05 fevereiro 2009

A chávena

Ele bebe e fica outro, a voz vai crescendo enquanto passeia pela sala, chama-me nomes, grita como um louco. Não suporto os gritos, o bafo quente, os passos pesados pela casa. Hoje avançou para o louceiro, tens a mania que és fina mas eu já te conto, pegou numa chávena de chá da Avó e disse-me merda de loiça dos chineses, loiça dos chineses?, que matarruano me saíu aquele homem, vista alegre dos anos 20 é o que é, chinesice do caralho, para que queres tu isto?, que me insulte a mim ainda vá, agora que desdenhe o meu enxoval é que não, nunca se pode usar esta porcaria que a puta da tua tia que te deu, aí é que não aguentei mais, matarruano sem gosto e ordinário é demais para mim, puxei o tapete e ele caíu como uma árvore. Um fiozinho vermelho a sair da boca, os olhos muito parados, a chávena ainda inteira ao lado dele. Deixa-me ficar aqui consigo, Tia, e amanhã vamos lá arrumar o louceiro?

2 comentários:

o chofer a dançar com a criada disse...

hahahahha, muito bom! se quiser também posso ajudar a arrumar.

sete e pico disse...

vão-se os homens, ficam as chévenas?

krogice, diz-me a verificação de palavras, que até parece ter discernimento