29 novembro 2011

Aprende-se muito com adolescentes em casa. Aprendem-se palavras e expressões, músicas e vídeos. A nova paixão cá em casa é o Nurb.



Ou muito me engano, ou ainda vamos ouvir falar deste miúdo.

26 novembro 2011

Vantagens de habitar um primeiro andar baixinho ao pé de restaurante onde se apanham grandes pifos

Acabou de embater uma coisa destas, em tamanho gigante e apenas com o cartão semi-aberto, na minha janela e com votos gritados de "Feliz Natal". Presumo que a noite possa ter corrido mal a alguém mas eu fiquei a ganhar.

23 novembro 2011

Ele vem aí para ficar

...apesar das mínimas baixas.
EI, DEPRESSÃO DOS DIAS INVERNOSOS, VAI PRÁ-PUTA-QUE-TE-PARIU!!!

20 novembro 2011

A minha árvore

Não tive dúvidas. Mal tinha ainda entrado naquela que é agora a minha casa, já a sabia minha, como se de alguma forma eu já a habitasse. Percorri os espaços com uma não estranheza que chegava a ser inquietante. E foi ao chegar à cozinha que vi, para lá da janela, a árvore a que passei carinhosamente a chamar a minha árvore.
Era grande, majestosa até, linda, com o sol as folhas ganhavam diferentes verdes. Senti-a como um elemento protector e detinha-me horas a fio a beber o meu café matinal e a olhar para ela. Uma árvore perde as folhas a cada outono que passa, assim como nós perdemos o cabelo e ficamos mais tristes. Mas a primavera renova-a, traz-lhe vigor e a esperança de ser de novo habitada. Eu via-a perder a alegria a cada dia mas não a força. Nela pousava quase todas as manhãs um melro, não sei se o mesmo ou se vários, com o qual me habituei a uma troca de assobiadelas. Fascinaram-me sempre, os melros. Penso muitas vezes que eles transportam a alma de pessoas que amei e que, como eu, se entregavam facilmente a uma conversa assobiada. E como são simples! Completamente negros, com o bico laranja. A beleza que lhes vem da simplicidade.
Há dias fui sobressaltada com o som seco e frio de um machado que, aos poucos, desmembrava a minha árvore, sem qualquer amor, sem qualquer emoção. Parece que largava muitas folhas e que a vizinhança se queixava dos estragos e do lixo.
Da minha árvore sobra um coto. Morreu a esperança de a ver tornar-se verde. A minha cozinha está despida e pela janela só o branco sujo dos muros mas não a vida. Em mim, ficou maior o medo do uso dos possessivos. Tanto a que eu chamei meu e que a vida (ou a morte) me levou em escassos meses.
O melro, não sei se o mesmo ou se outro, canta agora numa outra árvore num quintal lá adiante. Não sei se tem quem fale com ele. Espero que sim porque eu sinto-lhe a falta.

19 novembro 2011

Às minhas parceiras setipicosoiticoisanovital

De uma múltipla com falta de inspiração e medo da exposição. Mesmo a precisar de um jantarinho animado e bem regado.

13 novembro 2011

Ruínas

Por onde quer que tenha começado,
pelo corpo ou pelo sentido,
ficou tudo por fazer, o feito e o não feito,
como num sono agitado, interrompido.

O teu nome tinha alturas inacessíveis
e lugares mal iluminados onde
se escondiam animais tímidos que só à noite se mostravam
e deveria talvez ter começado por aí.

Agora é tarde, do que podia
ter sido restam ruínas;
sobre elas construirei a minha igreja
como quem, ao fim do dia, volta a uma casa.

Manuel António Pina

12 novembro 2011

10 novembro 2011

Morena, inteligente, serena
curiosa, incisiva, sagaz
cordial, convicta, genuina
tolerante, misteriosa, mordaz
genuína, divertida, perspicaz

De humor raro que se faz de palavras poucas e olho vivo, esta múltipla estranha-se e depois entranha-se.
Parabéns, querida oito!

09 novembro 2011

Um dia destes...

faço a chamada e marco falta a quem não estiver. Ou será melhor marcar um jantar?

São mesmo o melhor do mundo

Informavam-me que amanhã temos a fotografia da classe e quase me ordenavam que eu devia vir aperaltada, "impecável!", exclamou o V. Retorqui um ora, pois não ando eu sempre impecável e bem apresentada?! Foi então que da boca de D. ouvi a revelação: entenda, professora, que nós sabemos que anda sempre a 100%. Mas o que queremos é que amanhã esteja a 200% para que em vez de parecer ter 35, pareça ter 25.
Não é da boca das crianças que sai sempre a verdade?

08 novembro 2011

Inesperada e profunda declaração de amor (ouvido no metro)

Sabes, pá, eu durante o dia até nem me sinto nada mal sozinho. Consigo suportar bastante bem. Mas à noite é que me faz cá uma falta ter companhia... Não queres namorar comigo à noite?

Dedicatória a uma oito transtornada


Desculpa lá, amiga oito, transtornar-te nesta nossa casa, mas parece que cantei esta canção ao longo de todo o meu sonho.

07 novembro 2011

Do not disturb

Entre o que tenho de um lado e não quero, e o que queria por outro e não tenho, acho que preciso de uma electrocução. Vou ali sentar-me um bocadinho na cadeira eléctrica. Por favor, não incomode.

Tacones Lejanos

Sabes pá, há dias em que se acorda já com a raiva do que se foi e do que não se chegou a ser. E ela, a puta, irreprimível, a bailar entre a goela e o ventre, come-nos por dentro e nós a querer expulsá-la a cada expiração e ela, insidiosa, provocadora, que não vai, não vai.
Acendo um cigarro, ponho o café a aquecer no pucarinho de alumínio, dou um golo e travo já o fumo de outro cigarro, abro e fecho as portas da varanda que atravesso num e noutro sentido e sempre sem saber onde vou quando as passo para o interior.
Por que razão a raiva, pergunto eu. E por que não?, torno. E por que raio de moralidade tenho de me sentir pecadora ou culpada pela sua existência dentro de mim? E que culpa tenho eu que ela tenha vindo cá morar? Não a chamei e até nem consigo conviver muito bem com ela, mas enviaram-ma com muito carinho e tenho de a aceitar.
Vou sair, penso, e transformar em passos sincopados a dor que vai cá dentro. Caminharei por algumas horas sobre os passeios desta cidade. Paro em frente à montra de uma sapataria, entro a medo que o dia não se conjuga com o verbo confiar-em-si. E olha, vê tu bem, transformei a tal coisa que tinha cá dentro num par de sapatos que para além de não muito caros, até são de salto alto, acessório que uma voz amiga me confiou não dar muito jeito mas fazer muito bem.
Hoje saí para a rua com 66 euros de raiva nos pés, que calquei, pisei, sacudi, esmaguei e acabei por abandonar nas pedras da calçada. A raiva, porque os sapatos, sendo de salto, fazem-me mesmo muito bem.

04 novembro 2011

Amores à primeira vista

Cheguei ao grande supermercado de livros muito tempo antes da hora marcada para o happening de fim de dia. Como sempre, uma impossibilidade de ali entrar, ali ou em qualquer livraria, e sair de mãos a abanar. É como a velha história de ir a Roma e não ver o Papa. Mesmo se não uma impossibilidade, uma enorme dificuldade.
Deambulei com algumas ideias bem claras na minha cabeça do que gostaria de levar para casa. Havia começado a ler, por sugestão de uma amiga do peito, um romance de Ricardo Adolfo, uma surpreendente revelação na literatura em português, mas que tive de deixar para trás no momento de retorno à pátria. "Depois de morrer aconteceram-me muitas coisas" é uma história apaixonante narrada por um imigrante ilegal que se perde na cidade onde habita não conseguindo encontrar o caminho para casa. Encontrei-o e pu-lo na cesta. Procurei "A Cidade dos Prodígios", sem sucesso. A paixão que trago por Barcelona precisava de ser alimentada por um romance que me falasse dela e era este mesmo que tinha na fisgada.
Mas como tantas vezes me acontece na vida, às vezes basta-me querer para que a surpresa me caia mesmo à frente do nariz. Não estava lá o que eu procurava mas bastou-me varrer com o olhar o primeiro expositor dos estrangeiros traduzidos para me deparar com uma capa fabulosa, ilustrada por uma imagem lindíssima do fotógrafo do instante, Catalá Roca.
E agora ando com Clara, com Daniel, com Barceló, com Julián Carax e mais umas quantas personagens, a viajar pelas ruas da Barcelona do princípio do século XX.
É o que eu sinto: Barcelona vai comigo e eu vou muito bem com ela. E este é um amor à primeira vista nada traiçoeiro.

01 novembro 2011

Inventem-se novas famílias

Tornei este outono a Barcelona com umas coisas no coração, que entretanto deixei cair pela janela (consta que em Barcelona objectos volumosos podem cair das janelas fazendo perigar a vida a passeantes mais incautos) mas vim de lá com outra bem maior. Regresso com a certeza que a família não é o conceito abstracto a que nos habituámos mas sim as pessoas e os sítios onde nos sentimos bem, onde somos de verdade, aos quais sentimos pertencer sem que pertença signifique posse. Estar em família significa cooperar, enfrentar a vida com o(s) outro(s) entendendo e respeitando silêncios, partilhando dores e alegrias. Significa discutir pontos de vista, respeitar espaços e ideossincrasias, rir, brincar, chorar, aconselhar sem impor, concedendo ao outro a liberdade das suas próprias escolhas.
Estive em família e isso é sentir-me em casa. O caminho para Portugal é por aqui (<). O meu corpo partiu mas parte de mim ficou por ali.

20 horas e 54 do dia 8 de novembro e temos


visitantes no nosso gulobe! Há muito que não me lembro de tal coisa acontecer...

Felizes reencontros outonais

ou ready for life!