não lhe vou dizer isso, muito menos quanto ganho por mês, o estado tem acesso a essa informação na minha declaração de IRS. Pois, mas tem de ser.... Sim, mas tem de ser porquê? olhe, vou chamar a gerente.
Chega a gerente, mais assertiva na postura mas igualmente vazia nos esclarecimentos. Tem de ser porque sim.
Ora, eu recuso-me a dar cópia do meu contrato ao banco. Se a informação é para o estado, esse sabe bem o que faço, para quem faço, quanto ganho por isso e com quanto me deixam ficar para eu viver por mês. O meu banco apenas é um depositário temporário do meu dinheiro, um porquinho com número de identificação fiscal.
Como não há uma alminha que me explique, como se eu tivesse 4 anos, porque é que tenho de dar meças da minha vida a um banco a quem nem peço dinheiro emprestado fecho a minha conta.

02 maio 2007

Ballet aquático*




fotos ZéBird

Tenho saudades da água. Cresci a ouvir-lhe o seu rumor e o seu murmúrio, era ela que embalava o meu sono, todas as noites.

Da minha Parede-natal, umas fotos sacadas a um companheiro do 'buraco', surfista de alma e coração. Quem pensa que os 'surfistas só sabem surfar', desengane-se: estas belas fotos estão aí para mostrar o contrário. Directamente da Parede, este talentoso rapaz (surfista, fotógrafo, ilustrador), vai aproveitando a vida no melhor que ela tem.

Que um bom 'swell' comande a tua vida!

*aqui.

Palavras sábias do meu pai

Gosto muito de estar sozinho, dou-me bem comigo mesmo.

Pragas reais

Toda a gente já foi decerto bombardeado com telefonemas de telemarketing, em que fazem uma pergunta cuja resposta é absurdamente fácil e que dá direito a receber um trem de cozinha, um objecto de decoração ou mesmo um fim de semana em turismo de habitação. Os mais incautos vão lá levantar e deparam-se com uma lavagem ao cérebro de trazer por casa para comprar as coisas mais absurdas.
Também toda a gente já foi bombardeado com spam, em que mensagens de amor, amizade e carinho têm se ser passadas imediatamente a 20 pessoas sob pena de cair um raio em cima da cabeça, incêndios na casa, queda imediata dos órgãos sexuais e outras coisas simpáticas.
Hoje sofri uma abordagem de fusão; um mail que conjuga as duas coisas em minha perdição. Sob pena de perder umas quantas centenas de euros não o vou reenviar, como o Sr. Manuel Silva de São João da Madeira. Azar.

"Escolha 7 amigos e convide-os a participar nesta Campanha. Que também eles informem os seus amigos! Irá fazer uma boa publicidade aos hotéis e em troca os hotéis irão garantir-lhe 14 noites gratuitas para duas pessoas num período de 12 meses.Todos os dias os cibernautas como você, ao ler este aviso pensarão: "deve ser uma brincadeira". Não acreditam e deixam escapar esta oportunidade de ter umas férias de qualidade. Se enviar esta mensagem em 4 minutos, sem alterar o seu conteúdo, a 7 amigos e uma cópia para o endereço: mailto:pedido@ o endereço correctamente), rapidamente receberá um e-mail com um código especial que possibilita a entrega do seu cheque, não preenchido, para obter noites gratuitas.Muitas pessoas não são suficientemente rápidas, como o Sr. Manuel Silva de São João da Madeira. Este descuido custou-lhe a perda de umas férias no valor de 445 euros. Só você pode decidir não deixar escapar esta fortuna!"

A Praga

Ontem assisti, de forma atalhada, ao comentário (creio que semanal) do Miguel Sousa Tavares, pessoa que tem o condão de dizer tantas coisas acertadas quantas as bacoradas irreflectidas.
Versando a propósito dos direitos coartados dos fumadores que, já se sabe, são sempre, no dizer do mesmo, vítimas de uma perseguição cabalística e fundamentalista, lembrou-se o comentador de proferir algo do género: "E as crianças? Eu fui educado pelos meus pais a só frequentar restaurantes depois dos 15 anos. A verdadeira praga dos restaurantes são as crianças!"
Muita tinta correria se fosse agora dizer tudo o que penso acerca deste assunto. Creio que a verdadeira praga em muitos sítios públicos são os pais que se demitem de educar e que permitem que as suas crianças se portem de modo quase selvagem. Mas daí a considerá-las a elas "a praga" tenho a razão (ainda) a mediar o meu pensamento.
Quando se nos acabam os argumentos razoáveis, que tal ficarmos calados?!

01 maio 2007

Feriados, significados e rotinas (a proposito do 1 de Maio)

Dia 25 de Abril, fila da caixa do "Minipreço".
Sexagenária efectua pagamento e aproveita para injectar a sua ferroadazinha:
S - Então hoje não tiveram feriado, hem?!
Caixa - Não mas vamos ter no 1 de Maio.
S - No 1 de Maio?! Então mas os vossos feriados não são só os espanhóis? (fazendo referência ao facto da se tratar de uma cadeia daquela nação ibérica)
Humm...! Ai esta "juventude" desinformada!

A forma e o conteúdo

As manifestações do 1º de Maio entram-me pela janela adentro.
Há um bocado era a marcha pela avenida de roma fora até à alameda das universidades, agora oiço vagamente os discursos que botam, algures num palanque ou de uma camionete.
Vozes zangadas entram-me pela casa, oiço gritos de "a luta continua" e o inefável "cê gê tê pê, unidade sindical". Dos discursos apenas apanho o tom zangado e reivindicativo, das palavras apenas me chegam algumas frases finais que pedem que se continue a lutar pelos direitos dos trabalhadores.
Sinto-me numa viagem ao passado. As palavras, a forma de manifestação, os bombos, podia jurar que as pessoas também, são as mesmas de sempre. A realidade é que mudou e de que maneira.
Se quase todos os papões agora vêm acompanhados do prefixo neo, porque é que as manifestações e as palavras de ordem continuam a ser as mesmas? Porque é que não se consegue fazer uma neo-manif?
Claro que acredito no nosso dever de falar e de denunciar o que falta fazer. Uma sociedade civil inexistente é sinal de um país podre. Só me interrogo sobre o que acontecerá quando os que fizeram abril (como gostam de lembrar) já não estiverem cá; será que aí finalmente se poderá fazer diferente?
Acabam de passar o hino. Estranhamente não me chegam as vozes que o cantam nem o aplauso final.