29 novembro 2007

Crise do meio da meia idade

Os trinta são lixados, não há nada a fazer. Já somos adultos mas ainda não nos conseguimos habituar a isso. Ter um trabalho, todo o dia, todos os dias. Não querer ter o mesmo trabalho todos os dias. A angústia por não ter um trabalho todo o dia, todos os dias. A casa e as contas. Os amores, os romances, as relações, as ralações. O casamento e o divórcio. Os filhos, o não ter filhos, o não saber se se quer tê-los ou não. Já saber do que se gosta e (ainda?) não poder fazê-lo.

Há os que se safam, os que se vão safando e os que já não têm safa. Mas todos têm em comum o sufoco. E com o sufoco vem a necessidade de recordar os tempos mais leves que são, naturalmente, a adolescência e a infância. Os desenhos animados, as brincadeiras na rua, as festas de garagem, os pátios dos liceus, as roupas horrendas e a sensação de vitória de ter saído incólume de tudo isso. E a esperança de, agora, também poder sair incólume de tudo isto.

E o mercado – essa grande entidade – está atento! Daí a M80 (muito ao jeito do antigo RCP), as reedições do Planeta Agostini e dos DVD´s da Heidi, do Marco e do Conan, os livros em formato antigo e com os desenhos originais da Anita. Até as calças são outra vez justas até mais não, com aquela tira nojenta por baixo dos sapatos.

Com os primeiros sinais de chuva e do Inverno, neste mundo curioso que é a blogosfera começaram os sinais desse sufoco. Nas músicas postadas, nas referências antigas, na necessidade de fuga para outro lado, ainda que só por um bocado. Uma das que mais me fez rir foi a do pisangambom, que escondi muito bem debaixo da mesa dos sumos numa das minhas primeiras festas de adolescente. É que, como nota a Ritti, “a única geração de jeito é a que teve 15 anos em 1990. Quem sobreviveu, como eu, à adolescência com os cabelos cardados, enchumaços XXL, calças de ganga pelo tornozelo lavadas a pedra, é feito de outra matéria”, as outras que me perdoem!

May the force be with us!!

6 comentários:

joão belo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
joão belo disse...

não digo nada sobre essa coisa de gerações.

mas é uma coisa geracional, não é?

eu cá por mim só me senti velho até fazer trinta anos. e ainda há pouco, fiz uma proposta aos céus (quando não praguejo dou nisto!): a vida devia ser toda ela vivida entre os quarenta e os cinquenta. vá lá, com um intervalo de cinco anos, para mais e para menos, para algumas honrosas excepções. antes não sabemos e depois, já não vamos pondendo...é claro que se passa o tempo, gritam-se alguns slogans giros, escrevem-se uns poemas, fazem-se umas viagens, fumam-se umas brocas, apanham-se umas bezanas, dão-se umas cambalhotas, mas vida, vida...

[e antes que me esqueça, excelente postada! :)]

tintin disse...

1975 in utero? Presente!
Quem nunca imitou o Conan na asa do avião é um Conaninhas!

dizia ela baixinho disse...

1970.
Grande colheita!

[A] disse...

Disseram 1970?


Presente.


Eu gostei dos anos 80...à excepção dessas calças com tira pra meter no calcanhar. verdadeiramente abomináveis.

dorean paxorales disse...

ja' ouvia falar de pisangambom ha' decadas...