25 abril 2010

Portas

Quando me disseste que me querias eu ri-me, não dei imporância ao assunto. E tu não cedeste.
Quando me deste a mão, em instantes roubados ao tempo que não podíamos dispensar eu ri-me, e achei piada ao conforto de um carinho há muito enterrado sob uma existência a dois, dolorosamente arrastada através de anos que não acabam mais. E tu não paraste.
Quando me escreveste que eu te fazia falta, eu ri-me, já esquecida da última vez que ouvira algo assim, perdida entre discussões, insultos e acusações, longos, violentos, mortais. E tu não desististe.
E eu perdi-me por ti e tu perdeste-te em mim. E amaste-me de todas as formas possíveis, depressa, devagar, com paixão e agressividade, com dureza e delicadeza, como se fossem aquelas as últimas horas que passaríamos juntos. Esquecendo o mundo, esquecendo os outros, aqueles que eram nossos no papel mas já não no coração.
E perguntaste-me onde havia estado este tempo todo.
E nesse instante eu entendi. E tu sorriste.
Depois disseste 'Olá'.
E eu nunca mais te deixei.

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