15 janeiro 2011

pausa da hibernaçao I



As crianças saltitam no meio da rua. É bonito vê-las com os seus saltitos como se fossem grandes passos pelo mundo. É bom saltitar, as pessoas crecidas como eu nao podemos fazê-lo, pelo menos se estamos sem uma criança ao lado que justifique uma brincadeira, para que as outras pessoas nos olhem com bons olhos e nos entendam com uma boa atitude, de partilha, de estar junto, de ser boa companhia.  Se saltitamos sem nenhuma criança perto, olham-nos de maneira estranha, pensam que a loucura caiu sobre nós, ou que nao sabemos aceitar que somos adultos, ou que nao sabemos aceitar a velhice, ou o que seja. Por outro lado, a alegria nem sempre nos sai em forma de saltitos, às vezes até nem nos sai em forma nenhuma. Mas adiante,  quando se tem uma criança como pretexto, é bom passar pela rua aos saltitos, parece que a rua e o mundo ganham outro sentido. Dizia o poeta Zeca Afonso, e se a velhice for tua, senta-a no meio da rua. E eu acrescento, e a se a vida for tua, saltita-a no meio da rua, saltita-a no meio da ruuuaaa.

1 comentário:

sem-se-ver disse...

eu arranjei, há muito, uam solução de compromisso, a bem da minha sanidade mental: saltito e pulo e faço palhaçadas nas aulas; alunos entre os 15 e 18, acham bizarro, mas divertido, e normalmente serve imenso pra criarem empatia mais rapidamente comigo.

aqueles que, porventura, me achem simplesmente a fzer tristes figuras, guardam-no para si, nao se atreveriam a fazer olhares de reprovação.

pelo que, mesmo que com 51 anos, posso continuar a ser criança.

e sem ninguem me poder mandar parar.

é optimo.