04 novembro 2007

Cenas da vida conjugal (v)*

(fim-de-semana com a enteada, um espectáculo para ver, paragem para comprar uma água, um grupo de amigos sentado numa mesa, 1 casal, 1 rapariga e 3 crianças)

- S., vamos embora?
- Sim, estou só aqui a acabar de falar com a J.
- Olá J. Tens nome de flor, é muito bonito. Quantos anos tens?
- 3 (mostra-mos com os dedos). Olá. Quem é que és tu?
- Eu sou a M.
- E és a mãe dela? (aponta para a minha enteada)
- Não, não sou a mãe dela. Sou amiga dela. Bem, na realidade sou mais do que amiga, mas posso dizer que, sim, somos também amigas...
- Ahn?
- A S. tem uma mãe, mas eu não sou a mãe dela.
- E aquele senhor que está contigo?
- Aquele senhor que está comigo é o pai da S.
(o rosto da J. abre-se num sorriso rasgado):
- Ah! Já estou a perceber tudo!!!

Não sei o que a J. percebeu, apenas posso intuir. No lugar dela, há muito mais de 30 anos, não teria percebido nada daquilo que julgo que ela percebeu em menos de 3 minutos e 50 palavras.

*Ou da percepção infantil sobre as recomposições familiares

1 comentário:

foi dançar a bossa nova disse...

Esta nova geração é muito esperta e desperta. Isso ou outra coisa qualquer...