21 fevereiro 2011

pseudo já lhe perdi a conta

Disseste: “Decidi que sou de esquerda quando constatei que sem igualdade de oportunidades nao pode haver liberdade”

Os conceitos de liberdade e de igualdade são conceitos distintos e, infelizmente, muitas vezes baralhados.

Uma coisa é a liberdade do indivíduo em explorar as suas próprias potencialidades e a liberdade do indivíduo perante o Estado.

Outra, o Estado garantir o princípio da igualdade dos seus súbditos ou cidadãos, isto é que "ninguém é privilegiado, beneficiado, prejudicado, privado de qualquer direito ou isento de qualquer dever em razão de ascendência, sexo, raça, língua, território de origem, religião, convicções políticas ou ideológicas, instrução, situação económica, condição social ou orientação sexual.” Ou seja, e numa primeira análise, o que aqui te importará é que todos os cidadãos são iguais perante a lei, perante o Estado. Nada mais certo!

Do que falava - para além de não sermos, subjectiva e objectivamente, iguais entre todos os sete mil milhões de pessoas que habitam este planeta – era da liberdade do indivíduo perante o próprio Estado. Ou dito de outra modo, em que sectores é que deve o Estado intervir, estar presente e de que modo. Falava era sobre a necessidade de o Estado querer assumir tudo e mais um milhares de papéis que deveriam ser da sociedade civil, da família, de organizações justamente não governamentais, e da forma como o Estado tem assumido uma forma tão subtilmente totalizante de triturar a pessoa.

É que não é acreditar na igualdade de oportunidades que distingue a direita da esquerda.

É acreditar que, em igualdade de oportunidades, cada um tem a liberdade de seguir por onde quer, sem que o Estado tenha de lhe dizer por onde vai ou dizer que não vale a penar ir por ali ou, pior, dizer “até podes ir, mas vou-te dificultar tanto, mas tanto, que na volta cá te espero”…

Por exemplo: porque é que o Estado me pergunta porque quero uma certidão da minha situação fiscal? “Mas qual o fim a que de destina, minha senhora!?? Eu não posso passar um certidão sem saber o fim!!” “Mas eu não preciso de ter um fim! Quero só que me passe um papel em como eu, eu própria, a pessoa que requer a certidão e paga por isso, não deve nada ao Estado!” “Ah, mas eu não posso fazer isso sem saber para é que quer isso!!”

A questão é que não tem de saber. E está na minha liberdade não dizer para que quero o papel e que o papel corresponda à verdade. Mais: quero a procaria do papel só para pôr no meu arquivo, antes que se lembrem de daqui a uns meses inventarem mais um imposto que não quero, nem posso, pagar e dizerem que tem por base factos contributivos já verificados. “O fim? O fim é só defender-me do Estado”.

É, de facto, saber que a via que tem sido seguida é a via certeira para garantir que existe ”uma série de pessoas sem possibilidades de entrar num futuro sem ponte para o presente, pessoas com imensas capacidades que se vêm presas num sistema que nao lhes abre a porta e que as vê como máquinas produtivas sem identidade própria”

Perguntavas se “pode alguém ser livre se outro alguém nao é?”. Minha querida, a questão é bem outra: se não houver ninguém livre, alguém saberá que está em cativeiro?...

2 comentários:

pseudo oito disse...

querida oito manifestária, eu também sou contra o excesso de burocracia do estado, mas o que defendia era o estado como provedor e defensor de direitos pelo menos os básicos (saúde, educaçao, etc)e aí nao me parece que tenha que ser conductista, pode haver espa´ço para a iniv¡ciativa privada e para a empresa mas sem que seja o sistema económico a imperar por cima das pessoas e das sociedades

a tua ultima pergunta pos-me a pensar, mas volto à mesma questao que nos poe o sergio godinho, esse grande filosofo, posso eu ser livre se outro alguem está em cativeiro?. A minha liberdade sempre estará condicionada se pelo menso nao houver a possibilidades iguais ou equitativas para todas as pessoas.

outra pseudo oito disse...

querida oito manifestatária, também eu apoio um Estado defensor e provedor de direitos básicos. qd referes que não deve ser o sistema económico a imperar por cima das pessoas, também concordo.

A questão é que, enquanto as pessoas não tiverem força, sozinhas e enquando sociedade civil, na qualidade de membros do Estado, tudo pode imperar por cima dela delas...

E parece-me que essa força também se encontra na delimitação do que cada um acha que deve competir ao Estado e no que cada um está disposto a entregar ao Estado para realizar a favor de todos.