14 julho 2010

Dez

Aos dez anos os rapazes fingem que detestam as raparigas. Não as convidam para as festas de anos, não brincam com elas, dizem que as raparigas são chatas e só falam de coisas parvas.
Mas se as encontram num sitio qualquer, passam o tempo a persegui-las e a fugir delas.
Ontem passei uma parte da tarde com três rapazes de dez anos num parque em Lisboa. Via-os a correr, a esconderem-se, a rirem como heróis.
Olhei com atenção e percebi o motivo de tanta emoção. De um lado, os meus três rapazes; do outro, duas raparigas da mesma idade. Durante mais de uma hora, vi-os ao longe em missões de espionagem,  concursos de tiro ao alvo com bolotas e combates verbais ferozes (eu sou mais velha do que tu, eu sou o melhor aluno da minha escola, ainda bem que não tenho as favolas que tu tens, sorte a minha de não ser uma baleia como tu).
Quem me dera a sabedoria dos dez anos. Tudo é mais simples com os bolsos cheios de bolotas.

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