31 dezembro 2011

Porque a vida é bela

O dia de amanhã é o primeiro de um novo ano mas apenas mais um a seguir a todos os outros das nossas vidas. Um Ano Feliz, passado a celebrar vidas bonitas como as nossas, é o que desejo às oito gajas, ou nove e tal...

24 dezembro 2011

Silent night

E tomem lá mais esta, cheia de espírito natalício.

23 dezembro 2011

Um natal feliz

Com perú, com bacalhau ou cabrito, ou mesmo sem eles, mas com o brilho nos olhos só porque temos família que se faz de amigos e de parentes. Um natal feliz para as personalidades múltiplas que vão compondo estas páginas e para quem se dá ao trabalho de as ler. (este senhor que se segue sorri com a boca e com os olhos, e eu rendo-me ao seu sorriso...)

19 dezembro 2011

Outra caderneta de outro novo bairro

A dona Rosa dos jornais e o senhor António das frutas que parecem esperar a minha saída apressada pela manhã para me darem os bons dias, a rapariga de olhos gigantes que à porta da garrafeira me detém para uma gargalhada partilhada entre dois dedos de conversa em que maldiz o género masculino, o senhor da bilha de gás que em nada se assemelha à rapariga da Galp e que vive rodeado de gatos, os empregados com ar gasto e pouco brioso do restaurante da frente, o senhor Victor do talho que corta carne com a delicadeza e a distinção de quem faz arte, a família de brasileiros que no andar de baixo recebe gente dia sim dia não e que me custa perceber se confraternizam ou se se matam. A "menina" Estrela que mora no andar de cima, que leva para mais de duas décadas de avanço em relação a mim e que me confidencia que o segredo da sua jovialidade é nunca ter casado nem ter tido filhos. As ex putas, os ex toxicodependentes e outros párias, todos alcoólicos, todos sem dentes, que vegetam no take away da frente e que controlam a rua. O rapaz imigrante que na sua loja de conveniência vê televisão no ecrã micro enquanto aguarda a entrada de um cliente menos desconfiado a quem confidencia vender muito mais barato que o "chino" da rua. Outra dona Rosa que aproveita cruzar-se comigo para falar das articulações e da puta da idade, que traz sapiência mas não saúde.
Como é boa a vida num bairro em que as pessoas se olham nos olhos!

42 abençoados

A vida é para valer, é uma só e é a arte do encontro. Ainda bem que te encontrei há tantos tantos anos atrás. Parabéns, querida oito aniversariante.

18 dezembro 2011

Ou como fracassamos sempre que nos queremos tornar naquilo que não somos



E por que carga de água lhe pus eu este título?! Talvez por ter postado a des(h)oras e com alguma obnibulação devido aos açucares resultantes da digestão dos alcoois. Toda a gente sabe que Pai Natal há só um.

17 dezembro 2011

Há 15 anos...

não estava um dia lindo como hoje mas foi seguramente o mais belo da minha vida. Almocei na Antiga Casa Faz Frio, interrompendo as garfadas para uma respiração profunda durante mais uma contração, o pai da criança c'os nervos, o Zé, empregado da casa e amigo, que transpirava quase tanto quanto ele e ambos muito mais que eu. Dez voltas a pé ao jardim do Principe Real para que a digestão se fizesse, uma paragem no Porão de Santos para dizer à quase-tia que o ia ser, uma viagem debaixo de chuva intensa até ao hospital, horas ligada a uma maquineta e as águas que não rebentavam, e a epidural que não vinha, e as contrações ao rubro, uma cortina rasgada, as águas que sairam à força de uma alavanca gigante e a epidural que não veio, e respirar o tanas!, qual respirar, qual controlo que aquela merda dói no momento da expulsão.
Às 23 horas e 13 minutos, relógio de parede assim dizia, ouvi-lhe o primeiro choro e despedi-me da minha barriga. (texto editado às 03h44 da manhã do dia 18) Quinze anos depois já comemorámos em separado; ela na casa de uma amiga que convidou mais amigas e lhe prepararam uma festa e eu a dançar até há 44 minutos atrás com pretextos vários, entre os quais celebrar a minha mais primorosa obra de arte. E eu que sempre me achei um ser sem arte!

15 dezembro 2011

caderneta do novo bairro

A mulher zangada que grita com toda a família e de quem só conheço a voz. A velhota meia surda do andar de cima que ouve a eucaristia dominical todas as semanas. O velhíssimo cão que desce as escadas do terceiro andar ao colo do dono. A angolana enorme que vende comida para fora e me trata por querida enquanto enche uma embalagem com moamba. A tia desempoeirada do restaurante marroquino que distribui sorrisos de madeixas loiras. A chinesa da loja que nos segue à distância entre taparueres e lâmpadas para ter a certeza que ninguém a rouba. O homem das obras do prédio do lado que canta queen e antónio variações.  O dono da mercearia que pendura na parede os desenhos do neto. O bêbedo desdentado que quer ser amigo da angolana mas que ela enxota com um olhar sério. Os homens da funerária que parecem mais mortos do que os clientes que enterram. As festas dos brasileiros aos domingos à tarde que inundam o bairro de samba e gargalhadas.

13 dezembro 2011

12 dezembro 2011

interlúdio musical



Misteriosos caminhos os das sinapses cerebrais. 

Hoje só me vêm à cabeça músicas assim. 
(E descubro como são, afinal, lindas)

09 dezembro 2011

Todos os anos a mesma história,

lá vamos nós representar uma tradição não acreditamos mas que se repete há 2011 anos, o pai natal que nao existe e que é producto da coca-cola mas que ainda por todo o lado a fazer fotografias com as crianças, o menino jesus nas palhinhas deitado ao lado da sua mãe que é virgem mas que o concebeu com um pai que deu logo á sola e foi para o céu salvar a humanidade e deixou a mãe a cuidar o menino, a aturar-lhe as birras e a fazer dele um homem, o san josé que não é pai dele mas que fez mais por ele do que se fosse, as luzes de natal por toda a cidade a gastarem a electricidade que nao temos, os quilos e quilos de papel de embrulho e de plástico que contaminam o ambiente e as coisas inúteis que as pessoas oferecem para mostrarem que gostam de nós, as gestões das familias separadas, o 24 com a mãe, o 25 com o pai, o comércio a queixar-se ano após ano que este ano o negócio está pior, a ausência dolorosa de quem já não está entre nós. Todos os anos montamos a farsa e nos montamos nela.

Tenham uma boa farsa 2011.

08 dezembro 2011

Digamos que foi uma noite

... "espiritualmente correcta".

É bom ter amigas como vocês. (ainda tenho uma Mary e uma Margueritta a falarem dentro de mim)

07 dezembro 2011

Hoje vai ser assim...


Mas este também não podia faltar

E amanhã é que vão ser elas. Graças à Senhora da Conceição, é dia feriado. Obrigada, senhora.

06 dezembro 2011

Quantas notas cabem numa vida?

Já lá vão cinco meses, hoje mesmo, que foste nessa tua viagem e eu a precisar de te falar na 2ª pessoa para te dar um puxão de orelhas e para podermos rir os dois.
Com que então, sempre foste um aluno exemplar... Mas viste, eu sei que viste, a caixa repleta de cartas trocadas entre ti e os teus pais e que eu descobri e "violei" com a minha irmã há dias. Cartas dos tempos em que foste entregue aos teus "amigos" padres em regime de internato, na que há-de ter sido uma tentativa desesperada dos teus pais para que tivesses juízo. E nelas, não há dúvida, bem se vê o cábula que eras. Oh pai, não me digas que não, não me lixes! Em 1958, conta redonda, fácil, já levavas 20 anos, estavas no 7º ano da época (no 7º ano!) e os alertas do director para o comprometimento do teu ano lectivo acompanhavam os teus textos quase sempre vazios e elípticos. Tu próprio dizes num deles que tiveste negativa a Filosofia "mas não faz mal, porque vocês sabem que sou bom a Filosofia". Hã hã...Ou ainda "mas as notas não interessam, o que interessa é passar, não é?"
Pois é. Se calhar até tens mesmo toda a razão. Para que raio interessam as notas nesta vida se o que importa mesmo é vivê-la e as notas são nada? Percebo que quem fez da vida o que tu fizeste, com algumas notas negativas mas com elevados valores, não se disponha a revelar à descendência esses pés de barro sem significado. Porque foi no caminho que percorreste que te conhecemos, que aprendemos as tuas mágoas, que te tornaste na pessoa valiosa que amámos. Nela ficaram as marcas de um casamento cheio de amor mas atormentado e encurtado pela ressaca de uma Guerra Colonial na 1ª pessoa, um outro em que reinou o desamor mas que durou uma vida de fuga e fingimento. E a guerra, ainda a guerra, sempre a guerra, que te enfiou o focinho nos copos de whisky como a avestruz o enfia na areia, que te impedia o sono nas noites em que os foguetes estouravam nas festas de Colares, de Almoçageme, do Mucifal, de Nafarros... Suspeito que mesmo sem foguetes e sem festa, era ela que estourava dentro de ti e que te impedia o sono nas outras noites também. Foi dela que vieste cheio de tiros colados à pele mas foi dela também que te fizeste sobrevivente numa vida em que as notas são nada, uma merda!

04 dezembro 2011

Porque os Beatles são sempre um belo pretexto

Happy birthday!!!

Aos 38 ou aos 40, ou mesmo aos 40 e picos, é muito bom ter os carochas a cantarem os parabéns. Felicidades, querida oito e sempre sempre na nossa companhia.

03 dezembro 2011

Pedro

A idade faz-nos estas coisas, traz a recordação do que nas nossas vidas valeu a pena e extrai dela aquilo que não valeu, nem uma pena nem nada, nem um chavo sequer.
Hoje é dia 3 do último mês do ano e lembro, por ser o dia dos seus anos, um dos grandes amores da minha vida.
E falar de amores não é uma banalidade. Quando se leva pelo menos metade de uma vida às costas, a palavra amor é uma constelação onde poucas estrelas cabem. E ele cabe não pelo amor que lhe tive, que foi muito mas repleto de adolescência tardia, mas mais, muito mais, por aquele que ele me dedicou. Hoje reconheço essa grandeza com muita saudade. É sempre assim, só anos passados se consegue dar o devido valor ao que se deixou fugir.
O Pedro era um homem de palco mas cheio de medo das luzes. Único na forma como contava anedotas e tão capaz de papéis cómicos, tão a jeito da sua fisionomia, como de papéis dramáticos que me faziam chorar de comoção quando subia a palco. Um homem bonito e que sabia provocar o riso nos que o rodeavam mas que chorava muitas vezes em silêncio. Um homem com uma só cara.
Um dia escolheu voar e eu sabia que um dia havia de ser essa a escolha. Conhecia-o e entendi-o como um gesto de coragem. O derradeiro mas, talvez, o único gesto de coragem que teve perante uma vida que não ia com ele e com a qual ele travava uma luta desigual. Quando o telefone tocou eu quase que já sabia que notícia ele me trazia do outro lado do fio.
Parabéns meu amigo, parabéns meu amor. Hoje eu brindo à tua vida, da qual eu me honro ter feito parte, e que foi enorme.

Frases sábias das amigas

"Há quem escolha fazer da vida uma obra prima e quem escolha fazer dela uma obra pimba!"
Como às vezes é tão fácil ver a luz e perceber os equívocos da vida!

02 dezembro 2011

Ainda que o essencial seja invisível aos olhos...

...a elegância lê-se nos gestos mais banais como, por exemplo, respirar.

01 dezembro 2011

Curta do oito aos sábados (ou às quintas feiras por ser dia feriado)



"As coisas que amamos
as pessoas que amamos
são eternas até certo ponto." Carlos Drummond de Andrade