A vizinha do rés-do-chão vive com os estores fechados. Via-a na rua com o carrinho de compras e com um marido de olhar ausente e corpo enorme. Há algumas semanas, percebi que alguma coisa grave se passava. À entrada do prédio um homem vestido de escuro que cheirava a funerária, um outro homem de olhar resignado e a porta de casa escancarada. O marido tinha morrido. Hoje a vizinha apareceu quando passei pela sua porta e mostrou-me um gato bebé que agora é seu. Segue-me para todo o lado e nunca estou sozinha. Da casa escura com os estores sempre corridos saía uma luz quase imperceptível.
1 comentário:
Com textos destes não ocorre que se feche a porta. Siga o blog, mesmo que nada ocorra d'extraordinário.
Nem d'ordinário!
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