13 novembro 2011

Ruínas

Por onde quer que tenha começado,
pelo corpo ou pelo sentido,
ficou tudo por fazer, o feito e o não feito,
como num sono agitado, interrompido.

O teu nome tinha alturas inacessíveis
e lugares mal iluminados onde
se escondiam animais tímidos que só à noite se mostravam
e deveria talvez ter começado por aí.

Agora é tarde, do que podia
ter sido restam ruínas;
sobre elas construirei a minha igreja
como quem, ao fim do dia, volta a uma casa.

Manuel António Pina

2 comentários:

foi dançar a bossa nova disse...

A casa, a casa.

8 e coisa 9 e tal disse...

A casa, o porto de abrigo onde cresce o meu novo eu.