03 fevereiro 2007

Uma questão de género?

Foi com alguma perplexidade e consternação que descobri que sou um homem por dentro.


Fui ao Pavilhão do conhecimento e fiz os jogos interactivos da exposição "uma questão de sexo"; todos os meus resultados positivos eram em actividades para os quais os homens têm em geral mais afinidade e talento, e os negativos os predominantemente femininos.
Há já alguns anos que os meus amigos me dizem ser diferente da maioria das mulheres, e as minhas amigas que penso como um homem. Agora descobri porquê: sou um homem gay num corpo de mulher.
Já despachei a questão de saber quem sou; falta saber o que faço aqui, quem me abandonou e de quem me esqueci.

15 comentários:

Anónimo disse...

A conclusão disto tudo é que apenas a Ciência conduz à verdade.

Já dou por bem empregue o reforço da dotação orçamental para o Pavilhão do Conhecimento.

Um ruvxa para ti

[A] disse...

(Esta merece meditação.)

nove e tal disse...

ó múltipla, xiça qu'isto é positivismo em estado puro. não acredito nestas correlações fáceis e falacciosas.

as minhas brincadeiras na infância sempre tiveram muito mais q ver com 'modelos' masculinos do q com aqueles supostamente femininos, mas cá está, a questão era o q se tinha - aqui - à mão p brincar, e com quem se brincava tb.

creio q os meus níveis de testosterona nunca se alteraram dado o facto supra citado. e com clara predominância nos níveis de estrogénio e progesterona.

será q esta posta acorda a velha questão: 'nurture or nature'?

o chofer a dançar com a criada disse...

"falta saber o que faço aqui"
resposta sábia de hobbes: comida para tigres.

zamot disse...

Isto faz me lembrar um filme em que um dos personagems era um tipo que dizia ser lesbica... ja sei, foi na serie das lesbicas!

sem-se-ver disse...

ouça: o final do seu post está MAGNIFICO! grande piscadela de olho à nossa memória musical, para além de ter sido mt bem 'enxertado' no contexto do post...

gostei. mais uma vez.

Siona disse...

"Um homem gay no corpo de uma mulher"
A Madonna disse, uma vez, exactamente a mesma coisa.

Isso da objectividade do género, e do que um e o outro podem fazer, tem realmente muito que se lhe diga. ;)

Siona disse...

^^ Ass: uma mulher lésbica num corpo, por enquanto, assim-assim.

Isabela Figueiredo disse...

Um homem gay num corpo de mulher...
Eu também tenho problemas desses, mas habituei-me a não encaixar. O problema não é nosso!

8 e coisa 9 e tal disse...

Eu não acho que seja um problema, acho graça c'est tout. Acho que tenho o melhor de dois mundos: gosto de ser mulher, de me arranjar, fazer penteados e usar saltos altos, mas depois tenho o funcionamento mental de um homem para algumas coisas. É divertido.

Quanto aos níveis hormonais, estão muito bem e recomendam-se.

Adorei saber que partilho um traço de personalidade com a Madonna; desde que isso não me dê para me deixar fotografar nua à beira da auto-estrada está tudo bem.

chofer, o Calvin e o Hobbes são fontes inesgotáveis de sabedoria. Comida para tigre, ora lá está!

sem se ver, sou uma juke box, basta darem-me um tema que desato a cantarolar uma música de acordo com a situação. Aqui, esta pareceu-me a escolha óbvia.

sete e pico disse...

ó amiga oito, estás a dizer que ser mulher é arranjar-se, por saltos altos, etc, e ser homem é ter um determinado funcionamento mental... Hummm, pareceu-me ver passar por aqui um esteriotipo ao lado de um pinguim.

O titulo da posta pareceu-me muito bem, é uma questão de género o que é esperado de um homem ou de uma mulher e não uma questão de sexo, ou seja, não tem a ver com os nossos atributos biológicos mas com a forma como a cultura vai incidindo naquilo que se espera das pessoas com determinados atributos biologicos, os homens e as mulheres.

Por isso talvez, tendo tu sido criada num meio onde essas expectativas não eram tão fortes, permitiste que se desenvolvessem outro tipo de capacidades que estão mais perto daquilo que tradicionalmente se associa com o masculino. Não és um homem gay num corpo de mulher,como dizes com graça, és simplesmente um ser que se permite ser mais pessoa à medida que se desenvencilha das expectativas sociais que se põem em cima do sexo com que nascemos.

Oxalá cada vez mais possamos ser pessoas e disfrutar dos nossos corpos com mais liberdade.

8 e coisa 9 e tal disse...

Digo que as partes características de ser mulher que eu acho graça são essas, nada de generalizações. Ainda no outro dia me divertia a maquilhar-me com uma amiga, e a pensar no bom que é ser mulher e poder trocar o pó compacto e os brincos com uma amiga antes de sair de casa, ou rejubilar com a compra de uma carteira nova. Frivolidades femininas, digo eu. Mas que me dão imenso gozo.

Quanto à cena do funcionamento mental, nem eu me tinha dado conta que alguns traços da minha maneira de ser pudessem ser classificados como masculinos, até ter sido chamada à pedra por uma cara multipla. Mas enfim, não é coisa que me apoquente. aceito a observação e continuo a existir assim. Mesmo que quisesse não conseguiria mudar; e como não quero, está tudo bem.

na prise és bestial disse...

Querida oito, múltipla que te chamou à pedra fê-lo por outra razão. E olha que essa razão daria uma bela posta.

8 e coisa 9 e tal disse...

outra razão? Passo a citar "és igual aos homens!" "nenhuma mulher que eu conheço é assim".

O que desencadeou a revelação foi uma coisa bastante concreta da minha maneira de pensar e de estar. Ou vais-me dizer que não?

na prise és bestial disse...

ai a tresleitura (pirata, como o compreendo...).
Sim, outra razão, querida 8 e coisa: não foram os testes do pavilhão do conhecimento que me levaram a essa constatação, mas sim uma conversa sobre temas muito terrenos.
Claro que todos os argumentos utilizados - na nossa conversa e nesta discussão aqui na caixa de comentários - nos podem levar ao 'nurture or nature'da 9 e tal e à construção social da(s)masculinidade(s) e feminilidade(s). Sobre esses temas, já se gastaram toneladas de papel e intermináveis horas de debates. E a discussão ainda vai no adro - connosco lá dentro também.