14 março 2011

A escola


Ontem, ao acompanha-la a fazer os trabalhos de casa, disse-lhe, humm, tenho a impressao de que deves andar um bocado distraída na escola.

Responde-me ela, com o seu ar de dramaqueen: é verdade mama, ando mesmo. E porquê, pergunto-lhe.

- Nao me sinto livre, nao gosto de ter que estar todo o tempo sentada a olhar para o mesmo lado, aquelas coisas aborrecem-me muito. Além disso, nao me deixam rir, nem a professora, nem os meus colegas, dizem que eu me rio muito.

Hesitei entre uma resposta sincera e uma resposta à sistema. Nem sei bem porquê, mas optei por esta última: pois, eu compreendo, mas tens de fazer um esforço, tens que disciplinar o corpo e a cabeça para poder aprender.

E hoje aqui estou, a remoer-me contra o sistema educativo que educa a minha filha para perder a alegria e ser mais uma produtiva à rasca e contra mim mesma que digo o que nao penso.

2 comentários:

na prise és bestial disse...

Como te compreendo, querida oito.
Quando isso aconteceu à minha criança, tive a sorte de poder mudá-la para uma escola onde nada disso existe, onde os miúdos aprendem a ser autónomos e a empenharem-se no trabalho ao seu ritmo, onde conhecem os programas das disciplinas e auto-avaliam o trabalho que fazem todas as semanas.
Pena é que o movimento da escola moderna (http://www.movimentoescolamoderna.pt/) não seja o modelo pedagógico seguido por todas as escolas. Por mais que tente, não consigo perceber por que razão não o é.

Bossa Nova disse...

ah! as dúvidas sobre o que é "triturar" a criança!
Oito, o problema do riso da tua filha está no colega do lado que pode precisar de um bocadinho mais concentração para compreender uma coisa. E não te preocupes, a tua resposta foi muito certa. Se o corpo não se disciplina, a cabeça nunca há-de aprender... Assim como na escola da Prise, em alguma altura um miúdo, qualquer miúdo, vai precisar de fazer esse mesmo exercício de auto disciplina para aprender e depois poder auto- criticar.
As escolas podem ter projectos que sejam mais ou menos apelativos para cada criança. Por isso é que os pais devem poder escolher, livremente, o que acham que melhor resulta com os seus filhos. Agora, em qualquer projecto, em qualquer modelo, é preciso momentos de concentração, de aprendizagem e de respeito pelos outros...
Não te esqueças que não é só na escola que se educa uma criança. É sobretudo em casa, ajudando a que as crianças percebam a importância de aprender, de respeitar, de encarar os desafios com segurança, de transmitir segurança para encararem os desafios, a perceber o que está funcionar ou não e fazer a ligação com a escola, enfim, as coisas que mais importam.
A tua filha tem um bom exemplo de alegria, de riso e de anti-sistema em casa! Não tens nada com que te preocupar!