Os corações são coisas engraçadas. Do tamanho do nosso punho, com o músculo mais resiliente do corpo humano, insistem em bombear sangue. O tempo todo, o tempo todo, para todo o lado, sem parar. Vem dos pulmões fresquinho e zumbas para o resto do corpo, vem do resto do corpo cansado, truclas para que numa expiração nos vejamos livres do que não interessa.
Curioso órgão. Tão capaz, tão forte. Mas que com tão pouco se estarrece. Com tão pouco pode ficar baralhado e bater descontrolado. Com tão pouco pode parar e, incrédulo, não querer continuar. Mesmo que seja apenas por um bocadinho.
É questão de respirar fundo. É sabido que o ar obriga o coração a trabalhar, e o trabalho liberta. Da inspiração como terapia ocupacional.
4 comentários:
esta recorda-me um dia no Hospital Militar(Serviço de Ortopedia)... um GNR, costelas partidas, todo enfaixado... pergunto-lhe se doía muito...a resposta, cândida e espontânea - "só quando respiro"
Engraçada é esta sua escrita d'intervalo;
a mostrar simplicidade, saber e calo.
Obrigado
nesse caso a morte deve ser a expiração como terapia existencial.
é capaz de ser isso.
Enviar um comentário