30 junho 2011
Dificuldades:
nao saber o que fazer com a constataçao de que as mulheres fomos ensinadas desde pequenas a desconfiar à partida e à chegada, de TODOS os homens e ao mesmo tempo, a encontrar UM a quem amar perdidamente e ser alma sangue e vida em ti e dizê-lo cantando a toda a gente. E em nesse um cai toda a responsabilidade de nao ser igual a todos os seus outros semelhantes, ao mesmo tempo que, nao se aceita muito bem se ele for de facto muito diferente, de modos que assim é, assim como assim nao somos muitxs aqui por estes bandas, aproveito e venho cá estender uma posta de pescada neste céu azul, com aquel sol de maos lá em cima, antes que venha chuva.
27 junho 2011
Conversas cheias de passado, presente e futuro
A rapariga até já nem era uma catraia. Talvez uns 30 anos. Mostrava-se indignada e gesticulava enquanto, sentada na esplanada, discursava para o telemóvel. Quando passei, não pude deixar de ouvir: "tu, no dia em que souberes cativar uma mulher...!" e insistia, não fosse ele ser surdo, ´"siiiiiim, no dia em que souberes ca-ti-var. Ouviste bem?".
Eu não quis ouvir mais mas não consegui conter uma gargalhada. Ca-ti-var. Há homens que sabem, mas aqueles que não sabem também não acredito que venham a sabê-lo.
Eu não quis ouvir mais mas não consegui conter uma gargalhada. Ca-ti-var. Há homens que sabem, mas aqueles que não sabem também não acredito que venham a sabê-lo.
24 junho 2011
Ora aqui segue uma anedota de salão, que fica sempre bem
Casal supé-queque discutindo organização da vida semanal de recém casados:
-Olhe, Kiki, há certas rotinas a que, a partir de agora, a menina tem de se habituar. À segunda e à quarta feira eu jogo golfe com a rapaziada da empresa; à terça reunimo-nos sempre para uma prova de vinhos; à quinta tenho uns amigos com quem pratico ténis; e à sexta é quando jogo umas cartadas de póquer. Ao fim de semana eu e a menina podemos então passear e dedicarmo-nos às nossas actividades como casal.
- Certo, amor. Em contrapartida também tenho umas actividades de que não abdico: às segundas, quartas e sextas fode-se nesta casa. Quem está, está. Quem não está, estivesse.
-Olhe, Kiki, há certas rotinas a que, a partir de agora, a menina tem de se habituar. À segunda e à quarta feira eu jogo golfe com a rapaziada da empresa; à terça reunimo-nos sempre para uma prova de vinhos; à quinta tenho uns amigos com quem pratico ténis; e à sexta é quando jogo umas cartadas de póquer. Ao fim de semana eu e a menina podemos então passear e dedicarmo-nos às nossas actividades como casal.
- Certo, amor. Em contrapartida também tenho umas actividades de que não abdico: às segundas, quartas e sextas fode-se nesta casa. Quem está, está. Quem não está, estivesse.
22 junho 2011
rame rame
É estranho, sinto-me estranhamente próxima dele e muito muito distante. Ele diz que me ama, me quer e me deseja. Eu acho que ele me ama porque me deseja. Da minha parte acho que nao o desejo porque ainda nao sei se o posso voltar a amar.
O melhor seria cortar com isto de uma vez por todas em vez de andar aqui no rame rame, mas acho que tenho medo que a dinâmica de relacao dele com o filho ainda nao esteja resolvida, ou entao é mesmo a nossa dinamica que ainda nao está resolvida, e eu acho que se eu disser que nao quero nada com ele, ele pode abandonar o filho que tanto o adora.
Se assim é, eu devia era dar-lhe um par de patins já.
Mas também nao é bem isso, já nao sei o que sao os meus medos e o que sao as possibilidades reais, nao sei.
Como eu gostava de me abrir às pessoas, ao mundo a mim mesma, abrir o coraçao em vez de insistir em ser a minha própria carcereira.
O melhor seria cortar com isto de uma vez por todas em vez de andar aqui no rame rame, mas acho que tenho medo que a dinâmica de relacao dele com o filho ainda nao esteja resolvida, ou entao é mesmo a nossa dinamica que ainda nao está resolvida, e eu acho que se eu disser que nao quero nada com ele, ele pode abandonar o filho que tanto o adora.
Se assim é, eu devia era dar-lhe um par de patins já.
Mas também nao é bem isso, já nao sei o que sao os meus medos e o que sao as possibilidades reais, nao sei.
Como eu gostava de me abrir às pessoas, ao mundo a mim mesma, abrir o coraçao em vez de insistir em ser a minha própria carcereira.
Receita de mulher
As muito feias que me perdoem
Mas beleza é fundamental. É preciso
Que haja qualquer coisa de flor em tudo isso
Qualquer coisa de dança,
qualquer coisa de haute couture
Em tudo isso (ou então
Que a mulher se socialize
elegantemente em azul,
como na República Popular Chinesa).
Não há meio-termo possível. É preciso
Que tudo isso seja belo. É preciso
que súbito tenha-se a
impressão de ver uma
garça apenas pousada e que um rosto
Adquira de vez em quando essa cor só
encontrável no terceiro minuto da aurora.
É preciso que tudo isso seja sem ser, mas
que se reflita e desabroche
No olhar dos homens. É preciso,
é absolutamente preciso
Que seja tudo belo e inesperado. É preciso que
umas pálpebras cerradas
Lembrem um verso de Éluard e que se acaricie nuns braços
Alguma coisa além da carne: que se os toque
Como no âmbar de uma tarde. Ah, deixai-me dizer-vos
Que é preciso que a mulher que ali está como a corola ante o pássaro
Seja bela ou tenha pelo menos um rosto que lembre um templo e
Seja leve como um resto de nuvem: mas que seja uma nuvem
Com olhos e nádegas. Nádegas é importantíssimo. Olhos então
Nem se fala, que olhe com certa maldade inocente. Uma boca
Fresca (nunca úmida!) é também de extrema pertinência.
É preciso que as extremidades sejam magras; que uns ossos
Despontem, sobretudo a rótula no cruzar das pernas,
e as pontas pélvicas
No enlaçar de uma cintura semovente.
Gravíssimo é porém o problema das saboneteiras:
uma mulher sem saboneteiras
É como um rio sem pontes. Indispensável.
Que haja uma hipótese de barriguinha, e em seguida
A mulher se alteie em cálice, e que seus seios
Sejam uma expressão greco-romana, mas que gótica ou barroca
E possam iluminar o escuro com uma capacidade mínima de cinco velas.
Sobremodo pertinaz é estarem a caveira e a coluna vertebral
Levemente à mostra; e que exista um grande latifúndio dorsal!
Os membros que terminem como hastes, mas que haja um certo volume de coxas
E que elas sejam lisas, lisas como a pétala e cobertas de suavíssima penugem
No entanto, sensível à carícia em sentido contrário.
É aconselhável na axila uma doce relva com aroma próprio
Apenas sensível (um mínimo de produtos farmacêuticos!).
Preferíveis sem dúvida os pescoços longos
De forma que a cabeça dê por vezes a impressão
De nada ter a ver com o corpo, e a mulher não lembre
Flores sem mistério. Pés e mãos devem conter elementos góticos
Discretos. A pele deve ser frescas nas mãos, nos braços, no dorso, e na face
Mas que as concavidades e reentrâncias tenham uma temperatura nunca inferior
A 37 graus centígrados, podendo eventualmente provocar queimaduras
Do primeiro grau. Os olhos, que sejam de preferência grandes
E de rotação pelo menos tão lenta quanto a da Terra; e
Que se coloquem sempre para lá de um invisível muro de paixão
Que é preciso ultrapassar. Que a mulher seja em princípio alta
Ou, caso baixa, que tenha a atitude mental dos altos píncaros.
Ah, que a mulher dê sempre a impressão de que se fechar os olhos
Ao abri-los ela não estará mais presente
Com seu sorriso e suas tramas. Que ela surja, não venha; parta, não vá
E que possua uma certa capacidade de emudecer subitamente e nos fazer beber
O fel da dúvida. Oh, sobretudo
Que ela não perca nunca, não importa em que mundo
Não importa em que circunstâncias, a sua infinita volubilidade
De pássaro; e que acariciada no fundo de si mesma
Transforme-se em fera sem perder sua graça de ave; e que exale sempre
O impossível perfume; e destile sempre
O embriagante mel; e cante sempre o inaudível canto
Da sua combustão; e não deixe de ser nunca a eterna dançarina
Do efêmero; e em sua incalculável imperfeição
Constitua a coisa mais bela e mais perfeita de toda a criação inumerável.
Vinícius de Moraes
As muito feias que me perdoem
Mas beleza é fundamental. É preciso
Que haja qualquer coisa de flor em tudo isso
Qualquer coisa de dança,
qualquer coisa de haute couture
Em tudo isso (ou então
Que a mulher se socialize
elegantemente em azul,
como na República Popular Chinesa).
Não há meio-termo possível. É preciso
Que tudo isso seja belo. É preciso
que súbito tenha-se a
impressão de ver uma
garça apenas pousada e que um rosto
Adquira de vez em quando essa cor só
encontrável no terceiro minuto da aurora.
É preciso que tudo isso seja sem ser, mas
que se reflita e desabroche
No olhar dos homens. É preciso,
é absolutamente preciso
Que seja tudo belo e inesperado. É preciso que
umas pálpebras cerradas
Lembrem um verso de Éluard e que se acaricie nuns braços
Alguma coisa além da carne: que se os toque
Como no âmbar de uma tarde. Ah, deixai-me dizer-vos
Que é preciso que a mulher que ali está como a corola ante o pássaro
Seja bela ou tenha pelo menos um rosto que lembre um templo e
Seja leve como um resto de nuvem: mas que seja uma nuvem
Com olhos e nádegas. Nádegas é importantíssimo. Olhos então
Nem se fala, que olhe com certa maldade inocente. Uma boca
Fresca (nunca úmida!) é também de extrema pertinência.
É preciso que as extremidades sejam magras; que uns ossos
Despontem, sobretudo a rótula no cruzar das pernas,
e as pontas pélvicas
No enlaçar de uma cintura semovente.
Gravíssimo é porém o problema das saboneteiras:
uma mulher sem saboneteiras
É como um rio sem pontes. Indispensável.
Que haja uma hipótese de barriguinha, e em seguida
A mulher se alteie em cálice, e que seus seios
Sejam uma expressão greco-romana, mas que gótica ou barroca
E possam iluminar o escuro com uma capacidade mínima de cinco velas.
Sobremodo pertinaz é estarem a caveira e a coluna vertebral
Levemente à mostra; e que exista um grande latifúndio dorsal!
Os membros que terminem como hastes, mas que haja um certo volume de coxas
E que elas sejam lisas, lisas como a pétala e cobertas de suavíssima penugem
No entanto, sensível à carícia em sentido contrário.
É aconselhável na axila uma doce relva com aroma próprio
Apenas sensível (um mínimo de produtos farmacêuticos!).
Preferíveis sem dúvida os pescoços longos
De forma que a cabeça dê por vezes a impressão
De nada ter a ver com o corpo, e a mulher não lembre
Flores sem mistério. Pés e mãos devem conter elementos góticos
Discretos. A pele deve ser frescas nas mãos, nos braços, no dorso, e na face
Mas que as concavidades e reentrâncias tenham uma temperatura nunca inferior
A 37 graus centígrados, podendo eventualmente provocar queimaduras
Do primeiro grau. Os olhos, que sejam de preferência grandes
E de rotação pelo menos tão lenta quanto a da Terra; e
Que se coloquem sempre para lá de um invisível muro de paixão
Que é preciso ultrapassar. Que a mulher seja em princípio alta
Ou, caso baixa, que tenha a atitude mental dos altos píncaros.
Ah, que a mulher dê sempre a impressão de que se fechar os olhos
Ao abri-los ela não estará mais presente
Com seu sorriso e suas tramas. Que ela surja, não venha; parta, não vá
E que possua uma certa capacidade de emudecer subitamente e nos fazer beber
O fel da dúvida. Oh, sobretudo
Que ela não perca nunca, não importa em que mundo
Não importa em que circunstâncias, a sua infinita volubilidade
De pássaro; e que acariciada no fundo de si mesma
Transforme-se em fera sem perder sua graça de ave; e que exale sempre
O impossível perfume; e destile sempre
O embriagante mel; e cante sempre o inaudível canto
Da sua combustão; e não deixe de ser nunca a eterna dançarina
Do efêmero; e em sua incalculável imperfeição
Constitua a coisa mais bela e mais perfeita de toda a criação inumerável.
Vinícius de Moraes
Sinfonia nº 40 de Mozart
Para a oito aniversariante que entrou ontem neste mundo das mulheres de quarentas
20 junho 2011
Amanhã...
... coloca-os nas orelhas e sai para a rua com a certeza que o dia é teu. E depois de amanhã, e depois de depois de amanhã...
17 junho 2011
Porque hoje é sábado
e porque pintar paredes é uma forma de expressao como outra qualquer, aqui fica mais uma curta do oito:
BIG BANG BIG BOOM - the new wall-painted animation by BLU from blu on Vimeo.
BIG BANG BIG BOOM - the new wall-painted animation by BLU from blu on Vimeo.
14 junho 2011
this is your birthday
Hoje é o teu aniversário, querida oito, e queremos que tenhas um dia muito feliz, hoje e sempre.
E cá estão os Beatles a "regarem" ocasiões importantes.
08 junho 2011
banda sonora casual
A amiga contou que encontrou a casa para onde vai viver, depois de anos de infelicidade. Contou como chorou quando saiu da sala onde assinou o contrato da casa nova. Contou como está com medo mas também com muita vontade de tudo o que aí vem. Enquanto isso, o que tocava era isto na minha sala:
Ou muito me engano, ou os Beatles conseguem ser a banda sonora de quase tudo o que acontece nas nossas vidas.
07 junho 2011
o que é natural é mesmo bom
e como até nao fui em quem escreveu isto lá em baixo, aproveito e faço aqui um comentário para encher chouriços, ou neste caso, pepinos.
A primeira aclaraçao que quero fazer, ainda que nao seja relevante para o essencial da questao, é que, do que li nos jornais espanhóis sobre a história da infecçao com a bactéria do pepino espanhol na Alemanha, nunca vi mencionado nada sobre a sua origem ser de agricultura biológica
Mas isso nao é relevante para a questao. É um facto que prefiro quinhentas mil vezes produtos de origem biológico, tratados sem pesticidas, que sejam produzidos relativamente perto de onde vivo e que nao tenham que consumir imenso combustivel para poder chegar às lojas onde compro. Aprecio muito mais o sabor dos alimentos quando estes sao cultivados de acordo ao seu tempo certo e nao sobre pressao. Tenho a certeza que os produtos químicos industriais com que aceleram a amadurecimento ou protegem os alimentos sao nocivos para os mesmos, para os mantos freáticos e para o ar dos sítios onde sao produzidos (muitas vezes em diversos pontos do planeta, onde o trabalho de uma pessoa é pago a preço de escravo).
Mas tudo isto nao exclui que os alimentos, sejam eles de origem biológicos ou nao, têm de ser submetidos a um controlo de qualidade para poder evitar situaçoes como esta. Nao é fácil detectar a bactéria, mas em vez de mandar alfinetes para a polónia, bem se podia investir em investigaçao para prevenir situaçoes como esta.
A primeira aclaraçao que quero fazer, ainda que nao seja relevante para o essencial da questao, é que, do que li nos jornais espanhóis sobre a história da infecçao com a bactéria do pepino espanhol na Alemanha, nunca vi mencionado nada sobre a sua origem ser de agricultura biológica
Mas isso nao é relevante para a questao. É um facto que prefiro quinhentas mil vezes produtos de origem biológico, tratados sem pesticidas, que sejam produzidos relativamente perto de onde vivo e que nao tenham que consumir imenso combustivel para poder chegar às lojas onde compro. Aprecio muito mais o sabor dos alimentos quando estes sao cultivados de acordo ao seu tempo certo e nao sobre pressao. Tenho a certeza que os produtos químicos industriais com que aceleram a amadurecimento ou protegem os alimentos sao nocivos para os mesmos, para os mantos freáticos e para o ar dos sítios onde sao produzidos (muitas vezes em diversos pontos do planeta, onde o trabalho de uma pessoa é pago a preço de escravo).
Mas tudo isto nao exclui que os alimentos, sejam eles de origem biológicos ou nao, têm de ser submetidos a um controlo de qualidade para poder evitar situaçoes como esta. Nao é fácil detectar a bactéria, mas em vez de mandar alfinetes para a polónia, bem se podia investir em investigaçao para prevenir situaçoes como esta.
05 junho 2011
03 junho 2011
01 junho 2011
O que faz falta é abrir os olhos
e abrir os olhos é, neste caso, bater no ombro de quem nos dá notícias e perguntar: por que razão nada sabemos sobre o que se está a passar nas ruas da Grécia?
Soube disto pelo Portugal Uncut. E fiz o que lá sugerem: enviei emails a meios de comunicação social, pedindo que nos informem do que se passa no mundo e na Grécia.
Depois de terem ignorado os dias iniciais dos protestos em Espanha, e de terem feito uma cobertura tardia e limitada das repercussões em Portugal, os media portugueses insistem em fechar os olhos, ou em tentar fechar-nos os olhos, em relação a outro palco de contestação em curso: a Grécia.
São pelo menos cem mil nas ruas em Atenas há vários dias, a protestar contra as medidas de austeridade, a intervenção do FMI, a complacência do governo, a vida que não podem viver.
Nisto, os media portugueses não estão sozinhos: o bloqueio é geral. Percebe-se que o efeito claro das políticas de austeridade impostas pelo FMI desde há um ano não seja uma visão agradável que para quem tenta implementar o mesmo plano sanguessuga por outras paragens; e menos será a consciência de que as pessoas não estão rendidas ao que lhes vendem como inevitável, e que um ano de austeridade e ameaças as faz sair para a rua em massa. Mas não será precisamente porque a Grécia é um exemplo tão próximo e claro que o jornalismo digno desse nome devia fazer questão de pelo menos noticiar? já nem falamos de isenção, debate, investigação - apenas da obrigação básica de informar. Mais ainda num país em campanha eleitoral para umas eleições que se disputam em torno das questões da austeridade e das imposições da mesma troika responsável pela situação grega.
Existem alguns artigos on-line|1|, transmissões em directo|2|, e até a hashtag #greekrevolution no Twitter. Se os media não cumprem o seu papel, há quem o faça. Mas acreditamos que o contributo da comunicação social para o debate e a informação dos cidadãos é insubstituível, e que jornalistas sérios não prescindem das suas obrigações éticas. Por isso, aqui fica o apelo: façam o vosso trabalho, e informem-nos acerca do que se está a passar na Grécia.
São pelo menos cem mil nas ruas em Atenas há vários dias, a protestar contra as medidas de austeridade, a intervenção do FMI, a complacência do governo, a vida que não podem viver.
Nisto, os media portugueses não estão sozinhos: o bloqueio é geral. Percebe-se que o efeito claro das políticas de austeridade impostas pelo FMI desde há um ano não seja uma visão agradável que para quem tenta implementar o mesmo plano sanguessuga por outras paragens; e menos será a consciência de que as pessoas não estão rendidas ao que lhes vendem como inevitável, e que um ano de austeridade e ameaças as faz sair para a rua em massa. Mas não será precisamente porque a Grécia é um exemplo tão próximo e claro que o jornalismo digno desse nome devia fazer questão de pelo menos noticiar? já nem falamos de isenção, debate, investigação - apenas da obrigação básica de informar. Mais ainda num país em campanha eleitoral para umas eleições que se disputam em torno das questões da austeridade e das imposições da mesma troika responsável pela situação grega.
Existem alguns artigos on-line|1|, transmissões em directo|2|, e até a hashtag #greekrevolution no Twitter. Se os media não cumprem o seu papel, há quem o faça. Mas acreditamos que o contributo da comunicação social para o debate e a informação dos cidadãos é insubstituível, e que jornalistas sérios não prescindem das suas obrigações éticas. Por isso, aqui fica o apelo: façam o vosso trabalho, e informem-nos acerca do que se está a passar na Grécia.
Quantos mais formos, mais eficaz será a nossa voz.
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