24 maio 2010

derreto

derreto-me com os gestos dele, com o olhar de puto armado em rufia, com a maneira como dança pela casa, com o riso que enche a sala, com as unhas roídas, com a voz rente ao chão de tão grave,  com o suor que pinga da cara do peito das costas quando fazemos amor, com o cuidado com que limpa a cozinha, com a maneira como me olha quando acordo e que me faz sentir a mulher mais bonita do mundo, com o olhar tímido que se desvia quando fala de assuntos sérios, com o corpo nu abandonado na minha cama, com o cheiro a alfarroba que sai dele antes do duche, com o corpo a dançar enquanto canta, com a revista que finge que lê durante horas só para poder ficar perto de mim sem fazer barulho enquanto trabalho

estou bem fodida
um dia destes vou-me despedir de ti, antes que me torne um charco de água que já foi pessoa

5 comentários:

Inact disse...

padeço desse mal também...
Passei por aqui, gostei e resolvi ficar!

8 e coisa 9 e tal disse...

E eu derreto-me com o dente encavalitado que lhe dá um ar de canídeo quando se ri, com o olhar terno com que me olha quando estamos sentados lado a lado a trocar ideias sobre o mundo a vida e o ser ser humano, com a sua cabeça deitada no meu colo ou quando brinca com a minha mão, com os pulinhos que dá pela casa todo nu mas sempre em peúgas, com o seu beijo, com o braço que me põe à volta da cintura quando fazemos amor, com as gargalhadas qua damos juntos em momentos de cumplicidade, com os seus telefonemas de madrugada só para dizer que tem saudades minhas, com o seu mau feitio e as reclamações das obrigações caseiras, com o seu beijo ao acordar e que me faz sentir a mulher mais querida e a miúda mais gira do mundo, derreto-me quando damos conta que já é de dia lá fora e não demos pelo tempo passar, quando acordo e percebo que estava a olhar para mim a dormir, quando nos encontramos e me bombardeia com os últimos acontecimentos da sua vida, quando encontro os seus cabelos pela minha casa e já sei que o vou ver nesse dia.

Eu também, outra oito, qualquer dia derreto-me num charco de água e tenho medo disso. Mas também tenho medo de me congelar....

foi dançar a bossa nova disse...

Como dizia a Oito aqui de cima, antes derretidas que congeladas.
Nada de complicar ou antecipar possíveis, putativos, eventuais, quiçá talvez improváveis arrefecimentos. Confiem. No aquecimento global!

8 e coisa 9 e tal disse...

Saravá aquecimento global que impede que nos tornemos icebergs com pernas e braços.
Isso e pessoas que nos seguram pela cintura, empurram o tapete debaixo dos nossos pés e nos fazem sentir o mentol nas veias outra vez (obrigada, outra das oito, por esta imagem que não esqueci)

sete e pico disse...

ahh que delicia um cheirinho a alfarroba e tantas coisas boas para derreter-nos, nao tenhas pressa em despedir-te, deixa-te derreter oito, que nada se perde tudo se trasnforma.

unian diz a espertalhona do guichet...