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28 julho 2008

dedicado a todos os "pais de calvin" do mundo

- Quem é aquele ali naquele quadro, sentado na cadeira?
- Ah, aquele ali era um gajo francês qualquer muito importante.
- Como é que se chamava?
- Napoleão Bonaparte.
- Ah, lembro-me de ouvir falar.
- Isso era a alcunha que lhe deram depois por causa dum cão que teve chamado Bona, exactamente, que andava atrás dele para toda a parte.
- A sério? Que giro.
- Pois. Eu em história era um craque.
- E que fazia ele lá na França?
- Sei lá, era uma gajo importante, pronto. Ganhava as batalhas todas.
- Tem ar de mau.
- Isso é porque era mesmo mau. Vivia sozinho numa ilha deserta no meio do mar e comandava as tropas directamente dali..
A mãe entra na sala.
- O que é que estás para aí a ensinar ao miúdo, Joaquim? Não dês ouvidos ao teu pai.
- E nunca saía da ilha?
- Não. Mandava as ordens todas por pombo correio.
- Joaquim!

A aposta

Andava há meses angustiado. Gostava mesmo daquela mulher, mas não sabia se ela seria capaz de o satisfazer do modo que ele precisava. As coisas até corriam bem, mas faltavam aqueles detalhes que faziam toda a diferença.
Durante meses andou a pensar como abordar a questão. Leu e releu, pensou e meditou. O busto de napoleão era um número demasiado complicado para usar. Verem um filme juntos talvez arriscado. Mandar-lhe uma história não, tinha medo de a assustar. Um artigo científico, mas depois achá-lo-ia demasiado meticuloso e calculista. Não, decididamente desta vez queria fazer as coisas bem. Não sabia era como.
Um dia a oportunidade surgiu-lhe, como o acaso a favorecer os espíritos preparados.
Ela disse-lhe que lá no emprego todos tinham apostado dinheiro nas equipes do europeu de futebol. Ela tinha ido pelos italianos, que são bonitos, mas tinha ficado pela estrada com os espanhóis, por isso na final estava pelos alemães apesar de já não ir ganhar nada com o quiosque.
Ele sorriu, disse-lhe que se ela quisesse eles podiam fazer apostas caseiras. No entanto, como eram apenas eles a apostar em vez de dinheiro escolheriam géneros. Ela gostou da ideia.
Entre risinhos, abraços e beijinhos ela ia tentando escolher o que queria com a vitória da Alemanha. Acabou por se decidir por uma massagem de costas completas com pés.
Ele, que até tinha um avô que viveu em Espanha, achou que tinha a vantagem a seu favor. Quando ela lhe perguntou, e tu?
Se a Espanha ganhar quero que vistas um catsuit de latex preto, me amarres todo nú à cama, me provoques com a chibata de montar, me chames teu menino maroto que se portou mal e vai levar tau tau da fraulein, só se vem quando eu deixar.

Momento de poesia

Em pedaços

Espalhou-se em pedaços pelo chão da carpete verde escura daquela casa que cheirava a bafio, a doença, a velhice desatendida e a solidão. Tão depressa quanto a artrose, o reumatismo e a velhice lhe permitiam, apanhou cuidadosamente cada um daqueles pedaços, um por um, reuniu-os, limpou-os, e deixou que as memórias lhe assaltam-se intempestuosamente, lembrando cada um dos momentos da sua vida ao lado do marido já morto. Aquele busto daquele personagem que nunca soube quem era nem o que fez era a única lembrança física que guardava do seu marido, junto com o fraque do seu casamento. Recordava como se fosse hoje o dia em que ele o trouxe para casa e o colocou na sua mesa de cabeceira, ao lado da foto do dia do casamento, das fotos dos filhos e dos netos. O defunto olhava para ele com uma expressão estranha, parecia que lhe queria dizer qualquer coisa que nunca conseguia alcançar a garganta, ficavam-lhe as palavras presas na expressão do olhar perdido. Quando ao princípio lhe perguntava quem era o senhor daquela estátua dizia, não sei, e deixava o assunto morrer aí. Deixou de perguntar, habitou-se ao olhar perdido da estátua de pedra igual ao olhar do seu marido quando o olhava e depois a olhava a ela, interrogante e silencioso. Os netos riam-se cada vez que olhavam para o busto ao lado das suas fotografias, mas também eles nunca lhe disseram o motivo do seu riso. Hoje finalmente, tinha-se partido o objecto misterioso que a tinha acompanhado tantos anos, e uma sensação de liberdade, de estranha liberdade, percorreu-a dos pés à cabeça, aliviando as dores dos seus ossos e da sua alma. Tocaram à porta, era o seu vizinho octogenário que todos os dias a visitava, e que todos os dias sem excepção desde há dez anos, a convidava a dar um passeio de mãos dadas no parque do bairro, ao que ela sempre respondia, um dia Alberto, um dia. Reuniu os cacos da estátua de pedra, meteu-os num saco de plástico, pôs o seu chapéu de palha, abriu a porta e disse, estendendo-lhe a mão: Vamos, Alberto?

Portuguesas e portugueses

Há uns tempos atrás foi notícia nos jornais e na blogosfera o facto dos portugueses fazerem mais sexo que os espanhóis e o seu gosto pelo sexo anal. Como se fala só em portugueses e não se diz se são homens ou mulheres (a linguagem jornalística insiste teimosamente que o sujeito masculino representa os dois sexos) pareceria que são os homens e as mulheres portuguesas que gostam de praticar sexo anal. Contudo, o que me pareceria mais próximo da realidade é que os homens portugueses heterosexuais gostam de praticar sexo anal com as suas companheiras, ou que as mulheres gostam do sexo anal.

Mas era capaz de pôr as minhas mãos no fogo e não me queimar como os homens portugueses heterosexuais são ainda resistentes a descobrir a fonte de prazer dos seus ânus. Como ainda predomina no imaginário colectivo que o sexo anal nos homens está associado à homosexualidade, a maior parte dos portugueses heterosexuais continua a oferecer resistência em adoptar comportamentos que se afastem da masculinidade tradicional e diz cuscredo, eu cá não sou desses, não gosto que me vão ao cu. E enquanto continuam a pensar assim, limitam a descoberta desse maravilhoso orifício do corpo humano, que paradoxalmente serve para libertar-nos dos nossos dejectos e tem imensas terminações nervosas que são uma fonte de prazer incríveis.
Por isso, queridas amigas portuguesas, está na hora de comprar um busto de Napoleão para pôr ao lado da mesa de cabeceira e ajudar os nossos homens a descobrirem novos prazeres do seu corpo, tanto tempo reprimidos.

O busto de Napoleão - momento de ingenuidade

Não havia quem pela Praia da Zambujeira passasse que pudesse ignorar os figurões. Dona Tininha e o seu Napoleão eram um par de coqueluches desta terra com sabor a mar.

"Chamei-lhe assim porque mal o vi veio-me à ideia o busto de Napoleão que tenho em cima da mesinha de cabeceira. Percebi-lhe logo o carácter, a firmeza. Isso do tamanho não é o que importa, não!" prontificava-se a explicar a quem quer que questionasse o nome do bicho. E disso, do tamanho, parecia ela perceber bem. Dona Tininha pareceu sempre bem mais alta do que de facto era. Do cimo dos seus 60 e alguns anos, sobressaíam um peito forte e bronzeado que ela fazia questão de não esconder e umas pernas magras que, embora curtas, terminavam sempre em grandes saltos.

Já Napoleão não podia encontrar artefactos que lhe permitissem disfarçar o que era. Sobre as suas quatro patas andava rasteiro mas firme, como que ao som de uma batida sempre igual. E o pêlo esvoaçava, alvo e longo.

Durante anos o trajecto não enganava. Instalavam-se os dois na esplanada de sempre, ela com uma qualquer revista cor-de-rosa entre mãos e ele, aos pés.

"Olhe, diz que o Joaquim Almeida não quer trabalhar em Portugal. Pois que não trabalhe, não acha? Se nós não temos com o que lhe pagar... Esteja calado! Quer o quê? Queque ou bolo de arroz? Ó Paulinho, traz um bolo de arroz aqui para o Napoleão, trazes?"

Dirigira-se-lhe sempre na 3ª pessoa. Era "para corresponder ao respeito que ele impõe", dizia.

O Verão corria agitado e chuvoso. Napoleão começava a dar sinais de velhice e os sentidos começavam a falhar.

"Foi desafiado pelo catraio. Raios o partam, ao catraio! Correu atrás dele na brincadeira e..." A voz tolda-se e Dona Tininha recorre aos Dior castanhos escuros para esconder as lágrimas que teimam em saltar.
"Empalhe-se!" ordenou ao marido Joaquim.

E o empalhado Napoleão partilha hoje a mesa de cabeceira com o busto do outro. Sobre o naperon branco, escrita sobre papel reciclado, figura a inscrição:

"É necessário cometer amiúde algumas imprudências mas convém que sejam devidamente calculadas" Napoleão (o do busto).

Ver para crer


Não é apenas uma história ou uma anedota.
O busto de Napoleão existe e podemos descobri-lo em muitos sítios.
Este magnífico exemplar em resina foi encontrado aqui.

como fabricar um busto de napoleão



ai não era o busto de napoleão?
rats, enganei-me no origami...

21 julho 2008

O busto de Napoleão.

Desafio, fio fio...as minhas queridas múltiplas a escreverem uma ou mais postas tendo por tema "O busto de Napoleão".

O conteúdo fica ao critério de cada uma, é dado camarada.

As postas serão publicadas todas no mesmo dia, sugiro que seja na próxima segunda-feira, para termos uma semaninha inteira (podem ir escrevendo e programar para serem publicadas nesse dia). Em cada posta, deverão escrever "o busto de napoleão" nos labels.

Aceitam?