08 outubro 2006

Exmos/as Senhores/as

FEIRA NOVA, HIPERMERCADOS

“A mamã compra e nós oferecemos à filha” é o titulo de uma promoção do Feira Nova que fica ali perto de Xabregas, Lisboa. A mamã compra o balde e a esfregona e o generoso supermercado oferece à filha um balde e uma esfregona pequeninos, para ela se deleitar a imitar a mamã nas lides da casa...
Pergunto eu, os papás não limpam a casa, os meninos homens não brincam com baldes e esfregonas? E senão o fazem, deverá este comportamento ser incentivado e normalizado nas campanhas de promoção dos supermercados? Não existem outras maneiras de promover produtos que sejam mais inteligentes e propositivas para a nossa vida em sociedade?

Aguardo a vossa resposta.
Com os meus melhores cumprimentos

No baile da dona ester, ou
O chofer a dançar com a criada, ou
Dizia ela baixinho, ou
Na prise és bestial, ou
Sete e Picos, ou
Oito e Coisa, ou
Nove e Tal

Com cópia a:

DECO,
Plataforma Portuguesa de ONGS para os Direitos das Mulheres(PPDM),
Comissão para a Igualdade dos Direitos das Mulheres(CIDM),
Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego(CITE),
Futura Organização para os Direitos dos Homens de participarem nas tarefas domésticas sem serem considerados aves raras, frouxos, efeminados e para o Direito das Mulheres se libertarem de todo o peso da gestão de uma casa e poderem ter tempo para dedicar-se a outras coisas que gostam (trabalho, estudo, política, dolce fare lo que quiera).

6 comentários:

Anónimo disse...

As campanhas publicitárias não servem para educar ninguém, vão de encontro aos desejos e/ou hábitos do público alvo e servem apenas e só para fazer vender produtos.

Maneiras inteligentes e propositivas de atingir os mesmos objectivos serão feitas quando o público for ele mesmo inteligente e propositivo.

As campanhas são espelhos, não janelas. Acender a tua indignação contra o alvo errado parece-me dispersão de energias.

PS - o meu sobrinho sempre brincou com esfregonas e baldes, imitando a empregada que, por acaso, era mulher. Não há aqui qualquer ilação de género a fazer, apenas que as crianças gostam de imitar os modelos que os rodeiam, seja a mãe, o pai, a empregada, o avô ou a tia.

Anónimo disse...

quasi quasi na mesma linha temos o argumentus maximus na venda de armas :

se não formos nós serão outros a vender...

e a ética ? é apenas uma palavra ou será algo mais ?

nota interessante : na Harvard Bussiness School não se quer ouvir falar em aulas de ética... depois ouvimos falar dos escândalos Enron e Parmalat. a propósito destas coisas ler um pouco de Mintzberg e Etzioni

8 e coisa 9 e tal disse...

querida, as campanhas publicitárias reflectem modelos de aquilo de acordo com aquilo que acham que é aceite pelos consumidores, refectem modelos gerais nem sempre justos e devem ser criticadas quando for caso disso, é esse o nosso poder enquanto consumidores. Da mesma forma que não é o mesmo comprar coisas na loja do chinês quando sabemos que são produzidas em situações de extrema exploração laboral ou quando as compramos no comércio justo.

Também eu conheço meninos que brincam com esfregonas e baldes (entre os quais o teu sobrinho) então pra quê fazer uma campanha só dirigida às meninas, para dizer aos meninos homens que isso não se faz?

repito a pergunta do dealer, e a ética, onde está?

Anónimo disse...

Careces de coisas mais interessantes para te debateres, talvês possas ir comprar o produto da promoção e deitar mãos há obra, há imensos sitios deste nosso pais que ficavam melhor com uma de mão de esfregona.

Anónimo disse...

Não concordo contigo, no baile da dona ester, quando dizes q as campanhas publicitárias não educam. Elas vão de encontro aos desejos do público mas também alimentam (ou não)esses hábitos/desejos. Deixar passar em branco esse tipo de mensagens é alimentar o sistema e essa cultura ainda muito enraizada. Esse não será, concerteza, o alvo, mas é um dos alvos. Todas as frentes são alvos: em casa com os nossos filhos, na escola - Educação em sentido restrito, em todos os meios de comunicação (desde cinema, teatro, etc.) - Educação em sentido lato, e outros.
Isto estende-se a outras temáticas, por exemplo em relação à televisão, por essa ordem de ideias tambem poderiamos afirmar que não vale a pena tentar diminuir os programas ditos mediocres porque eles só espelham os hábitos das pessoas, uma vez que são feitos com a perspectiva de terem um maior número de espectadores, do estilo, o povo gosta e embora lá dar-lhes o que eles gostam para termos mais audiências.
Estas campanhas têm o efeito de pescadinha de rabo na boca, reflectem modelos mas também os encoraja, os alimenta.

Anónimo disse...

a mim me encanta o cuidado estratégico com que se colocam os erros ortográficos, quais minas anti-pessoais