E agora eu era enfermeira e tinha-te para mim durante um dia. Media a febre, sentia a tua pulsação, moldava as almofadas num colo que não te posso dar, vigiava-te o sono com um desvelo missionário, a cabeça tombada para a esquerda e a minha mão a endireitá-la de novo, o braço que se mexe com um sonho onde não entro, será que pensas em mim enquanto dormes?, o sorriso que aparece e desaparece com os teus olhos fechados, ouvirás o que te digo enquanto dormes?, a voz que finalmente aparece ao fim de horas de contemplação minha de ti, tens fome e trago-te o prato, levo o garfo à boca e invejo-o porque por instantes está na tua boca na tua língua nos teus dentes, limpo tudo e corro de novo até à tua pulsação à febre que não tens e sei que sou a pessoa de que precisas para todas estas pequenas coisas. E quando o dia chega ao fim, limpo-te o corpo com uma esponja húmida, descubro a tua perna, o teu ombro e o côncavo da barriga e nesse momento sou feliz.
7 comentários:
Ainda se aceita, a brincar, mas no limite. Lembra-se daquela choraminguice feita pela espantosa Binoche - o english patient?
Ficou 'tudo' dito, como brincadeira, no limite do suportável.
Esta bricadeira é 'de crianças', à vista da outra. Em múltiplos aspectos.
(À vista da sua outra sua brincadeira, quis eu dizer.
Desculp'o descuido)
brincar é mesmo assim: umas vezes mais a sério, outras nem por isso. Confesso que não me lembrei do paciente inglês, limitei-me a fingir e seguir o fingimento. O seu descuido está desculpado; espero que o 'meu' também.
são duas pequenas pérolas, estes teus dois fingimentos.
gosto das tuas brincadeiras. posso ser tua amiga?
Podes, eu deixo. Tenho umas bonecas lindas, uns carrinhos rápidos e sumol de laranja. Alinhas?
alinho. levo vestidos para as bonecas e palhinhas para bebermos o sumol da garrafa. e coca cola para pôr em chávenas de café e nos sentirmos senhoras crescidas, queres?
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