A mulher zangada que grita com toda a família e de quem só conheço a voz. A velhota meia surda do andar de cima que ouve a eucaristia dominical todas as semanas. O velhíssimo cão que desce as escadas do terceiro andar ao colo do dono. A angolana enorme que vende comida para fora e me trata por querida enquanto enche uma embalagem com moamba. A tia desempoeirada do restaurante marroquino que distribui sorrisos de madeixas loiras. A chinesa da loja que nos segue à distância entre taparueres e lâmpadas para ter a certeza que ninguém a rouba. O homem das obras do prédio do lado que canta queen e antónio variações. O dono da mercearia que pendura na parede os desenhos do neto. O bêbedo desdentado que quer ser amigo da angolana mas que ela enxota com um olhar sério. Os homens da funerária que parecem mais mortos do que os clientes que enterram. As festas dos brasileiros aos domingos à tarde que inundam o bairro de samba e gargalhadas.
2 comentários:
grande bairro, hás-de-me convidar para lá ir passar uns dias, pode ser que ainda faça coro com o homem das obras do prédio ao lado.
estou fascinada com a nova vida do e no meu novo bairro. é uma descoberta.
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