Comecei por explicar que o "certificado de conclusão" da minha licenciatura havia ficado pendente da liquidação de uma suposta dívida, entretanto efectuada. Situei no tempo, assegurando que esse pagamento fora feito algures por dezembro e que um fax com o comprovativo havia sido enviado. Após um "terrim-tim-tim-ó-elvas-ó-elvas-badajoz-à-vista" que temos sempre de gramar quando ligamos para onde quer que seja, a funcionária da universidade estatal lá me explicava, solícita:
- Pois... enviou o fax em janeiro. Ele chegou mas o núcleo x que o recepcionou não passou a informação ao núcleo y que tem de emitir o seu certificado.
E eu:
- E em que parte é que eu falhei?
E ela:
- Em nenhuma.
E eu:
- E se eu não tivesse ligado? Porque não é suposto ligar...
E ela:
- Se não tivesse ligado, olhe, ía continuar à espera.
E eu mais não disse. Continuo a espantar-me e a entristecer-me com estes exemplos de inoperância que nos são enfiados pelos olhos dentro todos os dias. Mais do que a inoperância, é a falta de compromisso que faz com que aquela criatura nem por segundos pense em dizer-me que, em nome da digníssima instituição, lhe resta pedir-me desculpas.
Não me parece que as boas ideias de simplexes e outras maravilhas que tirem da cartola venham resolver aquele que é um grande problema civilizacional e cultural: nunca ninguém está comprometido com a organização para a qual trabalha, sobretudo se ela for Estado. E esquecem-se que o Estado é pago até por quem o representa.
3 comentários:
Mais um cromo para a caderneta da bizarrias burocráticas e funcionalismos displicentes.
Herkisac, diz a verificação de palavras. E eu concordo.
E vivam as reparticoes!
melhor que isto só as descrições para as tentativaas de emissão do cartão do cidadão.
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