30 abril 2009
Telescópio
Estou sem palavras
29 abril 2009
28 abril 2009
27 abril 2009
Todos os meses
KO em 2 rounds
- “aqui a mãe era moderna”
- “era moderna?!”
- “sim.”
- “ e porque é que dizes isso?”
- “porque não tinhas esses cabelos brancos!”
- “mas podes ir ao banco e comprar mais dinheiro!”
- “não, o banco só me dá o dinheiro que recebo do meu trabalho e esse é para comprar comida e pagar as contas e…”
- “não é não, podes comprar mais!!”
- “e porque é que achas que sabes mais do meu dinheiro do que eu?”
- “porque eu sou sábia!!”
26 abril 2009
25 abril 2009
Hoje, do céu, cairam cravos
Com fúria e raiva acuso o demagogo
E o seu capitalismo das palavras
Pois é preciso saber que a palavra é sagrada
Que de longe muito longe um povo a trouxe
E nela pôs a sua alma confiada
De longe muito longe desde o início
O homem soube de si pela palavra
E nomeou a pedra a flor a água
E tudo emergiu porque ele disse
Com fúria e raiva acuso o demagogo
Que se promove à sombra da palavra
E da palavra faz poder e jogo
E transforma as palavras em moeda
Como se fez com o trigo e com a terra.
Sophia de Mello Breyner (junho de 1974)
Turismo. As queixas mais ridículas.
- Homem, de férias em Africa que acusa elefante de lhe ter arruinado a lua de mel. " Os 35 centímetros de diâmetro e quase metro e meio de comprimento do pénis do animal, fizeram sentir-me inadquado.".
- Um jovem casal. "o meu noivo e eu reservámos um quarto com duas camas separadas, mas fomos colocados num quarto com uma cama de casal. Agora estou grávida e considero-vos responsáveis. isto não teria acontecido se nos tivessem dado o quarto que reservámos.".
- "A praia tinha demasiada areia.".
- " A areia não era igual à que via na brochura. A vossa areia era amarela, a verdadeira era branca.".
- Casal com filhos, surpreendido pela existência de vida marinha. "Ninguém nos disse que havia peixes no mar. As crianças ficaram assustadas.".
- Turista de férias em Espanha. "Havia demasiados espanhóis no local. A recepcionaista do hótel fala espanhol e a comida servida é espanhola.".
- Turista de férias na Índia. "Nas minhas férias em Goa, fiquei enojado porque todos os restaurantes serviam caril. Detesto comida apimentada.".
24 abril 2009
sem titulo
Estão as duas a brincar e começam a discutir por causa de uma tiara que fará delas umas verdadeiras princesas.
- É minha.
- Não, é minha.
- Não, é minha e vou ficar com ela para sempre.
- Para sempre não podes, porque depois quando quando fores velhinha vais morrer.
- Eu não vou ser velhinha, eu nunca vou morrer, vou viver para sempre.
- Não, não vais, toda a gente cresce e depois somos adultos e depois somos velhinhos e depois morremos
Silêncio.
- Schniff, schniff...BUÀÀÀÀÀ, eu não quero morreeeerrrrrrr, eu não quero ser velhinha. BUÀÀÀA
- Mas é assim, a minha mãe disse que era assim, mas ainda falta muito muito tempo.
- E tu também vais morrer?
- Vou, eu também vou ser velhinha e vou morrer.
- BUUUUÀÀÀÀÁ
Prontos, estou fodida, pensei eu e lá fui abraçá-la, dar-lhe beijinhos e dizer que não se preocupe que a vida é mesmo assim e que a gente vive muitos muitos dias e que só morre num e que ainda falta muito muito tempo e que os velhinhos depois até tem vontade de ir descansar, como a vizinha arlete que há 10 anos que repete isso todos os dias e ainda cá anda, e que a vida é para ser vivida um dia de cada vez e que tem altos e baixos mas é muito boa e que é bom ser feliz e fazer os outros felizes, e a pensar com os meus botões na ironia da vida, ela que descobre aos 4 anos que um dia vai morrer, a minha mãe a sentir a vida a escassear e eu que tantas vezes não sei a quantas ando na vida a consolá-las às duas.
Filmes
Com o pretexto de que íamos ao cinema, a minha vizinha de baixo hoje ficou-me com a miúda umas horas, que foram muito bem aproveitadas por mim e pelo meu excelso esposo. Quando fui buscá-la, diz-me ela:
- Então, aproveitaram bem o cinema? Vens com boa cara!
- Muito bem, Paquita, nem sabes quanto. Mas não fomos ao cinema, estivemos a fazer o nosso filme.- digo-lhe eu com ar malicioso, e responde-me ela com um ar descontraidissimo.
- Ah, mas quê, estiveram a ver filmes pornográficos?
- (Glupp) nãoo, estivemos nós "a fazer o filme", a aproveitar que não estava a filha e que podíamos estar à vontade
- Ahhh. Eu digo isso porque o meu genro, que é como se fosse meu filho, conheço-o desde que ele tinha 19 anos, está casado há 20 anos com a minha filha, vem para cá vê-los comigo. E aprende-se muito, uma série de posições que eu nem sabia, eu com o meu marido, deus o tenha, a gente dormia em camas separadas. Pois é, de vez em quando vejo esses filmes com o meu genro, a minha filha é que não gosta nada, zanga-se connosco, lá estão vocês, ainda hei-de deitar essas cassetes todas para o lixo. A minha mãe, que descanse em paz, também não gostava, mas eu e ele entretemo-nos, é bom para passar o tempo. Mas olha, fazem vocês muito bem em aproveitar o tempo sem a filha, quando queiras ir ao cinema é só dizer e vens cá deixá-la.
23 abril 2009
Nuances de estilo
Um dia como hoje, not.
Sem palavras
IndieLisboa'09!
O IndieLisboa'09 chega à capital a 23 de Abril, com mais de 200 filmes e 230 sessões exibidas ao longo de 11 dias. O público vai poder assistir ao melhor cinema português e internacional produzido no último ano e participar nas mais variadas actividades que o IndieLisboa organiza, entre festas, concertos, debates e muito mais.
Este ano, para além da presença habitual no Fórum Lisboa, no Cinema Londres e no Cinema São Jorge, o IndieLisboa ocupa o Auditório do Museu do Oriente e o Cinema City Classic Alvalade, dois pontos que estendem a dinâmica urbana do festival a sul e a norte da cidade. Ao todo são 5 os espaços e 8 as salas de cinema que o IndieLisboa vai ocupar.
Werner Herzog e Jacques Nolot são os heróis independentes do IndieLisboa 2009, uma homenagem que contará com a presença dos dois cineastas e com a exibição de 36 curtas e longas metragens que atravessam os géneros da ficção e do documentário.
Entre os mais de 600 convidados que o IndieLisboa recebe, todos os anos, de dentro e fora de Portugal, o festival vai contar com a presença de Marco Müller, Director do Festival de Cinema de Veneza, Christoph Terhechte, Director do Fórum da Berlinale e finalmente Peter Taylor, programador de curtas metragens do Festival Internacional de Cinema de Roterdão.
22 abril 2009
é por estas
Foi a 22 de Abril
posto que o Capitão-mor desta Vossa frota, e assim os outros capitães escrevam a Vossa Alteza a notícia do achamento desta Vossa terra nova, que se agora nesta navegação achou, não deixarei de também dar disso minha conta a Vossa Alteza, assim como eu melhor puder, ainda que -- para o bem contar e falar -- o saiba pior que todos fazer! (...)
21 abril 2009
Aquariofilia
Ah, democracia do caraças!
Não vou comentar o ar sarcástico do nosso PM que, desta vez, e porque a manif era muda, lá teve de evitar o habitual discurso dos comunistas organizadores de ajuntamentos insultuosos à sua pessoa. Mas por acaso, aproveito para dizer que, embora não o fosse comentar, o acho bastante irritante.
O que me deixou pasma (e já pouca coisa me vai deixando nesse estado) foi o discurso que se seguiu e que não consigo recuperar em vídeo. Com tanta felicidade estampada no olhar por inaugurar esta obra, Sócrates referiu-se a ela como "uma das mais importantes vitórias da democracia pós-25 de abril; a da engenharia do homem sobre as águas do Mondego". Bem me parecia que esta era uma das mais importantes! Nem me consigo lembrar de nenhuma outra vitória da democracia que lhe chegue aos pés. Nã!...
20 abril 2009
Na minha casa vêem-se vultos ao longe
Ora, tendo eu vivido 29 anos da minha vida na casa do retrato, nunca lhe suspeitei esta vocação. E claro que me lembrei imediatamente do filme The Others.
Um dia como hoje
Poderia até arriscar dizer que a vida corre-me bem.
Tenho um trabalho e ganho pouquíssimo, mas isso não é de todo um problema.
Estudo coisas que gosto e me preenchem.
Tenho poucos mas valiosos amigos.
Bastantes conhecidos, alguns simpáticos outros nem por isso, mas estes também nos preenchem a vida certo?
A minha família está mais ou menos bem, mas na família nunca nada está sempre bem.
Oiço boa música e fumo um dos meus cigarro preferidos.
Tenho um amor não correspondido, e outros que sou eu que não correspondo.
Adoro a casa onde vivo.
Hoje está sol.
E começo por dizer que estou estranhamente leve.
Pergunto-me se não nos habituamos a viver demasiado as sensações negativas.
Se não nos habituamos demasiado a valorizar o que não está bem.
Todos nós buscamos a felicidade, faz parte da condição humana querer estar bem.
Então questiono-me porque é que não nos sentimos bem a maior parte das vezes.
Hoje sinto-me bem, nem feliz nem triste, sinto-me bem e sinto-me viva, não bastará isto?
Um dia disseram-me que se não criarmos ilusões com certeza não nos podemos desiludir.
Gostava de viver assim mais vezes. Sem que o que poderia ser mau me afecte e o que está bem me
preencha e me faça sentir como estou. Leve.
Não deixa de ser um pouco estranho, mas é sem dúvida muito bom.
Num dia como este
18 abril 2009
Ciência maltratada
Ser bolseiro de investigação científica em Portugal não é fácil. A decisão de ser investigador implica custos pessoais, económicos e profissionais muito elevados.
16 abril 2009
Não tarda nada
15 abril 2009
speakers corner na minha caixa de mail
Xutos
A letra e a música não são das melhores, mas confesso que lhes acho graça. É que também eu espero....
13 abril 2009
Fuuuuu
Da minha janela vejo eucaliptos que dançam ao vento, sobre uma nesga de céu cinzento e triste. Como eu. So que não tenho eucaliptos e para dançar já não tenho força.
Vêm-me à memória palavras que me sussurraram, outros, algures. Tento imaginar como seria bom que tivesses sido tu a faze-lo, mas já não me recordo como. Há muito tempo que deixamos de existir enquanto Um, para passarmos a dois, preto e branco, doce e amargo, óleo e água, ácido e base, tão diferentes e distantes.
E os eucaliptos não páram de dançar.
Continuo contigo? Que mais tens para mim, a não ser uma cohabitação estéril de desejo e vontade, convenientemente mascarada de 'liberdade', que tu tanto dizes aprecias? Que mais queres levar de mim, tu que já levaste tudo que tinha e não tinha?
E o vento não cessa de soprar.
10 abril 2009
Classificados
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08 abril 2009
o mais difícil de todos os vícios
05 abril 2009
03 abril 2009
Vidas
Introduzi o meu nome no gugal, para ver como aparece a minha anónima pessoa por esse mundo tão virtual e tão real. Encontrei-me com a morte, com a morte de uma mulher como eu, com o mesmo nome e a mesma idade, brutalmente assassinada pelo seu ex-companheiro há dois anos atrás.
Eu poderia ser elas e elas poderiam ser eu.
Montanhas e vales
Terça-feira as 4 da tarde, entra-me no gabinete e pergunta-me pelas folhas de excel. 'Folhas de excel?' inquiro eu. Sim, a parte financeira. Apenas preciso da parte financeira do plano de negócios. OK. Largo a parte da estratégia, da análise do mercado, da concorrência, do plano de marketing e começo no 'number-crunching'. Ao fim do dia, o meu chefe vai-se embora sem sequer se despedir - está furioso. Nos seus olhos leio insultos infindáveis à minha competência e ao meu trabalho.
Quarta-feira de manhã entra e nem me fala. Grunhe qualquer coisa à secretária e fecha-se no gabinete. Às 4 da tarde bato à porta e mostro-lhe a análise financeira. Ele engoliu em seco, pois não estava à espera. Para não dar parte fraca diz que o que precisa realmente é de resultados agregados num só quadrinho de excel , 'veja, assim'. E que não tem a certeza se quer olhar para investimento ou depreciações. Eu respondo-lhe que me deixe tratar do assunto.
Quinta-feira de manhã pede-me a agregação dos valores até as 3 da tarde, se eu consigo se-faz-favor-era-mesmo-fantastico-se-o-fizesse e eu respondo, 'claro que sim, não se preocupe'.
À 1 da tarde tem a pastinha com tudo em cima da secretária e a caixa de mail com os ficheiros relevantes. E um sumário executivo dos resultados.
Às 5 da tarde entra no meu gabinete e pergunta se eu quero um presente. Oferece-me um saquinho de pano com flor de sal de Tavira, 'sabe, já o tenho no abinete há algum tempo e esqueço-me de o levar para casa'. Eu agradeço. Ele sai, para regressar passados 5 minutos, sentar-se e começar a contar coisas e anedotas, algumas até com piada.
Depois vai para casa, despedindo-se efusivamente. Adora-me outra vez.
E eu que nunca gostei de carrosséis...
02 abril 2009
Discriminações
E isto assusta-me. Mais do que me assustam as palavras de um papa que têm como missão a manutenção de um dogma que alimenta milhões. Assusta-me que um rapazote moderno, urbano, até giraço, pregue tais ideias e dissemine a teoria de que os propósitos de homens e mulheres se diferenciam na forma como fazem uso dos hábitos que vestem. Porque sustentar que o homem que usa calções tem calor mas a mulher que o faz quer mostrar as pernas é meio caminho para legitimar outras posições mais extremistas. Faz-me lembrar um dia que, estando grávida na fila do supermercado (muito grávida!) fiz valer os meus direitos e pedi prioridade. Ouvi, da boca de um sexa ou septuagenário o bonito comentário: a puta andou a divertir-se e agora ainda tenho que lhe dar o lugar
é pior a amêndoa que o cimento
01 abril 2009
“o que é que eu sei? “
É tão fácil dizermos coisas .....quantas vezes arranjamos grandes verdades só para os tranquilizar, só para não os ver sofrer, e às vezes (a maior parte das vezes), só para não os ouvir mais. E eu? O que é que eu sei? E a mim, o que é que me digo a mim? O que é que me pergunto? A quê tento me responder?
Cada vez menos sinto vontade de falar. Falar do que me vai dentro, do que me assombra a alma, do que me tira o sono, do que me faz medo de ter medo da loucura, do que me preocupa num dia e no outro já não, do que me faz chorar e não quero admitir, do que me faz falta, do que me faz sentir sozinha e do que me faz querer estar sozinha.
Cada vez menos sinto a vontade de falar, só pelo facto de saber que as respostas a maior parte das vezes estão dentro de mim.
Dou-me conta que é só saber o que realmente me quero perguntar. Até que ponto me quero confrontar. Até que ponto estou pronta para ouvir aquilo que me tenho para dizer. Até que ponto estou pronta para me ver nua ao espelho. Até que ponto tenho força para arrancar os meus dentes um a um.
E por tudo isto também, cada vez menos suporto que me perguntem coisas, que me peçam conselhos, que me perguntem o que devem fazer, que esperem que eu saiba coisas que a maior parte das vezes nem sei para mim própria.
E neste exacto momento pergunto-me “o que é que eu sei? “
Eu disse “O que é que isso interessa?”
Eu disse “ ...nada.”