27 março 2008

Medo

Tenho medo quando vou uns dias ao estrangeiro, seja lá qual for o destino. Uma vez bastou virar costas para que o Sá Pinto desse um murro ao Artur Jorge, na altura seleccionador nacional. Doutra, deve ter sido por ter ido para mais longe, o efeito alastrou-se geograficamente e a Princesa Diana amarfanhou-se num túnel.
Desta parece que apareceu na televisão um video feito com telemóvel sobre uma aluna e uma professora em wrestling de trazer por casa. Tenho medo, tenho muito medo. Aliás, estive vários anos sem ir sequer a Badajoz comprar caramelos por causa disso (o corte inglés veio facilitar o meu exílio, trazendo-me torrão de alicante e chicharrones ao bairro azul, bem haja, muito agradecida). Aliás, nada me tira da cabeça que a subida do Santana Lopes ao governo não se deveu à minha ida a Veneza, hipótese sustentada pela vitória de Sócrates aquando do meu regresso a Lisboa. Adiante.
Vi com atenção o video que uma múltipla gentilmente deixou abaixo, da dita agressão. Da miúda histérica, da professora descontrolada e dos colegas mal educados que não apenas filmaram a cena como a pincelaram com jocosos e pertinentes reparos às condições físicas, psíquicas e sociais dos intervenientes do filme.
Aquilo que vi foi uma rapariga irritada e num momento infeliz, uma professora que não soube exercer autoridade e impôr disciplina, um monte de miúdos que tentaram tamponar a atitude da colega e um idiota com um telemóvel na mão (sim, pronto, não vi o idiota. mas é como se tivesse visto).
Se há meninos mal criados e violentos nas escolas? Com certeza. Se é difícil para um professor lidar com isso? Não duvido. No entanto, no caso escolhido para exemplar, com queixas no Ministério Público e o diabo a quatro (ou será a sete? o povo, na sua imensa sabedoria, consegue-me ainda e sempre confundir), apenas me parece muito barulho por nada. A adolescente terá sido infeliz mas já pediu desculpas, sem dúvida sentidas. E a professora, a quem se desculpa? Aos alunos, ao conselho directivo, ao ministério, ao governo, a nós?
Somos todos judeus alemães. Somos todos adolescentes parvos. E agora?

4 comentários:

dorean paxorales disse...

Quem tampona assim, não bufa. ;)

Anónimo disse...

é pá, também quero tomar dessas pastilhas que tu tomas!!!

:)

jpn

Anónimo disse...

Os adolescentes podem e devem ser parvos mas só vale a pena ser parvo se isso custar alguma coisa. Se um menino parvo chega à escola, faz qualquer coisa extremamemte parva e nada acontece... então a parvoice perde valor porque passa a não custar nada ser parvo. A Parvoice barata é do pior que há. No meu tempo eu era parvo e ia para a rua porque a aula tinha de continuar... Por isso percebi que a parvoice tem um custo, o que só dá valor e dignidade à parvoice. A resposabilidade e suas consequências (a mal-amada disciplina) são um tempero fundamental para a parvoice. Sem esse sal ficamos com um Mundo rodeado de parvos por todo o lado e, pior do que isso, de parvos que aborrecem e entediam de morte...

Anónimo disse...

entenda-se:
... de parvos que (se) aborrecem e entediam de morte...