Falava-se há uns anos atrás da realeza espanhola que pintava a títulos em caixa alta as revistas do mundo cor-de-rosa, Irene é quem manda! diziam eles. Com olho para o humor oportuno e um dedo de sarcasmo, o meu tio Luís recortou as letras vermelhas da revista e colocou-as no frigorífico. De cada vez que a porta do frigorífico se abrisse seria uma confirmação do poderio de Irene naquela casa e naquelas vidas.
Chama-se Irene, e para além de minha tia é minha madrinha. O que transporta em si um peso emocional e geracional bem mais corrosivo do que um simples grau de parentesco, porque reza o ditado que quem põe a mão põe a condição. E assim é, a minha tia e madrinha Irene põe mão, condição, amor, tudo e nada numa breve actuação de quem entra e sai da ribalta sempre com a mesma postura incomensuravelmente firme. Para ela tudo é revestido a uma camada espelhada a pragmatismo. Tudo é absolutamente linear e não há problematização possível. A guerra acaba-se matando todos e ninguém fica para contar, devia haver mais gays e lésbicas para castrar conservadorismos alheios de chá das cinco, a violência doméstica é uma punição merecida porque quem apanha e não leva é porque é fraco e não tem pujança para dar um murro na mesa ou no conjugue, o dinheiro é um bem necessário e o melhor mesmo é adjudicá-lo ao amor e a melhor receita para o amor é experimentá-lo de todas as formas e feitios pois a experiência faz a prática e o que se quer mesmo é um amor feito a sexo bem treinado e não a utopias de 'viveram felizes para sempre'.
As conversas são regradas aos pormenores mais intimos e inusitados. Da nossa vida já sabemos nós e é uma chatice. Bom bom, é saber da vida dos outros. É uma terapia, segundo ela, que aliada ao mal-dizer, nos traz não só noites bem dormidas como também auto estima. A auto estima é sempre construída por comparação e sentirmo-nos melhor que os outros é sempre reconfortante. E assim são as coisas, simples e lineares. Não há discussão possível, nada se põe em perspectiva e assim se leva a vida. E no meio de tanto loucura imersa numa ditadura quase que cómica, resta só uma certeza: na minha tia psicopata há também muito amor porque quem põe a mão põe a condição.
Chama-se Irene, e para além de minha tia é minha madrinha. O que transporta em si um peso emocional e geracional bem mais corrosivo do que um simples grau de parentesco, porque reza o ditado que quem põe a mão põe a condição. E assim é, a minha tia e madrinha Irene põe mão, condição, amor, tudo e nada numa breve actuação de quem entra e sai da ribalta sempre com a mesma postura incomensuravelmente firme. Para ela tudo é revestido a uma camada espelhada a pragmatismo. Tudo é absolutamente linear e não há problematização possível. A guerra acaba-se matando todos e ninguém fica para contar, devia haver mais gays e lésbicas para castrar conservadorismos alheios de chá das cinco, a violência doméstica é uma punição merecida porque quem apanha e não leva é porque é fraco e não tem pujança para dar um murro na mesa ou no conjugue, o dinheiro é um bem necessário e o melhor mesmo é adjudicá-lo ao amor e a melhor receita para o amor é experimentá-lo de todas as formas e feitios pois a experiência faz a prática e o que se quer mesmo é um amor feito a sexo bem treinado e não a utopias de 'viveram felizes para sempre'.
As conversas são regradas aos pormenores mais intimos e inusitados. Da nossa vida já sabemos nós e é uma chatice. Bom bom, é saber da vida dos outros. É uma terapia, segundo ela, que aliada ao mal-dizer, nos traz não só noites bem dormidas como também auto estima. A auto estima é sempre construída por comparação e sentirmo-nos melhor que os outros é sempre reconfortante. E assim são as coisas, simples e lineares. Não há discussão possível, nada se põe em perspectiva e assim se leva a vida. E no meio de tanto loucura imersa numa ditadura quase que cómica, resta só uma certeza: na minha tia psicopata há também muito amor porque quem põe a mão põe a condição.
4 comentários:
que títulos eram esses do Irene é quem manda?
(que bonito, a verificação de palavras diz anima)
Eu diria mais: quem pão a mõe pão sem condições.
(verificação de palavras: comand?
també é bonito!
áh! granda Tia! De gente assim é que eu gosto!
OOOlléee... Grande texto.
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