30 novembro 2007

De greve

Temos a impressão de viver numa autêntica esquizofrenia, em que os atropelos aos direitos dos trabalhadores/cidadãos são incomensuráveis e indizíveis. Hoje mesmo tomei conhecimento que não tenho direito, de acordo com a lei mais recente, a pedir baixa para assistência à família no caso de "a família" se tratar de um filho maior de 10 anos. Dou-lhe o passe para a mão, uma nota de 5 euros e mando-o ir para a urgência do centro de saúde porque eu tenho de ir trabalhar. Isto, comparado com a doente entrevada, o canceroso e outros mais, que são considerados aptos em juntas médicas comprovadamente inaptas, não é, obviamente, nada!

Mas para que se credibilize a voz da arraia-miúda, é tempo de os sindicatos agirem de forma séria e de convocarem greves não para segunda-feira, não para sexta-feira, sugerindo um fim-de-semana mais longo e propício aos afazeres natalícios, e de mobilizarem verdadeiramente o povo para a rua. Olhem para os exemplos que nos vêm do exterior: em França, as greves gerais têm lugar de 3ª a 5ª feira e mobilizam multidões.

9 comentários:

Anónimo disse...

Hoje ouvia uma "comentadora" na Europa Lisboa (90.4 FM) que discursava e discursava sobre "emprego para a vida toda" de cada vez que acabava uma frase, sobre o facto dos funcionários públicos se deverem congratular pelo facto de pela primeira vez em 8 anos, o aumento proposto ficar a par da inflação e rematava, reiteradamente, que a Administração Pública é improdutiva e este seria mais um dia perdido para o País, para todos nós afinal... chuinf... fiz eu no fim...

fiz chuinf porque mais uma vez vi que este país é fraco em matemática, em gestão, em análise de jeito...

então se os funcionário públicos são improdutivos, dão despesa (maior que a receita), enfim, o rol habitual... a greve deles não seria um factor de ganhos para o orçamento ?

para quem não entende de contas eu explico:

por perído de tempo, o FP ganha 100 e produz 75 (um suponhamos), vê-se que é improdutivo de gema e a sua mera existência contribui com um défice de 25 cada tique do relógio.

Ora, ele faz greve, não recebe os 100 e não produz os 75.

Ganho final para o orçamento : 25

Viva a Greve! Viva a Greve!

Proponho, ao Exmo. Sr. Ministro de Estado e das Finanças um dia de greve por mês, compulsivo e obrigatório para todos os funcionários públicos.

A ver se assim o défice se vai embora...

A não ser.. a não ser.. espera, que os funcionários públicos afinal de contas sejam produtivos e produzam mais do que gastam...

eh pá... mas isso estragava o belo discurso da nossa comentadora e de quem pensa como ela e que não percebem nada de aritmética, gestão e análise...

(pub) phone-ix !

dorean paxorales disse...

Sao meio milhao de funcionarios dos SNCF, eg, que gozam de privilegios de reforma atribuidos no pos-guerra e que mais ninguem em Franca tem. Todavia, toda a populacao, revoltada, paga. O exemplo nao faz sentido.

foi dançar a bossa nova disse...

Não gosto de greves, grevistas ou manifestações.

foi dançar a bossa nova disse...

ps: e quem achar que esta é uma posição intolerante, reze para não ser meu empregado.

Anónimo disse...

não gosto de fura-greves, fura-grevistas ou outras manifestações. e quem achar que esta é uma posição intolerante, ore para nãos er meu patrão!

Anónimo disse...

em suma, um bom contributo de pensamentos sobre greve, administração publica e produtividade...

é impossível não amar este país e o que transpira de capacidades...

sete e pico disse...

há alguns anos atrás, as licenças para assistência à familia eram bem mais escassas e graças aos sindicatos, aos/às deputados e a muito gente que saiu para a rua estendeu-se aos filhos/as até aos 10 anos. Infelizmente, continuam a ser (muito) maioritariamente as mulheres quem as solicita. (podem ir à página do INE, perfil de género e confirmar). Não sáo só os sindicatos que têm que convencer as pessoas trabalhadoras a sair para a rua, cada pessoa tem primeiro de fazer esse trabalho de sensibilização consigo própria e também já agora, inscrever-se no sindicato da sua profissão, coisa que pouca gente faz. Só falta é inventarem o sindicato dos precários, aposto que era o que mais gente teria.

sete e pico disse...

e estou contigo JPN, também não gosto de fura-greves, anti grevistas ou despreza grevistas, deve ser por isso que não tenho patrões ou mesmo patroas ;)

foi dançar a bossa nova disse...

ui, ui, houve quem se picasse!! :-P