A segunda vida é um sítio estranho. Bonecas e bonecos passeiam-se por sítios incríveis ou comuns - praias, réplicas de bocados do mundo, planetas distantes e tudo o mais que se queira imaginar. Bonecas e bonecos conversam, interagem, tornam-se amigos, viajam juntos, riem-se, zangam-se, fazem sexo, apaixonam-se, casam-se, têm filhos. No meio disto tudo está o sexo, não aquele que se faz mas o que temos entre as pernas e nos torna homens ou mulheres do outro lado do ecrã. Nem sempre o sexo que temos sentados ao computador é igual ao que o nosso avatar tem na segunda vida. Com o tempo, aprendi que esse sexo importa pouco, muito menos do que poderia imaginar. Na segunda vida, não há rótulos que sirvam quando tudo pode ser mentira e verdade ao mesmo tempo. Ali, homens e mulheres são apenas desenhos que se cruzam comigo, desenhos com pessoas dentro agarradas à liberdade de ali serem o que lhes der na gana.
3 comentários:
no fundo lá oq ue já discutimos num jantares de multiplas, talvez esta heterosexualidade seja apenas producto nao de um qualquer destino biológico mas de anos e anos de mesnagens culturais neste sentido. Numa segunda vida em que podemos ser um ao outro, deixa de fazer sentido os adornos biológicos do corpo dx outrx e interssa apenas o interior.
bonito text5o queridx multiplx ;)
No fundo, o disparate é livre. A ideia de que tudo é construção e imposição cultural é isso mesmo, um perfeito disparate. Como é um disparate não se perceber que veicular essa ideia descontrutora das identidades também obedece a um objectivo preciso e a uma tentativa, essa sim, de imposição cultural.
estou de acordo, o disparate é livre e nao paga imposto. Só nao percebi uma coisa no seu disparate, se a ideia de desconstruir as identidades obedece a uma tentativa de imposiçao cultural, a que obedece a idea de manter inalteráveis as identidades "tradicionais"?
(presumo que estejamos a falar de identidades em termos de orientaçao sexual, certo?)
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